The Animal In Me escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 1
The Animal In Me (Único)


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, como vocês estão?

Bem, acho que quase ninguém posta fanfic desse fandom e, muito menos, desse ship... Mas, eu gosto de contrariar a regra e tô aqui! Hahaha Se você já acompanhou Faberry (Glee), deve me conhecer, senão, prazer :D

Sobre essa one shot, sabe quando você escuta uma música e não consegue desvinculá-la de um determinado ship? Pois bem, foi isso que aconteceu com "The Animal In Me" do Mötley Crue, mas na versão cover da Cassadee Pope. Escutei e não consegui tirar da minha cabeça que ela se encaixaria muito bem com uma Shoot... Por isso, aqui estamos com essa fanfic!

Eu espero, de verdade, que gostem. Foi um dos meus projetos mais ambiciosos e mais difíceis de serem escritos. Peço desculpas se houver alguma descaracterização, mas essas duas são tão fodas que eu nem queria me atrever a escrever sobre elas hahahahaha

Bem, boa leitura!



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It feels like thunder. We were slowly diggin’ in... It kinda makes me wonder about the lovers that have been.

 

Para quem não deveria sentir nada, Sameen Shaw estava uma bagunça.

Shaw conseguia sentir toda a intensidade daquele momento ardendo e queimando cada pedaço de sua pele. Abaixo dela, sentia sangue correr através de seu corpo e a adrenalina injetada em suas veias era tão intensa quanto o prazer que a corroia de dentro para forma. Conforme as mãos conhecidas e saudosas desenhavam seu corpo, ela fechava os olhos e os apertava.

Porque tudo era intenso demais e ia muito além do que tudo que ela achava ter sentido. Aquilo era diferente, era novo... Ela odiava admitir e, talvez, nunca o fizesse em voz alta, mas aquilo era desconhecido.

Uma mistura do prazer mesclando-se delicadamente à sensação que ela não lembrava ter experimentado. Aquela ânsia era visceral e animalesca, tão insaciável que estava devorando sua ansiedade e deixando-a totalmente a mercê de quem se acostumara a lhe dar prazer. 

Totalmente vencida pelas mãos que dedilhavam suas cicatrizes e pelos lábios que beijavam a sua pele, totalmente entregue a língua que reencontrava e reconhecia a sua depois de tanto tempo... E seu coração batia forte, arrebentando-se de encontro às suas costelas, querendo-se fazer vivo de dentro para fora.

Tão irracional, tão indecifrável, tão animal... Tão delas.

As mãos desceram pela sua cintura e o rosto se afastou do seu, imediatamente, Shaw sentiu falta do calor do outro corpo. Ela abriu os olhos e encontrou o castanho lhe observando curioso, tentando lhe entender por debaixo de toda a imparcialidade que ela transpassava.

Mal sabiam aqueles olhos que debaixo de toda ausência de expressão, ela sentia. E, dessa vez, os volumes estavam tão altos que a enlouqueciam. Ela não conseguia pensar direito enquanto seus olhos desciam e encontravam a boca entreaberta dela, suas mãos não se contiveram quando Shaw avançou novamente.

Sua ansiedade transformou-se no rasgo de uma camisa.

Shaw inclinou-se em direção a ela, empurrando-a na cama, colocando-se sobre ela. Shaw escutou quando ela ofegou surpresa e quando ela gemeu no instante em que seus quadris se tocaram. Um sorriso abriu-se em seus lábios famintos, a saliva inundou sua boca e ela sentiu-se prestes a devorá-la, mais uma vez.

As duas voltaram a se olhar e a expressão surpresa deu lugar, mais uma vez, a curiosidade. Shaw não gostava quando ela a olhava daquela forma, não gostava de ver sua própria confusão refletida nos olhos dela... Porque, afinal, não gostava de sequer imaginar o que faria se nunca mais a visse.

A ausência, durante todo aquele tempo, de despertares e inconsciências, a confundia. Shaw precisava senti-la de alguma forma e, mesmo que a sentisse de forma alta, dentro de si, gritando... Ela precisava de mais, sempre. Na companhia dela, era sempre mais, o exagero fazia parte do que as duas construíram.

Shaw arrancou a camisa rasgada do corpo dela e amarrou os punhos pálidos na cabeceira da cama. A curiosidade, finalmente, desapareceu do rosto dela. O sorriso pervertido e delicioso brotou nos lábios finos e, embaixo de si, o corpo se mexeu, inclinando-se em sua direção.

Shaw sorriu vitoriosa e aproximou-se dela, as respirações ofegantes se misturaram e os olhos se encontraram. Shaw, durante todo aquele tempo em que desaparecera, perdera a noção de quando estava acordada e de quando estava sendo controlada... Mas, naquele momento, ela sentiu-se desperta. Como nunca esteve.

Lyin’ in my bed with her hands tied up, I knew it all along that it wasn’t enough ‘cuz when I gotta taste of you I found somethin’ I can sing my teeth into...

 

As mãos de Shaw desenharam todas as curvas daquele corpo que, surpreendentemente, não parecia novo a sua memória debilitada. Seus olhos devoradores observaram cada pelo se arrepiar conforme seus dedos matavam a saudade daquela pele e deslizavam por ela, sentindo e queimando.

Existiam cicatrizes novas que, por Deus, Shaw não queria imaginar da onde elas vieram. Existiam, também, novos arroxeados e novos arranhões manchando a brancura característica da pele leitosa. Shaw apertou os dentes e grunhiu furiosa por qualquer outro capaz de machucá-la daquela forma...

Só ela tinha aquele direito.

Shaw não somente sentia como era extremamente egoísta em relação a sua companheira. Na verdade, aquela particularidade do que supostamente sentia desenvolveu-se durante todo o tempo em que ficaram separadas. Em seus poucos momentos de consciência, Shaw soube que sentia mais falta do que imaginava e que não suportaria a ideia de ela ter desistido ou de ter se afastado.

Shaw precisava dela. O irracional e assustador dentro de si precisava ter a fome saciada, e somente a outra parecia saber do que ele se alimentava. Somente ela tinha algo que, quando Shaw sentia e saboreava, era capaz de tranqüilizá-la.

Por isso, Shaw a devorou. Seus lábios tocaram a pele branca e sua língua lambeu a textura, saboreando o gosto salgado do suor. O corpo embaixo de si se contorceu, em um movimento saboroso em direção a sua boca, e mais gemidos chegaram aos seus ouvidos, a fera dentro dela voltou a tomar controle e ela mordeu a pele trêmula, mantendo-a no lugar.

Mantendo-a por perto.

Sua língua, mais uma vez, saboreou aquela pele até, por fim, chegar à fonte de todo o néctar que ela precisava consumir. Shaw sentiu seu olfato ser embriagado pelo cheiro alucinador que somente ela possuía, exatamente como uma viciada, Shaw viu-se liberta de sua reabilitação e entregou-se ao seu vício mais vital.

Shaw afastou-se com a intenção de remover as últimas peças que a separava de seu objetivo, mas seus olhos acabaram por percorrer todo o caminho de volta. Seus olhos encontraram as feições delicadas que se dividiam entre o prazer e o sofrimento, os olhos da outra estavam fechados e ela ofegava violentamente, em busca de ar, esperando pacientemente...

Shaw parou tudo o que fazia, procurando memorizar aquela expressão, aquele rosto e corpo tão entregues ao seu próprio corpo. Aquela mulher, tão independente e tão forte que, naquele momento apenas permitia-se enfraquecer-se para lhe ter de volta. Subitamente, os olhos castanhos se abriram e dispararam em direção aos seus.

Mais uma vez, a intensidade do que sentiu cegou Shaw.

Ela olhou inquieta para sua companheira, suas mãos perdidas na cintura dela, seu cérebro tentando retomar o controle de seus membros enquanto dentro dela, a fera parecia calma e hipnotizada por aquele olhar. Como sempre, a outra entregou demais e Shaw não se deixou entregar por inteiro. Emocionalmente, estava uma bagunça, mas fisicamente sabia muito bem o que fazer.

Suas mãos desabotoaram e tiraram a calça colada, em seguida, ela rasgou a última peça que as separava e, sem qualquer aviso, tocou com a boca a fonte de seu néctar.

O gosto agridoce envolveu sua boca e o frenesi enviou arrepios por todo o seu corpo. Era tudo tão intenso que chegava a doer, era tudo tão inexplicável que lhe nublava a mente... Era tudo tão irracional que ela sentia em cada gota de suor de seu próprio corpo, em cada aperto de suas mãos na carne pálida, em cada gemido que escutava e em cada batida de seu coração de encontro aos seus ouvidos.

O volume era alto demais e a enlouquecia. E Shaw se entregava a loucura, a loucura delas... A loucura que somente a outra entendia.

It’s an ache that never heals. It’s the deepest cut you feel. It’s the thing in you that feeds the animal in me. It’s the darker side of lust. It’s the other side of us. It’s the thing in you that feeds the animal in me.

 

Root sentia cada fragmento de si doer, a dor que precedia o prazer máximo, a dor que era característica e inerente a Shaw. A dor que ela não ousou esquecer nem quando a outra se fora, a dor que fora o combustível para toda a sua busca... A dor que a mantinha viva e que a fazia se lembrar e nunca, jamais, esquecer.

Root contorcia-se nas mãos dela. Mãos tão dispostas a matar e que, naquele momento, mantinham-na no lugar, mantinham-na viva. Mãos das quais ela sentia falta e que marcaram seu corpo como ninguém. O aperto dela ardia em sua pele e deixava impressões em tons vermelhos, cada pedaço de sua pele tinha uma marca dela, um lembrete de quem a dominava e de quem a tinha, as mordidas e os chupões eram as provas físicas de que Shaw se importava e de que sim, ela sentia.

Seus olhos estavam fechados e ela lutava contra a inconsciência, era intenso demais tê-la de volta depois de tanto tempo, depois de tanta ânsia e de tanta incerteza. Tê-la em cima de si, brincando com seu prazer como se todo aquele tempo não tivesse passado e como se tudo pelo que elas passaram não fosse nada, era mortificador demais.

Root sabia que, se tudo acabasse daquela forma, naquele quarto, ela não ia reclamar. Não seria capaz de reclamar por desabar naquela cama quando, por tanto tempo, achou que morreria sozinha. Também, era incapaz de questionar aquele conjunto de fatos que as levara aquele momento porque, depois de ter Shaw tirada bruscamente de sua proteção, ela não poderia reclamar de tê-la de volta.

Nem que fosse por apenas algumas horas ou, nem isso. Mas, Shaw estava de volta, em cima de si, tirando o pouco da razão que o medo ou a falta de esperança ainda não haviam banido de seu corpo. Ela sim era a única capaz de fazê-la calar e era a única pela qual todos os seus julgamentos e concepções iam por água abaixo.

Sua retaguarda, aquela que voltava para lhe salvar, aquela que não admitia nenhuma de suas atitudes suicidas e, essencialmente, aquela que se sacrificara para que pudesse sair viva quando a morte era iminente.

Shaw não conseguia expressar-se de outra forma que não fosse por atitudes.

Por isso, Root conseguia sentir o que ela sentisse ainda que não quisesse nomear. Os nomes diminuíam a intensidade do que denominavam... Root preferiu ficar calada aproveitando o seu corpo inundando-se por ondas de prazer a partir de seu centro que chegavam às extremidades de seu corpo, quentes e inflamáveis. Ela sentia que a explosão se aproximava, assim como sentia cada toque de Shaw em sua pele.

Cada aperto de saudade, cada mordida egoísta e cada chupão punitivo. Shaw estava furiosa com ela, por demorar tanto, por se sacrificar, por não pensar antes de fazer... Mas, Root não conseguia pensar quando ela estava por perto. Sua mente, sempre tão intuitiva e inteligente, perdia-se entre o estado de choque e a irracionalidade.

Shaw era algo que ela não podia perder e, portanto, esse medo sim parecia real. Se fosse para acabar da pior forma, que fosse com as duas juntas.

Shaw era algo que a Machine não podia substituir. Pois ela era, afinal, a sua melhor ajuda, a sua melhor dupla, o seu melhor complemento... O que a Machine emparelhava dificilmente não funcionava. E as duas funcionavam, da pior maneira, talvez, mas da mais eficiente.

E essa definição não se encaixava somente às missões e, também, àquela cama.

Os punhos amarrados de Root já tinham a pele fina avermelhada e lacerada, o suor escorria em gotículas por sua pele pálida, dando-lhe um discreto brilho na meia luz do quarto; os lábios finos estavam inchados e existiam porções avermelhadas espalhadas por todo o seu corpo... Suas pernas se contorciam enquanto ela sentia Shaw devorá-la, mais uma vez.

Shaw tirava tudo dela e pedia sempre por mais, insaciável, incansável... Como um animal, como as duas.

Root abriu os olhos quando o ar lhe faltou, ela ofegou quando sentiu o aperto em seu ventre e mordeu os lábios quando sentiu as mãos de Shaw fechando-se em torno de seus quadris. Olhou para baixo e encontrou os olhos negros de Shaw encontrando-a através da névoa de prazer, o aperto em seu ventre propagou-se em forma de eletricidade e chegou até a ponta dos seus dedos. O corpo de Root tencionou sobre o olhar faminto e o sorriso lascivo de Shaw.

Ela moveu-se como uma predadora sobre o corpo trêmulo, Root voltara a fechar os olhos e a sonolência começava a dragá-la, suas mãos foram desamarradas e caíram inúteis aos lados de seu corpo.

Root abriu os olhos e Shaw a olhava de forma direta, sem esconder-se, sem fugir. As duas se enxergaram naquela escuridão, se encontraram naquela bagunça de suor e calor. Aquele era o lugar delas, o habitat em que elas poderiam ceder.

Em frente à outra, elas podiam desafiar-se a ser quem queriam ser.

I wanna feel your last breath before we suffocate. A kiss like you can’t forget like a wedding on rainy day.

Shaw entregou muito mais do que Root estava esperando receber. Claro que existiam aqueles 9 meses a separando, claro que muita coisa mudara na cabeça de Shaw desde a última vez em que elas, dolorosamente, se viram...

Mas, Root nunca se sentiu daquela forma.

A intensidade da entrega de Shaw não lhe era familiar. Era como se, pela primeira vez depois de todo aquele tempo, ela finalmente pudesse enxergar todas as partes de sua parceira... Incluindo aquele lado que Root sempre soube que ela escondera.

Agora, ali na escuridão daquele quarto bagunçado, Root sentia muito mais do que o suor escorrendo por sua pele e misturando-se ao de Shaw ou o ofegar dela sobre si. Root a sentia, verdadeiramente, por inteira. Finalmente, as duas estavam em igualdade.

Por isso, Root também soltou suas amarras... Deixou que a sua ligação com a Machine se tornasse o segundo plano de sua existência porque, ali, naquele instante, seu primeiro plano tinha que ser Shaw. Ela precisava devolver da mesma forma, na mesma medida... Ela precisava que Shaw sentisse e soubesse que ela estava ali e que o tempo e todas as ameaças do lado de fora eram o que menos importava agora que estavam juntas.

Root aprumou seu corpo antes de impulsioná-lo, Shaw encontrava-se perdida em seus olhos para compreender que, dali em diante, o domínio pertencia a outra. Shaw tentou se desvencilhar, mas as mãos aparentemente frágeis e trêmulas de Root a mantiveram no lugar, pressionando seus braços de encontro à cama.

Prendendo-a. Encarcerando-a. Dominando-a.

Root sorriu para a expressão descontrolada de Shaw, abaixo de si, o corpo remexeu-se inquieto e buscando uma saída, encontrando, apenas, o cárcere. O quadril de Root foi de encontro a pélvis de Shaw, abaixo dela, a outra mordeu os lábios e fechou os olhos, totalmente entorpecida.

Não era preciso muito para dominar Shaw e Root sentia-se única por saber e, essencialmente, se lembrar.

Ela, afinal, não se esquecera de nada relacionado a Shaw. Todas as cicatrizes que ela trazia, assim como toda a extensão da pele dourada pelo suor, não era novidades às suas mãos, sua boca e sua língua. Root conhecia aquele corpo como uma extensão do próprio, lia aquelas emoções como se elas fossem suas e, principalmente, entregava o que precisava e buscava a Shaw.

Aquela combinação não era explicável. Nada entre elas era definitivo e nada fazia sentido. Elas podiam explodir tudo ao redor, assim como podiam apagar incêndios. Elas podiam atirar para matar assim como podiam morrer para proteger. Elas podiam acreditar firmemente em suas existências assim como podiam acreditar única e exclusivamente na outra.

E elas podiam amar... Ainda que não falassem sobre isso, ainda que usassem o sexo e a irracionalidade como desculpas.

Root sentiu o próprio animal dentro de si rosnar ganancioso quando seus olhos chegaram aos lábios de Shaw. Ela buscava o ar e Root decidiu tirá-lo dela. O beijo colidiu ambas as bocas em mais um encontro explosivo e cheio de fúria, misturando-se à saudade e à busca pelo domínio.

Root a beijou até que seus próprios pulmões reclamaram o ar inexistente. Ela se afastou lentamente, Shaw tentou alcançá-la e, mais uma vez, conseguiu mantê-la no lugar. Sem amarras, sem cordas, sem correntes... Somente suas mãos e seu corpo nu de encontro ao dela, ainda vestido.

As mãos trabalharam em remover as peças, assim como a boca trabalhou para marcar Shaw como única e exclusivamente sua. Root era tão ou mais egoísta do que Shaw e também era gananciosa, afinal, somente ela fora capaz de erguer os volumes dentro de Shaw a ponto de enlouquecê-la.

E Shaw sentia-se dessa forma, louca e entorpecida. Os dedos de Root tocavam sua pele e queimavam tudo dentro de si, além das sensações altas e obtusas que ela jamais sentira, ela podia sentir a dor que vinha dali. A dor de ter passado por tudo que passara. A dor de buscar pela sua sanidade quando seu cérebro lhe dizia para abandonar a esperança. A dor por esperar e, finalmente, prosperar.

Doía estar naquela cama porque aquilo era algo que ela não esperava sentir de novo.

Mas, novamente, Root estava de volta como se nunca tivesse desaparecido. Como se nunca tivessem se separado. Como se 9 meses não fosse nada.

E, de fato, para Root, não era. 9 meses não eram nada para o que ela passou quando Shaw foi tirada de si. 9 meses não era nada para ela, que perdera a crença e a confiança naquilo que ela julgava ser um plano superior... 9 meses não era nada para quem vivera de esperanças pessimistas e futuros incertos.

Portanto, somente aquela noite, bastava. Somente aquela noite era necessária. Se, no outro dia, o mundo explodisse e elas sufocassem... Ao menos, aquela noite existira.

Root, mais uma vez, se aproximou e dragou o oxigênio de Shaw. Mais uma vez, as duas sufocaram, juntas.

The chills keep shootin’ down the back of my neck like a freight train poundin’ in the pit of my chest... ‘Cuz when I got a taste of you I found somethin’ I can sink my teeth into!

 

Shaw enxergou seu corpo exposto, suas cicatrizes à mostra na escuridão quente e pesada do quarto. No meio do véu negro, enxergou os olhos de Root brilhando, indicando que o caminho certo, a jornada, era ali, com ela. Shaw, impulsivamente, ergueu a mão e tocou o rosto dela.

Quando ela segurou Root próxima a si e sentiu que, de fato, ela a pertencia e estava ali, Shaw escutou as batidas de seu coração se fazerem mais alto do que ela jamais escutara.

Ela trouxe o rosto de Root para perto e viu o sorriso que ela abriu antes de aproximar-se para beijá-la, sentiu as mãos deslizarem pelo seu abdômen até, finalmente, encontrarem o seu centro. Sua visão nublou quando ela tocou, Shaw perdeu a noção da onde estava e a única coisa que sentiu, além dos arrepios, foi Root.

A respiração dela entremeando-se a sua; o cheiro dela misturando-se ao seu; o coração dela batendo através da pele e alcançando o seu; o desejo dela manifestando-se através de toques e apertos; o prazer irradiando do seu centro para seu corpo... Root a possuindo e mostrando o outro lado.

Não aquele com o qual estava acostumada e sim, aquele que somente tinha com ela. O lado dos volumes altos e ensurdecedores, dos prazeres alucinantes e inesquecíveis. O lado de Shaw que a fizera se sacrificar. O lado em que ela enfrentou a morte e o que veio depois dela...

A loucura, a violência, a tortura, a sede, a gana... A saudade, a esperança. Root.

Shaw viu-se refletida nos olhos dela, ofegante e entregue. Sentiu seu corpo todo arrepiar-se e o aperto em seu ventre foi transportado para o resto do seu corpo pelo seu sangue, bombeado pelo seu coração incontrolável. Seus olhos fecharam-se e ela contorceu-se de prazer. Root a manteve no lugar, Root a segurou e a amparou.

O prazer nublava seus pensamentos e sensibilizava suas ações. Shaw a segurou pela cintura e apertou-a em suas mãos, Root gemeu um pouco dolorida, mas ainda assim abriu um sorriso e beijou sua testa, desgrudando os cabelos suados de sua pele.

Mais uma vez, as duas se olharam e, mais uma vez, não souberam explicar o que acontecera ali. As palavras faltavam e as ações sobravam, assim como a intensidade de seus sentimentos e a insegurança que, finalmente, era depositada em seus ombros.

De forma inexplicável, aquele lugar era seguro... Mas, o que aconteceria no dia seguinte?

Root tinha medo de se perguntar o que acontecia porque sabia que teria respostas que não procurava e, muito menos, queria. Aquela segurança que experimentara era delicada porque, afinal, para as duas, não existia lugar seguro.

O mais próximo que podiam ter eram uma a outra.

Shaw voltando por ela, Root tendo a retaguarda dela... As duas dispostas a se sacrificarem pela Machine, por Harold, por Reese e, indubitavelmente, pela outra.

Depois daquela noite, a única coisa que teriam era a guerra.

Root jamais buscara aquilo quando se aliara a Machine e se perguntava se Ela sabia que aquilo aconteceria. A preocupação nublou os olhos brilhantes de Root e ela desvencilhou-se de Shaw, encolhendo-se na beira da cama.

Ela não podia e nem queria chorar, mas as lágrimas vieram da mesma forma.

It’s an ache that never heals. It’s the deepest cut you feel. It’s the thing in you that feeds the animal in me. It’s the darker side of lust. It’s the other side of us. It’s the thing in you that feeds the animal in me.

 

Shaw olhou para as costas marcadas de Root, para a pele perolada de suor e para o tremer do corpo que a amparara e que, agora, entregava-se ao medo. Insegura, ela se aproximou e respirou fundo.

Inconscientemente, suas mãos envolveram aquele corpo maior que o seu e Shaw o apertou junto a si.

Aquele corpo era algo que ela não queria perder e que não aceitaria que fosse, mais uma vez, tirado de si. Aquele corpo detinha a alma que ela deixara entrar e apoderar-se de si e, essencialmente, aquele corpo e alma formavam a pessoa que era dona de todo o inexplicável dentro dela.

Root a tinha desde o primeiro dia e isso fora o que mais a assustara. Assim como, naquele momento, Shaw estava assustada e, estranhamente, enriquecida de coragem.

O calor do corpo da outra junto ao seu, assim como a ausência de tremores e a presença da respiração ritmada e tranqüila fizeram com que ela escutasse mais alto. Algo dentro dela gritou.

Ela protegeria Root. Ela teria a retaguarda de Root. Até o final, até onde o futuro delas pudesse ir.

Ela não nomeou o que sentiu, mas, dentro dela, a mesma ânsia animalesca se manifestou como um eco distante... Ela amava Root. Era isso que assustava e era isso que importava. Era essa verdade louca que a impulsionava.  

O sol nascia pela janela do quarto e o mundo amanhecia perigoso diante delas... E Shaw os enfrentaria, de igual para igual. Com Root e por ela.

FIM


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Concordaram comigo em relação a música?

Aguardo comentários... E vamos nos preparar porque essa series finale promete ser de matar :( Hahahaha

Beijos e até a próxima!



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