Salva pelo inimigo escrita por Jéssica Amaral


Capítulo 9
Capítulo oito




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— Ficou bom? – ele tira os olhos dos meus lábios quando pergunto.

— Deixa eu ver... – empurra levemente minha cabeça para o lado e olha meu pescoço. – Ficou sim. Você tem a pele clara e é fácil de marcar.

— Então poderia ter feito menos forte, não é?! – Théo ri.

— Isso é para ficar mais dias Sofia.

— Hum... O que eu faço agora?

— Vamos esperar mais um pouco.

Suspiro e coloco a mão no braço onde ainda dói do aperto de Frank. Acho que vai ficar roxo... Théo tira minha mão da frente e olha meu braço. Ele comprime os lábios. Não vou olhar porque deve estar horrível!

— Não imagino como Frank é bruto...

— Depende do humor.

Théo segura meu braço em cima de onde Frank apertou, mas não com força. O olho confusa e logo entendo. Sua pele gelada em contato com a minha alivia um pouco a dor. Relaxo um pouco. Talvez, talvez eu possa confiar nele

†††

Estava deitada na cama e senti meu estômago reclamar. Depois que vim morar aqui, eles reformaram a cozinha. Isso porque eu tinha que comer coisas decentes para continuar viva. Segui até a cozinha e comecei a preparar um sanduíche para comer. Escutei passos e engoli em seco. O clima nessa casa não está nada bom. Ainda mais que os três acham que fiz alguma coisa com Théo. Como se eu realmente pudesse evitar algo desse tipo...

— Esse cara está achando mesmo que vai ter você, não é? – viro de frente para a voz. Era Frank claro. Estava aborrecido e eu não gosto disso.

— Eu não sei – ele se aproxima e puxa minha cabeça para o lado com força. Fica um tempo encarando meu pescoço marcado. Tinha um olhar assustador.

— Se eu pudesse Sofia...

— O que? – pergunto com medo.

— Matava seu novo namorado.

— Claro! Como se eu quisesse ficar com ele Frank! – digo irônica.

— E você quis?

— Lógico que não! Assim como vocês, ele me forçou! – minto e vejo que respira contrariado. Mesmo assim não gosta da ideia.

— Eu não gosto dele.

— Somos dois então – não sei se sou boa mentirosa. Até porque minha especialidade é falar a verdade doa a quem doer. Eu espero que ele acredite no que eu disse agora.

— Mark não deixa nem eu bater nele! – fala com raiva.

— Mas vocês não estão devendo? Não pode fazer isso mesmo.

— Não estamos devendo a ele!

Se não é dele a dívida, como ele quer que eu seja o pagamento? Acho que ele é louco!

— Queria mesmo que o pai dele viesse até aqui. Assim veria o que o precioso filho está querendo fazer trocando a dívida por algo como você – desvio o olhar. Ele nunca perde a oportunidade de me humilhar.

Por incrível que pareça ele não continua as ofensas. Olho pra ele e então entendo o porquê. Théo estava na cozinha. Os dois se encaravam de cara feia. Continuo fazendo meu sanduíche tentando ignorar aquela situação.

— Você pode até achar que vai ter ela pra você, mas isso não vai acontecer!

— Então já conseguiu o dinheiro? – pergunta calmo. Esse jeito dele deixa Frank bem mais irritado. Isso porque ele gosta quando as pessoas brigam com ele, gosta de discussão e encrenca. Como Théo não discute e fala manso, ele fica irritado.

— Não, mas vou conseguir – olho Théo por um instante e ele continua encarando Frank.

Sei que é uma quantia alta, mas vendo que Frank não gosta de perder nada, ele pode dar um jeito e isso me apavora.

— Tem duas semanas para fazer isso Frank – até eu estava ficando nervosa com a calma de Théo agora.

— Duas semanas? – fica pensativo por um instante. – Posso dar um jeito nisso.

Ai meu Deus! Por que ele é tão amedrontador assim? Mark e Eduardo não me intimidam tanto quanto ele... Sua presença faz meu corpo tremer. Sei quando está perto, pois involuntariamente meu corpo treme ao sentir sua presença.

— Que bom Frank. Assim vou embora e você não precisa ficar estressado.

Ele está a ponto de voar no pescoço de Théo. Conheço esse olhar, mas pra minha surpresa ele sai da cozinha antes que isso aconteça. Suspiro em alivio quando sai.

— Quero que vá até meu quarto todos os dias.

— Todos?

— Sim.

— Ok...

— Nos vemos mais tarde – diz isso sorrindo e sai da cozinha me deixando sozinha de novo.

Se a ideia dele é deixar Frank louco, ele vai conseguir! E fácil!

†††

Estou indo para o quarto de Théo e encontro Mark no corredor. Ele me faz parar e fica me encarando com o semblante sério.

— Ele te quer todo dia?

— Sim – Mark respira fundo.

— Por isso não podemos tocar em você.

— Não podem?

— Ele disse que enquanto não pagamos a dívida, ele vai descontando um pouco ficando com você.

— Oh! – estou surpresa. Essa parte do plano eu não sabia...

— Você está bem? Sabe... Dávamos uns dias de descanso a você para não ficar muito cansada.

— Que nobre da parte de vocês – falo debochada e ele sorri.

— Melhor você ir – diz agora sério.

— Tudo bem – passo por ele e lentamente sigo para o quarto de Théo. Assim que levanto a mão para bater, ele abre a porta. Levanto uma sobrancelha e ele sorri. Logo agarra meu pulso e me puxa para dentro.

— Que foi isso?

— Estava ouvindo vocês dois no corredor.

— Por isso sabia que estava vindo...

— Sim e ele sabia que eu estava ouvindo, por isso mandou você vir.

— Hum... Então eles não podem estar ouvindo a nossa conversa?

— Eu saberia.

— Como?

— Escuto eles.

— Tem super audição ou o que?

— Escutamos a uma distância boa.

— Entendi.

— O que está achando agora? Confia um pouco mais em mim?

— Um por cento.

— Já é alguma coisa – diz sorrindo.

— Quanto tempo tenho que ficar aqui?

— O suficiente para eles acharem que fiz algo com você Sofia. Já disse que não tem que ter medo de mim. Se fosse te fazer mal, já tinha feito.

Fico em silencio olhando ele. Talvez seja mesmo verdade isso, mas ele pode muito bem estar me enganando e quando me livrar daqui, ele vai me levar pra casa dele onde vão ter mais vampiros que aqui e vai ficar bem pior minha situação.

— Quantos anos você tem Théo? – ele ri com minha pergunta.

— Por que saber disso?

— Estou perguntando a idade que você virou vampiro. Sei que a idade real é bem mais alta... – Théo dá uma gargalhada e eu sorrio.

— Me transformei quando tinha vinte anos.

— Hum... Por isso parece mais novo que eles. E isso faz o que? Uns duzentos anos?

— Acha que tem tanto tempo assim?

— Não sei, por isso estou perguntando.

— Você realmente tem uma boquinha...

— Como assim? – passo o dedo nos lábios e ele ri de novo.

— Fala a primeira coisa que vem na cabeça.

— Ah sim... Meu cérebro não tem ligação com a língua para falar a verdade.

— Mas também é bonita.

— O que? – pergunto confusa e ele sorri.

— Deixa pra lá.

Ficamos um tempo no quarto conversando um pouco. É muito estranho conversar com ele. Isso porque não tenho essa liberdade com os outros, não para sentar e conversar como velhos amigos. Até porque eles não são meus amigos! Se fossem não fariam o que fazem comigo...

— Vai deixar alguma marca em mim hoje?

— Você quer que eu deixe? – pergunta sorrindo. Sinto meu rosto esquentar e desvio o olhar dele.

— Só perguntei por eles... – resmungo nervosa.

— Não preciso fazer todo dia, a menos que você queira que eu faça...

— Já posso ir? – pergunto sem olhar para ele.

— Sim. E qualquer coisa que tentem fazer com você, me diga.

— Tá bom.

Saio do quarto e sigo para o meu em passos apressados. Que diabos acabou de acontecer? Assim que entro fecho a porta e me encosto nela. Estou ficando louca! Eu não sei porque, mas a presença de Théo causa coisas em mim. Coisas bem diferentes do que sinto com a presença de Frank.

O que isso quer dizer?


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