Lendas espaciais. escrita por Helen


Capítulo 9
A garota do espaço.


Notas iniciais do capítulo

Ouvi essa de um moço cujo sonho é sentir a escuridão do solitário espaço. Ele me disse do sonho realizado de um amigo dele que quase custou sua morte, e eu fui lá e visitei o sonhador. E o homem me contou esta história.



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Lá estava eu, indo contra toda a minha família de novo. Anos após anos eu afirmei sem flexibilidade que iria para o espaço. Não tirei os olhos desse meu objetivo desde que o tinha enfiado na cabeça, aos cinco anos, e só disse que iria aproveitar o resto do mundo quando tivesse visto o céu negro e suas estrelas mais de perto. Economizei todo o dinheiro que era capaz, e, no fim de vinte anos, consegui o suficiente para pagar uma viagem num ônibus espacial em teste, sozinho.

Entrei no transporte numa alegria só, e quase esqueci de me prender à cadeira. Fomos lançados e, depois de passar por cada camada da atmosfera, chegamos ao espaço.

Sem palavras, eu encarei aquela imensa escuridão. Não me importei com a terra e seu pequeno tamanho vistos dali, e me concentrei nas estrelas. Nos inúmeros pontos brilhantes que era capaz de ver.

— Me deixem sair, por favor. — disse aos comandantes na nave, os quais tinham me dado um walkie talkie para falar com eles.

— Você não tem nenhuma experiência espaci--

— Eu paguei caro para estar aqui, meu amigo. Se algum acidente acontecer, pode fingir que eu nem existi. Não vou te assombrar. Só quero ir lá pra fora.

Receoso, os comandantes mandaram um homem trazer uma roupa e equipamentos de astronauta. Ele me vestiu com ela, e também vestiu uma. Me encaminhou para uma sala e então eu pude sair para o espaço.

Sem medo, eu me joguei. Esqueci de todos os equipamentos e segurança, e acabei me afastando da nave. Lá, eles estavam desesperados, mas eu fiz um sinal que estava tudo bem.

Então, eu olhei para aquela escuridão. Vi cada estrela. Identifiquei cada constelação. Eu tinha passado minha vida inteira procurando ver aquilo. E eu agora estava vendo com meus próprios olhos.

Também identifiquei os planetas, vi a lua, o sol... Então senti uma leve falta de ar.

O oxigênio estava acabando.

Sabendo que ia morrer, eu apenas respirei fundo, sabendo que aquela poderia ser a última vez que eu fosse fazer aquilo. Então sussurrei, fechando os olhos:

— Eu te amo, universo.

— Own, que bonitinho. — eu ouvi uma voz feminina no lado de fora.

Abri os olhos, assustado. Havia uma garota de cabelos loiros e olhos azuis, usando um globo de vidro como um capacete, e segurando uma mochila semelhante à do meu equipamento de astronauta. Ela me encarava sorrindo com os lábios.

— Quem... quem é você?! — perguntei.

— Lichia. — ela mostrou os dentes, brancos como leite. — Estava passeando e encontrei você. Qual seu nome?

E eu disse meu nome.

— Oh, belo nome. — ela sorriu de novo. — Tenha cuidado. Você acabar se perdendo no espaço.

E... ela me levou de volta pra nave.

Os astronautas disseram que não viram nada além de uma coisa muito rápida e brilhante me levando de volta. Mas, ao meu ver, a garota me puxou com tanta suavidade de volta que até achei elegante.

Eu não sei o que foi aquilo. Não sei se foi loucura da falta de oxigênio minha mas... nunca esqueci esse nome.

Lichia.

"A garota do espaço", foi o título que eu dei pra ela.


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Notas finais do capítulo

Ela também aparece na one-shot "Planeta 16", se estiverem interessados.



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