Inalcanzable escrita por Karol Pasquarelli


Capítulo 9
Verdade Que Doí




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POV Matteo

Assim que fomos dispensados da aula de teatro, cerquei Luna a parando em um dos corredores do Blake. Já estava cansado dela fugir de mim durante os últimos dias e o motivo principal desta fuga se devia ao fato de termos nos beijado, não achava certo ela me ignorar veementemente por algo tão simples, Luna sabia tanto quanto eu, que aquele ato fora por instinto e mesmo que ela negasse sabia que de toda forma, havia gostado tanto quanto eu. Não nos falamos desde aquele dia, pois ela simplesmente saíra correndo me deixando na praça com o gosto de seus lábios e seu cheiro sobre o ar. Contudo, nas vezes que conseguir manter contato com seu olhar — coisa que ultimamente estava difícil de acontecer, porque toda vez que ela me pegava a encarando desvia rapidamente — pude ver que havia arrependimento e isso de certa forma me irritou, sei que não estava sendo fácil para ela, pois não tinha duvidas que o guitarrista nutria sentimentos por ela e a mesma já tinha se dado conta disto, havia muito afeto entre eles, nas vezes que os vi juntos podia sempre ver algo romântico pairando sobre eles, não sei se era algo da minha cabeça, uma ilusão plantada em minha mente, entretanto os sorrisos trocados, os pequenos toques sem malícia, os olhares, talvez ela estivesse apaixonada por Simón, por isso ela se sentia culpada, esta suposição me cortou a alma ao meio.

— Matteo, eu preciso ir, meus pais estão me esperando. — fora puxado para realidade com a voz de Luna justificando sua pressa. Tentou passar, mas não permitir. Segurei seu rosto entre minhas mãos, o toque fora o suficiente para sentir a conexão que existia entre nós.

Quando Luna e eu estávamos juntos já não existia mais ninguém, era como se estivéssemos em volta de uma bolha imaginária que nos conectava magicamente. Vi seus olhos esmeralda brilharem, brilhavam feito à luz da lua, ela se derreteu sobre a leve carícia que eu fazia com o dedão sobre sua bochecha rosada, seu lábios entreabertos e tão convidativos, engoli em seco com apenas o pensamento de poder beijá-la mais uma vez. Com todo o autocontrole que existe em mim não me permite fazê-lo, precisava esclarecer as coisas, saber o que ela sentia por mim.

— Luna eu quero saber a verdade. — peço quase como uma suplica. — Quero que me olhe nos olhos e diga o que realmente sente por mim.

— Eu sinto... — ela mantinha seus grandes olhos verdes sobre mim, me analisou por breves segundos antes de desviar seu olhar de mim, tirou minhas mãos gentilmente do seu rosto e se afastou dando um passo para trás. Soltou um longo suspiro antes de dizer. — Olha Matteo, acho que entre você e eu não pode rolar nada.

— É sério que acha isso? — indago com certa dificuldade, pois um bolo havia se formado em minha garganta.

— Acho, e é melhor continuarmos a ser amigos como estamos sendo até agora. — a ouço dizer naturalmente.

— E o beijo? Nada mudou pra você? Porque amigos não se beijam daquela forma. — pontuo.

— Matteo! — exclama em tom de repreensão. — Você me beijou.

— Você fala como se eu tivesse beijado sozinho. — retruco com raiva.

— Matteo, já deixei bem claro que a única coisa que eu quero de você é sua amizade.

— Luna, isso não é o suficiente. — disse sincero.

— Mauricinho, sinto muito, mas é apenas isso que terá de mim. Eu realmente não quero magoá-lo.

— Acho que você já tá fazendo isso. — a deixo para trás. Precisava reprimir urgentemente esse sentimento que estava começando a florescer dentro do meu coração, porque se criasse raiz era certo que eu estaria completamente ferrado.

“E nessa novela eu não quero ser teu amigo.”

POV Ámbar

— Eles têm uma boa técnica, não vai ser fácil ganhar deles. — comenta Matteo enquanto observava Tomás e Perla na pista treinando para competição que seria daqui a algumas horas.

— Por isso mesmo quero adicionar um novo elemento no nosso número. — respondo ganhando sua atenção.

— Agora? Um elemento novo é impossível, não temos tempo pra ensaiar.

— Essa palavra não existe para mim, Matteo. Embora tenhamos terminado o namoro ainda continuamos sendo os melhores da pista. Você tem dúvidas que seremos impecáveis?

— Então fala aí, onde você quer colocar esse novo elemento na coreografia?

— Olha é assim, depois do giro que nós fazemos, nos separamos quando nos voltamos a juntar que claramente vai ser coordenado, aí neste momento você me levanta, o que acha?

— Não, acho esse negocio muito arriscado. — nega.

— Essa é a ideia Matteo, se arriscar. Na competição passada tiramos um nove em risco nesta eu quero um dez.

, eu adorei sua atitude eu sempre vou votar pelo primeiro lugar, mas modificar a coreografia no último minuto não faz sentido.

— O que foi Matteo, com medo? — o encaro questionadora.

— Eu?

— Bem estranho.

— Não tô com medo, já te disse não temos tempo pra ensaiar.

— Não precisamos ensaiar, da última vez mostramos pra todos que somos os melhores e desta vez não vai ser diferente, por que a dúvida disso?

— Meninos, na hora, vão se trocar que temos que preparar a pista. — Tamara nos interrompe aparecendo eu sei lá de onde, mas assim como apareceu desapareceu das minhas vistas.

— Você ouviu a Tamara. — fala Matteo. — Vamos com o que a gente preparou. — insistiu.

— Você quer ganhar ou não? — indago o fuzilando com o olhar. Essa competição era minha e perder não era uma opção.

[...]

Já maquiada e vestida com um roupão branco passei a observar a apresentação de Jim e Nico — que por sinal estava um horror — sério era muito vergonhoso, mas eles pareciam nem se importar. Já estava certo que Matteo e eu sairíamos vitoriosos desta competição, a ruiva e o loiro não tinham nem chances, beirava ao ridículo. Tomás e Perla talvez fossem a dupla mais difícil, porém estava ciente que era mil vezes melhor. E claro Luna e Simón, embora não estivesse nem um pouco preocupada, porque sinceramente se fosse analisar suas últimas atuações na competição de patinação, seria no mínimo humilhante. Eu ganharia não tinha dúvidas.

Luna apareceu alguns minutos mais tarde acompanhada de Simón o que chamou minha atenção, não necessariamente por causa dele que fique claro. Percebi que ambos estavam nervosos, quer dizer, Luna estava bem mais. Simón apenas a confortava dizendo palavras motivadoras. Nossa, como esses gestos doces que havia entre eles fazia meu estômago embrulhar em fração de segundos. Caminhei lentamente até eles, havia uma necessidade quase descomunal dentro de mim para acabar com aqueles sorrisos, aqueles olhares, os pequenos toques, ah como os odiava.

— Fica calma Luninha. — chego fingindo um sorriso. — Você não pode deixar o nervoso te prejudicar, quando está nervosa fica mais fácil de você errar. Você viu o que aconteceu na competição passada? — alfineto com o intuito de fazê-la sentir-se mal.

— Não se preocupe, eu tô bem. — garante.

— Que bom, eu no seu lugar estaria muito preocupada, você tem motivos, digo, não é fácil competir com profissionais.

— Eu sei, mas quer saber? Eu prefiro não pensar na competição e só patinar, na verdade, esse é o segredo, né? Aproveitar. — gargalha, a olho debochada.

— É, é melhor patinar, não quero que se frustre, você não pode pedir pros seus pés mais do que eles podem dar. É conselho meu, de uma ganhadora e dessa vez não vai ser uma exceção, a competição internacional é minha. — afirmo com convicção.

— Olha Ámbar, na verdade eu não sei se vou ganhar, mas eu vou me esforçar bastante pra isso, você não sabe como é importante pra mim essa competição porque eu sei que posso superar meus limites, eu treinei muito mesmo pra chegar até aqui.

— Que bom que isso esteja claro, eu só tô preocupada com você. Não quero que você bata na parede ou muito pior caia no chão como já aconteceu, na verdade, me doeu muito te ver tropeçar. — ela pega minhas mãos compadecida.

— Não se preocupe comigo, eu vou ficar bem, treinei muito pra isso. — a afasto a mirando com desprezo.

— Às vezes não basta só treinar. — expresso ácida.

— Quer saber Ámbar? Você tem toda razão, mas eu vou te dizer uma coisa: Não se patina só com os pés, mas também com isso aqui. — me aponta o coração.

Se Luna achava que iria me sensibilizar com aquela ladainha não rolou, minha raiva só aumentou, principalmente ao ver Simón acariciar inocentemente seu braço direito. Aquele garoto, mesmo que não tivesse aberto à boca enquanto Luna e eu dialogávamos, ainda sim ele estava lá por ela, a consolando mesmo que inconscientemente.

— É claro. — respondo com falsa calma. — Bom, boa sorte Luninha. Eu te vejo na pista.

—– É aliás, boa sorte pra você, que dizer, pra você e o Matteo, sei como é importante pra vocês essa competição. Vocês são incríveis, muito talentosos. — era impressão minha ou Luna havia falado o nome do Matteo com certa, tristeza? Será que tinha acontecido algo? A intercepto, antes que passe por mim.

— Obrigada, tem razão. — desvio meu olhar para o moreno atrás de si. — Tomara que algum dia vocês também possam patinar bem.

— Tomara. — diz Luna por fim.

Partiu sendo seguida pelo bocó do Simón. Cruzo os braços ao mesmo tempo em que reviro os olhos, não passa nem dois três segundos que o faço para que me sinta ser puxada com brusquidão, arregalo os olhos.

— Ficou maluco? — solto com ganas de esganá-lo.

— Você deveria ter vergonha do que faz Ámbar. — fixa seus olhos chocolates sobre mim de forma a me repreender.

— Do que você tá falando? E me solta. — o empurro para longe, não me sentia confortável tão próxima a ele.

— A todo tempo você tenta humilhar as pessoas. A Luna não merece seus insultos, mesmo que eles sejam mascarados de falsa preocupação.

— Você não me conhece garoto.

— E nem preciso. Já está claro pra mim o quão superficial e desprovida de sentimentos é. Você tem uma pedra no lugar do coração.

— E você Simón? Se achando o bom garoto, mas olha só que engraçado. — sorrio sem humor. — Um bom garoto não sai julgando os outros. Não me importo se a defende ou me acusa de insultá-la, mas chega a ser hilário você me acusar de algo que acabou de fazer. Como disse, você não me conhece, até as piores pessoas tem sentimentos.

E antes que ele pudesse falar ou fazer algo, sai a passadas rápidas, meus olhos ardiam, que raiva! Mas não, não derramaria nenhuma lágrima, não mesmo. Claro que minha concepção de sentimentos não havia mudado, ainda achava que ele te deixa menos racional e muitas das vezes tonta, mas eu os possuo, mesmo que estejam bem guardados, escondidos de tal maneira que sempre podia passar a falsa impressão de ser forte, dura, fria, estrategista demais. Não tenho um lado sensível aflorado como Luna de fato, mas ninguém pode me julgar. Ele não conhece meu verdadeiro interior, ninguém me conhecia realmente, nem mesmo o Matteo que namorou comigo por tanto tempo. Todos têm sentimentos, afinal, tenho um coração batendo em meu peito e não uma pedra como aquele ser teve o prazer de jogar na minha cara, mas o mais irônico disso tudo é que meu estúpido coração só dava sinais quando estou próxima ao infeliz do Álvarez.

“Posso parecer meio dura e fria às vezes, mas é só para esconder a vulnerabilidade do meu coração.”


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Notas finais do capítulo

Capítulo postado...
Obrigada a quem leu, comentou, favoritou... Desculpem a demora, please.



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