Mil Faces escrita por Maria Vitoria Mikaelson


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Essa fic é um projeto de uma leitora super fofa minha, ela me ofereceu gentilmente a história para que fosse postada por mim, da forma como eu quisesse. Ela me explicou o enredo que queria, e eu desenvolvi. Mesmo ela tendo me dado a história, dou todos os créditos do enredo para ela. Você é demais Katy Chin!
*A fic se trata de uma nova releitura de Bella.
*Essa fic se passa no filme crepúsculo, no inicio vocês verão algumas semelhanças, depois partiremos para os outros filmes da saga.
Espero que gostem e comentem!
Boa Leitura!



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Em todo beco sem saída, existe uma passagem secreta.

 

 

 

(Música do capítulo)

PRÓLOGO

Quando percebi o que eu era

 Ao longo dos anos,  enquanto tentava me ocultar dos Volturi, tive centenas de identidades, com visuais e estilos diferentes, nos lugares mais isolados do mundo. Assumi mil faces, em busca de algo que eu nunca consegui encontrar: Paz.

Vivo na tormenta intensa, esperando ser pega, mas, ao mesmo tempo temendo isso. Sei o que me espera se voltar a habitar os castelos de Volterra. Meu destino é sombrio, e por mais que a escuridão já tenha me abraçado, não estou pronta para abraça-la de volta.

   Tenho uma regra: Após 13 anos sempre me mudo. Meu disfarce só dura por esse tempo, logo busco mais um destino e nunca volto para o mesmo lugar. Exceto Forks. Algo me prende a Forks,  por mais que eu repita e compreenda que não é seguro continuar vindo,  sigo pensando que é nessa pequena cidade que conseguirei algo bom para mim.

  E aqui estou eu mais uma vez, indo contra todos os meus instintos de me manter afastada. Na montanha mais alta, observando o mar revolto a minha frente, sendo jogado contra as pedras afiadas da praia de La Push, sinto o cheiro irreconhecível dos lobos quileutes, mas, não tenho medo, não há nenhuma possibilidade deles conseguirem fazer algo comigo.

Inspiro profundamente, com a intensão de sentir o ar entrar nos meus pulmões, mas, não sinto nada. Essa é uma das piores partes da imortalidade, e do vampirismo; você deixa de sentir as coisas humanas, não pode nem respirar, porque não precisa fazer isso. O engraçado é que eu nunca cheguei a respirar de verdade. Eu não morri para me tornar vampira, eu nasci dessa forma, e ainda assim, consigo imaginar como deve ser a sensação, do sangue circulando no seu corpo, dos órgãos funcionando e do coração batendo. Mesmo sendo uma hibrida, nunca tive uma parte humana, a parte vampira ocupou todo meu ser, por culpa daquelas terríveis experiências de criação.

    Encaro a paisagem mais uma vez, então em minha velocidade sobrenatural vou até a rodovia principal da cidade, onde minha moto está estacionada no acostamento.  Subo em cima dela e encaro meu reflexo no espelho do retrovisor, vendo a imagem de uma garota que aparenta ter 17 anos, mas, na verdade tem 265. A aparência dessa vez é mais parecida com a minha natural, meus cabelos estão num tom acaju, e meus olhos terrivelmente vermelhos estão camuflados com uma lente de contato na cor chocolate, minha pele continua pálida, quase translucida, mas, isso não me incomoda. Tiro minha mão da embrenhagem,  olho para uma das manchas cinzas no meu pulso acariciando aquela região, me concentrando nela, logo faíscas elétricas começaram a sair das pontas dos meus dedos. Fechei a mão rapidamente, e coloquei o capacete, mesmo sem precisar daquilo para me proteger. Logo acelerei rumo ao centro da cidade. Sem me preocupar com a velocidade ou com os riscos.

    Sinto o vento cortante pelo meu corpo, enquanto dirijo, e com minha audição intensificada consigo escutar as conversas humanas à milhas de distância e aquilo me fez sorri. Chego ao meu destino, e estaciono a moto. Caminhando de forma decidida, na direção da lanchonete em que Charlie sempre almoçava.

   O conheci na primeira vez que vim a Forks. Ele tinha 15 anos na época, seu pai era muito abusivo e violento. Em  uma das minhas corridas pela floresta, presenciei seu pai tentando matá -lo, o salvei daquele destino, e o ajudei a sair de casa, reprimindo minha vontade de acabar com seu pai. Desse dia em diante, criei uma conexão com Charlie, acompanhei a etapas de sua vida. Sua formatura, seu primeiro dia no emprego, seu casamento, o nascimento de sua filha, o divórcio e a ida das mulheres da sua vida para Phoenix. Charlie virou um amigo em quem eu posso confiar. Em meio a todas minhas regras de fuga, Charlie virou minha exceção.

Quando descobriu minha natureza sobrenatural, ele não fugiu. Nem ao menos se assustou, ele somente agradeceu por ter salvo sua vida. Ele não temeu que eu o machucasse, que tomasse seu sangue, não me olhou com estranheza. Se comportou como se eu fosse alguém normal.

  Empurrei a porta, sem fazer nenhum esforço, o avistei numa das mesas no fundo, com seu fardamento de xerife atacando um hambúrguer nada saudável. Toda sua atenção estava focada na comida, revirei os olhos e fui até lá. Quando notou minha presença ergueu seus olhos, mas, não pareceu surpreso, ele sabia que eu sempre voltaria. Por ele.

—Se continuar comendo essas porcarias não  irá durar nem mais um ano.  — comentei irônica, me sentando a sua frente, de maneira despojada.

—Da última vez que a vi você era uma loira de olhos azuis. Isso faz o que? 13 anos? — ele questionou calmo, mas, eu sentia a acusação em sua voz.

—12 anos e 11 meses na verdade. Mas, quem está contando?— continuei com a mesma postura. Se eu havia passado todo aquele tempo longe, era para o bem dele.

—Onde esteve por todo esse tempo? — quis saber, querendo camuflar sua intensa curiosidade.

—Por ai. O mundo é um lugar enorme, Charlie.  — respondi de maneira enigmática.

—O que fez esses anos? — continuou o interrogatório típico de policiais, revirei os olhos.

—Isso não é importante. Não precisa se comportar como se fosse meu pai Charlie, sou muito mais velha do que você, e convenhamos que eu sou ótima em me cuidar. — debochei querendo que ele desistisse daquelas perguntas.

—Quando você me salvou do meu pai, quando ele tentou me matar naquela floresta, quando eu tinha apenas 15 anos, eu te prometi que sempre te ajudaria, mas, passei anos sem saber onde você estava Isabella. Não se deu nem ao trabalho de avisar que não foi pega, por quem quer que seja de quem você está fugindo por todos esses anos. — ele desabafou sua frustração e irritação por meu descaso.

—Eu sinto muito por ter feito isso Charlie. Mas, as coisas estavam difíceis esses anos, quase fui pega quando estava em Nevada. O circulo está se fechando. Não conseguirei mais passar  13 anos no mesmo lugar.  Me importo com você, desde o dia que te salvei, e é por isso que sempre volto para cá; Porque não consigo me afastar de você, mas quando eu noto que não é seguro, prefiro me manter afastada. — eu expliquei, e Charlie assentiu. Ele entendia a minha posição.

—E o que pretende fazer agora? Para onde vai? — Charlie questionou com um ar de preocupação.

—Na verdade, pensei em ficar dessa vez, cursar o ensino médio, fingir ser sua filha. — contei meu plano e Charlie sorriu, ele adorava aquela ideia.

—Sempre achei que Isabella Swan soava como um bom nome.  — brincou mostrando o quanto gostou daquilo. E eu também. Em meio aquele caos normalidade parecia algo inalcançável para mim, sempre —Agora eu ficaria feliz se você comesse um pouco dessas batatas fritas para se parecer com uma humana. — ele continuou a se comportar de maneira divertida, me fazendo rir momentaneamente.

—Desculpe, mas, essa coisa feita com litros de óleo não me dá apetite. Prefiro sangue de vampiros centenários.  — debochei fazendo uma careta, Charlie fez uma expressão de nojo quando me ouviu dizendo a palavra “sangue”. Era difícil lidar com o fato que eu consumia isso — Então, tem alguma novidade nessa cidadezinha pacata? — meu tom foi irônico, e em resposta Charlie me jogou um jornal. Peguei o papel, e comecei a ler a primeira matéria. — Ataques de animal... — falei o título em voz alta.

—Nós dois sabemos que não se trata disso. — ele comentou sucinto. Concordei.

—Os vampiros decidiram fazer uma festinha em Forks. — falei, lendo o restante da reportagem.

—Acha que esses caras de quem você foge... Os Volturi... Virão aqui, para impedir esses vampiros? — ele perguntou temendo aquilo, temendo por mim. Dei ombros.

—Pouco provável. Devem ser poucos vampiros, três no  máximo, são nômades, logo irão embora, eles não ficam por muito tempo no mesmo lugar. Os Volturis não dão importância a pequenos casos de inconsequência, por enquanto todos vão acreditar que isso se trata somente de ataques de animais. Forks é cheia deles. Não tem que se preocupar com a vinda dos Volturi, tem que se preocupar com o rastro de cadáveres que ficará quando esses vampiros se forem. — anunciei analisando o caso.

—A policia montou uma força tarefa para vasculhar a floresta, em busca desse “animal”. — Charlie comunicou, eu o encarei firmemente.

—Você não irá. Darei um jeito nisso, pararei eles e de quebra ainda me alimentarei. — avisei para que ele entendesse o quanto era perigoso.

—Se você estiver certa, são 3 deles, acha que consegue lidar com isso? — indagou incrédulo, apertei sua mão para lhe dar confiança.

—Eu sou forte, Charlie. — afirmei o que ele deveria saber a muito tempo.

—Seu corpo é, mas, seu emocional é tão frágil quanto um vidro. Por trás dessa vampira só há uma garota perdida. — ele disse sem temer minha reação ao ouvir aquilo.

—Talvez esteja certo. Aro me quebrou, em milhares de pedaços, eu uso os vidros para cortar aqueles que me incomodam. — falei sombria, Charlie suspirou e me olhou de maneira carinhosa.

—Tem certeza que fez bem em voltar para  Forks? — quis saber.

—Eu não tinha, até saber que esses vampiros estão aqui. Agora sei que não posso te deixar sozinho em Forks, lutando contra criaturas que são mil vezes mais fortes que você. —disse com toda minha convicção.

   Com minha ótima visão, avistei uma garçonete vindo até nós com um sorriso falso no rosto carregando em suas mãos uma bandeja com dois copos de coca.

—Quem é essa Charlie? — a intrometida questionou, enquanto colocava os copos sobre a mesa.

—Essa é minha filha... Isabella. — ele me apresentou. Sorri cinicamente para a desconhecida que tinha arregalado os olhos ao saber disso.

—Não sabia que tinha uma filha. — ela comentou, me olhando de maneira desconfiada —Te olhando bem, acho que já te vi... Esteve em Forks antes? —ela questionou.

—Não. Nunca estive, deve ter se confundido, sempre morei com a minha mãe, uma aventura da adolescência de Charlie, só que agora decidi passar um tempo com meu pai. — menti de forma teatral

—Espero que goste de Forks.  — desejou, ainda  me avaliando.

—Já estou amando essa cidade. — respondi com uma sobrancelha arqueada. Charlie olhou para ela de maneira firme, como se pedisse para ela se retirar, assim ela o fez após um tempo.

—Vou ter que me acostumar com um monte de desconhecidos me questionando sobre ser sua filha, não é? — perguntei já adivinhando o que viria a seguir.

—Cidades pequenas são assim. — disse divertido, antes de pegar um dos copos que estava na mesa e levar em direção a sua boca, com minha velocidade fora do comum, tirei o copo de sua mão.

—Você não é imortal Charlie, sabe que por mim seria, mas, não é! — falei me referindo a péssima alimentação que ele tinha, fora outros hábitos ruins.

—Não me entenda mal Bella, eu não tenho medo do que você é, mas, eu gosto de ser humano. — ele pediu imaginando que eu iria ficar magoada.

—Não entendo mal Charlie, se houvesse um jeito, qualquer que fosse, de reverter o que eu sou... Eu faria. — contei com um sorriso fraco, ele retribuiu o sorriso da mesma forma. Escutei meu celular tocando no bolso da minha jaqueta, e o tirei de lá. Ao checar o visor, me levantei.

 —Preciso atender. — avisei e sem esperar resposta sai porta a fora do estabelecimento, atendendo a ligação em seguida.

—Estava preocupado, conseguiu sair de Nevada? ouvi a voz do outro lado da linha indagar.

Sim. Graças a pista falsa que você deu a Aro tive chance de fugir. — falei num tom agradecido.

—Não quero saber onde você está. Só quero que dê um jeito de ficar bem. Está cada vez mais difícil disfarçar que não sei onde você está, tenho te ajudado a fugir de Aro por séculos, Jane com certeza sabe que faço isso, só que Demetri também está começando a desconfiar.  ele me deu as últimas informações.

—Eu agradeço tudo que você fez por mim, todos esses anos Alec... Eu vou ficar bem. — garanti e após aquilo ele avisou que ia encerrar a chamada, quando fez isso, encarei o aparelho telefônico que estava em minhas mãos e me encostei em uma das paredes da fachada da lanchonete, passando a mão por meus cabelos. Estava exausta disso. De fugir de quem eu sou. De fugir daqueles que por um erro deveriam ser minha família. Mas, tinha que continuar, afinal era muito melhor ser uma vampira descontrolada por sangue daqueles da sua espécie do que ser uma vampira controlada - ou no pior dos casos, aniquilada—  pelos Volturi. 

 

 

 

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Comentem o que acharam!!



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