Salva pelo inimigo escrita por Jéssica Amaral


Capítulo 14
Capítulo treze




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Théo se aproxima e abre a maleta. Tinha um bom número de notas ali, agora basta saber se é a quantia certa.

— Preciso ver se está certo.

— Fique à vontade – Frank responde de braços cruzados.

Enquanto Théo conta o dinheiro, os três ficam me encarando. Devem estar planejando minha tortura! Por que fui confiar que ele não conseguiria o dinheiro? Por que me deixei levar pelas palavras de Théo? Agora vou sofrer muito por tudo isso... Estou quase pedindo desculpa e implorando para que não me machuquem muito.

— Isso aqui não chega nem perto da quantia Frank – ele já contou? Mas não passou nem cinco minutos!

— Pelo que você fez com a gente, acho que merecemos um desconto.

— É claro que sim, mas o desconto que você está dando aqui é absurdamente alto Frank. Não posso aceitar isso.

— Só que você foi desonesto com a gente meu caro, tem que dar um desconto bastante generoso.

— Generosidade e caridade são bem diferentes Frank – diz debochado e Frank dá um passo à frente.

— Frank! – Mark repreende e ele para. – Quanto tem ai Théo?

— Cinquenta mil – Mark olha Frank e balança a cabeça em negação.

— Quero conversar com os dois por um momento.

— Como quiser.

Os três saem da sala me encarando. Estava tão nervosa que minhas mãos estavam geladas e eu suava frio. Ele não conseguiu o dinheiro! Não conseguiu!

— Quero que faça uma coisa... – Théo cochicha.

— O que?

— Vai embora agora.

— Pra onde? – pergunto apavorada.

— Qualquer lugar Sofia, só saia dessa casa agora!

Fico em silêncio olhando ele, estava me sentindo extremamente nervosa. Por que quer que eu vá embora? O que será que está acontecendo? Ou vai acontecer...

— Por quê?

— Eles estão irados com o que aconteceu e podem te machucar. Agora vai logo! – me empurra levemente para a porta.

— Mas e você?

— Eu dou um jeito.

— O que isso quer dizer? – ele abre a porta e vai me levando para a varanda da casa. Tanto tempo que não piso aqui...

— Quer dizer vai embora e não volte aqui nunca mais.

Engulo em seco. Théo olha pra trás.

— Vai! – me empurra. Desço as escadas correndo e passo pelo meio do mato. Alguns batiam em meu rosto e braços me arranhando. O portão está com cadeado. Droga! Não tem jeito.

Escalo o portão e pulo ele. Tive um pouco de dificuldade, pois não é um portão baixo, mas consegui passar. Olhei a porta da frente da casa e Théo a fechou. Saí correndo pela rua como nunca corri em minha vida. Minhas pernas queimavam e minha respiração estava totalmente irregular. Tentava controlar para não ficar com falta de ar, mas estava com tanto medo que não consegui. Assim que vi a casa dos Johnson senti um certo alivio. Mas eu não estava segura. Tinha que sair da cidade e se possível do país! Só que como eu faria isso? Não tenho nada a não ser a roupa do corpo! Essa não foi uma boa ideia...

Paro de correr e fico parada no meio da rua. Não posso fugir assim. Se eles já descobriram tudo e estão furiosos, podem fazer algo com Théo. Que jeito ele vai dar? São três contra um! E isso não é justo. Também não é justo porque ele não tinha que se meter nisso. A culpa de tudo que aconteceu foi minha. Tanto em virar escrava, como o que está acontecendo agora. Se não fosse por mim, ele não teria mentido e não estaria “dando um jeito” em nada agora! Sei que ele se meteu nisso porque quis, não pedi nada. Mas me sinto culpada por isso agora. Droga! Talvez eu volte e faça um novo acordo... Peço para deixarem ele em paz e que fico com eles até enjoarem de mim ou ficar velha. Não sei se estou raciocinando direito agora, mas me parece o certo a ser feito.

Voltei para casa correndo, mas não no mesmo ritmo, até porque estava cansada. Assim que me aproximei do portão de entrada levei um grande susto e me escondi atrás de umas árvores. Tinha quatro pessoas em frente ao portão. Não sei o que estão fazendo ali, mas tinha certeza de que não eram humanos.

Brancos feito a neve e muito bonitos. Um deles me lembra muito Théo, mas parece ser mais velho que ele. Também tinha uma mulher de cabelos vermelhos, aparentava uns trinta e cinco anos, mas sei que não é só isso... É mais ou menos a mesma coisa que os meus sanguessugas. O homem ao lado dela tem o cabelo loiro e é bastante alto. Ao lado da mulher tinha uma garota. Aparenta ter minha idade, tem cabelo escuro e comprido.

O que eu faço agora?

Se for lá eles me matam! Mas e Théo lá dentro? Acho que vou ter que entrar pelos fundos, mas isso é quase impossível. Os muros são muito altos.

Os quatro abrem o portão e entram no quintal da casa. Me aproximo lentamente depois que eles passam pelo mato. Paro em frente ao portão e a menina vira para trás. Arregalo os olhos. Vou morrer! Como pude esquecer que eles sentem cheiro? Ela parece ficar confusa ao me ver. Logo cutuca a mulher e aponta na minha direção. A ruiva me olha curiosa e começa a se aproximar.

Sinto que meu sangue some do corpo. Estou tão assustada que não consigo mover um músculo se quer. Enquanto a mulher se aproxima de mim, o cara e o garoto me olham e ficam da varanda esperando junto com a menina. Devem esperar ela me levar até eles e dividir o sangue!

— Olá – dou um pulo ao ouvir a mulher já ao meu lado. Ela chegou tão rápido!

— Oi – respondo baixo.

— Você é a Sofia? – fico em silêncio uns segundos.

— Como sabe?

— Théo falou sobre você.

— Quem é você? – ela sorri.

— Sou a mãe dele.

— Oh!

— Sabe onde ele está?

— Bem, se ainda estiver inteiro, está dentro da casa.

— Se ainda estiver inteiro?

— Eles estão furiosos...

— Théo pediu para que você fugisse?

— Sim.

— Então o que faz aqui?

— Eu não posso deixar eles machucarem ele...

— Por que não? – pergunta surpresa.

— Porque quem se meteu aqui fui eu.

— E o que pretendia fazer?

— Negociar com eles. E eu não pretendia, eu pretendo— ela sorri. Seus dentes são bem brancos e muito alinhados. Tem um sorriso lindo. Seus olhos são verdes.

— Entendo. Vamos entrar juntos então.

— Por que acha que confio em você? – cruzo os braços e ela dá uma risadinha.

— Tudo bem, nós vamos na frente.

Não respondo. Ela se afasta e volta até os outros, fala algo com eles e todos me olham. Depois eles dão as costas e entram na casa.

Que droga está acontecendo aqui?

Espero um pouco e então entro na casa. Vou até a sala de estar e está tudo revirado, mas ninguém no cômodo. A cozinha está do mesmo jeito. Subo as escadas e escuto vozes no quarto que era o de Théo. Vou até lá lentamente. Minhas pernas tremiam tanto que pensei que não ia conseguir andar. Sigo até o quarto e quando chego paro na porta. Todos param de falar e me olham. Olho na direção de Théo e ele está amarrado com correntes de ferro sentado em uma cadeira. Ele me olha com os olhos arregalados.

— Vejam só se não é o pacote que seu filho queria trocar pelo dinheiro... – Frank fala debochado. O homem loiro me olha. Desvio o olhar dele. Não tenho nada com isso se o filho dele resolveu trocar dois milhões em algo como eu...

— Soltem ele agora! – ordena o vampiro loiro. Os três trocam olhares e Eduardo tira Théo das correntes. Consigo ver fósforos em cima da mesa ao lado dele e um galão com algo que deve ser querosene.

Céus! Eles iam matar ele!

— O que iam fazer com meu filho? – a ruiva pergunta amarga.

— Não íamos fazer nada... – responde Mark.

— E quanto a essas coisas mortais? – é a vez do homem perguntar.

— Só estávamos assustando ele. Queríamos que nos contasse onde estava Sofia, mas ela já apareceu – diz me olhando.

— Ótimo! Onde está meu dinheiro? Não quero ficar mais nem um minuto perto de vocês três – fala sombrio.

— Não temos a quantia toda senhor, mas temos uma história interessante para contar.

— Théo já me contou tudo – diz me olhando. Olho Théo e ele me encarava com o rosto sério.

— Então sabia que ele queria trocar seu dinheiro por ela? – aponta pra mim.

— Sim.

— E achou isso bom?

— Théo sabe o que faz. Eu confio nele, por isso mandei até aqui para cobrar a dívida.

— Então levaria isso ao invés do dinheiro? – pergunta Frank.

— Por que não? Vocês não têm o dinheiro e o que tem de valor aqui é ela.

Fica um grande silêncio no quarto. Todos me encaravam agora. Ser encarada por alguns vampiros é uma coisa, mas ser encarada por oito vampiros é cem por cento intimidador...

— Vai levá-la? – Eduardo pergunta. O homem olha Théo e ele acena com a cabeça.

— Vou.

Os três olham o chão e apertam os punhos com força. Eles estão brabos... Mas parecem se segurar na presença desse vampiro.

— Então a dívida está paga?

— Claro. É uma troca.

— Tudo bem.

— Vamos embora. E quando forem pedir dinheiro emprestado, tratem de pagar o combinado direito! E não pense que esqueci o que queriam fazer com meu filho! – diz ameaçador.

É tão estranho ver esses três submissos assim. O homem loiro se aproxima de mim e eu fico em silêncio olhando ele. Tem os olhos azul claro. É um dos vampiros mais bonitos que eu já vi!

— Vamos senhorita.

— Pra onde? – ele sorri.

— Théo... – chama e faz um movimento com a cabeça. Théo se aproxima e segura meu braço. Olho o rosto dele e estava sério. Sem falar nada deixo que ele me conduza seja lá para onde.


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