Be mine escrita por Babe


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Demorei um pouquinho, sei disso. Mas aqui vai! Espero que gostem ♡



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4 de Fevereiro
7:30 am

– Jade, sairemos às oito e dez, ok? - falei enquanto tomávamos café na cozinha.
– É quanto tempo daqui pra lá?
– Uns vinte minutos no máximo. - Josh respondeu - Deixarei vocês lá com bastante tempo pra descobrir como se virar.
– Ok. - Jade disse.
– Já tá tudo pronto, Jade? - ele perguntou.
– Sim. Eu arrumei minhas coisas ontem à noite. - ela respondeu. Eu e Josh nos entreolhamos.
– Aê! - Josh gritou.
– Weeeeee are the champions... - comecei a cantar.
– Quem é você e o que fez com minha irmã? - ele completou.
– Vão se ferrar. - ela disse rindo.

Chegamos na escola às oito e meia. Tinha menos alunos que o esperado, acho que chegamos cedo para os padrões. Josh nos deixou na porta da escola e voltou para o apartamento já que a aula dele começa às nove e meia. Ele disse que poderíamos ligar para ele a qualquer hora, caso algo desse errado.

– O que será que ele quis dizer com "caso algo dê errado"? - Jade perguntou aflita enquanto andávamos pelo corredor do primeiro andar.
– Ah, ele falou por falar. - dei de ombros.
Fomos até a secretaria para pegar nossos horários. Quando viemos efetivar a matrícula, algumas semanas atrás, a secretária disse que nós só poderíamos ter acesso aos nossos horários, nossos armários e salas de aula no primeiro dia de aula. Então, aqui estamos. Pegamos os papéis com todos os dados que precisaríamos e voltamos para o grande corredor. Percebi que alguns alunos me olhavam, ou seria impressão? Continuamos andando até as escadas. As salas de aula do segundo andar são do primeiro e segundo ano, enquanto as do terceiro andar são do terceiro e quarto ano. Nesse sistema de ensino, eu sou do terceiro ano e a Jade do primeiro.
– Vamos ter aula em andares diferentes. - ela comentou - Não sei se isso é bom ou ruim.
– Acho que vai ser legal. Você viu onde é o refeitório, né? É lá que nos encontraremos.
– Ok. Acho que devíamos ir logo para as nossas salas. Não quero me atrasar e também não temos muito o que fazer aqui embaixo. - ela olhou ao redor. Eu concordei e nós subimos as escadas.
Ajudei minha irmã a encontrar a sala de aula dela. Faltavam dez minutos para as aulas começarem, quando eu cheguei na minha sala. Havia alguns poucos alunos lá. Optei pela penúltima carteira na última fileira, perto da janela. Sentei-me lá e esperei os dez minutos mexendo no celular. Recebi uma mensagem de Analu.
"As aulas começam dia nove. Não sei como vou sobreviver."
"Aposto que não vai ser tão ruim. Você tem a Bia."
"Hahahaha, você é tão engraçada, Santini."
"O sinal vai tocar em cinco minutos."
"Você tá na escola? Como é aí?"
"Bem diferente do Brasil. A escola é gigante e tem várias salas de aula. Não conheci ninguém ainda. Só fiz amizade com os amigos de faculdade do meu irmão."
"Logo, logo você vai conhecer. Nem esquenta."
Ouvi o sinal tocar e rapidamente mandei outra mensagem para Analu.
"O sinal tocou. Depois eu falo contigo. Até mais."
"Até. Boa sorte."
Guardei meu celular e prestei atenção nos alunos que entravam na sala. Ninguém me chamou atenção em particular e ninguém notou minha existência também. A grande maioria já se conhecia e já sentou em grupinhos, conversando entre si. Senti-me deslocada.
Depois de, aparentemente, todos os alunos terem entrado, o professor de sociologia chegou.
– Bom dia, crianças.
– Bom dia. - a turma respondeu.
– Mais um ano hein. - ele disse colocando as coisas em cima da mesa - Deixa eu ver se temos rostinhos novos.
Ele analisou a turma e eu gelei. Seu olhar parou em mim e depois em um garoto do outro lado da turma.
– Temos dois alunos novos. - ele disse abrindo um sorriso - Você é o...?
– Tyler. - o menino respondeu.
– Você veio de onde?
– Eu vim da Flórida. - ele respondeu indiferente.
– Ah. Bom, seja bem-vindo. - O professor disse cordial - E a senhorita é a...?
– Ana. - respondi o mais calma possível.
– Ana, bonito nome.
– Obrigada. - respondi tímida.
– Opa, você difinitivamente não é daqui. Esse sotaque é de onde?
– Rio de Janeiro, Brasil. - respondi mais tímida ainda e um burburinho começou na sala. Engoli em seco.
– Brasil? Interessante. E por que você veio pra cá?
– Meu irmão veio fazer faculdade na UCLA, então eu e minha irmã decidimos vir com ele. Achamos que seria uma boa experiência.
– Que legal. Qual curso ele faz?
– Direito. - eu estava um pouquinho incomodada por estar conversando tão abertamente sobre minha vida pessoal na frente da turma inteira, mas também estava feliz por estar sendo recebida bem pelo professor e queria passar confiança. Besteira? Talvez.
– Seja bem-vinda, querida. - ele sorriu e eu retribuí.
Então o professor começou a aula e aí sim senti olhares sobre mim. Resolvi ignorar e prestar atenção somente na explicação do professor.
Os próximos tempos de aula se seguiram como o primeiro.
Ninguém falou comigo. Nenhum aluno sequer. Talvez eles não gostem de latinos.
Depois de quatro tempos de aula, o sinal tocou. Era o almoço. Saí da sala e fui até o segundo andar na esperança de encontrar minha irmã. E encontrei. Ela conversava animadamente com outras duas meninas. Resolvi não atrapalhá-la e fui ao refeitório. Eu não estava com fome, então só analisei o lugar. Aparentemente, os alunos sentavam de acordo com seus grupos. Se eu fosse almoçar, com quem sentaria? Suspirei e voltei para o corredor. Fui para o meu armário e comecei a arrumar o que eu havia largado de qualquer jeito quando cheguei. Eu havia comprado adesivos para enfeitar a porta por dentro e foi assim que resolvi passar o tempo. Coloquei uma bandeira do Brasil no meio e vários adesivos fofinhos em volta. Eu estava bem entretida com aquilo, na verdade.
Quando terminei, fui ao banheiro. Enquanto lavava meu rosto, senti meu celular vibrar. Peguei e vi uma mensagem de Analu.
"Aqui já são quase cinco horas da tarde. Não sei que horas são aí. Vai me dizer que ainda tá na aula?"
"Tô sim. É quase uma da tarde aqui. É a hora do almoço."
"Nossa, depois você vai me explicar esses horários."
"Ok. Todos parecem ignorar minha existência nessa escola."
"Calma, ainda é o primeiro dia. Daqui a pouco você vai se enturmar."
"Espero que sim."
Assim que respondi, ouvi o sinal tocar. Mandei outra mensagem para ela.
"Tenho que voltar pra sala. Falo contigo de novo quando chegar em casa. Vou te contar como foi meu dia. Até depois."
Saí do banheiro e já fui subir as escadas de volta para a minha sala. Vi que o outro aluno novo nem havia saído. Sentei-me no meu lugar e esperei os alunos voltarem para a sala. Assim que todas as carteiras se ocuparam, senti meu celular vibrar no bolso. Peguei e li a mensagem de Analu.
"Até depois, bebê."
Guardei meu celular a tempo de o professor de biologia entrar na sala.
– Boa tarde, demônios. Sentiram minha falta? Podem apostar que eu não senti a de vocês.
Grande parte da turma riu. Não entendi se ele estava brincando ou falando sério.
– Vocês aproveitaram essas férias para estudar para a grande final da competição esse ano? - ele perguntou quase retoricamente.
A turma inteira, menos eu, respondeu um sonoro sim.
– Ah, até parece. - ele estreitou os olhos e meus colegas riram. Algo me diz que esse é um dos professores mais queridos por eles.
– Não esqueçam as datas das provas. O exame final será em Setembro. Preparem-se. Essa é a primeira vez que chegamos na final.

Depois que ele começou a explicação, eu percebi que aquele professor era incrível! Em uma única aula dele eu entendi mais que o ano inteiro de aula com o meu professor do Brasil. Ele era do tipo brincalhão e fez várias piadas com alguns alunos antigos. Gostei muito dele.
Quando bateu o sino para a última aula do dia, o professor rapidamente passou uma tarefa para casa de duas páginas. Duas páginas! Quem passa tarefa no primeiro dia de aula? Retiro o que eu disse sobre ele ser incrível.
A última aula do dia era literatura.
– Boa tarde, turma. - a professora baixinha disse ao entrar na sala.
– Boa tarde, tia Ginny! - a turma respondeu em uníssono. Segurei um sorriso.
– Como foram as férias de vocês? Aposto que estudaram bastante, não foi? - ela disse sorridente, enquanto arrumava seu material na mesa - Tenho alguns comunicados para dar a vocês. Primeiro: eu serei a professora coordenadora do exame final da OCCG. Eu serei a responsável pela organização, então toda e qualquer dúvida relacionada à competição, falem comigo.
Uma aluna levantou a mão.
– Sim, Littleton? - a professora perguntou.
– Professora, e a competição esportiva? Quem será o responsável? - a menina, que vestia um uniforme esportivo azul, perguntou.
– Querida, não sei se será a Srta. White, o Sr. Jefferson ou a Sra. Wrentham. Mas provavelmente será o Sr. Jefferson. - a professora explicou e a garota assentiu - Continuando... Segundo: como os exames e as competições serão sediadas aqui esse ano, nós precisaremos preparar tudo. Então, no final dessa aula, eu passarei uma lista e quem estiver interessado em ajudar na ornamentação e na preparação da abertura deverá assinar. Pessoal, é muito importante que vocês participem. Toda ajuda é bem-vinda.
– Professora? - depois de muito tempo criando coragem, eu levantei a mão e imediatamente senti todos os olhares sobre mim.
– Sim, querida?
– Eu sou nova nessa escola, até mesmo no país. A senhora poderia me explicar que competição é essa, por favor? - falei tímida. A professora sorriu.
– Claro, querida. É o seguinte: a cada quatro anos nós temos a OCCG, que é a Olimpíada Californiana de Conhecimentos Gerais. É uma competição para testar o conhecimento dos alunos adquirido ao longo do ensino médio. Depois dessa aula, venha conversar comigo que eu posso explicar melhor. Alguma dúvida específica?
– Sim. Ér... Eu poderei participar? - perguntei ainda sem entender muito bem a respeito dessa competição, mas eu queria muito fazer alguma coisa que me aproximasse dos outros alunos.
– Com toda a certeza, meu bem. Você é mais que bem-vinda para se juntar ao nosso time. - ela respondeu muito simpática.
– Professora? - um aluno do fundão levantou a mão.
– Diga, Kaspersky.
– E quem não quiser participar de nada? Nem da competição acadêmica, nem da esportiva e nem da ornamentação? - o garoto perguntou.
– Nossa, Kaspersky. Você não tem interesse por nenhuma das atividades? Você é muito bom na minha matéria, por que não se inscreve em Linguagens?
– Ele sabe que é um perdedor. Ele é igual o Daniels. - outro garoto disse e os que sentavam ao lado dele riram.
– Ninguém falou contigo, Jackson. Fica na tua. - o aluno do fundão respondeu.
– Ei, ei! Kaspersky e Jackson, dá pra parar?! - a professora, apesar de pequena, disse autoritária.
O tal Jackson sorriu vitorioso (sem motivo) para o Kaspersky.
– Respondendo a sua pergunta, Thomas: não tem problema se você não quiser participar de nada, mas seria uma pena porque você é realmente muito bom na minha matéria, querido.
O garoto sorriu tímido e assentiu.
A aula continuou normalmente. A professora falou sobre seus planos para esse ano e disse que teríamos muito trabalho a fazer. Ela já marcou a data do primeiro trabalho (em grupo, infelizmente) e eu não faço a mínima ideia de como irei fazê-lo.
Quando a lista para a ornamentação da abertura da competição passou por mim, eu assinei. Acho que vai ser bom para mim porque assim poderei interagir mais com eles.
Depois que a aula acabou, esperei que todos os alunos saíssem da sala de aula, para que eu pudesse conversar a vontade com a professora. Assim que fiquei sozinha com ela, fui até a sua mesa.
– Professora? A senhora poderia me explicar melhor agora? - perguntei.
– Claro, querida. Hum, bem, a competição funciona assim: as escolas particulares fazem a delas e as públicas, como nós, fazemos a nossa. Durante os três primeiros anos, acontecem as eliminações até que no último ano sobram duas escolas. Uma pública e uma particular. Essa é a primeira vez que a Starplace chega na última fase. Geralmente, nós somos eliminados na segunda. Vamos competir com a escola particular McGregor. Eles são muito bons e ganham todo ano, mas eu estou confiante. Bem, temos as competições acadêmicas, onde os alunos se inscrevem nas matérias que eles se saem melhor para poderem nos representar. E temos também as competições esportivas, contendo futebol americano, vôlei, basquete, natação e corrida. É claro que temos alunos aqui bons em outros esportes como esgrima, tênis, o futebol clássico, handebol, futsal, pólo aquático, entre outros. Mas tivemos que reduzir o número de esportes por conta do tempo da competição. Bem, é isso.
– Ah sim. Que ótimo. Ficarei muito feliz em participar. - sorri agradecida.
– Em quais matérias você tem interesse? Ou você vai participar da esportiva?
– Não, não. Eu tenho mais interesse em física, química, literatura e arte.
– Ótimo! As inscrições abrem somente em agosto, mas até lá você se prepara. Tenho uma dica pra você: se inscreva logo, porque as vagas para arte e literatura acabam rápido.
– Ok. Obrigada, professora.
– Por nada,...?
– Ana. Ana Santini.
– Por nada, Ana. Você é de onde?
– Sou brasileira. Vim do Rio de Janeiro.
– Brasileira? Que legal. Seja muito, muito bem-vinda. - ela sorriu carinhosa.
– Obrigada. - agradeci mais uma vez e me retirei da sala de aula. Para um primeiro dia de aula, até que foi bom.

Estava arrumando meu material no meu armário, quando ouvi passos próximos atrás de mim.
– Oi. - uma voz feminina se manifestou. Virei-me e reconheci como sendo uma das meninas da minha classe. A tal Littleton, se eu não me engano.
– Oi. - respondi um tanto sem graça.
– Você é a menina nova, né? De onde você é? Qual é o seu nome?
– Sim. Brasil. Ana. - respondi as três perguntas e a menina riu.
– É um prazer, Ana. Sou a Maya. - ela disse estendendo a mão e eu rapidamente a apertei - Vim aqui pra te convidar pra uma festa. Não vai ser nada de mais. É que todo início de ano, eu dou uma festa lá em casa pra todo mundo se conhecer e quebrar o gelo. Já que você é nova aqui, imaginei que gostaria de fazer amigos.
– Ah, que legal. Quando vai ser? - perguntei interessada pra valer. Não gosto de festas, mas essa é uma que vale a pena considerar.
– Sexta-feira. Esteja lá às nove. - ela disse me entregando um papel com algumas coisas anotadas - Tem meu endereço e meu número aí. Qualquer coisa, já sabe.
– Ótimo. Obrigada. - respondi com um sorriso simpático e a menina se retirou.

Uma festa. Interessante...


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