Assombrado escrita por Roses


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo. Eu espero que tenham gostado dos anteriores.

Boa leitura.



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Meu querido amigo, Belle estava certa! Killian pediu-me em casamento e já fala de filhos. Uma casa cheia deles. Que alegria seria se eu pudesse dizer sim ao seu pedido...

Carta de Emma Swan para Graham Humbert. Dezembro de 1862.

—Muito bem, hora de criança ir para cama. – anunciei, pegando Charles do chão e o jogando sobre o ombro.

—Ah não! Está cedo ainda. – reclamou rindo, quando o deixei cair na cama.

—Sua irmã discorda disso, não é mesmo Althea? – Emma indagou, entrando no quarto, já vestida para dormir, com nossa menina, nos braços. – E hoje é um dia muito especial Charles, sabe por quê?

—Será que alguma mocinha vai aprender a rezar hoje? – perguntei, tirando a dos braços de Emma e a apertando, ouvindo seus resmungos e o pedido de ajuda para a mãe que apenas ria da cena. – Por que está reclamando, senhorita? Eu sou seu pai! Posso apertá-la o quanto quiser. – informei fazendo cócegas nela que se contorcia.

—Papa, para. – pediu com sua vozinha sem firmeza para pronunciar as palavras. – Pur favor.

—Ela pediu, “por favor”, papai. – Swan falou, abraçada a Charles na cama, que parecia ter acalmado nos braços da mãe.

—Apenas porque você foi educada. – disse, indo para a cama com eles.

Althea abraçou meu pescoço, encostando o rostinho no meu, sonolenta.

Observei minha família. Minha linda esposa, meu pequeno e terrível menino de quatro anos, e minha donzelinha que tinha acabado de completar dois anos.

E meu coração se expandiu um pouquinho mais aquela noite, sendo preenchido com alegria e amor que emanava daquelas pessoas tão importantes.

Lembro-me quando Charles nasceu. A agonia que foi esperá-lo sair, tendo que ouvir Emma gritando do lado de dentro do quarto por horas, sem poder fazer nada a não ser gritar pela porta, o que descobri mais tarde, ter atrapalhado mais do ajudado. Lembro-me de como me senti ao vê-lo nos braços de Emma e seu sorriso, ao olhar para mim. O medo que senti de me mexer e descobrir ser mais um pesadelo. O alívio quando me aproximei da cama e percebi que não era um sonho, era bem real e que nada iria tirá-los de mim.

Com Althea foi o mesmo processo de fascinação com Charles... Com a diferença que ela não deu tanto trabalho para sair como o irmão e que Emma havia permitido que eu ficasse com ela no quarto apertando sua mão. Quando o chorinho cortou o ar e vi, aquele serzinho tão pequeno sujo de sangue se mexendo, os olhos espertos, procurando, abracei Swan, a agradecendo e recebendo uma risada dela como resposta, antes de ganhar um beijo e um “pare de chorar, Killy” de brincadeira, já que a própria estava chorando.

—Conte para o papai o que você aprendeu hoje na aula de francês, Charlie. – a voz de Emma tirou-me das lembranças que gostava de reviver sempre que possível.

—O que a mamãe te ensinou hoje pequeno? – instiguei com curiosidade e ele se sentou animado, limpando a garganta.

—Je suis un petit garçon... Je m’apelle Charles et votre?

—Je suis Killian Jones, votre papa… Está certo? – perguntei para Emma com uma careta.

—Certíssimo monsieur.

—Eu não lembro das outras, mamãe. – confessou envergonhado.

—Sem problemas, meu anjo. Demora um tempo mesmo, daqui a pouco você estará um verdadeiro francês... Só espero que tia Belle não queira levá-lo embora.

—Eu gostaria de ir morar com tia Belle e tio Landon. – falou bem baixinho.

—Está querendo nos trocar? – questionei fingindo estar bravo.

Ele fez que não.

—Eu ia sentir falta de vocês e da irmãzinha... Mas sinto falta deles.

—Nós também sentimos, contudo logo eles virão nos visitar. Só temos que esperar o bebê da tia Belle nascer. – Emma explicou, fazendo com que ele descesse da cama.

Landon e Belle para a minha surpresa, haviam se casado, uns dois anos após o nascimento de Charlie. Segundo Emma, ela sempre soube que isso aconteceria, desde quando havíamos passado um tempo na casa de sua amiga.

Foi estranho inicialmente para mim, imaginar Landon se casando novamente, ainda mais com Belle, porém não durou muito. Não quando ele estava tão feliz e seus olhos transbordavam amor quando olhava para a morena e ela o fitava da mesma forma.

Apesar da grande diferença de idade entre os dois, isso de nada importava. Na verdade, era apenas um pequeno detalhe.

 – Vamos fazer nossa oração que a Thea já está praticamente dormindo no colo do seu pai!

Olhei de rabo de olho para a menininha de cabelos negros que lutava para manter os olhinhos abertos e dei um beijo em sua bochecha gordinha e rosada.

—Eu ensino! – Charlie gritou animado, se ajoelhando ao lado da mãe.

—Tudo bem, você ensina. Recorda-se como o papai e eu ensinamos?

— Claro que sim. – respondeu lentamente.

—Princesinha... – ajeitei-a nos meus braços, antes de colocá-la ao lado do irmão. – Nós iremos rezar todos juntos. É muito importante orar todas as noites para espantar os sonhos ruins. – expliquei. – Sempre iremos fazer isso, juntos. Preste atenção em Charlie, ele vai te ensinar como fazer.

Ela assentiu, juntando as mãozinhas gorduchas como o irmão estava olhando-o com ansiedade.

—Querido Papai do céu... – ele começou os olhos fechados.

—Queido Papai du céu... – Althea repetiu.

—É querido! E “do céu. Não “ducéu. – Charles gritou irritado e Emma olhou para ele de modo severo.

—Sem gritar com sua irmã, Charlie. Ela é pequena e está aprendendo a falar ainda. Nós gritávamos com você?

—Não mamãe.

—Então por que você está gritando com a sua irmã? Desse jeito ela não irá querer fazer a oração conosco todas as noites.

—Desculpe Althea. – pediu, dando um abraço nela, antes de voltar a juntar as mãos. – Prometo não, gritar mais com você.

A expressão de Emma se suavizou e ela beijou a cabeça de Charlie.

—Você é perfeito, meu filho. Continue rezando.

—Querido Papai do céu, obrigado pelo dia de hoje. Pela minha família. Meu papai, minha mamãe, minha irmãzinha, a vovó e o vovô. – pronunciou lentamente, esperando com paciência que Althea repetisse de seu jeito enrolado. – Cuide das pessoas que estão sozinhas, os que estão perdidos, os que estão doentes. Dê uma chance de vida a elas, Senhor. Proteja meus amigos que estão longe, assim como aqueles que estão por perto. Dê sonhos bonitos para todas as crianças, assim como uma família. Tudo isso eu te peço e te agradeço. Amém. – terminou, fazendo o Pai-nosso e ajudando a Thea a fazer o sinal da cruz.

—Muito bem. Agora já podemos todos ir dormir com a segurança que teremos sonhos bons. – declarei. – Você gostou Thea?

Ela balançou a cabeça, coçando os olhos.

—Sono. – murmurou.

—Minha donzelinha está com sono? Vem aqui que a mamãe coloca você para dormir. Dá boa noite para o Charlie e seu pai.

—Boa noite papai. – Althea se inclinou em minha direção, dando um beijo melado em meu rosto.

—Boa noite princesa. Eu te amo, viu?

—Charlie. – ela apontou e eu peguei Charles no colo para facilitar. – Obrigada. – agradeceu. – Boa noite.

—Boa noite, Thea. Se precisar eu vou estar aqui para te proteger.

—Isso mesmo, tem que proteger sua irmã. Agora você para a cama. – apontei e ele rapidamente desceu do meu colo, ajeitando-se no colchão, esperando que eu o cobrisse. – Bons sonhos meu menino.

—Papai... Nós podemos ir brincar de piratas amanhã? – indagou. – Eu gosto de ficar no seu navio. E você com o gancho. – pediu.

—Claro que podemos. Pedirei para alguns homens irem conosco para podermos navegar um pouco. O que acha?

—Je t’aime papa. – murmurou quando me abaixei para lhe dar um beijo.

—Eu também te amo. Muito, muito mesmo.

—Boa noite, meu piratinha. – Emma se inclinou, enchendo-o de beijos. – Qualquer coisa é só chamar que eu venho correndo. Eu te amo.

Charlie sorriu e se virou para o lado.

—Papai... Fica comigo até eu dormir? – pediu hesitante.

—Sempre meu pequeno. Fico sempre que pedir. – deite-me ao seu lado, vendo-o se aconchegar em meu peito, abraçando-me.

Emma apagou as velas, deixando tudo no escuro, saindo do quarto sem emitir som.

E eu abracei meu filho bem forte, para que soubesse que estava protegido.

Que eu nunca o abandonaria.

[...]

Fechei a porta do quarto que conectava ao das crianças com cuidado, encontrando Emma de costas, observando a janela.

Ela se virou para mim, sorrindo e olhando-me de uma forma como se estivesse se apaixonando por mim novamente, com admiração e tanto amor.

—Já passa da meia-noite. – anunciou contente. – Feliz trigésimo sexto aniversário meu marido. – Emma estendeu uma caixinha para mim. – Espero que goste.

—Não precisava fada. – peguei o presente de suas mãos. – Você e nossos filhos já são os melhores presentes.

Ela indicou que eu abrisse impaciente.

Apoiei a caixinha no braço esquerdo, destampando-a e encontrando um ovo ali dentro.

—Obrigado, Emma... Mas não estou com fome agora. Contudo pedirei para que cozinhem no café da manhã.

Swan revirou os olhos.

—É um ovo de cisne, Killian. – disse como se estivesse dando-me uma dica.

Olhei para o ovo e então para ela.

—Cisnes botam ovos! –ela indicou a si mesma.

Soltei o ovo dentro da caixinha.

—Você botou esse ovo? Andou tendo uns encontros com Zeus que eu não estou sabendo?

Emma jogou as mãos para cima exasperada.

—Pelo amor de tudo, Jones! A idade está começando a afetar seu raciocínio? Não é tão difícil assim. Eu sou um cisne, lembra?

Olhei para o seu presente e novamente para ela, descendo para sua barriga.

Para me contar que estava grávida de Althea, Swan havia me dado um broto de feijão.

Eu costumava chamar Charles de ovinho, antes de descobrir que de fato ele estava a caminho, porque cisnes botam ovos.

—Você está grávida? – instiguei incerto, vendo-a assentir com um sorriso largo. – Você está grávida! Ah esse é o melhor presente que poderia ter me dado, senhora Jones. – fui abraçá-la, beijando-a sem pressa. - Olá bebê, aqui é o papai... – agachei-me, encostando o ouvido em sua barriga. – Queria ser capaz de senti-lo como sua mãe é, mas terei que esperar um pouco mais. Contudo saiba que eu já o amo e tenho tanto orgulho de poder chama-lo de meu bebê... Eu espero que venha com a cor dos cabelos de sua mãe, que eu acho linda... – olhei para ela que sorria largamente, a mão afagando meus cabelos. - Muito obrigado, Emma.

—Pare de me agradecer, amor. Eu amo carregar nossos filhos, vale a pena todo o esforço e o peso ganho, as mudanças de humor, as náuseas... Tudo. E você falou sério quando disse que queria uma casa cheia. Já estamos no nosso terceiro e Althea mal acabou de completar dois anos!

—Não quero perder tempo, senhora Jones. – deslizei o nariz pelo seu pescoço, sentindo-a se arrepiar.

—Percebe-se. Sua sorte é que você é certeiro apesar da idade.

—Está me chamando de velho?

—Trinta e seis anos não, pode ser, considerado um jovem. – retrucou.

—Vou ser obrigado a mostra-lo quem é o velho, Emma.

Ela abriu um sorriso malicioso para mim.

—E eu te garanto que adorarei vê-lo... Eu amo meu amor. Muito obrigada por estar passando mais um dos seus aniversários ao meu lado, fazendo-me a esposa e mãe mais feliz do mundo. – pediu, pousando sua mão sobre meu coração.

Peguei-a nos braços, levando-a a para cama.

—Eu que tenho que agradecer por você estar aqui, sempre me proporcionando um aniversário melhor que o outro. Eu a amo, Emma Swan Jones.

E eu a segurei, como já havia feito tantas vezes, sentindo-a, tocando-a. Provando seu tão conhecido sabor.

Mas amando-a como se fosse à primeira.


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Notas finais do capítulo

Eu espero de todo coração que tenham gostado de "Assombrado", sinto que agora eu definitivamente acabei com Traiçoeiro e não tenho mais nenhum negócio inacabado com os personagens e essa história. Os capítulos que leram, deveriam ter entrado na fic Traiçoeiro, contudo optei por deixá-los de fora, mas percebi que Killian merecia sim, contar como foi para ele e depois de conversar sobre disponibilizá-los para vocês, mademoiselle Gabriela (que sempre sai em sua defesa, caros leitores) disse que seria uma boa ideia. Sendo assim, desculpem a demora para disponibilizar "Assombrado", porque precisei fazer as modificações necessárias para que se tornasse uma história diferente e ainda assim a mesma que conheceram em Traiçoeiro.

Muito obrigada novamente por tudo. Vocês são os melhores e só tenho a agradecer.

Beijos.



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