O sol começava a despontar no céu indicando que o dia amanhecia, mas Shikamaru não se incomodou com isto desta vez. Ele não se importava realmente por não ter dormido aquela noite, ele apenas estava confuso quanto ao motivo.  

Há alguns dias aquele assunto o atormentava, e na noite passada não o deixara dormir. Apesar de refletir muito, Shikamaru não havia encontrado uma solução que não fosse mais problemática que o motivo de não ter conseguido dormir. 

Ele estava cansado e provavelmente tinha olheiras para comprovar isso, contudo, em nada ajudaria permanecer deitado. Levantou – se devagar, ao contrário do esperado, do desejado, ele não a veria aquele dia. Desejado?  

Ele balançou a cabeça algumas vezes na intenção de colocá-la no lugar. Quando finalmente estava pronto para sair, decidiu por caminhar pelas ruas da vila. 

Sentia – se menos disposto e animado que o costume, resultado da noite em claro, pensou. Era mais fácil é mais lógico aceitar ser essa a razão de sua indisposição. E não a falta daquela mulher. 

Então algo, ou melhor, alguém chamou sua atenção. Chouji estava parado frente ao portão da vila, as mãos postas atrás das costas. Shikamaru resolveu ignorar que inconscientemente havia ido até lá e apenas ficou a observar o amigo. 

Surpreendeu – se quando viu quem o amigo esperava. Definitivamente uma mulher problemática, pensou. Não tanto é claro, quanto aquela mulher. 

Shikamaru permaneceu parado enquanto via Chouji e Karui saírem caminhando pelas ruas de Konoha, lado a lado, como ele deveria estar fazendo no momento. Pôs as mãos nos bolsos e suspirou sonoramente assumindo o motivo de sua aflição.  

Ele estava com saudade de Temari. 

E a saudade aumentara quando Tsunade o informou que a chegada da outra havia sido adiada, sem nem ao menos lhe dizer a razão.  Pensou em todos os motivos possíveis para aquela situação e não gostou de nenhuma.  

Temari não era de fugir do serviço, portanto, ou estava doente ou alguém em Suna era mais importante que sua missão em Konoha, que ele. Pensou em escrever – lhe uma carta, mas isso o denunciaria. Teria de esperar então. Suspirou,  já a estava esperando a tanto tempo. 

Fazia algum tempo que Shikamaru não a via apenas como uma aliada, ela tornara – se uma amiga, uma companheira e depois disso algo mais, ainda que ele não assumisse.  

Afinal, aquilo não fazia sentido nenhum. Ela era de outra vila, eles teriam que manter um relacionamento a distância e relacionamentos assim eram fadados ao fracasso. O tempo sempre estava contra eles. 

Suspirou novamente, estava fazendo muito isso aquele dia. Logo ele que era tão inteligente, achou que enganaria a si mesmo. Ele a queria.  

Ali, ao seu lado. Naquele momento. Com todos os problemas que ela representava, com todas as soluções que ela significava.  

Imaginou se ela pensava nele, apesar de suspeitar que sim, não queria se precipitar quanto aos sentimentos dela. 

Desejou profundamente saber de seu paradeiro. Mulher tão problemática que nem ao menos mandava notícias, nem um mínimo bilhete dizendo que estava bem. Aquilo não era pedir muito. 

Imaginou se ela estaria com outra pessoa em Suna, seria melhor que estar sofrendo de saudade como ele estava naquele momento. Ele estava sofrendo? Um calafrio percorreu seu corpo ao cogitar pensar a possibilidade dela estar com outro.  

Ele não queria que ela estivesse com outro. Ele apenas a queria. E apenas queria que ela o quisesse também. 

—  x –  

Aquela tempestade havia chegado de surpresa e por conta dela havia tido que adiar sua ida a Konoha. Não que tivesse medo, mas Kankuro a segurara em Suna para caso de problemas.  Não obstante, logo que a tempestade passara, ela pegou suas coisas e rumou para a outra vila.  

Ela o queria profundamente, tinha certeza disso; não aguentava mais esperar um único dia para revê - lo. Não se importava realmente com a distância de suas vilas, ela a atravessaria cem vezes se fosse necessário; é claro, que nunca diria isso a ninguém, nem mesmo a ele. 

No tempo em que não se viram também não se comunicaram e ela não sabia se o Nara estava em Konoha. Suspirou. O que ela realmente desejava era que o Nara deixasse de preguiça e tivesse uma atitude quanto a eles. Que ele percebesse o quanto estava claro que eles se queriam. 

Quando Temari chegou a Konoha assustou – se com a presença de seu guia no portão. Ela não avisara sua chegada, então o que ele estava fazendo ali?  

—  Até que você é eficiente  -  Ela provocou, mas, não pode esconder o sorriso que se formou em seus lábios.  

— E você demorou. -  Ele respondeu sorrindo também e depois rumou para dentro da vila. 

— Não me diga que ficou me esperando. -  Ela perguntou já o seguindo. Tinha o tom zombeteiro de sempre, mas um brilho diferente nos olhos, ele notou. 

—  Fui ao portão todos os dias. -  Ele revelou e parou bruscamente, fazendo -  a parar também. Ele fitou suas preciosas nuvens por um breve momento antes de encarar os olhos dela. 

— Por que?  

—  Mulher problemática. -  Ele disse e mostrou – lhe um meio sorriso, aproximando – se mais dela. 

Ela também sorriu e deu um passo em sua direção. Temari pensou em romper a distância entre eles, contudo Shikamaru capturou seus lábios antes. 

Um beijo simples, curto, tímido. -  Também senti sua falta. 

Ele segurou a mão dela e não surpreendeu – se quando ela apertou sua mão. Shikamaru voltou a caminhar pelas ruas da vila, dessa vez com Temari ao seu lado, ele notou que mesmo com pouco movimento, aquele dia parecia muito mais animado.