L estava entediado. Não haviam novas pistas sobre Kira, e Raito estava saindo da lista de suspeitos com impressionante rapidez. Mesmo depois de acorrentado a L dia e noite, os crimes continuavam. Agora L estava sentado exatamente como costumar sentar: pés sobre a cadeira, joelhos próximos ao peito. Devorava um bolinho de baunilha.

- Ryuzaki-kuuuuuuun, - Misa interrompe a refeição com sua voz irritante. - quando você vai soltar meu Raito? Está atrapalhando nossa relação!

- Senhorita Amane, seu namorado está sob suspeitas. Não creio que posso confiar ainda.

Raito suspira. De certa forma, era muito bom ficar longe de Misa. Ela o irritava, o agarrava mesmo que ele não gostasse. Mas a pior parte era dormir no mesmo quarto que L, porque este sofria de insônia e sempre ficava sentado na cama, olhando o vazio.

- Por favor, Ryuzaki! Deixa eu abusar dele um pouquinho...

- Mesmo que o solte, estarei de olho nas câmeras.

- Você é tão chato. - Misa se irrita, saindo da sala com uma pisada forte.

- Ei, Yagami-kun, você gosta da Misa?

- Sim, ela é uma ótima amiga.

- Não digo dessa forma... Quero dizer... - L olha pro teto, mordiscando a ponta do dedão.

- Ah, entendi. Bem... - Pra ser sincero, Raito odiava Misa e só a estava usando, mas não podia levantar suspeitas. - Sim. Eu a amo muito.

- Entendo.

L se levanta com as mãos nos bolsos da calça jeans. Sua postura arqueada o deixava com um aspecto mais velho. Estava escurecendo, se aproximava a hora de dormir. Raito acompanhava L, já que estava acorrentado a ele. Os dois vão até a cozinha, e o detetive se serve de geléia de morango.

- Vai comer geléia de morango pura, Ryuzaki?

- Sim... - L comia pura porque se lembrava de um velho inimigo... Beyond Birthday. - Me traz lembranças de um caso policial.

Watari já havia se retirado, os outros detetives tiraram o dia de folga depois de muita investigação. Estava um silêncio horrível no local.

- Meninos, vou dormir. Amanhã tenho uma sessão de fotos. - Misa se aproxima. - Raito-kun, te amo, boa noite.

Ela beija Yagami com ternura, corando. Ele tenta fingir felicidade. L fica muito incomodado com aquilo. A garota vai para o quarto, batendo a porta com força e trancando.

- Ryuzaki, quando pretende dormir? Estou cansado.

- Ora, não me dê pressa!

Raito se levanta, rosnando.

- Ande logo, Ryuzaki! Quero dormir!

- Precisa falar desse jeito?!

L vai até o outro rapaz puxando-o violentamente pela gravata. Raito se desequilibra, caindo sobre L. A proximidade dos dois era constrangedora.

- Ora, vamos... Saia de cima de mim! - L empurra o outro, corado. - Se quer tanto dormir, que seja!

L se levanta e segue para o quarto quase correndo. O pulso de Raito lateja de dor porque ele estava quase sendo arrastado.

- Calma, Ryuzaki!

- Não estava dando pressa?

Para Raito, L às vezes era infantil. Mas o respeitava muito por ser um gênio. Eles se deitam em camas pouco separadas, pois a corrente não era muito longa. A noite estava muito fria.

- Você não dorme, Ryuzaki?

- Não. Dormir é para fracos.

As olheiras de L denunciavam sua insônia. Raito fitava seus cabelos negros e pele pálida. "Por que eu estou me sentindo tão estranho?", ele pensava. L fecha os olhos apoia o queixo nos joelhos. "Raito Yagami! O que está acontecendo com você? Pare de olhar pra ele!", pensava. Seu coração estava acelerado.

- Então... Ryuzaki...

- Yagami-san... Err...

- O que?

- ...Nada.

Raito senta na cama, virando-se para L. Sentia o coração bater mais forte, mas não sabia porque. Tudo que pensava agora era relativo a L. "Mas, espere... Eu... Eu não gosto do L. Ele é meu inimigo! Se ele souber que sou kira...", Raito estava confuso.

- Raito... - L se levanta.

Os passos de L são silenciosos, mas Raito pode senti-los. De repente, o detetive e seu procurado estavam no mesmo lugar. L se aproxima cada vez mais de Raito, segurando o rosto assustado dele com ambas as mãos. A respiração de L era desregular, quente.

- Ryuzaki, você...

- Shhh, você vai acordar a Misa.

L puxa Raito e o beija ternamente. Naquele momento, nenhum dos dois relutava, a sensação era boa. Raito abraça L, trazendo-o mais pra perto. A mão fria de L sobre a face do outro. Depois de alguns minutos eles param. A face pálida de L tinha traços avermelhados agora.

- Ryuzaki! - Raito fecha os olhos, constrangido, deitando-se bruscamente.

- Eu... eu... - L sempre foi bom com palavras, mas aquele momento estava muito tenso para os dois.

Raito respira fundo. "O que tinha sido aquilo?! E Misa? E o caso kira?!". O que sentia por L era muito maior do que pensava. Não queria deixá-lo naquela situação embaraçosa. Ele ergue seu corpo um pouco de forma a ficar próximo a L.

- Ryuzaki-kun... - Raito passa a mão nos cabelos de L, fazendo-o corar ainda mais.

- Isso não está certo. Você é o suspeito principal, não posso me envolver. - L levanta rapidamente.

Raito engole em seco, não queria que aquele momento acabasse. "Ah, L... por que não para de perseguir Kira? Não vê que vai sofrer? Ser o Deus do novo mundo... sem você... não faz sentido", Raito se levanta.

- L, não vê que eu amo VOCÊ?

Kira segura o detetive pelos ombros, jogando-o contra uma cadeira que estava próxima. L esperava que o outro esquecesse o que aconteceu, mas agora estavam ligados um ao outro por um amor proibido. Os lábios delicados de Raito tocavam os de L, que estavam sempre doces por causa da enorme quantidade de açúcar em seu café. Misa dormia tranquila, sem imaginar que seu suposto namorado estava ficando com o detetive anti-social.

- Yagami-kun... - L não conseguia respirar. - Nunca me deixe.

- Não seja tolo, eu quero sempre, sempre ficar com você. Não importa o que eu tenha que fazer.

E eles se permitem mais um beijo, dessa vez muito mais amoroso, muito mais livre.