Be mine escrita por Babe


Capítulo 13
Capítulo 13




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(Ana's POV)

O avião pousou às 06:30 pm, horário local. Assim que o comandante anunciou que havíamos chegado em solo americano, meu coração foi até a boca e voltou. Tá acontecendo. Estamos nos EUA.
Saímos do avião junto com os outros passageiros e fomos para a sala de desembarque pegar nossas malas. Assim que o fizemos e saímos da sala, vimos um homem grisalho segurando uma plaquinha com os dizeres "Santini kids". Deve ser o tal amigo do papai.

– Somos nós. - Josh disse simpático assim que chegamos perto do homem.
– Caramba, Josh! Você cresceu muito! - o homem disse estendendo a mão para Josh apertar - Desculpem, meninas. Eu não sei qual de vocês é a Ana e qual é a Jade.
– Eu sou a Ana e essa é a Jade. - falei indicando minha irmã - É um prazer, senhor...?
– Mark. Me chamem de Mark. - ele respondeu já pegando o carrinho de malas da Jade.
– Mark. - repeti - É um prazer conhecê-lo. Digo, revê-lo.
Ele sorriu simpático.
– Tudo bem. Faz muito tempo desde a última vez em que vocês estiveram em Houston.
Sorri por educação e o homem continuou.
– O pai de vocês explicou tudo direitinho?
– Sim, sim. Ele disse que o senhor não poderia ficar muito tempo e que nos ajudaria somente com a burocracia. - Josh disse e eu assenti. O inglês do meu irmão é muito bom.
– Exatamente. Tenho que voltar para Houston depois de amanhã, então tudo que precisamos fazer terá de ser feito amanhã mesmo. - ele disse - Meninas, vocês gostariam de visitar a escola e conhecê-la antes ou só no primeiro dia de aula mesmo?
Olhei para Jade, decidida a deixá-la responder.
– Pode ser antes. - ela disse com uma pronúncia perfeita. Jade não tinha sotaque.
– Então tudo bem. Agora vamos logo pro apartamento de vocês porque tenho certeza que foi uma viagem cansativa.
– Foi mesmo. - concordei e assim fomos pro estacionamento do enorme aeroporto de Los Angeles.

Ele tinha alugado uma van para nos levar. Acho que meu pai havia avisado que levaríamos muita coisa. Durante o caminho, apenas Josh conversava com Mark. Eu estava ocupada olhando tudo pela janela do carro. Que cidade linda. Eu estava maravilhada por estar ali e estava louca pra conhecer de fato a cidade.

– Chegamos. - ele disse parando em frente a um alto prédio de, no mínimo, quinze andares.
– Qual é o nosso andar? - Jade perguntou olhando a altura daquele enorme prédio.
– Vocês são do décimo primeiro. - Mark disse abrindo a porta da van e saindo.
– E como vamos levar as coisas lá pra cima? - ela indagou aflita.
– Daremos um jeito.

Com a ajuda do porteiro, levamos todas as malas para o nosso apartamento. Só quando havíamos acertado tudo, inclusive a que horas sairíamos com Mark no dia seguinte para resolver nossos assuntos, é que pudemos nos largar no sofá e analisar o tal apartamento.
– Nossa, o pai arrasou. - Jade disse um pouco ofegante - Esse lugar é incrível.
– É mesmo. - falei olhando o espaçoso apartamento já mobiliado. Ele tinha três suítes e mais um quartinho pequeno. Uma sala de estar confortável e uma cozinha de bom tamanho. Era aconchegante. Nosso pai não economizou.
– Preciso dormir. - Josh disse se levantando - Venham, precisamos decidir o quarto de cada um.
– O papai disse que são todos iguais. Eu quero o do meio. - respondi preguiçosa.
– E eu o da esquerda então. - Jade disse divertida - Assim ficamos na ordem.
Cada um foi para seu quarto descansar da viagem, mas acabamos dormindo pra valer.

21 de Janeiro
9:30 am

Acordei com o despertador do celular tocando. Desliguei o alarme e sentei na cama. Olhei ao redor e me assustei. Aonde estou? Ah, Los Angeles. Acho que vai demorar até eu me acostumar. Não são férias. São dois anos.
Levantei da cama e fui tomar banho. Havíamos combinado com Mark que iríamos até a Universidade da Califórnia, Los Angeles (ou como costumamos chamar: UCLA) para ver a situação do Josh.
Às dez em ponto eu já estava pronta.

– Bom dia. - falei ao chegar na cozinha, onde meus irmãos tomavam café.
– Bom dia, Ana. - Josh disse sorridente - Quando eu acordei, demorei pra lembrar que estava nos Estados Unidos. Meio surreal né?
– Demais. - respondi.
– Nunca pensei que fosse dizer isso, mas tô louca pras aulas começarem. - Jade disse - Quero muito ir logo pra minha escola e conhecer pessoas novas.
– Eu também.

– Ansioso? - Mark perguntou para Josh, já no meio do caminho.
– Nervoso, na verdade. Tenho medo de não me dar bem aqui.
– Ah, Carlos me falou sobre o quanto você é inteligente. Sei que se sairá bem.
– Que o universo te ouça. - Josh respondeu esperançoso.

Mark entrou no grande estacionamento da universidade e estacionou. Assim que descemos da van, pude olhar o prédio.
– Uau. - falei boquiaberta - Esse lugar é enorme.
– Isso porque você ainda não viu o campus. - ele disse - Vamos.

Seguimos Mark até a entrada da UCLA e vimos que ele estava falando a verdade. Que lugar grande. Havia vários jovens por ali. A maioria andava pra cima e pra baixo com malas. Alguns poucos estavam sentados em grupos pelo gramado.
– Estão no chamado período de adaptação. - Mark explicou - Estão se organizando nos seus dormitórios.
Continuamos andando pelo campus até entrar de fato no prédio. Andamos por uns corredores até chegar na secretaria. Josh e Mark entraram, enquanto eu e Jade ficamos do lado de fora esperando.
– Vamos andar por aí? Explorar a famosa UCLA? - ela perguntou
– Vamos nos perder deles. Aqui é muito grande. - falei olhando ao redor. Havia pouquíssimos alunos ali, mas alguns professores.
– Bora, Ana. Sempre quis conhecer uma universidade americana. - ela pediu fazendo cara de cachorro abandonado.
– Tá bom, tá bom. - me dei por vencida - Vamos.

Andamos pelos corredores que pareciam todos iguais até conseguir sair do prédio administrativo e voltar para o campus. Andamos por lá, fomos até a quadra esportiva, até o campo gramado onde acontecem os campeonatos, fomos até o refeitório, entramos na aérea da piscina coberta, entramos por acidente em um laboratório (que estava vazio, por sorte), andamos em vários lugares. Só não fomos para o prédio dos dormitórios porque eu sabia que estaria lotado de alunos.
– Vamos para os dormitórios! - Jade disse empolgada e de repente, como se tivesse acabado de ter a ideia (ou lido a minha mente).
– Não, Jade. Vai ter um monte de aluno lá. Vai que brigam com a gente. - falei olhando ao redor e percebendo que eu não reconhecia aonde estávamos - Jade, onde estamos?
Ela olhou ao redor também. Parecia a mesma parte do campus perto do administrativo, mas o prédio não estava lá. Havia lanchonetes, alunos, a estufa e, por fim, os dormitórios.
– Ana, acho que nos perdemos.
– Ah vá. Sério? - revirei os olhos - Sabia que não era uma boa ideia.
– Calma. Podemos ligar pra eles. - ela disse já pegando a bolsa pra pegar o celular. Vasculhou um pouco e então me olhou com os olhos arregalados - Não tá aqui. Meu celular não tá aqui. Ah, droga. Eu deixei no apartamento.
Peguei a minha bolsa e comecei a procurar meu celular, quando alguém se aproximou de nós.
– Estão perdidas? - o rapaz, muito bonito por sinal, perguntou.
– Na verdade... - Jade começou e olhou pra mim - estamos.
– Qual é o dormitório de vocês? Eu posso ajudar. - ele disse simpático.
– Ah, não. Nós não somos alunas. Estamos só acompanhando nosso irmão. - expliquei enfim achando o celular.
– E onde ele está?
– No prédio administrativo. Acabamos de sair de lá, mas não lembramos como voltar.
Ele olhou ao redor e então sorriu.
– O administrativo é atrás dos dormitórios. Vamos. - ele disse já andando, sem nos dar tempo de responder.
Olhei para Jade, que o seguiu prontamente.
– Sou Mike, a propósito.
– Ana. - respondi dando o meu melhor sorriso.
– Jade. - respondeu um pouco tímida.
– O seu sotaque... - ele disse olhando pra mim, ainda andando - Você é de onde?
– Sou brasileira.
– Uau. A fama de vocês não é à toa.
– Fama? - perfuntei confusa.
– É. Garotas bonitas. - ele explicou e eu corei na hora. Acho que ele percebeu porque sorriu divertido - Você também é brasileira, então né? Incrível, você não tem sotaque.
– Não, não. - Jade respondeu - Sou americana.
– Sério? Mas vocês não são irmãs?
– Somos.
– Que confuso. Você nasceu aonde?
– Sou do Texas. Houston. - ela respondeu mais uma vez.
– E você...? - ele olhou pra mim interrogativo.
– Porto Alegre, mas vivi toda minha vida no Rio de Janeiro. - expliquei.
– Não conheço Porto Alegre. - ele disse com um sotaque adorável ao pronunciar o nome da cidade.
– Nem eu direito. - sorri ao constatar aquilo. Ele também.
– Ali está. - Mike apontou um prédio de dois andares à nossa frente.
– Obrigada, Mike. - agradeci já vendo Mark na lanchonete ali perto com Josh.
– De nada. Bem, nos vemos por aí.
– Até mais. - Jade se despediu e nós fomos até a lanchonete.
– Aonde é que vocês estavam? - Josh perguntou preocupado, em português.
– Jade quis conhecer a UCLA. Estávamos andando por aí. - expliquei em português também.
– Poderiam ter me avisado. Eu e Mark ficamos preocupados.
– Vocês poderiam conversar em inglês para eu poder participar? - Mark indagou divertido.

Josh conseguiu pegar os papéis que precisava com as suas aulas, seu material, seus horários, essas coisas. Fomos embora satisfeitos. Mark disse que à tarde poderíamos ir até a nossa escola. Eu e Jade concordamos em ir depois do almoço. Estávamos muito ansiosas.

– Meninas, levem os documentos de vocês porque nós vamos efetivar a matrícula que o pai de vocês fez online. - Mark disse enquanto almoçávamos no apartamento.
– Pensei que só precisaríamos fazer isso no primeiro dia de aula. - comentei.
– Sim, mas será melhor se fizerem antes. Se houver algum problema, vocês terão tempo para ajeitar.
Jade olhou pra mim um tanto assustada.
– Calma, vai dar tudo certo.

Mark disse que provavelmente não haveria alunos na escola, somente funcionários. Melhor ainda.
Chamamos Josh para ir conosco, mas ele quis ficar no apartamento. Alegou que tinha muita coisa para arrumar. Confesso que não fiquei muito confortável em sair com Mark sem Josh. Tudo bem que ele era amigo do meu pai, mas sei lá...

A escola não é longe do apartamento, assim como a UCLA. Vamos ficar todos perto uns dos outros. Todos na mesma aérea. O caminho foi tranquilo, não tinha muito trânsito. Fiquei contente em saber que teríamos uma rotina calma.

– Bem, - Mark quebrou o silêncio - o pai de vocês me disse que o Josh estudou muito para entrar em Harvard, mas não conseguiu.
– É... Ele ficou bastante triste com isso. Disse que tava tudo bem por causa da UCLA, mas sei que ele ficou decepcionado. - comentei.
– Imagino. É mais comum do que você imagina, sabia? Muitos jovens aqui tentam entrar na faculdade dos seus sonhos e não conseguem. E não existe universidade gratuita também. Vocês brasileiros têm sorte. - ele disse prestando atenção na rua.
– Mas se não estudarmos muito, também não conseguimos entrar nas públicas. - Jade disse - Não é tão fácil assim.
– Seu pai me disse que as particulares não são tão caras.
– Depende do curso. - falei - Medicina é em torno de mil reais.
– Isso dá quantos dólares?
– Não sei. Eu diria entre duzentos e cinquenta e trezentos.
– Por mês, né? - ele perguntou e eu assenti - Olha aí. Aqui não é mensalidade. Aqui é anuidade. Um valor exorbitante que você precisa pagar à vista.
Não respondi nada e ele suspirou.
– Lembro que foi muito difícil para os meus pais me mandarem para a universidade. Minha mãe trabalhou dois turnos e eu quase não via meu pai durante a semana, de tanto tempo que ele passava no trabalho. Minha vizinha tomava conta de mim.
Olhei para Jade através do retrovisor e ela olhava Mark com compaixão.
– Mas valeu a pena, não é? - perguntei.
– Sim, sim. Claro. Sou muito grato a eles.
Continuamos a conversa sobre as diferenças entre Brasil e Estados Unidos até Jade apontar um enorme prédio de uns três andares.
– É ali? - ela perguntou admirada.
– Sim. - Mark respondeu - Pelo menos é o que diz a placa.
Olhei para onde ele lia "Starplace High School". Senti um frio na barriga.
Mark estacionou em uma das vagas de alunos e nós descemos do carro.
Enquanto caminhávamos até o portão de entrada, eu olhava tudo ao meu redor. Não era muito diferente da UCLA. Havia gramado em volta do prédio inteiro, muitas árvores e bancos. Eu já gostava dali. Entramos no prédio, no corredor principal do primeiro andar. Tudo vazio. Aquela escola era grande por dentro tanto quanto parecia por fora. Havia armários por toda a extensão do enorme corredor e algumas portas. No final do corredor à esquerda, era o grande refeitório. No final do corredor à direita, havia escadas tanto para subir como para descer.
– Aqui tem subsolo. - Jade comentou surpresa.
– Sim, a maioria das escolas têm. - Mark disse - É onde fica o depósito, a sala dos zeladores, essas coisas. É bem pequeno.
Seguimos Mark até uma sala perto das escadas, a secretaria. Nela encontramos uma senhora baixinha e gordinha e uma mulher jovem, alta e com um uniforme esportivo.
– Boa tarde, posso ajudá-los? - a gordinha perguntou.
– Sim. Gostaríamos de efetivar uma matrícula online. - Mark respondeu e logo os dois começaram a conversar a respeito. Eu e Jade só falávamos quando a tal senhora nos dirigia a palavra, o que era raro. Percebi que a mulher jovem olhava um anuário de uns doze anos atrás. Ela olhava com carinho uma foto de uma equipe de líderes de torcida em uma acrobacia. Acredito que deveria ser o time dela quando jovem.
– Tudo certo, senhoritas Santini. - a senhorinha disse nos devolvendo nossos documentos - Vejo vocês dia quatro.
– Obrigada. Até lá. - respondi e nós saímos da sala.
– Repararam na mulher que estava ao nosso lado? Espero que sim porque ela será a professora de educação física de vocês. - Mark disse quando já estávamos no corredor, caminhando para o estacionamento.
– Na verdade... pelo que eu entendi, ela é a treinadora das líderes de torcida. A professora de educação física é uma mulher mais velha e de cara mais fechada. - Jade comentou.
– Como você sabe disso? - perguntei admirada.
– Tinha um quadro na parede com umas anotações velhas. - ela disse - Tava escrito que a Srta. White é a treinadora e no uniforme daquela mulher tava escrito T. White.
– Observadora. Gostei. - falei - Mas como é que você sabe que a professora de educação física é uma mulher mais velha e de cara mais fechada?
– Porque tinha uma foto dela na sala como "professora destaque". Já estou por dentro.
Quando eu ia responder, vi uma menina, que aparentava ter a minha idade, descendo as escadas. Ela só podia ser aluna. Observei-a entrar em uma das portas ali perto e então saímos do prédio. Estranho. Mark disse que só haveria funcionários lá.

– Como foi na nova escola? Gostaram? - Josh perguntou assim que eu e Jade entramos no apartamento. Mark nos deixou na porta e voltou para seu hotel.
– Olha, não sabemos como são os professores e nem os alunos. Mas o espaço é bem legal. - Jade disse se jogando no sofá e ligando a TV.
– É verdade. Muito maior que a nossa escola no Brasil. - falei sentando ao lado dela.
– E quando as aulas vão começar? - perguntou ele.
– Dia quatro.
– As minhas começarão na segunda-feira, dia dois. - ele disse se juntando a nós - Estranho a de vocês começar no meio da semana.
Quando Jade abriu a boca para responder, ouvimos a campainha tocar. Josh se levantou e foi abrir. Era o porteiro.
– Senhor Santini, aqui estão as chaves do seu automóvel. - ele disse entregando um chaveiro para Josh.
– Chaves do meu automóvel? - Josh questionou confuso - Acho que você se enganou.
– Você é filho de Helena LaHood? - o porteiro perguntou e Josh balançou a cabeça positivamente - Então o carro é seu sim.
Josh pegou as chaves meio sem entender e o porteiro foi embora.
– Acho que eu deveria ligar pra mamãe. - ele disse largando o chaveiro no porta-chaves atrás da porta e indo em direção ao seu quarto. Eu e Jade nos entreolhamos.

22 de Janeiro
02:00 pm

Mark perguntou se não havia mais nada que ele pudesse fazer por nós, mas garantimos a ele que já poderíamos ficar por conta própria. Então o levamos até o aeroporto no carro novo do Josh. Sim, carro novo. Nossa mãe deu a ele de presente pelos seus dezoito anos e por ter passado no "vestibular". Uma Range Rover vermelha. Ficamos todos muito contentes com isso.
– E agora, gente? - Jade perguntou assim que voltamos do aeroporto.
– Estamos definitivamente sozinhos. - falei um tanto nervosa/ansiosa/aflita/apreensiva. Eu não sabia como estava me sentindo.
– Vamos nos sair bem. - Josh disse - Não se preocupem.


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