Lendas espaciais. escrita por Helen


Capítulo 1
Dragão do Fim


Notas iniciais do capítulo

Existe uma galáxia, a mais longínqua de todas. Os planetas que estão nela são grandes ruínas, e entre eles, vivem dragões renegados. Eles teriam poderes de destruir mundos inteiros sem nem precisar tocá-los! Apenas sua passagem causava a ruína e a destruição. Quando terminavam de acabar com o planeta, eles o devorava inteiro. Esses eram os Dragões do Fim! Ou melhor, antes de eles serem extintos a ponto de sobrar apenas um.



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O menino corria desesperado. Não tinha tempo para pensar em fazer outra coisa. Ele corria pela sua vida, olhando para trás apenas para se certificar se viveria mais alguns instantes. A visão atrás dele era apenas de uma grande e escura avalanche translúcida, que devorava tudo o que um dia o menino conheceu como seu lar. Duas luzes roxas seguiam dentro da avalanche, e acompanhavam tudo, como dois olhos.

Era impossível ser corajoso diante de algo como aquilo, concluiu o menino, voltando seus olhos para o caminho a sua frente. Um dragão espacial estava devorando lentamente seu planeta quase feudal, que fica bem longe de qualquer sociedade com forte poder bélico. Poderia ser um lindo cenário literário para um herói trágico, mas o moleque não estava afim de morrer.

Um som de turbinas cortou os céus, e o que corria percebeu que era o exército do planeta, fingindo coragem, tentando combater o monstro em sua capa translúcida, falhando de forma miserável. O dragão devorou cada um deles como se fossem jujubas, ainda destruindo o mundo, sendo o que era: impossível de ser estancado.

Rugiu de satisfação. Aquele dragão amava a visão da destruição, do desespero, da ruína. Fazia ele se sentir poderoso, e isso lhe fazia esquecer sua renegação. Mas ele já estava tão velho. Percebeu isso pela demora em acabar com aquele pequeno planeta, que mais parecia um asteroide, fácil e rápido de ser contornado.

Então o monstro sentiu dor. Não vinha das armas das naves do território, nem de um herói que descobriu como matá-lo mesmo com aquela avalanche. Olhou para a origem e viu, em meio a escuridão, uma figura. Reconheceu a capa preta e a foice. A Morte estava ali para lhe buscar.

Desesperado, ele começou a se agitar, tentando tirar seu destino de suas escamas. Quando percebeu que nada a afetava, cuspiu algo grande e pesado. A foice cortou sua pele por baixo de suas escamas, e então o grande dragão caiu, morto. Sua avalanche se desfez igual neblina.

O menino parou de correr quando percebeu que o dragão não estava mais vivo. Se virou mas não ousou se aproximar do corpo escamoso e enorme. Antes que pudesse pensar em mais alguma coisa, algo caiu de cima, bem ao seu lado, e ele pulou de susto, dando vários passos pra trás.

Um ovo.

Ao ver aquilo, a criança gritou, tentando chamar a atenção de alguém mais experiente para aquilo. Contudo, havia mais ninguém vivo no asteroide. Quando percebeu isso, mergulhou em medo, até que se contentou nisso. Não sabia pilotar máquinas para sair dali. Sabendo disso, apenas sentou-se ao lado do ovo do dragão e esperou que algo acontecesse.

Não demorou muito até que a casca quebrasse. O menino não entendia como funcionavam o nascimento de dragões, então não ligou pro tempo.

A criatura saiu do ovo e se arrastou pelo chão. Ela era bem parecida com o outro dragão. Nem se assustou com a presença do menino. Como ambos não tinham mais com quem contar, passaram a conviver um com o outro. Aquela convivência mudou o moleque profundamente, tanto por dentro quanto por fora.

Quando o dragão cresceu, o seu dono teve medo que ele quisesse destruir tudo, mas por sorte a criatura não quis seguir os passos do pai. Ela apenas passou a viajar entre planetas, por vezes procurando algo para levar ao seu caro amigo, que não podia sair do asteroide. Às vezes a criatura tem medo de que seu dono se sinta sozinho no seu mundo em ruínas, mesmo com ele dizendo que a companhia do amigo é suficiente. Ela tenta chamar pessoas que estão em naves, mas elas nunca entendem.

Mas quem sabe um dia ele consegue?


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