Epítome escrita por Deusa Nariko


Capítulo 1
Capítulo Único: Epítome


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá e olá :)
Essa one-shot era para ter saído há muito tempo, já que seria em comemoração ao aniversário da Sakura.
Porém, fiquei bloqueada/travada por semanas e ela só saiu esse fim de semana devido à revelação da data de nascimento da nossa princesa Sarada, que é dia 31 de Março, ou seja, 3 dias após o aniversário da Sakura e quase nove meses completos depois do aniversário do Sasuke.
Já sabem o que isso significa, certo? XD
...
Enfim, boa leitura e nos vemos nas notas finais!



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Epítome

Por Deusa Nariko

23 de Julho.

 

Kando, no País da Terra, era uma cidade populosa e um grande centro comercial. E foi exatamente para lá que Sakura nos arrastou quando o dia ainda alvorecia, claro e ameno, e nós mal havíamos levantando acampamento.

— Ne, Sasuke-kun, tenho certeza de que podemos chegar a tempo!

Ela havia teimado nas últimas vinte e quatro horas que poderíamos percorrer mil e quinhentas milhas até o pôr do sol; eu havia duvidado e arrastava os meus passos, desacelerando nossa marcha sempre que podia, para corroborar meu argumento.

Às nossas costas, o sol nascia sobre o cume do Monte Dokyū. Estávamos a leste de Iwagakure. O País da Terra estava repleto de territórios selvagens e panoramas inesperados, mas a visão de uma cidade grande, de seus prédios imensos e de suas ruas apinhadas, definitivamente não me apetecia.

Sakura desacelerou mais uma vez para igualar nossas passadas e seu suspiro derrotado foi logo engolido pelo meu silêncio taciturno. Eu sabia exatamente o que ela pretendia e, por isso, não estava afim de seguir seu plano.

— Sasuke-kun, por favor! — ela parou de repente e se posicionou à minha frente com um olhar suplicante; quanto tempo até ela começar a implorar para que eu cedesse?

Desviei o olhar para meus pés e contornei-a, resoluto.

— Já disse que está fora de cogitação, Sakura — reiterei o que ela já havia ouvido ao menos uma centena de vezes na última semana.

Felizmente, ela nunca conseguia esconder nada de mim.

— Mas é seu aniversário, Sasuke-kun! — ela tentou me dissuadir usando aquele timbre trêmulo e magoado, e eu cerrei os dentes.

— Eu não comemoro o meu aniversário faz anos, Sakura — lembrei-a; nunca escondi o quanto desprezava essa data, talvez porque em muitos anos não tive motivos para me alegrar com a minha própria existência.

— Mas é diferente dessa vez — ela tornou a me alcançar, retrucando-me. — Eu nem tenho nada para te dar de presente, isso é frustrante!

Parei por conta própria dessa vez e pus-me a esquadrinhá-la. Minha esposa teimosa e irritante que queria de qualquer forma comemorar o meu aniversário, mesmo com as minhas recusas sucessivas. Seus olhos decididos nos meus e a boca comprimida para baixo me diziam exatamente o que eu precisava saber: ela não desistiria da ideia tão cedo.

— Eu não preciso de nenhum presente — murmurei e isso pareceu surpreendê-la.

Enrubescendo de leve, tratei de voltar a caminhar, não revelando a ela o que havia pensado de fato: eu tenho você aqui comigo, o que mais poderia querer? Acredito que mesmo assim ela tenha compreendido o meu silêncio relutante, pois voltou a caminhar ao meu lado, sem mais resmungos ou suplicas.

Ao espiar sua expressão de viés notei que suas bochechas estavam coradas. Definitivamente, Sakura havia entendido. Engoli em seco, antevendo o que ela faria agora.

Mais tarde, com o sol se pondo nas montanhas a oeste de nós, percebi que Sakura estava mais inquieta do que o comum. Mal havíamos trocado uma dúzia de palavras durante todo o dia e ela estava evitando até mesmo me encarar. Não era mágoa e tampouco raiva, parecia mais com algum tipo de frustração, mas não estava direcionada a mim.

Quando a noite caiu, reuni uma pequena porção de lenha e acendi uma fogueira com meu Katon. Então me acomodei próximo às chamas, ouvindo-as estalar suavemente ao consumirem as achas.Havia poucas estrelas e nenhuma lua, apesar disso, o céu estava límpido e desanuviado.

Já fazia alguns minutos que Sakura se afastara até a margem de um rio com a desculpa de encher seu cantil. Quando ela retornou, com passos suaves na relva úmida, espiei-a com discrição novamente, observando-a de soslaio enquanto se movia pelo círculo de luz desenhado pelas chamas do fogo, guardando alguns pertences na sua mochila.

Mas foi quando se levantou e exalou o ar lentamente que eu decidi prestar mais atenção, franzindo o cenho. Ela se virou para mim e marchou na minha direção com as bochechas coradas. Então, sem nenhum tipo de aviso, sentou no meu colo e pressionou os lábios nos meus.

Dividido entre tentar compreender suas motivações e correspondê-la, não percebi que Sakura havia se afastado até poder encarar seus olhos brilhantes outra vez. Ela lambeu os lábios discretamente, mas não desenlaçou os braços do meu pescoço.

— Eu sei que não gosta de comemorar seu aniversário e eu entendo de verdade porque deve ser difícil para você, Sasuke-kun — sussurrou docemente para mim; encostou a testa à minha e continuou, aclarando a voz: — Mas eu não posso evitar querer comemorar essa data contigo. Me alegra tanto que você esteja aqui e...

— Tudo bem, Sakura — cedi com um suspiro cansado e ela sorriu, envolvendo meu rosto na palma macia da sua mão.

Ante o meu consentimento, ela murmurou para mim o que vinha querendo me dizer durante todo o dia:

— Feliz aniversário, Sasuke-kun.

Aquiesci e ela não esperou para se curvar novamente e pressionar sua boca na minha. Enlacei sua cintura com meu braço, trazendo-a para mais perto. Do seu corpo, exalava um calor suave e sua pele rescendia a flores. Sakura gemeu baixinho e se afastou contra a minha vontade.

Afundei meu rosto no seu pescoço descoberto e provoquei arrepios na sua pele sensível.

— Ne, Sasuke-kun, você não me deixou nem comprar um presente! — queixou-se, mas só para haver um motivo para implicar comigo.

Resmunguei ainda com a boca grudada ao seu pescoço e apertei sua cintura. Sakura se remexeu no meu colo como forma de me punir, arrancando um gemido rouco de mim, e segurou meu rosto para empurrá-lo para longe do seu pescoço.

— Eu amo você — confessou, adejando os longos cílios para mim. — Sabe disso, não é?

Ahh, como eu sabia. Mas isso não vem ao caso agora porque logo em seguida Sakura curvou-se o bastante para sussurrar algo indevido ao pé do meu ouvido, algo como me recompensar pela ausência de um presente de verdade.

Foi especial naquela noite. Não que as anteriores tenham sido diferentes ou menos peculiares, mas foi a primeira vez que fizemos amor ao relento. Entre explorações lentas, beijos sôfregos mas doces, e toques suaves, nós nos encontramos enfim.

Envolvi a nós dois no meu manto devido ao vento noturno e abracei seu corpo ainda trêmulo pelo êxtase. Tudo parecia certo então, pelo menos até semanas mais tarde quando Sakura me desse a notícia que mudou nossas vidas para sempre.

Pálida e com os olhos excitados, ela anunciou:

— Sasuke-kun, acho que estou grávida.

28 de Março.

Com a chegada da primavera, e o degelo da passagem das montanhas ao norte do País do Trovão, nós decidimos que era hora de partir. Deixamos uma pequena e pacata vila para trás.

Sakura estava com a gestação muito avançada e previa o nascimento do bebê para dali a duas ou três semanas. Pretendíamos que ela o tivesse na segurança e conforto de Konoha, portanto, era para lá que viajávamos, mas num ritmo que minha esposa pudesse acompanhar.

Ela se cansava fácil com o peso extra e, embora tentasse mascarar sua exaustão na maior parte das vezes com sua força de vontade, eu sabia que estava sendo difícil para ambos. Naquela manhã, bem cedo, cruzamos a fronteira do País do Trovão com um país menor. Se mantivéssemos o ritmo, chegaríamos em pouco tempo em Oto e, depois, atravessaríamos o território do País do Fogo.

Naquela manhã, entretanto, notei que Sakura estava quieta demais, e suas mãos jamais deixavam o ventre inchado. Parei, de repente, intrigado e preocupado com seu estado, e a interceptei:

— Sakura, está tudo bem?

Ela olhou para mim assustada e esfregou a barriga distraidamente, aquiescendo com a cabeça.

— Huh? Está sim, Sasuke-kun, não precisa se preocupar.

Franzi o cenho; não havia me convencido de que estava tudo bem.

— Tem certeza? — certifiquei-me, fazendo menção de estender minha mão até ela, mas Sakura insistiu e até mesmo sorriu para mim.

— Estou bem... Quero dizer, estamos bem! Não precisa se preocupar.

A sensação de que algo a estava incomodando não passou, mas decidi que permanecer vigilante sobre cada gesto e reação dela era tudo o que eu podia fazer. Mais tarde, Sakura pediu para que acampássemos as margens de um regato e eu concordei. Se ela achava que era melhor parar e descansar, não a contestaria.

Assim que a noite caiu, cobri-a com um manto extra e a puxei para perto do meu corpo; o calor brando das chamas da fogueira derramava-se a nossa volta, iluminando uma porção da floresta e desenhando sombras profundas em outra. Toquei sua mão que não havia deixado sua barriga durante todo o dia.

— Você não tirou a mão daqui o dia todo — observei com preocupação e ela sorriu contra o meu peito.

— Eu te deixei preocupado? Desculpa — sussurrou. — Eu só estava tentando sentir o bebê, ele não se mexeu muito hoje.

— E isso é normal? — indaguei com o coração martelando a garganta.

— Sim, só significa que o bebê já está na posição correta para o parto — ela murmurou, alisando a barriga sem cessar. — Mas acho que ele só esteve sonolento demais o dia todo — seu riso delicado retirou todo o peso do meu peito e eu exalei o ar de uma só vez, descomprimindo meus pulmões.

Depois de algum tempo em silêncio, Sakura retomou a conversa com sussurros:

— Sabe que dia é hoje?

— Seu aniversário — murmurei de sobrecenho franzido e isso levou Sakura a rir de novo, talvez surpresa por eu haver decorado a data.

— Sim, e só estava pensando que presente maravilhoso eu ganharia se nosso bebê escolhesse vir ao mundo hoje.

Enrijeci perante a possibilidade e ela notou isso, pois tornou a rir, deixando-me constrangido. Estávamos isolados e eu não teria ideia de para onde ir se isso acontecesse. Não conseguiria fazer isso, não sozinho. Ora, como eu poderia ajudar Sakura com só uma mão?

— Eu só estava brincando, Sasuke-kun — ela murmurou para me acalmar, decerto intuindo minha ansiedade crescente. — Nós chegaremos a tempo em Konoha para o bebê nascer, certo? — comentou com um pouco de empolgação e eu joguei meu braço por cima da sua cintura, certificando-me de que ela não sairia do meu abraço.

Resmunguei alto em resposta e Sakura pressionou os lábios no meu pescoço.

— Boa noite, Anata — ela bocejou para enfatizar seu cansaço e eu deixei que se acomodasse mais a mim.

— Aa — respondi-a, firmando minha mão em sua cintura, e depois, sussurrante, acrescentei ao pé do seu ouvido: — Feliz aniversário.

Três dias depois, num dos esconderijos lúgubres de Orochimaru em Oto, antes da data prevista, depois de horas em trabalho de parto e pelas mãos de Karin, minha filha enfim veio ao mundo.

Era o meu recomeço, a minha segunda chance, o meu presente postergado e o de Sakura, também: a nossa pequena Sarada.


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Notas finais do capítulo

Para ser sincera, acredito que essa seja a última one-shot que escrevi sobre SasuSaku. Eu já tenho planos de deixar o Fandom depois que terminar minhas Fanfics (o que não está muito longe de acontecer).
...
Depois de mais de um ano do fim do mangá, é natural que percamos o entusiasmo, não? Haha Mas, enfim, espero que tenham gostado ;)
...
Nos vemos nos reviews e até! :*



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