Salva pelo inimigo escrita por Jéssica Amaral


Capítulo 4
Capítulo três




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Não conseguia parar de chorar olhando os corpos dos dois jogados no chão, sem cor, sem vida e temia que chegasse a minha vez. Mark não me soltou mesmo depois dos dois terem acabado seu lanche, mas eu não sabia se ele estava me segurando para me matar também, ou se estava me segurando para que não caísse no chão. Nesse momento eu via tudo rodando e não sentia minhas pernas, será que ele já está bebendo meu sangue e eu nem percebi? Sentia as mãos dele em minha barriga e seu peito em minhas costas.  Não tinha como estar bebendo meu sangue naquela posição. Ainda mais que sentia seu queixo em minha cabeça. Por um momento tudo fica embaçado e sinto minha cabeça girar. A última coisa que escuto é: coloque ela no sofá.

†††

Abro os olhos lentamente e observo o lugar que estou. A luz é forte e estou deitada em algo macio. Quando me dou conta de onde estou fico tensa no mesmo momento e então viro a cabeça de lado no sofá. Os três estão em pé me observando. Engulo em seco quando percebem que acordei. É claro que desmaiei depois daquela cena horrível que presenciei. Corro os olhos pelo local e não encontro mais os corpos de Josh e Will. O que será que eles fizeram? Ou será que isso foi uma piada?  E de muito mal gosto diga-se de passagem... 

— Como se sente? - Mark pergunta.

— Como você acha? - tento parecer indiferente, mas não tenho sucesso. Os três sorriem.

— Acredita agora?

— Em que?

— Acho que vamos ter que fazer melhor do que isso...  - diz Eduardo.

— Onde estão os meninos? - pergunto e eles me olham.

— No terreno atrás da casa.

— Como assim?

Mark se aproxima e segura meus braços. Sua pele é fria e a impressão que tenho é que está morto. Ele me puxa do sofá e me coloca de pé. Depois segurando um dos meus braços me faz andar pela casa até a cozinha e lá acende a luz. O lugar era realmente podre. Parecia que não iam ali há anos. Mark me arrasta pelo local e abre uma porta nos fundos da cozinha, lá fora estava iluminado. A grama está cortada e o quintal é enorme. Conforme vou andando vejo que têm bastante plantas e árvores ali atrás. Todas muito bem cuidadas. Quem cuida disso?

— Ed adora flores - Mark me conta como se soubesse o que estou pensando.

Continuamos andando e então vi um pequeno cemitério. Fiquei chocada olhando as lápides. Que tipo de loucos eles são? E o principal de tudo, o que vão fazer comigo? 

— Seus amigos estão aqui - aponta para dois montes de terra mais altos. Fico encarando aquilo um longo momento. Não é possível que isso esteja mesmo acontecendo!

— Essa brincadeira não tem graça! Josh larga de ser babaca e aparece agora! - ordeno com raiva. Quando ele aparecer eu vou tratar de matá-lo! É bem a cara dele fazer esse tipo de piada suja e sem graça. 

— Ainda acha que é uma piada? - Frank pergunta. Olho pra ele e seus olhos estão escuros em quanto me encara. Os outros dois estão com o mesmo olhar. Céus!

— Acho que podemos fazer você entender melhor...  - Eduardo se aproxima e eu engulo em seco.

— Que tipo de psicopata vocês são? - os três explodem em gargalhadas depois da minha pergunta. Por que fui perguntar isso? Mas as palavras pularam da minha boca sem que eu pudesse evitar, estava entrando em pânico agora.

— Não somos psicopatas - diz Mark.

— Canibais?

— Também não - responde Frank.

— Mas e quanto ao sangue deles? Vocês beberam tudo!

Fico em silêncio um longo momento em quanto eles me olham. Não é possível que seja o que passou pela minha cabeça! Essas coisas não existem! Mas parando para pensar, eles são pálidos, extremamente bonitos, Mark é frio feito o gelo e acredito que os outros dois também sejam, beberam o sangue do corpo de Josh e Will todo... Meu Deus! 

— Que foi Sofia? - Frank parece se divertir com meu sofrimento.

— São vampiros - sussurro e o sorriso largo invade o rosto deles.

— Achei que não ia notar - Eduardo fala em tom sarcástico.

— São demônios... 

— Então as pessoas estavam certas não é? - Mark pergunta sorrindo. Desvio o olhar deles. 

Por que não acabam logo com isso? Pra que me mostrar o que são e provar algo? O que eles querem de mim? 

— Deve estar se perguntado o que faremos com você não é?

— Sim - respondo apreensiva.

— Gostamos de você Sofia. É difícil receber visitas de garotas por aqui...  - fala me rodeando. Pelo visto esse Mark é o líder deles.

— Nunca veio garotas aqui?

— Sim algumas, mas não corajosas e ousadas como você.

— Gostam de ser contrariados?  - eles sorriem quando falo isso.

— Depende. O que a gente gosta é exatamente isso. Você não sabe o que queremos ou vamos fazer com você e mesmo assim me responde atravessado.

— Se vou morrer, pra que baixar a cabeça? - os três se entreolham e sorriem mais abertamente ainda. Vampiros!  E psicopatas!  É pior do que pensei!  Vampiros psicopatas! 

— Quem disse que vai morrer?

— O que vocês fizeram com eles deixa tudo bem claro. E ele não bebeu nada - aponto para Mark.

— Não precisa se preocupar comigo.

— Acredite, eu não me preocupo - os três riem.

— O que você sugere Mark? Vai ficar com sede, então você decide.

Mark fica me encarando um longo momento em silêncio. Seu olhar faz meu corpo se arrepiar. Todos os meus sentidos estavam aguçados agora. Seja lá o que vai fazer comigo, com certeza eu não vou gostar.

— Tenho umas ideias... - desvio o olhar agora. - Vamos entrar e conversar melhor.

Dessa vez quem segura meu braço é Frank e como eu imaginava, ele é gelado como Mark. Ele me conduz de volta a sala e me faz sentar no sofá. Os três ficam em pé em frente a mim. Se não vão me matar, o que pode ser?

— Você é virgem Sofia?

Merda!

Aceno com a cabeça e olho o chão. Acho que isso é pior que a morte. Fica um grande silêncio agora. Olho pra eles e vejo Mark sorrindo. Os outros viram os olhos.

— Vem comigo querida - Mark estende a mão para eu segurar. Fico em silêncio olhando pra ele. Eu não quero ir! – Vamos, não vou machucar você.

— Até parece que eu acredito nisso! - os três riem. 

— Segure minha mão Sofia - ele está calmo demais pro meu gosto! Seguro sua mão com raiva. Já estou na merda mesmo, pra que ficar tentando correr?

Mark me tira da sala e me leva pra parte de cima da casa. Passamos pelo corredor em silêncio. As paredes tinham uma cor forte. Vermelho forte. O que fazia eu ficar mais nervosa ainda. Na última porta do corredor ele para e me olha sorrindo. Não esboço nenhuma reação e ele abre a porta. Não lembro de ter entrado nesse quarto com os garotos. Não quero pensar neles agora também. Isso faz eu entrar em pânico. 

— Vem - me puxa até a cama. 

Engulo em seco e sinto meus olhos serem preenchidos com lágrimas. Eu preferia que eles me matassem. Chupassem meu sangue até perder a vida. Ia ser melhor. 

— Não precisa ficar assim. Sei ser carinhoso.

— Se soubesse mesmo não faria uma coisa dessas comigo - resmungo desesperada.

— Você não tem curiosidade? - olho pra ele agora. Seus olhos me queimam. É um olhar penetrante, me fez sentir nua antes mesmo dele tirar minha roupa. 

— Sinto muito, mas nunca tive fantasias com vampiros - a risada foi alta e me fez pular de susto.

— Adoro sua boca nervosa... 

Talvez seja melhor eu ficar quieta então. Será que consigo?

Mark fica em silêncio me encarando e então sorri de lado. Ele puxa a camisa e tira. Fico em silêncio olhando seu abdômen. Apesar de tudo eu não posso negar, ele é maravilhoso. Só que o medo é maior do que qualquer coisa. Subo os olhos para o rosto dele e vejo seu sorriso. Não era maldoso ou sarcástico, era um sorriso encorajador. Não sei o que isso quer dizer e não me importo. Estou ferrada e nada vai mudar isso. Eles devem usar meu corpo até cansar e depois beber meu sangue até a última gota. Então lá fora na parte de trás da casa terão três montinhos de terra e não dois.

++++

E foi assim que meu tormento começou. Depois que Mark tirou minha virgindade, os outros dois também me usaram e fazem isso até hoje. Sou o objeto de prazer deles. Até quando eu não sei, pois não vou ser jovem para sempre. Eles podem não envelhecer, mas eu envelheço. E quando isso acontecer devem me matar. 

Desde que vim até a mansão, não saí mais. Dois anos sendo usada para os prazeres de três sanguessugas bonitões. Não sei como faziam, mas sempre traziam comida pra mim. E não eram bizarrices como o que eles comem, era comida de humanos e comida boa. Se não ficasse presa aqui e não fosse forçada a fazer sexo com eles, até poderia dizer que não tenho uma vida ruim, mas não posso dizer isso.

Hoje era dia de Frank e era o que eu menos gostava. Principalmente se eu me atrasasse. Os castigos dele eram os piores, ele era mesmo um cara do mal. Gostava de ver meu sofrimento. Ele quase me matou. Bebeu meu sangue até eu perder os sentidos. Acordei deitada na cama de Mark me sentindo muito mal. Mark disse que teve que fazer transfusão de sangue em mim porque Frank quase me matou. Pelo menos ele também foi castigado depois disso. Mark proibiu ele de me tocar durante seis meses. Isso foi bom afinal de contas. Mas agora ele podia me tocar de novo e eu estava tão apavorada como na primeira vez. Olhava o relógio a todo o momento para não perder a hora.

Com vinte minutos de antecedência estou em frente à porta do quarto dele. Frank aparece no corredor e ao me ver sorri debochado.

— Está pontual até demais querida.

— Vai me castigar por isso também?  - falo com acidez.

— Posso pensar nisso...

Suspiro e passo pela porta quando ele abre. 

— Por que está tão amarga?  - encaro ele com fúria.

— Se você tem problemas mentais eu não tenho! Você quase me matou!

— Exatamente, quase matei. No entanto você ainda está aqui e me respondendo - cruza os braços. - Merece outro castigo. 

Solto um grunhido de irritação. 

— Seu sangue foi o mais saboroso que provei. Todos que vem aqui na casa tem algo impuro nele. Não queria te matar, só quase não consegui parar.

— Só isso - resmungo debochada.

— Se ficar falando assim vou fazer de novo...

— Se fizer vai ficar sem mim durante um tempo outra vez.

— Sim, mas vou provar desse delicioso sangue puro - puxa meu cabelo fazendo minha cabeça cair para o lado e abre espaço em meu pescoço. Ele beija levemente e eu fico tensa. 

— Pena que o sangue não é mais meu não é? - digo sarcástica e uma risada sai de sua garganta.

— Seu senso de humor é o que eu mais gosto em você Sofia.

— Achei que fosse meu sangue...  - digo carrancuda e ele ri mais forte. 

— Hoje você está terrível garota!  - me empurra na cama com força.

†††

Estava deitada na cama olhando o teto. Tinha acabado de tomar banho. A água era quente e gostosa caindo em meu corpo. Diferente das mãos de Frank. Respiro fundo. Tudo isso só acontece por minha culpa. Eu era a mais certinha do grupo e mesmo assim topei essa maluquice de vir a essa mansão. Eu deveria ter dito que não era uma boa ideia. Apesar de não acreditar no que o povo falava, eu não tinha que provar nada a ninguém, mas claro que eu tinha que fazer o contrário. Agora paga sua trouxa!

Alguém bate na porta cortando meus pensamentos. Levanto sem vontade e abro. Era Mark. O olho cansada e ele corre os olhos em mim.

— Só queria ver se estava inteira dessa vez.

— Parece que sim.

— Sem castigos?

— Cheguei antes da hora.

— Bom. 

— Mais alguma coisa? - ele sorri quando pergunto isso. Seus dentes são perfeitos e parecem feitos para o rosto dele. 

— Na verdade sim. Vai chegar uma pessoa aqui hoje à noite. Não quero que saia do quarto.

— Pessoa? Vão beber de novo? 

Depois de anos morando aqui, me acostumei a ver as pessoas sendo sugadas até ficar sem vida. Isso já não me assustava como aconteceu na morte de Josh e Will, ou nas outras que presenciei depois da deles... 

— Não é comida. É um outro vampiro.

— Outro? - pergunto com desespero. Mais um para me torturar? Ai eu não aguento! 

— Sim e ele não pode te ver.

— Por quê?

— Porque não.

— Me dê uma resposta que me convença, ou eu vou aparecer - Mark ri nervosamente.

— Vai querer te beber. Ainda mais que tem sangue puro.

— É um ótimo argumento para ficar aqui dentro - Mark sorri. 

Se ele não me obrigasse a me deitar com ele toda terça feira. Eu diria que gosto dele. Apesar de tudo tenta me agradar. Mas se ele se esforçar mais e não me obrigar mais a fazer sexo com ele, talvez, talvez eu goste mais dele.

— Quanto tempo ele fica?

— Espero que pouco. Eu ainda não sei.

— Se ele ficar muito tempo, vai descobrir que estou aqui.

— Eu sei, por isso quero e vou tentar fazer com que vá embora rápido.

— Se não for, como faremos?  - Mark fica pensativo com a pergunta. Ótimo nem ele sabe como vai ser!

— Uma coisa de cada vez - viro os olhos e ele sorri.

— Posso saber por que vem?

— Temos uma dívida com ele e vai vir cobrar.

— Hum... 

— Se você ficar quietinha aqui dentro, ele não deve te achar.

— Não vai sentir o cheiro?

— Verdade. Tinha esquecido disso. Hum... Vou ter que te colocar em algum lugar que esconda o cheiro.

— Onde?

— No cemitério.

— Maravilha! - digo sarcástica.

— Vamos. Vou pegar um colchão para você.

— Vou dormir lá? - minha voz sai mais alta do que queria.

— É claro que vai. Assim ele não vai saber que está aqui. 

Além de tudo que tenho que passar, agora vou dormir de conchinha com cadáveres. Ótimo! É tudo que preciso nesse dia! Sigo Mark até o lado de fora. No cemitério tinha um pequeno espaço com algumas covas dentro, eu ficaria ali. 

— Quer que coloque o colchão em cima ou não chão?

— Em cima do túmulo?

— É - responde rindo. Eles amam, amam meu desespero!

— Tanto faz. Meu medo é de quem está vivo mesmo...  - resmungo.

— Teoricamente eu não estou vivo.

— Pois se mexe e pra mim está bem vivo - Mark sorri e coloca o colchão em cima do túmulo. 

— Vou trazer comida pra você assim que possível. Ele não pode desconfiar que está aqui.

— Está com tanto medo assim de me perder Mark? - pergunto sarcástica.

— Não é todo dia que encontramos uma humana boa como você.

— Boa?  - ele sorri maliciosamente e eu não pergunto mais, pois não quero saber.

 

Mark: https://fabulosamentemeu15.files.wordpress.com/2015/10/ian-somerhalder-207036_w1000.jpg


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