Rise escrita por Mrscaskett


Capítulo 31
Capítulo 31




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KATE POV.

Castle não entende, mas eu não posso deixar esse caso de lado. Eu sou feita desse caso, cada célula em meu corpo grita para que eu resolva esse caso, eu não vou desistir assim. Ele podia não entender, mas eu estava fazendo isso por mim e por ele, porque só quando eu resolvesse esse caso eu poderia viver em paz, e ser a pessoa que ele queria que eu fosse, e viver o amor que eu quero e mereço ao lado dele.

Me tranquei no quarto voltando para debaixo das cobertas, e assim que eu me senti protegida por aqueles cobertores grossos, como se fosse uma barreira de ferro entre o mundo e eu, onde eu estaria segura de qualquer coisa, eu me permiti chorar. Os soluções faziam com que meu corpo inteiro tremesse, e quanto mais eu tentava me controlar, para que ninguém escute meu choro, mais eu chorava.

Não quero que o Castle me veja chorar feito uma garota mimada. Mas a verdade é que esse caso todo mexeu comigo. Eu já abandonei tudo uma vez, eu já esperei esse um dia que o Castle falou chegar, e só chegou depois que ele apareceu na minha vida e começou a investigar tudo, mesmo eu pedindo para que não fizesse isso.

Só eu sei a dor que sentia em meu peito quando chegava em casa tarde da noite, deitava em minha cama e ficava sozinha com meus pensamentos, meus medo e meus traumas. A vontade de voltar a investigar era muita, mas não tinha pistas, e cada vez que eu investigava mais perguntas surgiam, mas nenhuma resposta.

Deixei o caso da minha mãe pra lá naquela época, não poderia fazer isso agora. Agora eu tinha pistas, eu sei que tem alguém por ai que quer me ver bem, que pegou os papeis para me proteger, caso contrário, não teria me levado de volta pra casa, teria me matado na primeira oportunidade que tivesse. Eu só não consigo imaginar quem possa ser.

Eu começo a ter controle do meu corpo, ele já não treme mais como antes, mas ainda saem soluços de mim. As lagrimas lavam meu rosto, e não adianta o quanto eu tente limpa-las, elas sempre voltam. Então eu deixo que elas caiam, molhando meu rosto e até mesmo os lençóis de Castle.

Não sei quanto tempo se passou desde que eu saí da sala, deixando ele sozinho. Rick não merecia isso, não me merecia. Talvez se eu fosse menos complicada, se eu não tivesse que levar meu passado junto comigo ao presente. Talvez, quem sabe, ele ainda me merecesse.

Tiro meu rosto de dentro das cobertas e pisco, vendo a luz do sol forte que dominava o quarto. Estou sozinha, e tudo parece igual a quando eu entrei aqui. Sem sinal de Castle. Por um lado era bom, eu precisava ficar sozinha, mas por outro, eu sentia falta dele próximo a mim.

Eu começava a sentir raiva dele. Raiva por ele querer que eu desista do caso, raiva por ele pensar que eu desistiria. Será que ele não me conhece? Eu nunca desistiria, principalmente depois de eu saber que existem papeis que podem me ajudar a descobrir quem matou a minha mãe. Ele deveria saber disso. Eu não desistiria agora, e se fosse pra mim morrer resolvendo esse caso, eu morreria sabendo que lutei pela minha mãe.

Escuto uma batida fraca na porta, e em seguida sinto alguém se aproximar. Fecho os olhos e respiro fundo, não sei se quero falar com ele agora. Mas como eu sei que ele não vai me deixar em paz, eu enxugo minhas lágrimas pra ele não quer que eu chorei.

— Kate? – a voz doce da Alexis me desperta de meus pensamentos.

Rapidamente me recomponho, sentando na cama e olhando para a ruiva com olhos assustados a me observar.

— Pensei que estivesse dormindo. – ela diz sorrindo um pouco.

— Não, eu estava apenas descasando um pouco. – sorrio também.

— O almoço já está pronto. – almoço? Que horas eram?

Olho para o relógio na mesa ao lado da casa e vejo que já passa do meio dia e eu nem notei o tempo passar. Era sempre assim quando eu pensava no caso da minha mãe. As vezes o dia amanhecia e eu nem percebia, assim como agora.

— Eu... – respiro fundo. – eu já vou. Só vou lavar meu rosto.

— Tá bem. – vejo Alexis sair do quarto e, ao invés de me levantar, eu deito novamente.

Não quero ver ninguém, principalmente o Castle. Sem falar que eu não estou com fome. Eu sei que tenho que comer, mas se eu tentar comer algo agora, sei que vou colocar tudo pra fora.

CASTLE POV.

Mesmo depois de todos almoçarem, e se retirarem da mesa, eu continuo aqui esperando por ela. Já faz trinta minutos desde que eu pedi para Alexis ir chama-la, e ela disse que já vinha. Penso em ir lá, ver ser aconteceu algo, mas talvez ela esteja apenas me evitando.

A comida já começa a esfriar, e a minha fome aumenta a cada minuto que passa. É angustiante ficar assim com a Kate. Eu sempre penso o pior, como agora, que nada tira da minha cabeça que ela está lá dentro colocando suas roupas de volta na mala para ir pra casa. Eu não poderia aguentar ver isso, e talvez esse seja o real motivo para que eu não me levante dessa cadeira.

O tempo passa e eu me dou por vencido. Levanto num ato de coragem e vou até o quarto, abrindo a porta depois de bater e ela não responder. Fecho meus olhos, rezando internamente para que meu pensamento esteja errado, e quando eu os abro vejo ela deitada na cama. Dormindo feito um anjo, e eu fico aqui parado, apenas observando ela. Seu peito sobe e desce devagar, inspirando e espirando lentamente. Era bom vê-la dormindo. Esperava poder fazer isso mais vezes.

Minha barriga começa a roncar de fome, ela está dormindo tão profundamente que duvido que ela acorde tão cedo, então apenas saio a passos lentos do quarto. Almoçar sozinho não é o que eu gosto de fazer, mas eu escolhi esperar ela, e ela não veio almoçar comigo. Então, antes de fazer o meu próprio prato, faço um prato pra ela, guardando no micro-ondas, pronto para ser esquentado.

Eu e Kate discutimos mais cedo, e mesmo eu não querendo fazer isso, vê-la fazendo a mesma coisa que fez quando levaram a Alexis foi demais pra mim. Ela se entregou para os caras da última vez, que por sorte não era quem a gente pensava. Ela teve uma segunda chance e vai simplesmente jogar no lixo para poder lutar por sua causa, sem se importar com seu pai, seus amigos e, principalmente, comigo.

Me dói profundamente saber que não sou tão importante pra ela quanto ela é pra mim. Me dói saber que ela não é capaz de abandonar tudo por mim, porque eu seria capaz de largar tudo por ela. Eu fui capaz de entrar na frente dela quando ela sofreu o atentado. Mesmo chegando tarde demais, EU TENTEI. Eu não pensei na minha vida, não pensei em minha filha e nem na minha mãe. Eu simplesmente fui. Mas ela não seria capaz de nada disso.

Encarar a Kate agora seria quase impossível. Eu estou chateado e ela também, nós ficaríamos apenas nos encarando sem nada pra dizer. O silencio nunca foi um problema para nós, mas hoje ele seria como um tiro bem no meu peito.

Deixo o tempo passar, ela no quarto trancada, dormindo ou não, e eu na sala, tentando me concentrar em um filme que eu nem sabia o nome. Mas quando eu olho para o relógio já são mais de duas horas da tarde, e ela não comeu nada. Nós estamos chateados, mas eu pedi para ela vir comigo pra cá que eu iria cuidar dela, e eu não estava cuidando dela agora.

Esquento o prato de comida que eu fiz pra ela, preparo uma bandeja com suco e frutas cortadas e adiciono o prato nela. Seguro firme e vou até o quarto. Sem bater antes, eu entro e a encontro acordada, olhando pro teto. Assim que nota minha presença Kate senta na cama, me encarando. Ela está com o cabelo solto agora, e liso, diferente dos cabelos ondulados que eu tanto amava. Kate estaria linda de qualquer jeito, mas com os cabelos ondulados ficava radiante.

Paro alguns segundos olhando para ela, minha amada Kate visivelmente chateada comigo. Me aproximo e coloco a bandeja sobre a cama.

— Acordou faz tempo?

— Não. – ela se limita a dizer.

— Você não comeu nada ainda. E já passou da hora. – aponto a bandeja. – coma.

Ela olha pra bandeja e depois me encara, dando um sorriso fraco, e em seguida começa a atacar a comida. Fico observando ela comer, Kate estava realmente com fome. A cada garfada ela bebe um pouco do suco, dirigindo toda a sua atenção para a bandeja a sua frente.

— Vai ficar ai me encarando? – ela pergunta entre uma garfada e outra, mas ainda sem me olhar.

— Não tenho nada melhor pra fazer. – dou os ombros e um leve sorriso surge em seus em seus lábios de novo, que logo é substituído por um bocão preparado para mais uma garfada cheia de comida. Aquilo sim me faz rir.

Não falo mais nada, apenas observo ela comer. Não sabia o que falar, acho que não tinha nada para ser dito, e ela parecia pensar o mesmo. Meu celular toca, quando eu tiro do meu bolso eu vejo o nome de Paula da tela, ignoro, não queria ter que sair hoje para ir a editora resolver qual a capa para meu próximo livro. Porque ela não poderia me mandar por email, assim como fez com os outros?

— Você pode ir se quiser. – ela diz ainda sem me olhar.

— Como? – Olho pra ela ainda sem entender e me aproximo.                                                

— Pode ir. Não precisa ficar aqui. – ela finalmente me olha. – Você tem um compromisso, não é? – ela aponta para o celular na minha mão.

Como ela conseguiu descobrir que eu tenho que sair com apenas um toque no celular?

— Não é nenhum compromisso. – digo guardando meu celular em meu bolso, que começa a tocar novamente.

— Eu te conheço. Essa é exatamente a cara que você faz quando tem que sair no meio de um caso para ir a editora. – droga! Ela me conhece melhor do que eu pensei.

Desligo a chamada e coloco o celular no silencioso, guardando ele novamente no bolso. Eu só sairia de casa hoje se ela realmente não me quisesse por perto. E só tinha uma maneira de saber disso.

— Você quer que eu vá, Kate? – o seu olhar fica meio perdido, como se não esperasse aquela pergunta. – você quer que eu vá, Kate? – repito a pergunta quando ela demora muito a responder.

— Eu disse que se você quiser ir, não precisa ficar. – ela desvia seu olhar novamente, para a janela, a porta, o chão, o teto, a bandeja. Qualquer coisa, menos eu. Ela estava realmente querendo me ver longe.

— Tudo bem, eu vou. – a encaro por um segundo, mas ela não me olha mais.

Me viro e saio do quarto, sem olhar pra trás.


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Notas finais do capítulo

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