Acho que não é só amizade escrita por Nenda


Capítulo 6
Capítulo 6




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/690179/chapter/6

Depois de aguentar o tedioso dia do sábado, eu poderia finalmente comemorar: passaria a noite me divertindo com os outros no apartamento da Lucy, e, depois, com a Erza... subia até um arrepio, eu quase gemia, excitado, só de lembrar.

Até o outro dia.

Eu arrumei a mochila com antecedência, e meia-hora antes de ter que sair de casa, eu já me dirigia à porta.

— Aonde você imagina que vai? — a voz do Lyon me parou, e eu olhei confuso para ele, no sofá. — A mamãe ligou e disse que volta amanhã cedinho, e olha a bagunça dessa casa!

Ele passou o dia formando a zona que eu contemplei.

— Eu posso arrumar antes que ela chegue — assegurei com um sorrisinho, abrindo a porta atrás de mim.

— Eu quero que você arrume agora — seu sorriso de canto demonstrava quão divertido estava sendo.

Mas eu tenho que ir — insisti, controlada e calmamente.

Não é do meu interesse. Arrume.

Tudo bem... era só uma vingancinha por eu tê-lo atrapalhado ontem, nada demais. De qualquer modo, eu tinha um tempinho, podia dar um jeito nas coisas e talvez nem chegaria atrasado, e mesmo que chegasse, teria uma justificativa.

Eu joguei a mochila perto da porta e abri botão por botão da minha camisa, tirando-a e me encaminhando para a cozinha, para ver o estado do local e começar por lá. O que eu vi não foi de Deus, o lugar impecável de dois dias atrás agora era totalmente sujo e grudento. Meia hora com certeza não seria o bastante.

Terminou? — o Lyon perguntou, bem-humorado como deveria estar depois de estragar o meu ânimo.

Eu inspirei, determinado a terminar aquilo rápido e passar na cara dele, então comecei... A cozinha, na verdade, foi a parte mais fácil, a difícil foi a sala, porque o Lyon, além de não ajudar, usava todas as maneiras possíveis para me atrapalhar e bagunçava o arrumado descaradamente. Eu senti uma breve vontade de fazer ele engolir aquele jarro da mesinha de centro, mas logo passou quando ouvi as suas risadas. Mesmo que sendo às custas do meu sofrimento, era legal de vez em quando ver ele rindo por minha causa.

— Terminei! — comemorei, olhando a beleza como a minha humilde residência ficou e me orgulhando. Catei minha camisa e a mochila do chão e abri a porta. — Já vou, tá?

— Nã, nã, nã! — ele de repente estava ao meu lado, pondo o braço ao redor do meu pescoço. — Eu acabei de decidir que é melhor você ficar em casa!

Eu não acreditei, só olhei para ele e esperei um sorriso de “brincadeirinha”.

— Aliás, você tá todo suado, vai tomar banho, vai — ele me empurrou para a escada, mas eu não me aproximei dela, eu quis refutar, mas a voz não queria sair.

Como assim decidiu que eu vou ficar?

— E- Eu tenho que ir, Ly...

— Eu já te disse, não me interessa — deu de ombros, simples. — Agora, você sobe, toma banhinho e vai mimir, Gureizinho! — sorriu sem mostrar os dentes, apontando para a escada.

Eu não me movi.

— A não ser que você queira que a mamãe saiba o quanto você foi desobediente e bagunceiro... — disse seriamente, os olhos entrecerrados e malvados. — Bagunçou a casa toda e eu tive que arrumar sozinho... Que menino mau!

Meu queixo caiu com aquela frase, eu realmente senti vontade de rir – provavelmente para não chorar. O indicador dele continuava mirando a escada, e seu olhar sugestivo me fez subir antes de falar alguma besteira que piorasse a minha situação.

Bom menino! — mordi o lábio inferior, para evitar responder à sua ironia.

Fui tomar banho, lavando um pouco da raiva junto com o suor. No meu quarto, eu vesti o moletom do Pikachu que a Erza me deu, e planejei ir dormir com ele, para talvez sonhar que aproveitava o fim do meu sábado com os meus amigos, pois só assim para o dia de hoje ter alguma validade na minha vida. Fiquei mais triste por pensar que dormiria tão cedo, não devia ser nem...

Eu rastejei rapidamente para fora da minha cama e corri para a sala, encontrando o Lyon dormindo no sofá.

— Lyon! — cutuquei o seu rosto insistentemente, até ele abrir os olhos, irritado. — Eu posso ficar na calçada?

— Que roupa é essa? — arqueou uma sobrancelha, me analisando.

— Eu posso ficar na calçada? — repeti com impaciência contida, e ele negou com a cabeça.

— Claro que não. — outra vez apontou a escada. — Quarto.

— Lyon!

Quarto.

Ai como eu quis pular naquele sofá, ficar de pé e dar um pisão bem entre as pernas dele – porém a vontade de ter sobrinhos me parou.

Quando percebi, ele já estava deitado de bruços e dormindo novamente, a cara enfiada numa almofada. Eu andei até a porta silenciosamente, mas já sabendo no que ia dar.

— Pro quarto, Coisinho! — disse abafado, com preguiça e impaciência na voz.

Bufei, discretamente, e pisei forte até o meu quarto.

Eu não sabia se a Juvia saía aos sábados, mas, se sim, eu poderia passar um tempo divertido perturbando-a, para ir dormir feliz. O que não ia acontecer, porque eu não poderia persegui-la pela rua.

Só olhar pela janela.

Essa noite ela veio da direção oposta, da esquina, e não usava nada para se esconder, havia um guarda-chuvas em sua mão, que ela balançava enquanto caminhava. Eu deixei um risinho escapar quando ela olhou para a minha casa, por um longo momento, e não fiz nada para chamar sua atenção, porque se o Lyon me escutasse talvez viesse pôr pregos na minha janela – além de ir paquerar a moça. Apenas observei até ela sumir na porcaria da escuridão que tomava o fim da rua. Maldita hora que o poste foi dar defeito.

O Lyon tinha terminado com aquela menina que vi em cima dele anteontem, mas não foi por minha culpa – acho. Era quase um ritual para ele: cinco dias namorando, o fim de semana sozinho, largado no sofá até a segunda-feira. Mas hoje, pelo que pareceu, o Lyon madrugou fora de casa, fazendo sabe-se lá o quê.

E eu fiquei lá, na sala, esperando a dona Ur, que deveria chegar cedinho hoje.

A porta se abriu, e eu não demorei nada a olhar para lá, esperando ver a minha mamãe sumida, mas encontrando o meu irmão malvado e galinha.

— Que é? — perguntou grosseiramente, a irritação estampada na sua cara.

Eu me voltei para a tevê desligada à minha frente e puxei as pernas para cima do sofá, abraçando-as, me proibindo de olhar de novo para ele, ou talvez fosse estrangulado. Eu não podia ser estrangulado, tinha coisas importantes para amanhã.

Senti um tapa atrás da cabeça, mas me mantive direcionado à tevê. O Lyon podia só querer descontar mais a sua raiva. Outro tapa, mais forte e incômodo, e acabei vacilando e virando para encará-lo, dando de cara com a sua mão, que segurava duas barrinhas de chocolate. — Pega — eu levantei o olhar para o seu rosto impassível, curioso da razão para ele me dar aquilo. — Não é um pedido de desculpa, entenda. E pega logo, se não eu jogo fora.

Em três segundos, eu estava enfiado na geladeira, procurando um lugar para esconder as barrinhas para não acabar ficando sem elas depois.

— Cadê o seu moletom?

Na porta da cozinha havia um ruiva séria, usando uma blusa de moletom do Pikachu como se fosse um vestido. Eu não consegui ocultar a alegria de vê-la ali, quase pulei em cima dela, mas me contive em um simples abraço bem, mas bem apertado.

— Você me deixou muito triste, Gray — ela segurou no cós da minha calça e me puxou para a escada. — Agora você vai ser obrigado a me ouvir reclamar pela tarde toda o quão péssimo amigo você foi por não ir à nossa festa do pijama!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu não consegui escrever além disso ainda... sinto muito pelos erros.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Acho que não é só amizade" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.