Tokyo Ink escrita por Nayara, Ro_Matheus


Capítulo 5
Capítulo Quatro


Notas iniciais do capítulo

Ashuashua, vieram né?
kkk'
Aproveitem...



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*

Hinata estava um pouco mais animada que o usual. Havia bebido um dos drinks que Kiba havia trazido. Ela já havia tomado coisa pior, isso era verdade, no entanto continuava sendo a primeira vez que havia tomado conhaque. Não era muito agradável e não era algo que ela voltaria a provar tão cedo.

Kiba havia lhe dito que jurava ter visto Kurenai em um dos estúdios do corredor. Shino disse categoricamente que isso não era provável por conta de Mirai que a essa hora ainda brigava para não dormir tão cedo.

Logo ele havia abandonado o assunto voltando a reclamar da proibição de animais que Sai estabeleceu. De acordo com ele Akamaru não podia ficar uma noite inteira sozinho. Hinata se absteve de comentar que o expediente deles acabava apenas ás dez, ao invés riu divertida com a reclamação dele.

—Vamos, Hinata. Só mais um. -insistiu Shino pela segunda vez. Shino não era muito de insistir, mas aquela era uma noite especial não era? Hinata tentou se convencer que sim, aquela era.

—Está bem. Desde que não seja aquele conhaque, para mim está ótimo. -Shino esboçou um rápido sorriso e saiu para o bar. Hinata seguiu-o com os olhos e um minuto depois arrependeu-se de tê-lo feito.

Naruto estava ali.

Não exatamente ali. Ele estava a uns cinco metros de distância, no bar debruçado sobre o balcão com um copo de alguma coisa que Hinata não tinha ideia do que era. Talvez se ela desse o fora daquele lugar ainda cedo poderia…

Era tarde demais de qualquer forma, Naruto olhava para ela como se houvesse sentido o olhar dela sobre ele antes que ela pudesse reagir.

Ah deus. E ele não parecia nada surpreso.

Ela se recusou a corar. Estava como a verdadeira Hinata, e a verdadeira Hinata não corava apenas porque um artista famoso -e lindo- a encarava como se nunca a houvesse visto. Não. A verdadeira Hinata encarava de volta e ainda cumprimentava com a cabeça.

Ele deveria ter tomado como um convite, porque se levantou e veio em direção dela.

Naruto estava como qualquer outro dia. De camiseta branca, tenis manchado, calças desbotadas e touca qualquer, mas ele tinha uma nova tatuagem pouco abaixo do maxilar. Ela não conseguiu identificar o desenho aquela distancia, mas parecia ser algo significativo.

O olhar azul celeste de Naruto possuía alguma coisa a mais. Não era aquele olhar alegre que ela havia se acostumado. Nem aquele com uma pontada de desconfiança que vira a primeira vez. Havia algo diferente nele, quase como alguma outra face que ele possuía.

De qualquer modo Hinata ainda não se sentia bem o suficiente para especular.

—Hinata. -ele sorriu quando alcançou o grupo dela, sem nunca desviar os olhos azuis dos dela. Apesar de causarem um efeito devastador em Hinata, não era os olhos com os que ele olhava para ela na sala de aula, no orfanato.

Ora, ora. Então Naruto também tinha um verdadeiro Naruto.

—Naruto.

—Naruto? O Uzumaki Naruto? -disse Kiba entreabrindo os lábios de choque. -O pintor?

—Inuzuka, Kiba. É você? -Itachi Uchiha surgira de deus sabe onde para vir ao lado deles.

—E-eu? É!Sou eu.

—Sai está te chamando. -ele olhou de Naruto para Hinata. -É urgente.

—Eu não vou deixar a Hina sozinha com esse cara. -defendeu Kiba. Hinata olhou de Naruto -que não havia retirado os olhos dela nem por um segundo, para Kiba que tinha o rosto vermelho e para Itachi que era completamente inexpressivo.

Era uma confusão.

—Está tudo bem, Kiba-kun. Vá atender Sai-sama, mais tarde nos falamos.

—Hinata...

Hinata encarou os olhos castanhos do amigo sem hesitação ou duvida.  

—Eu disse tudo bem, Kiba. -ela olhou para Naruto. -Vai.  

—Está bem, está bem. -ele suspirou. -Só não diga que eu não avisei. Cadê o Shino quando se precisa dele?

E então Kiba saiu resmungando. Naruto não se deu ao trabalho de olhar para ele. Aparentemente estava achando muito interessante os olhos da Hyuuga, ou até mesmo tentando evitar descer os olhos para a roupa provocante, muitos dos amigos que Hinata conhecia faziam isso. Hinata não sabia de qualquer forma.

—Eu deveria saber que você estaria aqui. -Hinata estava se xingando por dentro. Gaara era um tatuador famoso, obviamente ele conhecia muitas pessoas famosas e Naruto estava nessa lista. Se ela houvesse parado para pensar, podia não ter aceitado o emprego.

Seria burrice, é obvio. Ela precisava do dinheiro, mas por outro lado se não houvesse aceitado não estaria nessa situação.

Uma pessoa que a conhecia como a falsa Hinata, sempre tinha um choque quando se deparava com a verdadeira Hinata. As diferentes posturas que ela assumia num só dia era o que chamavam de versatilidade.

Naruto no entanto não parecia chocado. Com toda certeza já vira Hinata antes, talvez naquele mesmo evento. E pelo que via nos olhos celestes, ele tinha muito a perguntar.

—Teria vindo se soubesse? -a pergunta dele só retomou as suas especulações anteriores.

—Teria. -disse sem gaguejar ou mesmo hesitar. A verdadeira Hinata possuía uma certa confiança que falsa Hinata só podia sonhar.

Mas Naruto ainda parecia perdido nos olhos brancos. Ela tinha usado o rímel, um lápis e um delineador, coisa que deixava sua linhagem Hyuuga bem atraente. Naruto ainda parecia estar assimilando tal transformação. Hinata não o culpava. A falsa Hinata produzia poucas expectativas.

—Isso é bom.

—É? -disse despreocupadamente encarando aqueles olhos celestes com a mesma curiosidade que ele emanava. Céus, como ele era lindo.

—Sim. Se não tivesse vindo eu não teria ideia de que essa é você, dattebayo. -ele sorriu então, de modo contido e insinuante. -Você está maravilhosa.

—Obrigada, Naruto. -agradeceu de forma breve desviando o olhar para Shino que acenou discretamente para ela com dois copos nas mãos. Hinata se sentiu agradecida de que nenhum deles era marrom. -Eu tenho que ir. Foi bom te ver.

—Se importa de ir buscá-la amanhã de manhã? -Hinata piscou, embasbacada. -Para a aula. É aniversário de Konohamaru e todos nós queremos fazer uma surpresa.

Era uma má ideia. Ela sabia disso.

Naruto estava interessado na verdadeira Hinata e isso era ruim. Porque a verdadeira Hinata podia ser mais acessecível que a falsa Hinata, no entanto alguém que sabia sobre ambas e se interessava por apenas uma não podia realmente se apaixonar pela Hinata.

Ás vezes aquilo soava tão confuso até mesmo para ela.

*

Naruto esperou a resposta dela ansiosamente.

Aquela não era a tímida Hinata que conhecera dois dias atrás na sala de aula chata da Konoha University. Essa Hinata parecia ter bem mais o que mostrar do que seus olhos podiam ver. E Naruto sempre fora curioso mesmo.

—É claro. -concordou ela com um suspiro. -Tenho que ir. Nos vemos amanhã, Naruto-kun.

Ele sorriu instintivamente com o gesto e se ela viu, não demonstrou. Saiu rumo á um homem de óculos e dois copos nas mãos.

Seja quem fosse não sorriu para Hinata quando ela se aproximou.

Naruto não gostou dele. Hinata sempre merecia sorrisos por onde chegasse.

Mas ele resolveria esse assunto depois, disse a si mesmo enquanto olhava em volta e finalmente encontrava Sasuke. Sem Sakura.

Aquilo era um problema potencial.

o0o

Ás oito da manhã Naruto estava em frente ao endereço que Hinata lhe mandara por mensagem. Como ela conseguira seu numero ainda era um mistério, mas Hinata Hyuuga era cheia dos mistérios.

Começando no porque Naruto não estava em frente a um condomínio enorme com casas incríveis e sim em frente a um prédio qualquer, com poucas janelas e um zelador velho demais para aquele trabalho que estava largado nas escadas para as portas.

Hinata surgiu com outro vestido florido e casaco bege no hall de entrada. O cabelo estava solto novamente e Naruto soltou um suspiro aliviado inevitável de finalmente vê-la assim. Do jeito que ele conhecia e se acostumara.

Reparando bem, Naruto percebeu que os vestidos dela sempre iam até o joelho, escondendo perfeitamente as tatuagens da parte detrás da coxa que ele havia visto na noite anterior, assim como seus cabelos estavam sempre soltos, provavelmente por conta dos desenhos na nuca e claro, todos os vestidos eram sempre de mangas largas, mesmo que nem sempre fossem longas.

Ela saiu estremecendo pelo ar frio.

O tempo estavam mudando rápido para o final de outubro, o inverno estava chegando em longas rajadas.

Conveniente para ela, pensou ele amargamente se repreendendo em seguida.

Naruto se sentia enganado, mas não culpa dela de qualquer forma. Eles não tinham qualquer contato além das aulas no orfanato.

Algo que ele sem dúvida mudaria, admitiu fitando ela parar ao lado do zelador e sorrir toda corada antes de oferecer uma sacola pequena com o que Naruto pensou que fosse o café da manhã dele.

O senhor disse algo a ela que a fez rir e corar um pouco mais e então ela continuou seu caminho até ele.

—B-bom d-dia, Naruto-san.

Ele sorriu abertamente e se desencostou do carro.

—Oe, Hinata, pode me chamar de Naruto-kun, dattebayo. -ela ficou escarlate novamente e abaixou a cabeça. Naruto se surpreendeu.

Ontem ela lhe chamara de Naruto-kun sem nem ao menos hesitar e agora se sentia envergonhada quando ele pedia para repetir? Aparentemente a Hinata de ontem e a de hoje não eram a mesma pessoa.

E Naruto duvidava que ela tivesse uma irmã gêmea.

Hinata levantou a cabeça devagar e ele finalmente se tocou que ainda estava parado. Rapidamente deu um passo para o lado e abriu a porta para ela.

—Vamos lá. Temos uma festa para planejar, ‘ttebayo!

Ela sorriu e ainda escarlate subiu no banco do passageiro rapidamente. Naruto sorriu de lado, alegre que ela poderia se sentir a vontade com ele mesmo eles tendo apenas uma ou duas coisas em comum.

Eles chegaram ao orfanato dez minutos depois. Um trajeto que ela provavelmente fazia em quarenta.

Eles desceram e entraram encontrando Tsunade agitada logo no hall afirmando o quanto era difícil reunir tanta criança num só lugar, que em questão era a maior sala de aula que tinham.

Tudo já estava montado no pátio, as mesas e os doces estavam prontos e servidos. A decoração estava perfeita e o bolo era enorme. Hinata murmurou baixo algo que Naruto identificou como Eu poderia ter ajudado.

Mas tudo já estava pronto e eles só precisavam segurar Konohamaru para que todo mundo se dispersassem, o que claramente era uma tarefa complicada levando em conta que o garoto era extremamente perceptivo e curioso.

Mas Hinata já sabia como, tinha garantido isso á Naruto.

E ele hesitantemente estava confiando nela, já que era a melhor ideia que tinham.

O plano era basicamente deixar ele e Moegui sozinhos.

Naruto não entendia bem como isso poderia ajudar, mas seguiu Hinata para sala de aula onde todos estavam e cumprimentou, sorriu e anunciou que tinha uma novidade. Todos pararam para ouvi-la quando Naruto entrou entendendo a deixa e chamou Konohamaru e Moegui dizendo, com a cara mais séria que conseguisse -diretrizes de Hinata, que precisava falar com eles em particular.

Levou-os a duas salas de distância.

—Moegui… -começou ele lentamente e o mais serio que conseguiu antes de alguém bater a porta. Hinata estava se saindo melhor que encomenda.

—Naruto-kun. -chamou do lado de fora.

Apesar deles estarem só enrolando, Naruto estava se divertindo com tudo aquilo.

Quando fecharam a porta Hinata colou seu ouvido a ela enquanto Naruto abaixava sobre os joelhos para espiar sobre a fechadura da porta.

—Porque você achou que Moegui com ele ia ser o melhor? -murmurou Naruto tão baixo quanto pode.

—Shh. -retrucou Hinata grudando o ouvido a porta.

*

—O que acha que Naruto senpai quer, Moegui? -disse Konohamaru parecendo agitado. Hinata ouviu-o arrastar uma mesa para sentar-se.

—E-eu não faço ideia, Kono-kun. -gaguejou Moegui.

Vamos lá, mais confiança Moegui, pensou Hinata torcendo pela garota.

—Será que nos metemos em enrascada?

—Eu duvido. -o tom despreocupado fez Hinata sorrir. Ela estava indo muito bem. Alguns minutos em silencio completo se passaram, o que fez Naruto um pouco abaixo ficar agitado. Hinata notara que ele nunca conseguia ficar muito tempo parado. Fazia parte da natureza dele pelo visto.

—Essa demora está me matando. -disse Konohamaru e logo depois houve um baque, ele deveria ter descido da mesa. -Vou lá ver o que eles estão fazendo.

Ouve som de passos e Naruto levantou-se rápido, pronto para entrar. Mas Hinata estendeu a palma para ele num claro sinal de espera. Ela confiava em Moegui.

E sua confiança não era á toa.

—Kono-kun?

Os passos pararam e Naruto franziu o cenho voltando a se abaixar devagar, como se desconfiado. Hinata só possuía um sorriso leve.

—Fala.

—Nos conhecemos há muito tempo, não é? -havia hesitação na voz de Moegui, mas ela já não gaguejava mais.

—É, eu acho que sim. O que isso tem a ver agora? -disse ele com a voz confusa. Hinata podia imaginá-lo franzindo o cenho, exatamente como Naruto fazia. Inevitavelmente seus olhos desceram para ele e pegou-o fitando a ela do mesmo modo. Ela corou forte e desviou o olhar voltando a se concentrar na conversa do outro lado da porta.

—E-eu não sei. É o seu aniversário de onze anos e você é tudo o que eu me lembro desde que tinha três… -Naruto soltou um ofego surpreso parecendo finalmente entender o que estava realmente acontecendo.

—Eles… Eles se gostam, dattebayo?

—Shh, Naruto-kun. -repreendeu gentilmente Hinata dando-lhe um olhar arregalado de repressiva.

Naruto balbuciou algo incoerente e voltou os olhos para a fechadura. Mas eles tinham perdido parte da conversa.

—... Então por isso acho que gosto de você.

—Eu também adoro você, Moegui. Você e todo o pessoal. -Konohamaru realmente era muito lerdo, pensou Hinata revirando os olhos. -Mas vamos lá ver o que Naruto…

—V-você não entendeu, Konohamaru. -disse Moegui deixando a voz mais firme desta vez. Hinata parabenizou-a mentalmente. -Eu realmente gosto de você.

—E eu já disse que também.

Moegui soltou um suspiro pesado.

—Por todos os santos, Konohamaru tente ser menos lerdo! -ela bufou já irritada. Uma gargalhada abafada veio debaixo de Hinata e ela lançou um olhar arregalado de aviso para Naruto que sorria e logo comprimiu os lábios segundo toda a diversão. Hinata acabou sorrindo também.

—Ei, não precisa ofender.

—Eu não ofendi, você que testa a paciência de qualquer pessoa. Eu estou tentando te dizer que te amo. -logo em seguida a fala, Moegui soltou um som estrangulado de surpresa e abafou-o em seguida. Embaixo dela Naruto estremeceu e ela o fitou, temendo que ele pudesse denunciá-los com sua gargalhada espalhafatosa, mas ele se conteve e colocou uma das mãos sobre a boca. Hinata sorriu, se divertindo com o comportamento infantil dele.

—O que disse, Moegui? -disse Konohamaru com a voz atordoada. Bem, ao menos agora Moegui tinha a total atenção dele.

A menina gemeu de descontentação.

—Por favor, não me faça repetir, você deve ter entendido. -pela voz dela, ela rezava para ter entendido.

—E-eu entendi. Mas… -ouviram passos e Hinata olhou para baixo descendo sobre os joelhos também. Naruto deu-lhe um sorriso travesso, mas se afastou da fechadura para que ela pudesse olhar. Quando os olhos de Hinata conseguiram registrar as imagens, já tinha perdido parte da conversa afim de achar o angulo perfeito. No entanto Hinata teve que abafar um oun de apreciação quando viu Konohamaru com as mãos nas faces de Moegui e a menina estava escarlate de tão corada. -...devia ter me dito o quanto antes.

—Não é tão fácil quanto parece.

Konohamaru se esticou e beijou a testa de Moegui. Hinata sorriu levemente, eles faziam um bom par.

—Ok então. Eu também te amo, Moegui-chan. -o sorriso aberto da pequena foi lindo e Hinata realmente se segurou de verdade. No entanto uma mão em sua cintura a espantou e fê-la perder o equilíbrio.

Eles desabaram no chão do corredor por estarem apenas agachados. Hinata caiu sentada no colo de Naruto, enquanto este caiu sentado no chão. Ela lançou um olhar apavorado para ele, mas ouviu um pigarro que chamou sua atenção. Tsunade estava acima deles com as mãos na cintura e uma sobrancelha arqueada.

Os olhos de Hinata se arregalaram e ela corou tanto que sentiu as bochechas queimarem, ela levantou-se rapidamente ignorando o gemido de dor que Naruto emitiu e quando de pé abaixou a cabeça, recusando encarar Tsunade nos olhos.

—Ora, ora. Então esse era o motivo da demora de vocês, hm? -Naruto gargalhava quando se pôs de pé.

—Ah, por favor baa-chan. A gente só estava…

—N-nada. Não e-estávamos fazendo n-nada. -disse Hinata cortando-o. -N-Naruto-kun!

Ela lançou-lhe um olhar de aviso que ele aparentemente entendeu.

—Então, obaa-chan eu tenho uma dúvidas. -disse avançando. -Vamos, a festa está para começar, dattebayo!

—E onde estão Konohamaru e Moegui? -questionou Tsunade olhando para a porta atrás de Hinata sugestivamente. -Eu não os vi no pátio.

—Moegui está… Ocupada. -disse Naruto olhando confuso para Hinata.

—K-Konohamaru-san logo estará lá, Tsunade-sama. -os olhos arregalados de Hinata com certeza diziam tudo que a loira precisava saber. Suspirando Tsunade deixou-se levar por Naruto que arrastou-a pelo corredor até o pátio. Hinata suspirou, isso estava se saindo um desastre. -Tudo bem, gente. Podem sair.

Konohamaru e Moegui abriram a porta.

—E porque exatamente fomos escondidos? -disse Kono-kun franzindo o cenho. Hinata lembrou-se das sobrancelhas de Naruto instantaneamente, afastou o pensamento.

—Isso não importa, vamos lá Kono-kun. -Moegui o puxou pelo braço levando-o pelo corredor. Konohamaru não resistiu, apenas segurou na mão de Moegui e a seguiu.

Hinata soube, a partir daquele momento que ele havia dito a verdade. Amava Moegui assim como ela o amava.

Hinata sorriu e seguiu-os em passos leves. Pouco antes deles abrirem a porta, Hinata gritou o nome de Konohamaru, dando tempo para que os outros se preparassem.

Então a surpresa foi feita com sucesso, apesar de todos os detalhes que saíram do planejado.

Eles se divertiram e Naruto a levou para casa com prestatividade.  

Hinata tentou manter a desculpa de que ele só queria ver onde ela morava, no entanto ele não lhe pediu para entrar e naquela noite apareceu no estúdio de Sai.

Fez uma nova tatuagem com o dono, uma raposa no braço direito. Vagamente aquilo lhe lembrou os tigres dentes de sabre que havia feito nas costas. Ele parou para conversar com ela, dando-lhe sorrisos iluminados e vez ou outra tocando em seus cabelos e mãos. Hinata tinha outra impressão de que ele estava flertando consigo.

No entanto, o comportamento dele não mudava com a falsa Hinata. Aparentemente ele estudava as reações das duas com especial atenção, pois sempre repetia os mesmos movimentos, mas sempre com palavras diferentes, mesmo que o sentido fosse o mesmo.

Naruto era cuidadoso com a falsa Hinata. Ele dizia coisas doces, carinhosas, atenciosas.

Já com a verdadeira Hinata ele era mais como… Ele mesmo. Ria, tocava, praguejava. Aparentemente se soltava com todos os defeitos e qualidades.

E pouco a pouco, Hinata se encantava com ele.

Pois Naruto parecia ter compreendido o que Kiba, Neji e Shino levaram semanas. Dois deles até meses. Ambas eram Hinata’s com o mesmo corpo e mesma forma de pensar. Não eram duas pessoas diferentes. Eram apenas duas personalidades diferentes.

*

Três semanas depois Naruto começava a achar estranho todos aqueles grupinhos em partes concentradas da sala. Mesmo que todos eles ainda se falassem e trocassem informações secretas a julgar pela forma como se surpreendiam quando Naruto ou Hinata lhe perguntavam sobre o que tratavam.

Hinata tinha lhe dito que não estava preocupada.

Mas Naruto era o que conhecia aquela turma.  Aquilo era preocupante.

Ele sabia que eles planejavam alguma coisa. Merda, ele que praticamente os criou . Estaria decepcionado se não estivessem aprontando coisa nenhuma. Ceeerto, as coisas estavam meio esquisitas, e ele tinha medo disso.

Qualquer um que conhecesse aquelas crianças tanto tempo quanto ele teria também.

Mas Hinata não os conhecia, por isso sorria tranquila.

Deus, que sorriso lindo.

Naruto nunca se cansava de olhar para ele.
Depois de três semanas, ele conseguira se aproximar de ambas Hinata’s. A outra Hinata era mais despojada, tinha muito mais assunto e sorria mais frequentemente que a Hinata em si. Classicamente, a outra Hinata era mais acessível que a que ele realmente conhecia. Porém, ele gostava muito mais da Hinata que dava aula ás crianças. Da Hinata que corava quando ele a tocava ou dizia algo ligeiramente comprometedor.

E apesar dele compreender muito mais a outra Hinata, Naruto se apaixonara pela primeira -a tímida e reclusa Hinata.

Sim, se apaixonara. Pois Naruto estava completamente-totalmente apaixonado por Hinata Hyuuga. E por incrível que parecesse, ele soubera disso antes dela. Achava que era um bônus do destino já que em questões amorosas ele era mais desastrado que Konohamaru. Se lembrava bem de quando era apaixonado por Sakura, antes dela conseguir prender Sasuke. Não havia sido, nem de longe, uma boa época.

Mas o fato era que tudo aquilo era passado e enquanto olhava para Hinata -naquele momento  ajudando Fuu a conciliar o verde e o azul -ele agradecia que houvesse deixado para trás.

Eram por volta das dez horas quando a sala começou a ficar estranhamente vazia.

Hinata trocava um olhar preocupado com Naruto que sempre dava de ombros. Em certa altura, Naruto pegou um vislumbre de Udon deslizando porta afora e então restavam apenas Konohamaru e Moegui.

—O que exatamente está acontecendo? -questionou Naruto fitando de modo crítico Konohamaru.

—Hm, nós estamos… -Moegui fitou Hinata temerosa e então suspirou, relaxando os ombros tensos e olhando para a Hyuuga diretamente. -Nós, eu e Kono-kun concordamos que depois do que fizeram para nós, era justo que retribuíssemos o favor. Estamos oficialmente entrando em greve até que vocês dois se acertem.

Hinata franziu o cenho fitando Naruto com confusão. O que não adiantou muita coisa, uma vez que o loiro não havia entendido muito mais que ela.

—O que exatamente isso quer dizer?

Konohamaru se afastou deles indo para porta seguido por Moegui.

—Não viremos ás aulas até que vocês dois comecem… -ele olhou para a Moegui. -Qual a palavra?

—Namorar?

—Isso! -ele fitou os dois estreitando os olhos em ameaça, foi engraçado de certa forma. -Vocês tem muito tempo livre agora. Conversem.

E então saiu, sem mais nem menos, fechando a porta atrás de si.

Naruto olhou para Hinata que estava com os olhos arregalados em choque. Certamente nem ele entendeu exatamente aquilo tudo. Tantos dias de planejamento para aquilo era decepcionante.

—O que eles… -começou Hinata confusa. Naruto suspirou e se aproximou dela.

—Eles torcem pela gente.

A face de Hinata corou totalmente envergonhada.

—A-acho que deveríamos conversar c-com eles, Naruto-kun.

—Eu acho que deveríamos conversar entre nós. -admitiu sentando-se na mesa dela casualmente e encarando-a. -Eu tenho algumas perguntas para você.

—I-isso parece um i-interrogatório. -retrucou Hinata olhando para os lados e evitando seus olhos.

—Mas não é, dattebayo. -ele disse sorrindo abertamente. -Eu só ando curioso.

—E quando você não está? -murmurou Hinata baixinho, mas ainda assim Naruto conseguiu ouví-la.

—Sobre vocês estou sempre curioso, você é a pessoa mais intrigante e fascinante que já conheci. -o rosto de Hinata ficou realmente escarlate e ela balbuciou algumas vezes antes de soltar um “N-naruto-ku-kun!”. Ele tomou isso como cooperação. -O que houve com a sua família, Hina? -perguntou de uma vez usando pela primeira vez o apelido que usava apenas em pensamentos. Ela pareceu perplexa com a pergunta e ele resolveu esclarecer. -Eu percebi que você não fala de seus pais, e nunca recebeu nenhuma ligação de parentes. O lugar em que você mora… -ele soltou um suspiro impaciente. -Hinata, eu conheci os Hyuugas uma vez. Eles não são o tipo que moram num prédio caindo aos pedaços ou andam de metrô frequentemente. -ele hesitou e então bufou de repente, exasperado. -Desculpe se eu estou curioso do porque uma Hyuuga faz tudo o que os outros nunca sequer considerariam.

Ela ainda estava corada, mas seus olhos não estavam mais arregalados.

Ah, Naruto conhecia aquele olhar. Aquela era a segunda Hinata. A Hinata que ele menos gostava.

—Qual Hyuuga você conheceu, Naruto-kun? -a súbita falta de gagueira não surpreendeu Naruto. Ele já sabia que Hinata podia ter esse tipo de comportamento, mas a mudança de uma hora para outra foi algo que o preocupou.

Naruto definitivamente não gostava dessa face de Hinata.

—Neji.

Os lábios dela se entreabriram enquanto um ‘ah’ soprado escapava deles.

—Meu primo. -ela assentiu cruzando os braços nervosamente. Aquela era a primeira vez que Naruto via Hinata falar como a outra Hinata e agir como a Hinata original. -Ele se orgulha muito de nosso clã.

—O que aconteceu, Hinata? -questionou Naruto de uma vez.

Ela selou os lábios, mas um minuto depois os abriu. Como se houvesse dado tempo a si mesma para organizar as palavras.

—Eu amo Arte, Naruto-kun. -admitiu ela arqueando levemente ambas sobrancelhas e descendo o foco para a camiseta laranja de Naruto. -Mas o meu espaço de comodidade é as tatuagens. Eu gosto muito delas, até demais. E isso acabou me prejudicando. -ela ergueu os olhos para os deles. -Minha família não apoiaria uma artista fracassada. E uma faculdade de Arte é a coisa mais incerta que poderia escolher. Ninguém sabia quando eu realmente teria sucesso. -ela fechou os olhos apertando os dedos até ficarem brancos em seus braços. -Eles não acreditaram em mim. Quando você não obtém sucesso no meu clã Naruto-kun, você não é digno dele. É uma hierarquia rígida, mas simplista. Ou você têm sucesso, ou não. Ou você é um Hyuuga, ou não é. -os olhos de Naruto se arregalaram de choque, mas Hinata não parou de falar, talvez porque precisasse despejar tudo, afinal fora mesmo ele quem tinha pedido. -Mas eu era a primogênita, e nascimento tem um pouco de vantagem por lá, sabe? -ela sorriu amargo. -Acredito que isso foi o que me salvou da completa miséria. Eu fui punida pela minha escolha de profissão. Fui banida do clã, expulsa de minha casa e renegada entre meus pais e irmã. -Naruto estendeu a mão para ela, mas Hinata se afastou num vacilante passo, ela ainda estava como a outra Hinata e a outra Hinata dificilmente aceitava compaixão. -Eu pude continuar como uma Hyuuga porque minha mãe aceitou a vergonha em meu lugar. Ela virou motivo de chacota dentro do clã para que eu continuasse com meu sobrenome. E dentro ou fora dele, os Hyuugas são favorecidos. Foi meu sobrenome que me garantiu a vaga na Konoha University e foi ele que chamou atenção de Sai-sama para que me contratasse. Sem esse emprego… -ela balançou a cabeça afastando as lembranças e fechando os olhos.

—Eu sinto muito te fazer lembrar disso, Hinata. -ele engoliu em seco. -Não foi minha intensão.

—T-tudo b-bem, Naruto-kun. -afirmou ela, abrindo os olhos e fitando-o com as bochechas escarlates. Então Naruto finalmente compreendeu por completo porque Hinata precisava tanto da outra Hinata.

—Me desculpe por ter perguntado. -ele desceu da mesa e puxou-a para si num abraço. Hinata estremeceu, mas não se afastou. De cabeça baixa encostou o rosto no peito de Naruto e inspirou. Ele sorriu levemente sem poder se conter a tempo e beijou o topo da cabeça de Hinata apertando-a nos braços. Ela finalmente cedeu e abraçou-o pela cintura. -Eu sinto muito, Hina-chan.

Por longos minutos eles ficaram apenas quietos. Naruto realmente acreditou que Hinata choraria, porém ela não fez. Algum tempo depois -pouco, muito pouco tempo para ele, Hinata se afastou para olhá-lo nos olhos.

—P-por q-que fica tão c-curioso sobre mim? -Naruto sorriu abaixando a cabeça e encostando os lábios dele nos dela numa carícia suave. Hinata arregalou os olhos quando se separaram e ele sorriu.

—Porque você me fascina. -Hinata amoleceu e ele segurou-a mais firme entre seu abraço.

Naruto era bom com as palavras, mas ele não se gabava disso. Por sorte.

— V-Você também….Naruto-kun...


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Notas finais do capítulo

Comentários? Queremos saber o que vocês estão achando... Claro .-.
Resolvi deixar este maior por conta de que aqui iria ficar meio feinho .-.
No animespirit até que fica bonitinho capítulo pequenino, aqui já nem tanto. Parece poema ^^



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