Dave se aproxima de mim “Aaron, eles precisam leva-la” “Não, eu não posso deixa-la” meu amigo de longa data coloca a mão em meu ombro “Aaron ela está morta”. Ela se foi e tudo foi culpa minha. Não deveria ter mandado ela, para a casa do suspeito. Agarrado ao seu corpo sem vida, eu choro, sim Aaron Hotchner está chorando e não está dando a mínima para quem quiser ver.

Quando eles a levam, Dave me guia até o carro, tudo passa tão rápido, mas ainda sim sou capaz de ver a expressão de culpado no rosto de Morgan, Reid desolado e JJ chorando. Os próximos três dias à espera da liberação do corpo, eu passo em casa sozinho. O álcool se faz presente durante todas as setenta e duas horas e quando Dave vem me ver, ele diz algo que eu não dou importância, a única coisa que sou capaz de dizer é “Foi tudo culpa minha”, ele recolhe as garrafas e me faz ir tomar um banho, quando termino ele havia feito um café, tão amargo quanto o período em que estou passando. “Foi culpa minha Dave” eu digo novamente e ele diz “Não foi culpa sua Aaron. Deus ela estava fazendo o trabalho dela. O único culpado foi aquele em que você atirou Hotch”.

Durante seu funeral, uma garoa começou a cair, não havia um ali que não tivesse no rosto a expressão de luto. JJ e Penélope estavam com os olhos inchados, Reid também tinha a expressão de quem havia chorado há pouco tempo, Dave embora não parecesse está abalado, Emily sempre foi como uma filha para ele. Morgan estava com sua expressão séria, mas eu sabia que ele estava em luto e sentindo uma parcela de culpa, afinal ele estava com Emily na visita ao suspeito, mas o mesmo conseguiu neutraliza-lo e sequestra-la e ela acabou sendo cativa por vinte e duas horas. Até mesmo Sean apareceu. E as crianças? Refletiam o meu próprio estado: Perdidos, inconsoláveis, solidão.

Depois do funeral, eles queriam beber em homenagem a ela, mas eu não poderia ir, precisava de um tempo sozinho, então fui para casa, onde as memorias dos anos mais felizes da minha vida estavam. Cheguei em casa e a primeira coisa que fiz foi pegar o álbum de fotografias e com ele, inúmeras memórias vieram à minha mente.

Era dia dos namorados e eu queria que fosse especial, eu lhe dei flores, a levei para jantar, fiz tudo o que seria o certo e no final da noite eu a pedi em casamento, sorrindo e com lagrimas nos olhos ela disse sim.

Era o dia do nosso casamento e eu fui chamado para um caso de emergência, eu não ia, mas era um sequestro de criança, e ela então veio até mim e disse “Temos dez horas até o casamento, encontre essa criança e eu estarei te esperando no altar daquela igreja” E assim eu fiz.

Era natal e estávamos trocando presentes, tinha dado a ela uma pulseira e no momento estava abrindo o embrulho que ela tinha me dado, me surpreendi com o que tinha lá dentro, um sapatinho de bebê. “É sério?” eu perguntei a ela e ela respondeu sorridente “No próximo natal, estaremos comemorando com um bebê Hotchner” eu a abracei e declarei “Eu te amo Emily”. Sete meses depois, eis que recebemos nossa maior surpresa, não era um novo Hotchner e sim dois. Um casal de gêmeos lindos.

Dez anos depois, ela tinha se cansado de papelada e resolvido se juntar a UAC, imaginem minha surpresa ao receber a documento de transferência de Emily Hotchner? Bem, eu não concordei, não queria coloca-la mais em perigo do que o necessário, mas Emily sempre soube me persuadir.

Oito anos depois, ela passou um ano inteiro em uma espécie de pré-síndrome do ninho vazio, já que a nossa casa que sempre foi agitada devido aos gêmeos, estava prestes a se tornar um local calmo sem a presença deles. Foi difícil para nós dois quando eles decidiram ir pra Yale, mas ela se gabava por eles terem escolhido a universidade dela.

Então dois anos após termos descoberto como lidar com a ausência de nossos filhos, ela me deixa. Mesmo prometendo nunca me deixar.

Prédio do FBI, UAC, corredor dedicado aos mortos em combate

Exatamente dez após a morte da agente Prentiss

(POV Agente Anderson)

O vice diretor Hotchner, estava passando pelos corredores da UAC. Não havia um agente que não desviasse o olhar do que estivesse fazendo para observa-lo sorrateiramente. Muitos sabiam sobre ele, promotor promissor que se tornou agente líder da UAC e mais tarde vice diretor do FBI, não era segredo para ninguém a lealdade e capacidade do homem, no entanto o que poucos sabiam era o ritual que ele executava nos últimos dez anos, sempre no mesmo dia, antes do almoço. Qualquer um que passasse e o visse ali olhando a parede dedicada aos heróis mortos em combate, pensaria que ele estava apenas olhando e talvez se lembrando de algum agente do passado. Mas ali também existia o agente Anderson, o cara com mais que um sorriso bonito, que observava o ritual anual, da antiga UAC. Vi o antigo chefe e hoje vice diretor observar a foto da esposa, vi o atual chefe de unidade da UAC Derek Morgan chegar acompanhado do doutor Spencer Reid que há cinco anos está ocupando o lugar de David Rossi, Vi também a chefe de seção Jareau e em seguida a chefe de operações virtuais e não mais colorida, Garcia. “Quem são eles?” Uma jovem agente me perguntou, crianças! Não sabem reconhecer lendas? “Eles são lendas, homenageando outra lenda. Agente Todd” disse e voltei a observa-los, se ela durar por aqui, ela irá descobrir que Derek Morgan não deixa ninguém para trás, presenciará as genialidades do doutor Reid, perceberá que a chefe Jareau não é apenas dona de um sorriso gentil, se tiver sorte poderá escutar alguma piada de Garcia e ainda descobrirá que Hotchner é um dos poucos caras, realmente honestos por aqui. E somente quando descobrir isso, somando a um pouco de sorte, talvez então ela ouça sobre a agente Emily Prentiss, a parceira de Derek Morgan, conselheira de Spencer Reid, amiga inseparável de Jennifer Jareau e Penélope Garcia e esposa de Aaron Hotchner. Observo então, eles se afastarem e apenas Hotch ficar “Um homem é aquilo que ele ama” reflito em voz alta e ouço um “Ah?” A novata ainda não foi procurar o que fazer? “Aquele homem agente Todd, é leal, corajoso e bom, se tiver sorte um dia você vai ver” eu disse e sai dali.

Mais tarde no mesmo dia

Túmulo de Emily Prentiss

(POV AARON HOTCHNER)

Deposito a rosa vermelha em seu tumulo, mas antes noto duas rosas brancas ali, com certeza as crianças passaram aqui. “Oi Em” eu digo e sorrio “Já são dez anos que eu acordo sozinho todas as manhãs. Dez anos em que suas roupas ainda permanecem no mesmo local, sim você ainda ocupa uma parte do meu closet. As coisas mudaram sabe? Henry entrou na faculdade, Reid tem uma noiva, Derek está esperando o terceiro filho e nosso primeiro neto está a caminho. Queria que você estivesse aqui. Sinto sua falta” Olho ao redor, o dia está nublado, não sou surpreendido pelo vento, o que me surpreende é o cheiro. Cheiro de baunilha, o cheiro dela. “Sinto muito, Em”.