Pétalas de Saudade escrita por Ankhy
Notas iniciais do capítulo
✗ Primeira oneshot postada. Eu sou uma bébé escritora, ainda estou na fase de aprendizagem. Então sejam compreensíveis comigo. Brincadeira, comentem tudo o que acharam, o que gostaram e o que não gostaram. -q
✗ Recomendo escutarem esta música ao longo do capítulo ( https://www.youtube.com/watch?v=1F_Hdd0rmUk )
✗ Curiosidade: Escrevi esta OneShot no ônibus -q
✗ Boa Leitura, espero que gostem. (▔﹏▔)
Não era real.
Ali, bem à sua frente, estava ele. As suas expressões eram tão serenas, que ela se perguntava se ele acordaria em breve. Perguntava-se quando é que abriria os olhos de cores diferentes, e sorriria — assim como sempre sorria para ela —, doce e terno. Levantaria os braços, e ela correria para o abraçar. Depois, ele diria-lhe ao ouvido que era tudo mentira, que eles mentiam para ela, que ele nunca a deixaria.
Mas Lysandre parecia nunca querer acordar do seu sono.
O céu estava escuro, as nuvens carregadas de água. Talvez também elas se se prendessem para não chorar. Eles estavam no auge de Dezembro, os dias eram sempre frios. Porém, até o vento parecia soprar uma aura diferente. Uma aura depressiva.
Percebeu quando o velho Padre parou de recitar as palavras do livro sagrado que levava nas mãos. Fechando o livro com barulho, como se dissesse “Última oportunidade para dizer adeus.”
Castiel estava ao seu lado, ele nunca saíra do seu lado desde o início.
Ele tinha o olhar vazio, e negava-se a encarar o caixão, olhando o horizonte. Mas os resquícios de inchaço que rodeavam os seus olhos e as olheiras que se destacavam pelo tamanho, revelavam que Castiel não estava alheio a tudo aquilo. Isso fazia-lhe sentir empatia pela situação do ruivo, ela não se encontrava diferente.
Castiel perdera o seu melhor amigo. Ela perdera o seu primeiro amor.
Ambos sentiam na pele, com força e sem piedade, a dor de perder uma pessoa tão especial e autêntica. Lysandre foi lhes arrancado dos braços de uma maneira tão súbita. Só sabia que, de repente, ele não estava mais presente. Entretanto, a morte era mesmo assim, com passos surdos, levava, e nada deixava em troca. Apenas um buraco no peito com o seu assalto.
Viu quando Josiane¹, vestida de negro dos pés à cabeça, debruçou-se sobre o caixão. Ela chorava alto sem refrear qualquer soluço, abraçada ao corpo do seu filho como se nunca o fosse largar. Dizendo coisas como “Meu menino", "Meu querido menino”, "Tão jovem". Enquanto afagava os seus cabelos com os olhos cheios de lágrimas.
Conseguia ouvir o choro de Rosalya atrás de si aumentar, e percebeu Castiel ao seu lado começar a tremer em silêncio.
Tudo pareceu despencar, mais uma vez, aos seus pés. Ela pensava que depois da madrugada toda a chorar, não tinha água o suficiente no corpo para voltar a molhar as pestanas. Mas lá estava ela a soluçar sem parar como uma criança. Chegou ao ponto de não sentir mais força nos joelhos, e cair de encontro à terra batida. Esfregando os olhos, enquanto mais e mais lágrimas desabrochavam. Nunca pareciam acabar.
Ela perdeu Lysandre. Ele seria enterrado a metros do chão, destinado a definhar naquele caixão sozinho. Nunca mais o veria. Nunca mais escutaria a sua voz. Nunca mais sentiria os seus lábios, o seu calor, o seu abraço. Ele foi-se, e ela poderia apenas ficar com as lembranças do quem um dia ele fora. Lembranças que se esqueceria com o passar do tempo. Com o passar dos anos, não mais se lembraria como era a sua presença, o seu aroma, o seu sabor. Guardaria apenas a saudade. E ela não queria isso, ela o queria de volta.
Rosalya e Leigh aproximaram-se do caixão, despedindo-se. Muitas outras pessoas o fizeram, colegas de turma, pessoas que ela nunca tinha visto na vida.
Sentiu quando uma mão pousou no seu ombro. Era Castiel. Os seus olhos diziam ”É a nossa vez.”
Ergueu-se com dificuldade, a força não tinha voltado naquele meio tempo. Pelo contrário, parecia ser sugada pela terra, deixando-a sem nada.
Teve medo de encarar o interior do caixão, seria admitir para si mesma que nunca mais o veria. Em vez disso, procurou algo na sua bolsa transversal. De lá tirou um objeto, o qual ficou a encarar por longos segundos, apertando-o brutalmente entre os dedos. Era o bloco de notas de Lysandre.
Havia sido encontrado no seu corpo morto, juntamente com outros pertences seus.
— Eu não o li. — exclamou, referindo-se ao bloco. — Você sabe o quanto eu sou curiosa, mas eu não li. — continuou com a voz embargada. — Encontrei-o para você. — pousou-o no peito de Lysandre, vestido com uma vestimenta da Era Vitoriana. Talvez feita pelo seu irmão mais velho, Leigh.
Quando finalmente encarou a sua face com os olhos embaçados, não conseguiu mais resistir. Ele continuava tão belo, tão calmo. Abraçou-se a ele.
— V-Volta, Lysandre. Volta, por favor. Não me deixe. Dói como o inferno. — pedia, agarrando-se à pele fria.
Sentiu um braço rodear-lhe a cintura, e puxá-la para trás, para longe de Lysandre.
— Não! Não! Vocês não podem fazer isso. Ele não pode ir. — ela gritava.
Dois homens desconhecidos aproximaram-se do caixão, fechando-o. Escondendo o corpo deitado em cetim, rodeado de flores e as suas pétalas.
— Não! Por favor! — o braço continuava a puxar-lhe para longe. Percebeu que era o Castiel. — Castiel, você não pode deixar que eles façam isto ao Lysandre. — agarrou-se aos seus braços, pedindo com os olhos arregalados.
— Esteja calada. — resmungou sem nem encará-la, colocando a mão na sua nuca e empurrando-a contra o seu peito, num abraço desajeitado.
Ela sentiu-o calor da sua pele, e entregou-se à dor de novo, molhando a camiseta do ruivo ao som das pás que escondiam o caixão com a terra.
A terra que engoliria o caixão, e levaria Lysandre para sempre.
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¹ Mãe do Lysandre.