Melisandre

Ela se sentia mal ultimamente. Se sentia mais fraca que o normal e tinha certeza que algo estava errado com ela. Deviam ser aqueles remédios que lhe davam. Havia algo de errado neles.

Melisandre tinha tentado não tomar os remédios que lhe davam, mas era obrigada pelos terríveis enfermeiros.  Não adiantava resistir. Com o tempo. Ficando cada vez mais fraca ela não queria mais resistir. Já estava tomando os remédios há mais de uma semana.

Os remédios tinham um lado, digamos assim, bom.  Depois que Melisandre passou a os tomar ela se sentia mais perto de seu deus e as visões pareciam mais claras. Talvez isso ocorresse porque ela se desligava da realidade.

Ela via Jon com freqüência nas chamas. Havia algo especial nele. Ou talvez ela o visse porque ele era especial para ela. As vezes as emoções influenciavam as visões nas chamas. E a afeição que ela tinha por Jon era bem forte. Melisandre se sentia grata por ele a visitar com uma certa freqüência, mesmo que devido a está dopada não conseguisse demonstrar o quanto se sentia grata pela presença dele. Ele mal conseguia se manter atenta enquanto ele falava.

Quando fez duas semanas que ela tomava o remédio sua sensação de distancia estava muito forte. Ela não mais se importava com nada mais. Não se importava com o lugar em que estava, nem com os enfermeiros que vez ou outra ainda zombavam dela e nem se importava mais com a Longa Noite que se aproximava. Uma parte dela até torcia para que a Longa Noite chegasse logo e que os caminhantes brancos acabassem com o doutor Qyburn e os enfermeiros terríveis. Ela sempre se censurava por esse pensamento, mas não deixava de o ter.

—Melisandre?- a voz de Jon a tirou de seus profundos pensamentos, mas não a tirou totalmente daquela sensação de distancia. Ela abriu os olhos. Não lembrava de ter deitado pra dormir, mas sentiu que estava em uma cama.

Quando ela se virou na direção da voz dele percebeu que não estava deitada na cama do seu quarto, mas sim em uma cama de hospital. Ela não lembra de ter sido levada para um hospital e nem do que Jon tinha a ver com isso. Estava pior do que pensava.

Ela não conseguiu responder nada para ele. Apenas lhe encarou. Jon puxou uma cadeira e se sentou perto da sua cama quando percebeu que ela havia olhado em sua direção. Ele lhe olhou de uma forma estranha. Com um misto de tristeza e compaixão. O que havia acontecido? Como ela havia chegado aí e como Jon havia chegado? Eram tantas perguntas, mas ela não tinha força de fazer nenhuma delas.

—Se sente melhor? Fale alguma coisa... Você está tão distante... Nem sei mais se é você que está aí dentro.-Jon falava com certa tristeza na voz. Melisandre achava que ele já estava lá com ela há um bom tempo. Tentando falar com ela sem sucesso. 

—O que aconteceu?

—Você desmaiou no meio de uma das minha visitas. Seu nariz sangrou. Você estava bem mal.  Pensei que fosse morrer na minha frente... Aquele pessoal doido, não estou falando dos pacientes, tentou me impedir de te levar a um hospital, mas não conseguiram...Isso já faz um dia. Não lembra de nada?

Ela não lembrava, mas sabia que não devia ter sido fácil para Jon a tirar daquele lugar.