Be mine escrita por Babe


Capítulo 8
Capítulo 8




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/690768/chapter/8

Duas semanas depois...

(Jade's POV)

– Ana, nós precisamos conversar. - Josh disse assim que ficamos sozinhos em casa. Estávamos juntos na sala de estar e Ana assistia televisão.
– Pode falar. - ela disse sem tirar os olhos da TV.
– Preciso que você preste total atenção. - ele disse e ela assentiu, desligando o aparelho. - Bem, você lembra o que nós três conversamos a respeito do nosso futuro algumas semanas atrás?
Ana arregalou os olhos.
– Josh, eu te juro que esqueci completamente. - ela disse visivelmente afetada com essa constatação - Saiu dia sete, não foi? E hoje já é vinte e dois.
– Sim, sim. Bem, eu vi o resultado no mesmo dia em que saiu e contei pra Jade. Nós não falamos pra ninguém exatamente porque ninguém estava com cabeça pra isso. - Ana concordou - Well, ladies... Eu passei.
– Sério?! Caramba! Meus parabéns, Josh! Isso é fruto de todo o seu esforço e você sabe o quanto eu tenho orgulho disso. - ela disse o abraçando. Ela não estava muito surpresa. Acho que ela já sabia que ele passaria, afinal Josh é realmente muito inteligente.
– Obrigado. Olha, o que importa é que... Nós vamos todos para os EUA! - Josh disse super empolgado e eu dei um gritinho de comemoração. O sorriso de Ana se desmanchou.
– O que foi, Ana? Não tá feliz? - perguntei estranhando a reação dela.
– Sim, claro que estou. - ela disse forçando um sorriso - Estou muito feliz por vocês.
– Como assim "por vocês"? - Josh indagou surpreso.
– Gente... eu não sei se eu vou com vocês.
– O quê? Tá doida? Por quê? - perguntei nervosa.
– Muita coisa aconteceu nessas últimas semanas, vocês sabem disso. Eu não quero deixar o Dani sozinho. Não quero e não vou.
– Eu não acredito nisso, Ana May. Você tava tão empolgada! Deixar seu namoradinho aqui não era um problema antes... - Josh disse debochando com um pouco de raiva.
– É claro que não era! A irmã dele tava viva! - Ana disse também com raiva.
– Ana! Tenha santa paciência, né! Você vai deixar de viver a sua vida por causa de desgraças que aconteceram na vida dos outros?!
– Na vida dos outros?! Era a minha melhor amiga de uma vida inteira! Minha cunhada, praticamente minha irmã! Eu sei que eu ficando aqui ou indo embora não vai mudar o fato de que ela nunca mais vai voltar! Eu sei disso! Acontece que ela era a irmã do meu namorado e ele ainda tá sofrendo muito, Josh. Eu não vou abandoná-lo no momento em que ele mais precisa de gente por perto. Eu sei que você não entende isso, mas eu o amo.
– Tá bom. Você tá certa. Ele precisa de você aqui, mas os seus irmãos precisam de você lá. E aí? Quem é mais importante?
– Não faz isso comigo, Josh. - Ana disse magoada.
– Josh, não é bem assim. - argumentei - Ana, você sabe que a educação americana é superior à brasileira. Você sabe que vai ser muito melhor pra você se você for com a gente.
– Eu sei que vai ser melhor pra mim, Jade, mas não vai ser melhor pras pessoas que eu amo.
– Não vai ser melhor pro Daniel, você quis dizer, não é? - Josh disse afetado.
– Não, irmãozinho. Eu quis dizer Daniel, nossos pais, pais da Sara, Analu... as pessoas que precisam de mim aqui.
– E nós, Ana?! Caramba!
– Josh! Você ia pra lá sozinho! Você ia passar quatro anos lá sozinho! Por que agora você faz tanta questão que eu vá?!
– Porque eu te amo, barata tonta! Você é minha irmãzinha. Você e a Jade. Eu sempre estive perto de vocês, cuidando de vocês. Imaginar você aqui sozinha me preocupa. Eu não quero isso. - Josh disse com real preocupação no tom de voz - E outra: eu vou ter que dar cem por cento de atenção pra faculdade. Vou ter que dar o meu máximo. Eu não vou poder acompanhar a adaptação da Jade de perto, não vou estar com ela na escola. Tava tudo planejado já. Vocês iam estudar na mesma escola, então nenhuma das duas ficaria totalmente perdida.
Ana respirou fundo.
– Olha... tem muita coisa em jogo. - ela disse exausta.
– Sei disso. - Josh concordou suspirando e um silêncio se instaurou no ambiente. Cada um ficou trabalhando em sua própria mente.
– Nós esquecemos o fator principal. - Josh disse depois de alguns minutos, quebrando o silêncio na sala.
– Os nossos pais vão deixar vocês irem?
– Com certeza a mamãe vai me deixar ir numa boa. Ela tá louca pra se livrar de mim. - Ana disse brincando.
– Então você vai? - falei esperançosa.
– Não sei, Jade. Não quero deixar você sozinha lá e não quero deixar o Daniel sozinho aqui. - ela disse apreensiva.
– Então realmente é uma questão de prioridades. - falei triste e me levantei.

(Ana's POV)

– Feliz? - Josh disse se levantando e indo atrás de Jade.
Droga. Que droga. Que verdadeira droga. Que situação mais difícil de se estar.
Eu amo o Daniel, mas eu amo a minha irmã ainda mais. É claro que em uma situação de vida ou morte eu escolheria a Jade. Mas isso aqui é diferente. São apenas dois anos longe de um dos dois. O Daniel acabou de perder a irmã de uma forma muito cruel e de repente. Ele precisa de apoio pra passar por esse momento difícil. Ele precisa de um acompanhamento psicológico e precisa estar rodeado de pessoas que o amam. Quer dizer, não só ele, mas a família toda. Quanto menos apoio ele tiver, mais difícil vai ser superar isso. Ele não para de se culpar por tudo que aconteceu. E se eu o deixar sozinho nessa e ele acabar entrando em depressão ou coisa do tipo? Eu não aguentaria a culpa.
Por outro lado, minha irmã também vai precisar de apoio. Um novo país, uma nova cultura, a barreira do idioma... uma adaptação difícil. Ela precisa de acompanhamento também. Eu queria poder dizer pra ela esperar um ano, mas nem ela e nem o Josh vão querer isso. Sem falar que o sistema de ensino de lá é diferente. Lá são quatro anos de ensino médio. O nono ano daqui é o primeiro ano do ensino médio de lá. Seria muito ruim ela chegar já no segundo ano de lá. A adaptação seria mais difícil ainda. Nossa, que decisão difícil. Quando as coisas começam a voltar ao normal, acontece alguma coisa pra bagunçar tudo de novo.

Depois de ter conversado com a Jade por quase uma hora, Josh voltou para a sala pra conversar comigo.

– Ana, - ele disse se sentando - eu conversei com a Jade e... bem, você não precisa ir se não quiser. Estávamos praticamente obrigando você a ir e isso não tá certo.
– Mas Josh, e a Jade? Ela vai ficar sem ninguém?
– Ei, eu sou ninguém agora? Calma, vai dar tudo certo. Eu sempre cuidei de vocês, por que agora seria diferente?
– Mas você mesmo disse que teria que se concentrar na faculdade. - falei desconfiada.
– Ana, a gente dá um jeito. O importante aqui é que você não precisa ir se não quiser, entendeu? - ele disse pausadamente como se eu fosse uma criança que falasse outro idioma.
– Entendi, mas eu preciso pensar. - falei ainda confusa com aquela situação e Josh assentiu - Ei, ela tá chateada?
– Hum... não. Ela ficou naquela hora porque só entendeu a ponta do iceberg. Depois que conversamos, ela entendeu seu ponto de vista e agora tá de boa.
– Ah, que bom. Obrigada, Josh. - sorri sincera e recebi um aceno de cabeça em resposta.
– Mas nós ainda queremos seu apoio moral na hora de conversar com nossos pais. - ele disse sério.
– Sim, sim. Claro. Só que o meu apoio moral não vai ter efeito nenhum com a mamãe. - falei tão séria quanto ele.
– Ai Ana, que perseguição com a mamãe. Credo.
– Josh, você não sabe o que... Tá, tá. Enfim, quando é que vocês vão conversar com eles?
– Bem, nós já esperamos demais, né. Tem quase um mês que o resultado saiu. Vamos falar hoje a noite depois do jantar. A mamãe tá pra chegar e o papai ainda vai demorar um pouquinho. - ele disse a última parte olhando seu relógio de pulso.
– Ok. Preparem seus discursos porque o papai é juiz né...
– É, precisaremos de bons argumentos. - ele disse deitando no sofá, me empurrando e fazendo com que eu caísse sentada no chão.
– Ei! - me levantei e sentei na sua barriga, o que o fez ficar sem ar.
– Sai, sua psicopata! Eu vou morrer! - ele disse me empurrando sem sucesso, então apelou para o meu ponto fraco: cócegas. Não aguentei e me levantei rindo loucamente.
– Vou sentir falta de momentos assim. - ele disse triste.
– Ah não. Não começa. - eu disse me recuperando da crise de risos.
– Mas é, Ana. Vou passar quatro anos longe de você.
Então me atingiu. Se eu não for passar esses dois últimos anos de escola lá nos EUA, eu vou ter que me despedir do meu irmão em um mês pra ele passar quatro anos longe de mim.
– Josh, quatro anos é muito tempo. - falei triste me sentando no braço do sofá. Josh sentou também e me puxou pra um abraço.
– Ei, até parece que eu não venho aqui visitar vocês. E com certeza vocês vão lá me visitar. - ele disse tentando me animar.
– Bem, eu vou mesmo. Sempre quis conhecer Los Angeles. Vai que eu vejo algum famoso na rua. - falei sonhadora.
Josh riu.
– Interesseira. - ele disse me empurrando, me fazendo cair de novo.
– Para com isso, retardado. - falei o puxando para que ele caísse também. Então saí correndo dali antes que ele fizesse mais alguma coisa. Pensei que ele faria como sempre e sairia correndo atrás de mim. Mas não. Ele ficou na sala de estar. Voltei. - Josh?
Encontrei meu irmão sentado no chão da sala com um porta-retrato nas mãos. Ah não.
– Josh? - falei chegando mais perto e vi que se tratava da mesma foto que Jade tem em seu quarto. Nós três juntos abraçados. Josh olhava aquela foto com lágrimas nos olhos. - Ei ei ei. Nem vem com viadagem. Para com isso. - falei pegando o porta-retrato de suas mãos e colocando de volta na estante.
– Ah Ana... quatro anos é muito tempo mesmo. - ele disse se levantando e enxugando uma única lágrima que havia caído.
– É, mas você vai passar dois anos perto da Jade. - falei tentando não parecer afetada com aquilo - Quer dizer, você pode passar os quatro anos com ela lá. Ela pode fazer o ensino médio todinho lá, lembra? E outra: vocês virão visitar a gente e nós iremos visitar vocês. Vai dar tudo certo. Vai passar rapidinho e você nem vai querer voltar.
Ele olhou pra mim meio desconfiado e então me deu outro abraço.
– Eu amo você. Mesmo você sendo adotada e tendo essa cara feia.
– Vai se ferrar. - falei retribuindo o abraço. - Também te amo.
– Que momento gay fófis é esse? - Jade disse entrando no cômodo.
– Não te interessa, intrometida. - Josh disse me soltando e me empurrando.
– Credo, só perguntei. Grosso. - ela disse dando língua.
– Vem cá. - falei me aproximando dela e dando um abraço apertado.
– Agora pronto. Sobrou pra mim. - ela disse afetada, mas retribuindo o abraço. - O que vocês têm?
– Saudade antecipada. - respondi me afastando.
– Ah, tá explicado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Be mine" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.