Confissões do Herói escrita por Mrs Portgas


Capítulo 1
Em tempos de calmaria


Notas iniciais do capítulo

OIIIIIIIIIIII! Resolvi escrever essa onse-shot n sei bem pq ahuahau estava inspirada :p de qualquer forma espero que vcs aproveitem, amo falar de sentimentos especialmente em one-shots ♥



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Não sei exatamente quanto tempo durou, minha vida inteira, acho. Nunca parei de ser o herói, uma dadiva divina que me foi dada, o escolhido pela Deusa como muitos proclamavam. Mas até que ponto? Não tive tempo de questionar, a túnica foi me dada assim como os muitos artefatos, salvar a princesa e Hyrule foi o que eu nasci para fazer, sem dúvidas, os deuses me falaram e eu obtive sucesso no que me foi imposto.

                Mas agora, montado em Epona começo a questionar meu próprio eu. Não é a primeira vez que realizo essa jornada, e nem acho que será a última, mas já estou velho, cansado, e nem pude perpetuar ninguém a esse mundo. Passei tanto tempo focado em meu destino que esqueci de minha vida, tive paixões, e como tive, mas não pude perpetua-las, não pude amar de verdade. Até construí paixões para outros, e isso é verdade, mas é para mim?

                Muitas princesas me chegaram, algumas até tentaram arranjar casamentos, mas porquê? Oh Link porquê?! Foi olhar o inatingível, esperava que Zelda visse seu herói? Talvez, mas ela é uma princesa independente e teria de cedo ou tarde seguir a linhagem real. Um plebeu, por mais sagrado que seja, não pode perpetuar em seu coração.

                Mas tão bela, porque tão bela? Seus cabelos, sua pele seus olhos, olhos ingratos os dela. As estrelas brilhavam menos quando meus olhos se pousavam sobre Zelda, sem contar com sua bondade e coragem, a independência e a sabedoria propriamente dita, tudo ela possuía. Movi céus e terras para poder vê-la feliz, para poder perpetuar essa rosa tão bela e frágil, mas que também espeta-me os dedos, e que tolo fui, achei que podia repudiar todas as rosas do jardim só porque uma feriu-me.

                Acredito que a culpa seja dos Deuses, eles que me trouxeram para perto da monarca de cabelos louros e estonteantes, fui tolo, que tolo fui. Se não tivesse conhecido talvez estaria velho com as crianças da vila, com uma mulher por fim, uma vida normal teria, uma vida que esperava em meus tempos de jovem.

                Mas sou velho, e não tenho ninguém.

                Porém, não posso simplesmente jogar a culpa para o divino, seria cômodo de mais, tampouco jogar a culpa na estonteante princesa, que agora é rainha. A culpa é minha, caminhei Hyrule a fora, conheci muitas pessoas, fiz amizade, podia ter perpetuado um romance, como já havia dito anteriormente, propostas de casamento me foram feitas, agora devo apenas suspirar.

                Conforta-me ao menos que não tenha deixado ninguém ao mundo, posso ter certeza de que serei lembrado, histórias, tapeçarias, livros são escritos em homenagem ao Herói escolhido pela Deusa, posso vangloriar-me desse capricho, já que não sou bom na arte da declamação posso ao menos esperar que os outros o façam por mim, gosto que falem de meus feitos, eu falaria por mim próprio, mas sou tímido o suficiente para as palavras que saiam de minha boca sejam escassas, isso quando falo.

                Além das lembranças perpetuas muitas coisas boas podem ser tiradas de minhas jornadas, coisas verdadeiramente boas, afinal, nunca vou desperdiçar ou esquecer todas as amizades que consolidei, as pessoas que salvei e que de certa forma me salvara, cada história ficara guardada nesse coração velho que tenho. Tudo me foi dado, e de tudo vi também, quem diria que veria os mares, os céus e até um mundo através do espelho? Por falar nisso, Midna. Outra monarca da qual desfaleci de amores por um tempo, foi em uma época de desilusão com Zelda que cai nas graças de outro sentimento e impossível, completamente irracional inclusive. Ela era muito diferente ao mesmo tempo que muito igual a princesa, divertida e irônica, de certo modo até fofa, independente e decidia tinha tudo que uma mulher de verdade tinha de possuir, sem contar com seus atributos físicos.

Ruto também foi outra especial, ela foi me dada em casamento, mas éramos crianças e jovens de mais para compreender o significado daquilo, foi um susto tão grande que não pensei em outra coisa se não recusar, que tolo fui, a zora era outra pessoa fantástica, fui infeliz de ter recusado seu pedido, podia não cair de amores como fiz com as duas princesas, mas duvido que não teria aprendido a cultivar amor por ela.

Olhando agora para Epona recordei-me de outra pessoa que seria uma ótima esposa, na realidade duas ótimas esposas, Maloon, que deu-me a minha fiel companheira de batalhas e Ilia que cuidou por muito dessa minha preciosa. Depois desse pensamento não pude deixar de acariciar Epona. Maloon era doce e delicada, essa sim era uma flor frágil, recatada em seu rancho junto de seu pai e seu tio, cuidava de tudo sempre com muita graça, e fora tão gentil em me dar Epona e me ensinar tanto, e ao contar de sua mãe vi sua doçura com mais clareza, sem duvida ela seria uma mulher incrível. Iilia então, a filha do prefeito da vila que fiquei por um tempo, era bela e decidida, acho que sempre tive problemas com mulheres de personalidade forte. Se bem que Mallon e Saria foram fortes exceções, Saria, nossa, quanto tempo não me recordava da doce kokiri, ao contrario de todos de lá ela não me zoava por ser tão alto, agora aqui sou zoado por ser baixo. Como o mundo é contraditório.

Vejo ao longe o castelo se despontando no horizonte, algumas horas a mais de cavalgada e logo chegaria ao castelo. Não sabia ao certo o que faria depois dessa jornada, minha vida sempre ficava um tedioso hiato quando voltava de minhas jornadas, geralmente me instalava em algum lugar diferente e conhecia pessoas diferentes e ali construía raízes. Em uma época tentei permanecer o tempo todo no castelo sendo da guarda real, mas acho que para todos os defeitos não deu certo, não me acostumei com a vida de cidade grande, os campos e florestas eram meu lar.

Quando chego aos portões percebi o quão fundo me instalei no devaneio, era impressionante o quão minha mente pregava peças até maldosas. Suspirando desci de Epona, a acariciei carinhosamente e a deixei livre, confiava em minha égua, se não pudesse confiar depois de todos esses anos acho que me matava. Adentrei por fim na cidade do castelo de Hyrule, os portões entreabertos eram aconchegantes e chamativos para viajantes fadigados como eu. Adentrei discreto em silencio, coçando a barba rala e esbranquiçava que formava pela extensão do meu rosto, e meus cabelos que já foram brilhantes estavam opacos e igualmente esbranquiçados.

Ao adentrar espantei-me em ver uma comemoração, não esperava nada daquilo, estava toda cidade e até alguma amigos a muito esquecidos em minhas jornadas. Príncipes e princesas, habitantes dos mais variados lugares, do céu da terra do ar, de todos só cantos remotos ou não de Hyrule dos quais eu já tive o prazer de estar. No centro, a rainha Zelda e seu marido e filhos se repousavam em um palanque, todos exibiam sorrisos para mim, ao me ver todos se puseram de pé e sutilmente a rainha mandou-me aproximar.

Fui andando pelo corredor de pessoas e sendo cumprimentado e agradecido por todos os presentes, e alguns até me paravam para conversar sobre meus feitos e velhos tempos como divagava sozinho, mas de uma forma bem mais humorada e positiva, me fazendo sorrir do passado que havia pintado. Os rostos familiares encheram meu coração de alegria que se sentia sozinho e vazio.

                Quando finalmente me dispus diante da rainha  esta começou a falar de forma solene:

—Bravo Herói, tu que foras escolhido pela Deusa, mais uma vez abençoa nossa terra com paz e prosperidade, tu abençoaste-nos com felicidade e muitos outros presentes. Falo não só como rainha mas como uma amiga de longa data, meus sinceros agradecimentos. Mas percebendo que tu nós presenteou com tanto queremos retribuir tal favor. Dou a você um castelo, em um principado em nossos territórios onde poderá descansar de sua vida de perigos. Lá poderá por fim ter seu merecido descanso e paz.

Pensei um pouco diante do anuncia mento, estava um pouco em choque e até confuso. Não sabia ao certo o que eu responder a monarca. Diante disso me virei para a princesa, contemplei a sua beleza, mas respeitando o marido e as crianças que a cercavam agora, ela era mãe, percebi novamente meu atraso na vida, aquela era uma chance de realizar meu desejo em fim. Depois olhei para todos os presentes, muito emocionados e com forte expectativa. Sorri, sorri para todos eles, mas não um sorriso cansado ou indicativo, mas um sorriso verdadeiro e eles sorriram-me de volta da mesma maneira, pensei nas historias compartilhadas e especialmente nesse sorriso que estes me devolveram com tanto entusiasmo.

Saudosamente, voltei meu olhar a Zelda. Suspirei bem fundo e disse com uma voz firme.

—Agradeço muito rainha, mas acho que meu lugar é servindo o meu povo.             


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Notas finais do capítulo

E ai? gostaram? Esperoque ss ^^

bjbj até a próxima! 0/