Salva pelo inimigo escrita por Jéssica Amaral


Capítulo 16
Capítulo quinze




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A garota de cabelos negros entra na casa correndo, o sol já estava em cima deles. Todos entram apressados. Théo me puxava com pressa. Assim que a porta se fechou ele parou de me puxar. As luzes se acenderam e eu fiquei de boca aberta. Tinha um lustre enorme pendurado bem no meio do lugar. Cheio de pedras brilhantes. A escada era dupla, do lado esquerdo e direito. Tinha um tapete peludo bem embaixo do lustre, ao lado esquerdo uma porta enorme de vidro e consegui ver de onde estava a sala de estar. Sofás brancos, tapete também branco e peludo como o da entrada, uma mesa de centro grande e de vidro, lareira. Não consegui ver mais. Do lado direito a cozinha, era enorme e também branca. Desse jeito parecia que a casa era mais clara. Por causa da cor, pois no momento as janelas estavam fechadas e sei que é por causa do sol.

— Mostre a ela onde vai ficar Théo – diz o pai dele.

— Pode deixar.

Ele segura minha mão e me leva para a parte de cima da casa. O corredor é super bem arrumado e tem algumas estátuas também. Um longo tapete de cor bege no chão. Passamos por algumas portas e então ele parou em frente a terceira e me olhou. Girou a maçaneta bem devagar e depois empurrou a porta. Esticou o braço para que eu passasse e assim o fiz.

O quarto era enorme. A cama de casal ficava no centro do quarto. Na parede em frente, uma tevê enorme pendurada e embaixo dela uma lareira. Meu Deus! Em frente a lareira duas poltronas brancas. Duas portas com vidros davam para a sacada, no caso duas, uma para cada lado da parede que tinha as portas.

— Pode fechar as cortinas? – olho para Théo e ele está meio escondido ainda no corredor.

Olho as enormes cortinas em frente as portas e puxo tapando a entrada do sol. A cortina é grossa e quando eu puxo a corda que a segurava, ela cai pesada. Faço na outra porta e o quarto fica escuro. Théo liga a luz.

— Gostou?

— Isso é um pouco exagerado...

— Meus pais são exagerados – dá de ombros.

— Eles são seus pais mesmo?

— Me adotaram. Na verdade adotaram eu e o Tom.

— Ele é seu irmão de verdade?

— Sim.

— Pode me contar sua história?

— Por quê?

— Você sabe a minha e eu não sei a sua.

Ficamos em silêncio depois do que eu disse. Eu não estou errada em querer saber, né?

— Tudo bem – estende o braço me mostrando a cama. Me aproximo e sento, ele senta ao meu lado. A cama é gigante, mas ele faz questão de sentar ao meu lado. Não vou reclamar...

— Por que virou vampiro?

— Por causa do meu irmão.

— Como assim?

— Ele sofreu um grave acidente e ia morrer, porém uma mulher apareceu e disse que ia salvar meu irmão. Eu não sabia como, mas ela me garantiu que ficaria bem.

— O que ela fez?

— Disse que precisava ficar sozinha com ele e entrou no quarto do hospital. Não tinha tanta segurança, sabe? Ela conseguiu entrar facilmente. Não entendi como ou o que ela tinha feito, mas ao ver meu irmão de pé, forte, bonito e cheio de vida, eu fiquei completamente feliz e eufórico. Mas eu não imaginei que aquilo ia trazer tanta desgraça pra minha vida.

— O que aconteceu?

— Essa vampira não era nada boa Sofia. Transformou meu irmão e começou a treiná-lo para ser uma máquina de matar. Queria ele para que caçasse pra ela. Meu irmão era louco por ela – diz olhando um ponto fixo na parede – e isso quase acabou com nossas vidas ou a minha.

— O que mudou?

— Um dia fui enfrentar ela por tudo que fez ao meu irmão e pelo que se tornou por causa dela.

— Ela te machucou?

— Sim. Só ai meu irmão viu o que ela era e o que ele se tornou.

— Mas eu não entendi...

— O que?

— Como você virou vampiro?

— Ela me feriu gravemente e então meu irmão percebeu que eu não ia sobreviver, estava perdendo muito sangue. Ela me acertou bem aqui – puxa a camisa e eu engulo em seco. Seu dedo aponta na direção do coração e consigo ver uma cicatriz pequena. – Foi em cheio no coração.

— Que horrível... – resmungo olhando sua marca. Ele cobre com a camisa de novo. – Então seu irmão te transformou.

— Sim.

— E a mulher?

— Meu irmão a matou – fico em silêncio depois da resposta.

— E como vieram parar aqui?

— Ouvimos falar da família de Chris e viemos conhecê-los. Eles são muito importantes no mundo dos vampiros.

— Eu notei... – Théo sorri.

— Contei nossa história a ele e disse que iria reeducar Tom.

— Você não precisou ser educado? Seja lá o que isso significa... – Théo ri e apoia a mão na minha coxa. Olho o rosto dele agora.

— Não precisei, pois não tinha vontade de matar ninguém.

— Mas você precisa fazer isso, não é?

— Sim, mas eu não gosto.

— Você é um vampiro muito estranho.

— Ou talvez por causa dos únicos vampiros que você conheceu serem muito maus e eu não, você me acha estranho.

— Pode ser... – digo pensativa e vejo que ele sorri.

— Verdade que voltou lá porque não queria que eu me machucasse? – desvio o olhar.

— É.

— Por quê?

— Não achei justo deixar você lá para eles torturarem se a culpa de tudo aquilo foi exclusivamente minha.

— Voltou porque não era justo...

— Não queria que você saísse machucado.

— O que pensou quando voltou?

— Que poderia fazer algum acordo com eles – dou de ombros.

— Que tipo de acordo?

— Não sei, pedir para te libertarem e ficarem comigo.

Théo fica em silêncio me olhando nos olhos. Esse assunto está me deixando nervosa!

— Trocaria sua vida pela minha?

— Acho que sim – respondo franzindo a testa.

— Você é louca...

— O qu...? – antes que eu conseguisse terminar a pergunta ele capturou meus lábios. Apesar dele ser gelado e aparentar estar morto, seus lábios são macios e ele tem um gosto diferente. Não sei descrever, pois não parece com nada que já experimentei na vida, mas é muito bom.

Escorrego minha mão em seu cabelo curto e seguro sua nuca. Eu não deveria estar aqui agora e muito menos beijando ele, mas não sei o que acontece, parece que o corpo dele tem ímã e puxa o meu de forma que não posso evitar, tenho que ficar o mais próximo possível, mesmo que minha mente diga para me afastar. Sua mão encaixa perfeitamente em minha cintura e nessa hora aperto a colcha da cama com a outra mão. Não sei o que é fazer sexo sem ser obrigada e isso me assusta tanto quanto ser obrigada. Isso é muito complicado...

Me afasto dele lentamente e olho seu rosto. Encarava meus lábios de um jeito diferente. Não me lembro de olhar assim na mansão. Já reparei ele olhando meus lábios várias vezes, mas agora olhava diferente.

— Ah Sofia... – resmunga ainda olhando meus lábios e aperta a mão que está ainda em minha cintura.

— O que? – pergunto confusa.

— O que você está fazendo?

—... Oi?

— Esquece – se afasta e volta a posição de antes, sentado ao meu lado sem me tocar.

— Você é muito estranho! – ele ri.

— E você é viciante - pisco confusa e ele sorri.

— Sente vontade de beber meu sangue?

— E muda de assunto com uma velocidade... – diz virando os olhos. Dou um empurrão em seu ombro e ele ri, claro que ele nem se moveu com meu empurrão. - Não tenho, pois como disse antes, não gosto de matar. Só bebo o sangue de alguém por necessidade e se realmente merecer. E mesmo assim não fico feliz.

— É que é estranho sabe... Tanto você quanto eles três.

— Do que está falando?

— Você me beija Théo. Não sei o que sente com isso, mas sou um saco de sangue e sangue puro...

— Eu sei disso.

— Sente o cheiro e não tem vontade?

— Não.

— Como eles faziam também?

— Deviam beber antes de ficar com você – penso e ele está coberto de razão. Nunca me pegavam sem beber antes. Se bem que na primeira vez, Mark não tinha bebido. Ele deve ter se controlado bastante nesse dia.

— Claro. Assim já estariam satisfeitos e não me beberiam...

— Vamos mudar de assunto? – pergunta colocando meu cabelo atrás da orelha.

— Tá bom.

— Melhor você dormir um pouco. Foi um dia cansativo.

— Mas agora é dia.

— Eu sei, só que você não descansou desde tudo aquilo.

— Não quero dormir – digo com desespero.

— Por quê?

— Eu não sei... – olho minhas mãos. Sabia sim. Não queria dormir, pois poderia acordar com Frank ou Mark no quarto me obrigando a ir embora. Não acho que estou segura.

— Ninguém vai te machucar mais Sofia. Você pode ficar tranquila agora.

— Promete?

— Prometo.

— Mas será que pode ficar aqui? Só pra eu me sentir mais segura... – Théo sorri largamente.

— Te passo segurança?

— Sim – ele se aproxima e desliza o nariz gelado no meu me fazendo rir.

— Claro que fico. Vou adorar ver você dormir de novo - me aproximo e beijo ele.

Sim você leu isso. Eu beijei ele.

 

Chris: http://i2.esmas.com/editorial-televisa/2013/06/11/528017/ramiro-fumazoni-613x335.jpg


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