Bodas de Ódio escrita por Vanussa Silva


Capítulo 1
Capítulo 1




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America

— Eu só queria está assim com você,todos os dias da minha vida. - sussurrei enquanto acariciava sua barba já crescida.

— Eu queria te beijar em cada praça desse lugar,te abraçar e gritar para todos que você é só minha.- ele beijou meus lábios e colocou suas mãos ao redor de sua boca como se quisesse amplificar o som. - America Singer é só minha. - ele sussurrou e me abraçou.

— Você tem que falar com o papai meu amor,ao contrário da minha mãe ele não se importa com status sociais,ele só quer que eu seja feliz. - eu disse e me encolhi em seu peito.

— Eu não sei meu amor,não quero correr o risco de te perder. - ele acariciou meus cabelos.

— Eu te amo Aspen Leger. - sussurrei

— Também te amo America Singer. - ele respondeu.

Eu e Aspen estamos juntos há dois anos,porém nosso relacionamento é secreto,claro há especulações por todo o povoado,mas nunca confirmamos.

Estou noiva de outro homem,Leonardo Diycasa,eu gostava dele,mas não o amava,todavia ele sempre colocava questões profissionais acima de nós dois e viajou para Itália há quase três anos,Leonardo constantemente me liga,manda e-mails e ainda faz planos para nosso casamento,todavia Aspen apareceu em meu caminho e eu o amo mais que a mim mesma.

Tenho receio de romper meu compromisso com Leonardo por minha mãe,ela não me perdoaria nunca,principalmente agora que nossa família está repleta de dividas e o papai está cada vez pior de saúde,não,definitivamente não posso.

Eu e Aspen nos vemos sempre que possível,quase sempre na praia,na madrugada.É o lugar que assiste nosso amor,mesmo que as vezes por alguns minutos.

— Eu não me canso de admirar esse lugar. - disse molhando meu pé na água.

— E eu não me canso de te admirar. - ele disse e eu sorri,era impressionante a sua capacidade de me envergonhar sempre que faz algum elogio.

— Tenho que ir. - falei e vi a tristeza em seus olhos. - Amanhã no mesmo horário? - propus.

— Amanhã no mesmo horário.- ele respondeu,eu aproximei meus lábios dos seus e depositei um molhado beijo de despedida,virei-me e caminhei em direção a minha casa,com certeza essa era a pior parte do dia.

Maxon

A tosse rouca daquele homem despertava piedade no mais profundo da minha alma,cresci naquela fazenda,por piedade o senhor Schreave me acolheu em sua propriedade por pedido do padre Ventura,que tomou para si a responsabilidade de não deixar-me perecer sozinho quando minha mãe morreu,que segundo me contaram foi logo depois de me dar a luz.

Logo quando alcancei um pouco mais de idade,o senhor Clarkson me deu trabalho em suas terras e me mantenho graças a sua caridade.
A pedido do Clarkson,eu fiquei do lado de fora do quarto enquanto esperava a saída do padre e do advogado de Clarkson do quarto,logo os dois saíram e o padre acenou para que eu entrasse.

Vê-lo morrer não era uma cena muito agradável,sua face estava pálida,seus lábios estavam secos e seu corpo arqueava cada vez que tossia.Apesar de sempre ter sido um homem muito duro e amargo,Clarkson me ajudou,não sei o que seria de mim sem sua piedade.

— Maxon. - ele disse com a voz fraca. - Aproxime-se. - ele pediu e assim o fiz.

— Senhor. - disse tirando meu chapéu e me ajoelhando aos pés de sua cama.

— Eu não tenho muito tempo e você sabe disso. - ele tossiu. - Nunca fiz nada na vida que fosse motivo de orgulho e talvez seja por isso que vim parar aqui.Serei breve pois não me resta mais tempo.

— Não entendo senhor. - disse encarando - o.

— Como você sabe,não existe quem me ame verdadeiramente,e isso é culpa minha, eu sei. - uma lágrima escorreu por seus olhos e ele puxou bruscamente seu fôlego. - A alguns anos atrás,eu cometi um dos meus piores erros,eu me aproveitei de uma jovem camponesa e desse pecado imperdoável nasceu você Maxon. - ele respirou por um momento enquanto procurava as palavras. - Deixarei toda minha herança para você Maxon,você é meu herdeiro,o legitimo.Sei que nunca poderia reparar meu erro,mas dessa maneira garantirei que você não ficará desamparado,nem você,nem minhas propriedades.

— Como você pôde? - indaguei cheio de repulsa. - Então eu sou…

— Você é meu filho Maxon Schrever. - ele afirmou em seu último fio de voz e logo suas pálpebras se fecharam.

— Não. - eu o balancei bruscamente. - Desgraçado,como você pôde. - logo senti mãos segurando meu ombro e retirando-me do quarto.

— Ele se arrependeu filho,é o que vale. - disse o padre.- Agora temos que cuidar do enterro.

Aquilo não era justo,eu queria mais respostas,ele resolve me revelar tudo na beira da morte,isso não é justo.

— Eu preciso sair um pouco. - disse ao padre e vi sua expressão de indagação. - Não se preocupe logo voltarei.

America

— A mamãe te viu sair tão tarde ontem America? - perguntou May,surpreendendo-me na minha tentativa de sair de casa desapercebida. - E hoje novamente. - ela disse me analisando de cima á baixo.

— Ela não precisa saber. - respondi. - Irmãzinha,por favor não conta.

— O que você está aprontando Mary,eu sou sua irmã mais nova porém sou mais coerente que você. - eu sorri de lado ao perceber sua preocupação. - Sei que tem algum garoto envolvido nisso.E o Leonardo Meri? Ontem ele ligou novamente e você não estava para atende-lo.Logo ele se cansará,e a mamãe vai infartar.Pense um pouco Meri.

— Eu sou feliz May. - foi a única coisa que eu disse e um sorriso compreensivo se formou em seu rosto.

— Tudo bem,mas não volte muito tarde. - ela advertiu como se fosse minha mãe e eu dei um pulo de felicidade,logo me conti,não queria chamar atenção de toda a casa.

— E não conte ao Kota. - disse,Kota é meu irmão mais velho,sempre irresponsável,Kota vive ás custas do papai,sempre inventa desculpas para não trabalhar e tem constantes brigas com o papai,porém a mamãe sempre intercede por ele e Kota não me inspira nem um pouco de confiança.

— Eu sei,não falarei nada,prometo. - dei um longo beijo em sua bochecha e sair.

May apesar de mais nova,era de longe a mais matura da casa e eu sabia que qualquer segredo estaria salvo em suas mãos.

Caminhei vagarosamente pelo caminho que levava até a praia sonhando com cada beijo que daríamos.

Maxon

— Maxon! - a voz da Kriss ecoava de longe. - Maxon! - sua voz ficava cada vez mais perto,virei-me e vi que ela tentava me alcançar.

— O que foi Kriss? - indague

— Não sei,você tá tão estranho.Me diz,o que o velho te disse?

Kriss cresceu comigo naquela fazenda,seu pai era o capataz da fazenda,sempre fomos muito próximos e essa aproximação gerou em Kriss sentimentos que não são correspondidos por mim.

— Por favor Kriss,depois conversamos. - eu disse.

— Mas para onde você vai? - ela perguntou. - Deixa eu ir com você. - ela praticamente implorou.

— Não,por favor.Eu,eu preciso ficar sozinho um pouco. - virei-me sem esperar respostas,ou o que é mais provável insistências,subi no cavalo que felizmente já estava selado,eu cavalguei para Illéa,um povoado a trinta minutos da fazenda.

Illéa é um povoado muito bonito,pequeno,porém bonito.Vários turistas visitavam o local e dava para saber o porquê.Cercado pelo mar,Illéa mais parecia uma ilha,o ar parecia mais puro,o vento soprava a todo instante e todos era bem receptivos.Não ia muito a Illéa,ficava mais na fazenda,sempre fui muito responsável com meu trabalho,mas nas poucas vezes que vim aproveitei ao máximo para admirar o lugar.

Caminhei até a praia,o lugar que mais me chamava atenção em toda Illéa,tirei meus sapatos,dobrei a bainha da minha calça e caminhei até a beira do mar.

Senti o vento soprando contra meu rosto,minha pele estava gélida,mas para mim aquilo era maravilhoso.Senti a agua fria tocar as pontas dos meus dedos e fechei os olhos,naquele instante não queria pensar em nada,queria esquecer que enquanto eu venerava Clarkson por ter tido piedade de mim todos esses anos e ter me dado trabalho em sua fazenda quando na verdade eu era seu filho,sempre tive direito a tudo.Mas o que mais me doía,eu sou fruto de um estupro!De um homem sujo que se aproveitou de uma pobre camponesa e depois de sua morte quis reparar seu erro.

Meus pensamentos inundavam minha cabeça,o silêncio das ondas se quebrando,o vento que assoviava no local,me ajudavam a não enlouquecer.Em um dia sou um simples peão,em outro sou filho de Clarkson Schrever e dono de tudo que ele possui.

Logo um vento fonte se choca contra meu corpo,fecho os meus olhos e respiro fundo,mas algo diferente me chamou atenção,algo quente encostou em minhas costas,olhei para baixo e vi duas mãos rodeando meu abdome.Um abraço caloroso me encobriu,virei,não sabia do que se tratava,logo vi uma mulher de cabelos longos e ruivos,seus olhos azuis me miravam com ternura,mas também com confusão.

— Me desculpa por favor. - ela pediu. - Eu o confundi.

Não importa quantas vezes ela me pedisse desculpas,a única coisa que queria era voltar infinitas vezes no tempo e senti novamente o corpo daquela completa estranho junto ao meu.

America

Caminhei vagarosamente até a praia,as luzes de Illéa estavam desligadas,todos estavam em suas respectivas casas esperando o dia começar,quando para mim ele só começara naquele instante.Alguns postes estavam iluminados,porém poucos, a maior parte da iluminação pública se concentrava no centro do povoado.

Assim que cheguei ao meu destino,apurei os olhos na tentativa de encontrar Aspen,o qual geralmente ficava sentado na areia observando as ondas do mar.Meus olhos percorreram toda a extensão da praia,logo um sorriso se formou em meus lábios,sua silhueta estava lá na beira do mar.

Tirei meu salto e corri em direção a ele,o abracei por trás com todas as minhas forças,fechei meus olhos,queria senti-lo,ele parecia mais forte,e seu perfume era diferente.Logo sentir suas mãos afastando as minhas do seu corpo,ele se virou e meu coração congelou ao constatar que eu acabara de abraçar um completo estranho.

— Me desculpe,por favor. - eu pedi. - Eu o confundi. - o rapaz loiro continuava me olhando. - Você deve está pensando o pior de mim.

— Não,não se preocupe. - ele respondeu gentil.

— A verdade é quem eu estava esperando uma pessoa e nesse horário não se ver ninguém aqui.

— Entendo.- ele disse. - Esse alguém que você espera,é seu namorado?

— Minha mãe me ensinou a não falar com estranhos. - eu disse dando um passo para trás.

— E o que ela diria se te visse abraçando um estranho a essa hora? - ele perguntou deixando-me sem respostas.

— Preciso ir. - disse me virando,porém ele segurou meu braço.

— Não me importo em ser confundido mais vezes minha querida. - ele disse com um sorriso nos lábios,direcionei meu olhar para sua mão que rodeava meu braço e logo ele soltou.

— Não sou sua querida. - respondi,e ele riu,achando graça daquilo tudo quando na verdade eu só queria que Aspen aparecesse. - De verdade preciso ir. - virei-me e saí de perto daquele homem,a decepção me dominava,Aspen não viria,ele nunca se atrasava,mas por que ele não se preocupou em me avisar,ou pelo menos vim para me dar satisfação,aquele dia voltaria para casa sem o sorriso enorme que me acompanhava sempre.


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Notas finais do capítulo

Comentem por favor,assim saberei que gostaram e continuarei postando.



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