Amour, Silena escrita por Paulie


Capítulo 5
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

Boa noite galera ♥

Desculpem o atraso. Tive alguns simulados ENEM/FUVEST esses tempos, e fiquei completamente sem tempo.
Gostaria de agradecer imensamente aos novos leitores!!

Aproveitem o capítulo.



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Capítulo IV

—Silena Beauregard! – a voz da garota retumbou, interrompendo a explicação que a garota dava sobre a anatomia das asas de um Pégaso.

—Clarisse! – a morena respondeu, com um grande sorriso no rosto. Virou-se para os jovens, que olhavam com um olhar assustado para a recém-chegada – Cada um pode escolher um Pégaso e tentar conquistar a confiança deles. Vamos lá! Tem cubos de açúcar no estábulo podem pegar.

Assim que eles se dispersaram, virou para a La Rue e bateu palmas.

—E então, o que houve?

—Como assim? Não houve nada. – ela respondeu rapidamente. – Eu só estava passando por aqui.

—Aham, claro – ela revirou os grandes olhos azuis – E nenhum convite de Chris, ou algo que envolva o Chris, ou algo que eu disse e que realmente aconteceu?

—Talvez...

—Não é talvez, é claro. Vamos lá, Clary – ela zombou.

—Você sabe que odeio quando me chama assim.

—Claro que sei, Clary

—Ainda não sei porque simplesmente não enfio seu lindo rostinho em uma privada.

—Bem, eu sei. Ele é muito bonito para isso e, convenhamos, você me adora demais pra isso. Agora, qual é o caso com o Chris?

—É justamente isso. – ela por fim cedeu – Não tem caso. Está tudo tão... Normal. Sem, você sabe, aquelas neuras todas de filha de Afrodite.

—Ah, claro, agora tá na fase de agarração sem frescura – ela sorriu, marota.

—Silena!

—Que foi? Não é como se eu estivesse mentindo, de todo modo.

—Eu só... queria te agradecer, você sabe, pela força que me deu com ele e tudo mais.

—Amigas são pra isso, Clary, não esquenta.

A filha de Ares revirou os olhos, saindo rumo a Arena e deixando a morena continuar com sua aula.

***

—Sorria! – Charles disse ao entrar no estábulo, ao final da aula de equitação.

—Por quê? – Silena  perguntou, virando-se para o garoto, mas com um sorriso no rosto.

Nas mãos, Beckendorf trazia uma espécie de câmera fotográfica, mas não era uma das mais atuais. Era um daqueles modelos que imprimia a foto assim que tirada.

—Tudo bem, tudo bem – ela estendeu as mãos rindo, minha vez – Vamos, Charlie. Levantar a mão não vale, você sabe que é mais alto – ela resmungou pulando para tentar alcançar.

—Eu não passei perfume hoje, Silena, não vai dar – ele respondeu, ainda com a mão esticada para o alto.

—Vamos lá, Charlie, só uma – se tinha uma coisa que ela realmente sabia fazer era uma cara de cachorro abandonado digna das telas de Hollywood. Ou talvez, fosse o seu charme de cria de Afrodite, nunca se sabe.

—Só uma. – ele se compadeceu, estendo a câmera para a garota.

Ela pegou, batendo fotos atrás de fotos, e correndo ao redor do local para que ele não a alcançasse – o que não durou muito, considerando que cada passo do moreno correspondia a dois dela.

—Qual o seu problema com o ‘só uma’? – ele respondeu, enquanto a agarrava pela cintura fazendo-a frear o passo.

—Bem, nunca se resume a ‘só uma’. – ela sorriu, brincando.

Sem perceber, trocaram um beijo. Já haviam se acostumado a fazerem isso, sempre. Fazia duas semanas desde o encontro deles no campo de morangos e, desde lá, os boatos sobre ambos só cresceram – não que eles realmente ligassem – embora todos agora se certificassem que não estavam perto das ‘filhas de Afrodite malucas que fizeram o que todos queriam fazer’. Mas, mesmo com tantas conversas paralelas, não houve nenhum pedido, e Silena estava realmente começando a achar que estava sendo muito “melodramática”, como diria Natalie. Bem, talvez estivesse. Estavam no século XXI afinal.

—Silena? – Beckendorf cutucou sua cintura. – Tenho de ir agora. Você sabe, o projeto de fogo grego a distância...

—Ah, sim, claro – ela sorriu. – Até depois, Charlie.

—Até.

Se despediram e ela pode ver a imagem do garoto diminuindo até entrar no chalé de Hefesto e, finalmente, desaparecer. Só aí Silena conseguiu dar as costas e voltar para dentro do estábulo, onde ainda devia arrumar tudo.

Cantarolando baixinho alguma canção que gostava, deixou os pensamentos voarem enquanto colocava tudo no lugar. “Como você pode, Silena, ficar tanto tempo pensando em um garoto quando você sabe que uma guerra vai eclodir em questão de meses? E, pior, que você ajudou nessa guerra? Que você lutou contra ele?”

Abanou a cabeça. Por que estava pensando naquilo mesmo? E a guerra não estava tão próxima assim. Estava? Não, é claro que não estava. E, além do mais, ela não ia morrer. E não ia deixar Charles morrer. Certamente, ele não iria morrer.

Correu para o chalé assim que possível, trancou-se no closet, abriu o porta-joias e pegou a corrente de prata. Apertou o botão e aguardou o clic.

—Vinte e cinco de Julho. Nenhum planejamento visível ou comoção. Pedido de extensão de proteção. Luke, se estiver me ouvindo, por favor. Quero que a proteção oferecida a mim e ao chalé de Afrodite se estenda a Charles Beckendorf, filho de Hefesto. Aguardo resposta. Isso é tudo.

Suspirou, segurando os cabelos nas têmporas para que não caíssem no rosto. Ela precisava de uma resposta de Luke, precisava de uma resposta que Charles também estaria a salvo, precisava que todos estivessem bem. Ela não suportaria uma guerra.

Não podia perder ninguém. Não depois do que já passara com seu pai, com todo o sofrimento que teve, que ainda tem. Não podia se dar o luxo de perder aqueles que amava. Perder Natalie, Summer, a pequena Lizzie, ou qualquer um de seus irmãos. Pelos deuses, perder Charles.

Depois de Luke, depois de sua paixão platônica por ele, ela não havia estado com ninguém. Quer dizer, sempre tinha alguém, mas uma coisa física, necessidade de beijos, necessidade de carinho. Nada sentimental, uma típica filha de Afrodite brincando com corações como os ensinamentos de sua mãe mandavam.

Mas com Charles era diferente. Ela estava pensando nele o tempo todo, e não parava de imaginar como ele reagiria a determinada situação. Era exatamente por isso que ela não devia se apaixonar, exatamente por isso que deveria apenas se divertir, mas nunca ficar tempo demais.

Desde o dia da escalada, desde o dia em que ele não deixou com que ela caísse, os olhos castanhos não haviam saído verdadeiramente de seus pensamentos. Meus deuses, Charles estava fazendo dela uma super melodramática de dramas adolescentes americanos.

O clic vindo da foice de prata, acompanhado de um pequeno emitir de brilho, chamou sua atenção. Afobada, pegou-a de cima da penteadeira e clicou novamente no botão, esperando a mensagem começar a tocar.

“Vinte e cinco de Julho”, era a voz de Luke, ela pode perceber, contudo estava tão modificada, tão extremamente morta, que ela se assustou. “Pedido de extensão de proteção concedido”, ela suspirou, aliviada, e com a mão na boca, sentiu os olhos marejarem. “Se, e somente se, você nos fizer um pequeno favor. Você, Silena, você vai incitar a guerra. Você dará ideias de ataques, fará com que eles se preparem. Não queremos simplesmente ganhar por WO, queremos ganhar massacrando todos os deuses. Pense bem. Aguardo resposta. Isso é tudo”.

A mão ainda não havia saído de sua boca. Uma coisa era relatar o que eles eventualmente ficariam sabendo e, em troca, garantir proteção. Outra, era ser um peão ativo, alguém que criava planos, ou melhor, emboscadas. Mas, agora que havia – mesmo sem ter a intenção – revelado sua afeição por Charles, o que mais poderia fazer?

Era uma jogada que beneficiava Luke de qualquer forma que ela procedesse. Se não aceitasse, eles a chantageariam agora não só pelos irmãos, mas também por Beckendorf. E a forçariam a fazer exatamente o que queriam – e talvez algo até mesmo pior.

Suspirou.

—Aceito os termos. – ela sussurrou, junto a foice – Isso é tudo.

Trancou novamente o pingente em seu porta-joias, ajeitou os longos cabelos negros e retocou o gloss. Destrancou a porta do closet e, com um grande sorriso, era novamente só Silena Beauregard.

***

—Não a-cre-di-to – Summer murmurou para Silena, ao ver Natalie adentrar no pavilhão ajeitando os cabelos, com as bochechas coradas e os lábios avermelhados.

Em seguida, foi fácil perceber um Connor passar por ela, todo afobado, lançando uma piscadela. A ruiva sentou-se na mesa e logo estava com o dedo da loira no rosto.

—Você não conseguiu dar um fora nele.

—Do que você está falando? Vocês viram que hoje vai ter festival? – ela desconversou.

—Não muda de assunto – Silena pressionou – Você ‘tá afim do Connor, é tão óbvio.

—O feitiço virou contra a feiticeira – Summer cantarolou.

—Nada a ver – Natalie virou os olhos – Vocês não têm mais nada pra fazer do que me amolar? Honestamente. Estamos apenas ocasionalmente e esporadicamente nos beijando, sem compromissos.

—Não adianta usar palavras grandes terminadas em mente para parecer estar certa, Nat. Você sabe que uma hora isso vai dar errado – Silena tentou fazer seu papel de irmã mais velha – Agora... Que festival é esse que você ‘tava falando?

—No anfiteatro. Os filhos de Dionísio fizeram algo, junto com os de Apolo, para comemorar a boa colheita nos campos de morango. Mas enfim, iria ser surpresa, mas não podemos simplesmente ir desarrumadas, né.

—Pequenas vantagens de estar pegando um filho de Hermes – Summer comentou, com um sorriso travesso. – Agora preciso descobrir a vantagem de pegar filhos de Hefesto, sabe Silena, para descobrir qual vale mais a pena.

Foi a vez da morena revirar os olhos.

—E acho que está na hora de você arranjar o próprio cara. Não está sendo nada lucrativo ter você no grupinho. – Silena respondeu – Acho que vamos ter de te trocar pela Nancy Michaels.

—Nem brinca. Anota aí: hoje a noite eu quero um... Filho de Apolo. Ou um de Deméter. Ainda não decidi bem. – ela levantou-se da mesa, apoiando as mãos ali e sorrindo travessa para as irmãs – Até a noite, chérie.

Enquanto a loira desfilava até sair do recinto, as duas irmãs não conseguiram segurar o riso e gargalharam com vontade. Summer sabia ser dramática quando queria, ninguém podia negar isso.

***

—Vamos logo, o banheiro não é só de vocês! – Kelly, uma das filhas de Afrodite, batia impacientemente na porta.

Lá dentro, estavam Silena, Natalie e Summer, maquiando-se e arrumando o cabelo para que tivessem simplesmente impecáveis. Não era sempre que o Acampamento oferecia eventos, mesmo que pequenos, e cada oportunidade deveria ser aproveitada ao máximo.

Assim que terminaram, saíram e fizeram questão de murmurar um “é todo seu” para Kelly. As três juntas desfilaram até o anfiteatro, arrancando olhares de pelo menos metade da população masculina do Acampamento Meio Sangue – ok, para sermos sinceros, vamos considerar no mínimo oitenta por cento.

Silena logo procurou os ombros largos de Charles, erguendo-se na ponta dos pés para tentar avistá-lo.

—Charlie! – gritou ao avistá-lo, correndo ao seu encontro.

—Silena! – ele respondeu, abraçando a garota que havia praticamente pulado nele.

Sentaram-se lado a lado, para assistir a peça de teatro que seria encenada pelos próprios filhos de Dioniso, onde os filhos de Apolo tomariam conta da sonografia e acompanhamento musical. Com a cabeça apoiada no ombro do rapaz, e os dedos entrelaçados, assistiam e suspiravam com o drama desenvolvido.

—Silena? – ele sussurrou uma hora, recendo um murmuro de resposta – Vem.

A puxou disfarçadamente, tentando não atrapalhar muito os campistas que tentavam assistir ao espetáculo, direcionando-a para longe dali. Quando se deu conta de onde estava, Silena percebeu que ele a havia conduzido até a parede de escalada.

—Vamos, eu te ajudo a subir.

—Estou de saia, Charlie. – ela revirou os olhos.

—Tudo bem, eu vou na frente então. – ele sorriu. – Só não vá cair dessa vez.

Repetindo o gesto de revirar os olhos, a garota – mesmo sem entender – seguiu Beckendorf pela parede de escalada, apoiando os pés, agora descalços, nos apoios. Devia confessar que o fato de estar desligada auxiliava bastante no processo.

Chegaram ao topo e sentaram-se lado a lado, com o garoto enlaçando sua cintura. Dali, podiam observar a lua com clareza, e, puxa, como estava bela naquela noite. Embora Silena fosse uma das que menos simpatizasse com as Caçadoras de Ártemis – que garotinhas chatas –, tinha de admitir que era uma das coisas mais bonitas do mundo o brilho tênue que ela lançava sobre tudo ao anoitecer.

—Eu descobri, Silena.

—Descobriu o quê? – ela perguntou, com a testa franzida.

—Sua cor favorita – foi a vez ele sorrir marotamente.

—Estou toda a ouvidos.

—É azul. Mas não um azul forte como a bandeira do Caça a Bandeira, ou um azul tão claro como o céu sem nuvens. Um azul suave, um azul celeste. O azul dos seus olhos. – ele conseguiu sorrir, ao ver a expressão boquiaberta da garota – E, Silena, tenho de confessar, essa também passou a ser a minha cor favorita.

Suas testas estavam coladas, e ele distribuía beijos suaves pelo rosto da garota: sua testa, suas bochechas, seu nariz, seus olhos e queixo. Mas, na vez que seria a da boca, ele segurou o rosto da garota entre suas mãos.

—Eu sei que isso pode parecer extremamente antiquado para você, mas, Silena, nunca achei que algum dia estaríamos juntos. Na verdade, nunca achei que seria capaz de dizer mais de três palavras perto de você, ou que teria a oportunidade. – ele suspirou, como se tomasse coragem – Você quer, sabe, ser minha namorada?

—Sim, Charlie, claro que quero, seu bobinho – ela quebrou o espaço entre eles desta vez, abraçando o pescoço do garoto e sorrindo mesmo durante o beijo.

No fundo, ela estava surpresa. Surpresa por ele ter tido iniciativa de dizer tanto para ela, de uma só vez. Surpresa por ele ter adivinhado a sua cor favorita. Surpresa por ele ter feito aquilo por ela, e, mesmo que ele não soubesse, era exatamente daquele ato antiquado que precisava.

Ali, beijando Charles sob o olhar de Ártemis, sentiu que fez a escolha certa ao pedir que Luke o protegesse. Ele podia não saber agora, mas um dia, ele iria agradece-la. Um dia, quando estivessem juntos dali a muitos anos.

Um dia.

***

Silena abriu a porta do chalé, cuidadosamente, tentando não acordar os irmãos. A verdade é que o toque de recolher já havia soado a muito, e ela sabia disso. Só não queria voltar.

Com os sapatos na mão, foi na ponta dos pés até a sua beliche, onde tirou os brincos e colocou-os sobre o criado mudo. Com a mesma roupa que foi, forçou o corpo pela escada, alcançando a cama superior.

—Lizzie? – ela sussurrou para a pequena irmã, que estava ali.

—Eu tive um pesadelo – a garotinha sussurrou de volta. – Posso dormir aqui? Com você? Estou com muito medo.

—Claro que pode, meu amor. Já passou, tudo bem? Agora, vem cá. – ela disse, deitando-se no travesseiro e ajeitando para que Liz pudesse se acomodar em seus braços.

—Já passou – a morena murmurou para a pequena, acariciando seu nariz e sobrancelhas em um movimento de vai-e-vem até que ela caísse no sono. – Já passou.  


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Qualquer erro, favor informar.

Notem a referência a "Pais e Filhos" ali no finalzinho com Lizzie e Silena, haha
Espero vocês nos comentários, okay?

Até o próximo ♥

Paulie.



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