Salva pelo inimigo escrita por Jéssica Amaral
Ficamos em silencio. Que tipo de vampiro ele é? Do tipo heroico ou justiceiro? Ele é muito estranho e isso só faz eu ficar mais desconfiada dele...
— Bem, o que pretende fazer para me tirar daqui?
— Essa pergunta eu não posso responder.
— Por quê?
— Você pode estragar tudo – cruzo os braços o olhando indignada.
— Por que eu faria isso?
— Pergunte outra coisa. Ou já acabou?
— Não acabou porque você não me respondeu!
— E nem vou responder!
Solto um grunhido de irritação. Ele é tão teimoso quanto eu, isso não vai dar certo...
— Então vai, pode ir – digo fazendo gestos com as mãos para ele sair dali de dentro.
— Dependendo do que aconteça, você volta para dentro hoje mesmo.
— Como assim?
— Vou ver o que faço e você fica sabendo.
— Tá – respondo carrancuda.
Théo ainda sorria e me olhava e isso também contribuía para a minha irritação aumentar.
— Te vejo logo.
Ele sai dali e eu vou para a porta para ver. Théo rapidamente chegou a porta da casa e olhou pra trás. Assim que me viu sorriu. Por que ele tem que ser tão lindo?
†††
Já está escuro de novo e hoje não trouxeram nada para eu comer. Me sentia fraca e tonta. O que diabos esses imbecis estão fazendo para não vir aqui? Ou será que isso tem a ver com Théo? Ele disse que talvez voltasse para lá hoje. Esse suspense acaba comigo! Quero sair daqui desesperadamente! Preciso tomar um banho e comer algo decente. Respirar um ar que não seja com mofo e parar de dormir com cadáveres e aranhas. É pedir muito? Já não basta tudo que tenho que passar com esses caras? Ainda tenho que passar por isso?
A porta se abre com um movimento brusco e eu levo susto. Frank estava ali e me encarava com um semblante sério. Ai meu Deus!
— Está tudo bem?
— Não – se aproxima e segura meu braço com força e me puxa para sair do colchão.
— Ai... – reclamo porque aperta muito forte.
— Anda logo!
— Pra onde? – pergunto enquanto ele me arrasta para a casa.
— Sem gracinhas agora! – fala arrogante e me aperta mais. E agora? O que é isso?
Frank me carrega para dentro da mansão e quando percebo estou na sala de estar e nela estão Mark, Eduardo e Théo. Todos de braços cruzados me olhando. Frank me empurra no meio da sala e eu esfrego o braço onde tinha a marca dos dedos dele. Olho Théo e ele encarava meu braço. Fico em silencio encarando eles.
— É isso que você quer? – Frank pergunta. Pelo tom de voz ele está furioso. Dou um passo pra longe dele quando percebo isso. Não quero saber o motivo de sua irritação e muito menos que desconte em mim.
— Sim – responde Théo. Fica um grande silencio e todos me encaram agora. Ainda estava com a mão no braço, pois estava latejando. Se ele tivesse apertado mais forte quebrava meu braço...
— Só que nós não vamos dar – diz Mark.
— Então vai me pagar?
— Sim, mas não agora. Vou conseguir o dinheiro e te dou.
— E se eu não quiser esperar? – os dois se encaram de cara feia.
Eles estão me negociando é isso?
— Esperou até agora, por que não pode mais?
— Justamente por isso, já esperei demais.
— Quer ela pra que? Pode achar outro sangue puro e beber ele! – Frank diz estressado.
— Não quero beber ela.
Os três ficam em silencio olhando Théo. Nesse momento eu estava me sentindo muito tonta e piscava sem parar. Sinto meu corpo ir pra trás e levo susto. Meu Deus eu preciso comer! Estava meio sonolenta, mas vi Théo se aproximar de mim e segurar meus braços. Ele falava algo, mas ouvia sua voz distante. Logo ele me sacode e parece que meu cérebro volta pro lugar.
— Você está bem?
— Não.
— O que é?
— Preciso comer.
— Vou buscar algo pra você – Eduardo sai da sala. Ainda me sentia tonta. Théo me leva até o sofá e me faz sentar. Olho na direção de Mark e Frank e eles me encaram de braços cruzados. Desvio o olhar deles.
Ficamos em silencio absoluto enquanto Eduardo não voltava. Estava encostada no sofá, praticamente deitada. Me sentia bastante fraca e agora para completar estava com dor de cabeça, mas não sei se era pela falta de comida ou pela situação... Os três estavam com os braços cruzados e se encaravam o tempo todo. Não sei quais são os planos desse cara, mas não gostei de ser negociada.
Eduardo apareceu com comida e eu comi como se estivesse a dias sem colocar nada no estômago. Precisava muito de forças para enfrentar o que quer que ia acontecer comigo agora. É muito ruim viver na adrenalina... E essa dúvida do que Théo vai fazer comigo não ajuda em nada!
— Como descobriu ela? – pergunta Frank.
— Senti o cheiro.
— Mas ela estava longe.
— Anos de prática – responde com uma sobrancelha levantada.
— Está certo... E por que quer ela? Tanta coisa para pedir.
— Eu gostei dela – diz me olhando. Desvio o olhar dele. Mark, Frank e Eduardo trocam olhares.
— Podemos negociar isso?
— Claro, em quanto isso fico aqui. Por que tem ela na casa?
— Isso é coisa nossa Théo – Frank responde com deboche.
— Não ficaria assim tão seguro de si se estivesse devendo tanto Frank – ele fica em silencio o encarando, seu olhar mostra claramente, ele odeia Théo e está com muita raiva dele no momento. No entanto Théo parece não se importar com Frank.
— Isso é um assunto nosso – responde Mark. Apesar de estar nervoso ele mostrava calma. Conheço muito bem meus sugadores...
— Tudo bem então. Mas seja lá o que fazem com ela, não vão fazer em quanto eu estiver aqui – olho pra ele com os olhos arregalados.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!