Salva pelo inimigo escrita por Jéssica Amaral
A garota de cabelos negros entra na casa correndo, o sol já estava em cima deles. Todos entram apressados. Théo me puxava com pressa. Assim que a porta se fechou ele parou de me puxar. As luzes se acenderam e eu fiquei de boca aberta. Tinha um lustre enorme pendurado bem no meio do lugar. Cheio de pedras brilhantes. A escada era dupla, do lado esquerdo e direito. Tinha um tapete peludo bem embaixo do lustre, ao lado esquerdo uma porta enorme de vidro e consegui ver de onde estava a sala de estar. Sofás brancos, tapete também branco e peludo como o da entrada, uma mesa de centro grande e de vidro, lareira. Não consegui ver mais. Do lado direito a cozinha, era enorme e também branca. Desse jeito parecia que a casa era mais clara. Por causa da cor, pois no momento as janelas estavam fechadas e sei que é por causa do sol.
— Mostre a ela onde vai ficar Théo – diz o pai dele.
— Pode deixar.
Ele segura minha mão e me leva para a parte de cima da casa. O corredor é super bem arrumado e tem algumas estátuas também. Um longo tapete de cor bege no chão. Passamos por algumas portas e então ele parou em frente a terceira e me olhou. Girou a maçaneta bem devagar e depois empurrou a porta. Esticou o braço para que eu passasse e assim o fiz.
O quarto era enorme. A cama de casal ficava no centro do quarto. Na parede em frente, uma tevê enorme pendurada e embaixo dela uma lareira. Meu Deus! Em frente a lareira duas poltronas brancas. Duas portas com vidros davam para a sacada, no caso duas, uma para cada lado da parede que tinha as portas.
— Pode fechar as cortinas? – olho para Théo e ele está meio escondido ainda no corredor.
Olho as enormes cortinas em frente as portas e puxo tapando a entrada do sol. A cortina é grossa e quando eu puxo a corda que a segurava, ela cai pesada. Faço na outra porta e o quarto fica escuro. Théo liga a luz.
— Gostou?
— Isso é um pouco exagerado...
— Meus pais são exagerados – dá de ombros.
— Eles são seus pais mesmo?
— Me adotaram. Na verdade adotaram eu e o Tom.
— Ele é seu irmão de verdade?
— Sim.
— Pode me contar sua história?
— Por quê?
— Você sabe a minha e eu não sei a sua.
Ficamos em silêncio depois do que eu disse. Eu não estou errada em querer saber, né?
— Tudo bem – estende o braço me mostrando a cama. Me aproximo e sento, ele senta ao meu lado. A cama é gigante, mas ele faz questão de sentar ao meu lado. Não vou reclamar...
— Por que virou vampiro?
— Por causa do meu irmão.
— Como assim?
— Ele sofreu um grave acidente e ia morrer, porém uma mulher apareceu e disse que ia salvar meu irmão. Eu não sabia como, mas ela me garantiu que ficaria bem.
— O que ela fez?
— Disse que precisava ficar sozinha com ele e entrou no quarto do hospital. Não tinha tanta segurança, sabe? Ela conseguiu entrar facilmente. Não entendi como ou o que ela tinha feito, mas ao ver meu irmão de pé, forte, bonito e cheio de vida, eu fiquei completamente feliz e eufórico. Mas eu não imaginei que aquilo ia trazer tanta desgraça pra minha vida.
— O que aconteceu?
— Essa vampira não era nada boa Sofia. Transformou meu irmão e começou a treiná-lo para ser uma máquina de matar. Queria ele para que caçasse pra ela. Meu irmão era louco por ela – diz olhando um ponto fixo na parede – e isso quase acabou com nossas vidas ou a minha.
— O que mudou?
— Um dia fui enfrentar ela por tudo que fez ao meu irmão e pelo que se tornou por causa dela.
— Ela te machucou?
— Sim. Só ai meu irmão viu o que ela era e o que ele se tornou.
— Mas eu não entendi...
— O que?
— Como você virou vampiro?
— Ela me feriu gravemente e então meu irmão percebeu que eu não ia sobreviver, estava perdendo muito sangue. Ela me acertou bem aqui – puxa a camisa e eu engulo em seco. Seu dedo aponta na direção do coração e consigo ver uma cicatriz pequena. – Foi em cheio no coração.
— Que horrível... – resmungo olhando sua marca. Ele cobre com a camisa de novo. – Então seu irmão te transformou.
— Sim.
— E a mulher?
— Meu irmão a matou – fico em silêncio depois da resposta.
— E como vieram parar aqui?
— Ouvimos falar da família de Chris e viemos conhecê-los. Eles são muito importantes no mundo dos vampiros.
— Eu notei... – Théo sorri.
— Contei nossa história a ele e disse que iria reeducar Tom.
— Você não precisou ser educado? Seja lá o que isso significa... – Théo ri e apoia a mão na minha coxa. Olho o rosto dele agora.
— Não precisei, pois não tinha vontade de matar ninguém.
— Mas você precisa fazer isso, não é?
— Sim, mas eu não gosto.
— Você é um vampiro muito estranho.
— Ou talvez por causa dos únicos vampiros que você conheceu serem muito maus e eu não, você me acha estranho.
— Pode ser... – digo pensativa e vejo que ele sorri.
— Verdade que voltou lá porque não queria que eu me machucasse? – desvio o olhar.
— É.
— Por quê?
— Não achei justo deixar você lá para eles torturarem se a culpa de tudo aquilo foi exclusivamente minha.
— Voltou porque não era justo...
— Não queria que você saísse machucado.
— O que pensou quando voltou?
— Que poderia fazer algum acordo com eles – dou de ombros.
— Que tipo de acordo?
— Não sei, pedir para te libertarem e ficarem comigo.
Théo fica em silêncio me olhando nos olhos. Esse assunto está me deixando nervosa!
— Trocaria sua vida pela minha?
— Acho que sim – respondo franzindo a testa.
— Você é louca...
— O qu...? – antes que eu conseguisse terminar a pergunta ele capturou meus lábios. Apesar dele ser gelado e aparentar estar morto, seus lábios são macios e ele tem um gosto diferente. Não sei descrever, pois não parece com nada que já experimentei na vida, mas é muito bom.
Escorrego minha mão em seu cabelo curto e seguro sua nuca. Eu não deveria estar aqui agora e muito menos beijando ele, mas não sei o que acontece, parece que o corpo dele tem ímã e puxa o meu de forma que não posso evitar, tenho que ficar o mais próximo possível, mesmo que minha mente diga para me afastar. Sua mão encaixa perfeitamente em minha cintura e nessa hora aperto a colcha da cama com a outra mão. Não sei o que é fazer sexo sem ser obrigada e isso me assusta tanto quanto ser obrigada. Isso é muito complicado...
Me afasto dele lentamente e olho seu rosto. Encarava meus lábios de um jeito diferente. Não me lembro de olhar assim na mansão. Já reparei ele olhando meus lábios várias vezes, mas agora olhava diferente.
— Ah Sofia... – resmunga ainda olhando meus lábios e aperta a mão que está ainda em minha cintura.
— O que? – pergunto confusa.
— O que você está fazendo?
—... Oi?
— Esquece – se afasta e volta a posição de antes, sentado ao meu lado sem me tocar.
— Você é muito estranho! – ele ri.
— E você é viciante - pisco confusa e ele sorri.
— Sente vontade de beber meu sangue?
— E muda de assunto com uma velocidade... – diz virando os olhos. Dou um empurrão em seu ombro e ele ri, claro que ele nem se moveu com meu empurrão. - Não tenho, pois como disse antes, não gosto de matar. Só bebo o sangue de alguém por necessidade e se realmente merecer. E mesmo assim não fico feliz.
— É que é estranho sabe... Tanto você quanto eles três.
— Do que está falando?
— Você me beija Théo. Não sei o que sente com isso, mas sou um saco de sangue e sangue puro...
— Eu sei disso.
— Sente o cheiro e não tem vontade?
— Não.
— Como eles faziam também?
— Deviam beber antes de ficar com você – penso e ele está coberto de razão. Nunca me pegavam sem beber antes. Se bem que na primeira vez, Mark não tinha bebido. Ele deve ter se controlado bastante nesse dia.
— Claro. Assim já estariam satisfeitos e não me beberiam...
— Vamos mudar de assunto? – pergunta colocando meu cabelo atrás da orelha.
— Tá bom.
— Melhor você dormir um pouco. Foi um dia cansativo.
— Mas agora é dia.
— Eu sei, só que você não descansou desde tudo aquilo.
— Não quero dormir – digo com desespero.
— Por quê?
— Eu não sei... – olho minhas mãos. Sabia sim. Não queria dormir, pois poderia acordar com Frank ou Mark no quarto me obrigando a ir embora. Não acho que estou segura.
— Ninguém vai te machucar mais Sofia. Você pode ficar tranquila agora.
— Promete?
— Prometo.
— Mas será que pode ficar aqui? Só pra eu me sentir mais segura... – Théo sorri largamente.
— Te passo segurança?
— Sim – ele se aproxima e desliza o nariz gelado no meu me fazendo rir.
— Claro que fico. Vou adorar ver você dormir de novo - me aproximo e beijo ele.
Sim você leu isso. Eu beijei ele.
Chris: http://i2.esmas.com/editorial-televisa/2013/06/11/528017/ramiro-fumazoni-613x335.jpg
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