— Eu estava dirigindo o maldito carro Robin, eu que ficava horas na empresa sem me importar- gritou em meio as lágrimas - Eu sou culpada pela morte do nosso filho!

Regina saiu da biblioteca correndo, não queria que ninguém a visse naquele estado, era doloroso demais, se lembrava como ficou feliz em saber que teria um filho.

Abril de 2014.

Já se passavam das 08:00 da manhã e Regina estava na cama dormindo, coisa que Robin estranhou, a morena sempre estava em pé muito cedo, ele que sempre acabava dormindo um pouco mais. Poderia ser culpa dele hoje, que acordou sem fazer ruídos e indo direto para o banho, Regina estava tão exausta de uns dias para cá que Robin resolveu não acordá-la, tentava fazer isso sempre, mas nunca dava certo ela sempre acordava no mesmo horário.

Sorrindo ele sentou no pé da cama, acariciou as pernas de Regina e fez uma cosquinha suave nos pés da esposa, essa apenas afastou o pé, suspirando se virou de costas para o marido.

 - Meu amor! – Robin se aproximou mais da esposa- Vamos, já passam das 08:00.

— Eu estou cansada, querido. – sussurrou se espreguiçando de olhos fechados.

— Você quer tirar um dia em casa? – beijou a face de Regina

— Uhuum – confirmou com um sussurro.

Robin levantou uma sobrancelha e se afastou um pouco.

— Quem é você? E o que fez com a minha esposa?

Regina gargalhou antes de responder.

— Alguém que está com muito sono! E se um certo marido não calar a boca, terei que matá-lo.

 -Ok, esquentadinha. –a beijou suavemente nos lábios. – Eu digo no escritório que você acordou indisposta.

— Não – Regina abriu os olhos, se virou e sorriu travessa para o marido – Você vai ligar, ou deixar eles ligarem, e falará que estamos indispostos. Coitadinhos de nós, estamos com um resfriado terrível.

O moreno olhou para os olhos de Regina e acariciou sua face.

— Com certeza você não é a minha Dama de Ferro

— Bem, se você não quiser- fez cara de inocente- Pode ir para o trabalho eu ficarei dormindo.

— Hum, passar o dia todo no trabalho ou passar o dia todo dormindo com a minha linda esposa nos meus braços?

Robin fez cara de pensativo que logo foi interrompido por Regina o puxando ao encontro de sua boca.

— Ficar em casa, com certeza! – Disse entre o beijo, caindo para o outro lado da cama levando Regina pela cintura, gargalhando.

Robin acordou com um barulho de água vindo banheiro, virou para o lado para pegar o celular, 35 chamadas não atendidas e vários e-mails eram vistos. Começou a responder os e-mails mais importantes, já se passavam das 13:00 deveria fazer algo para comerem. Suspirando largou o celular na cama e se levantou, ia sair do quarto quando ruídos e gemidos vieram do banheiro após o chuveiro ter sido desligado.

— Regina? – se aproximou da porta do banheiro- Você está bem?

— Estou.- sussurrou

— Não me parece. – abriu a porta e encontrou Regina no chão, enrolada em uma toalha, ao lado do vaso sanitário, correu para o lado dela. – O que aconteceu?

— Comi algo que não me fez bem- tentou sorrir.

— Você está péssima, querida- beijou a testa dela- Vamos! Já colocar um pijama e voltar para cama!

— Ok, papai- revirou os olhos, ia falar mais quando uma outra onda de enjoou a tomou.

Robin segurou seus cabelos e fez uma massagem em suas costas tentando passar algum conforto.

— Água. – sussurrou Regina.

O moreno prontamente pegou o copo da pia e encheu de água entregando a ela.

— Não entendo, não tenho mais nada para pôr para fora. – Encarou o marido – Talvez eu esteja morrendo.

— Ou talvez você esteja sendo dramática- ele a ajudou a levantar e se dirigir a cama do casal  a sentando na beirada – Esses enjoos começaram hoje?

— Na verdade já faz uma semana mais ou menos, mas hoje realmente foi forte. Na maioria das vezes é um pouco de náuseas com uma leve tontura. – Suspirou olhando para Robin que estava ajoelhado em sua frente.

— E você só me diz isso agora, Regina?

— Achei que fosse estresse. – deu de ombros.

O moreno parou por alguns segundos a olhando pensativo.

— Apple – a chamou pelo apelido carinhoso- Seus dias.. eles já?

— Que dias, Robin? – franziu a testa.

— Os dias... – levantou a sobrancelhas.

— Minha menstruação? Você pode falar menstruação, sabia? – sorriu para o marido – É algo normal, vem todos os meses. É uma forma da natureza te avisar que você não está. grá... OH MEU DEUS.

Regina arregalou os olhos.

— Eu não lembro de ter vindo no último mês.

— Você acha que possa estar? – sorriu e segurou as mãos da mulher.

— Eu não sei. – mordeu os lábios – Talvez.

Robin se levantou e pegou o celular.

— O que você vai fazer? – Levantou também, mas o movimento a fez ficar tonta

— Ligando para farmácia e pedindo um teste de gravidez. – segurando a esposa pela cintura, enquanto discava para a farmácia – E depois ligar para o teu restaurante preferido, temos que comemorar a grande notícia.

— Querido, você nem sabe se estou ou não grávida.

— Eu sei que está! - deu um selinho na esposa e seguiu falando com o atendente da farmácia.

— Já é o quinto teste, Regina.

A morena olhou para ele com lágrimas nos olhos, já fazia mais de 1 hora que estavam fazendo os testes e todos eles deram positivos.

— Nós vamos ter um bebê, querido – sorriu e abraçou o marido com força . – Nós realmente vamos ter um bebê.

Julho de 2014

Se passavam da meia noite, Robin tinha ligado para ela várias vezes na noite para que voltasse para casa, passou o dia todo no trabalho, teve um erro no contrato de um grande empresário os advogados deste caírem em cima da empresa. Mal teve tempo de se alimentar direito. Uma enxurrada de problemas estava acontecendo na empresa nos últimos meses, Regina mal conseguia dormir.

— Vamos para casa, bebê – alisou a barriga de quase 5 meses.

Entrou no carro e esfregou os olhos, estava realmente cansada, saiu do estacionamento subterrâneo, passou o dia todo no escritório e não tinha reparado que chovia intensamente. A estrada até o apartamento estava mais escura que do que o costume e parecia ser mais longa. Numa curva Regina começou a sentir umas pontadas abaixo da barriga, era uma dor realmente forte.

— Hey, bebê. – gemeu – O que houve?

A dor que se seguiu foi tão intensa que fez Regina fechar os olhos por alguns segundos, segundos estes que fez o carro acabar indo para contra mão, Regina abriu os olhos para encontrar dois faróis brilhantes indo ao seu encontro.

— NÃOO...

Tempos atuais

— NÃOOO – acordou em sobressalto.

Já se faziam duas semanas que tinha esse mesmo pesadelo, ela estava de volta no carro, os dois faróis do caminhão a sua frente, a dor, o desespero, a perda.  Com grande esforço Regina resolveu colocar de lado a dor e se levantou da cama.

Faziam duas semanas que ela tinha ficado com o Robin, duas semanas sem falar com ele, só o vendo de longe. Robin fez amizade com a nova diretora de marketing.

— Zelena – Regina revirou os olhos e foi para o banheiro tomar um banho. – Espero que esteja aproveitando seus momentos com ele.

Após tomar banho a morena resolveu parar na sua confeitaria favorita, Marie, ela precisava de um Bear Claw.

— Não vai levar um expresso hoje, Senhora Locksley? – perguntou a atendente.

— É senhorita Mills agora, e não! – deu um meio sorriso – Não vou querer.

Ao chegar à empresa, a primeira coisa que ela vê é Robin e Zelena conversando  perto da recepção, a mulher ruiva ria de algo que o moreno lhe tinha contado. Regina respira fundo, ajeitando a bolsa em uma das mãos e dando uma mordida no Bear Claw enorme que carregava, e se aproximou.

— Olá – sorriu para os dois e para a secretária – Algum recado, Ruby?

Ruby olhou para os três a sua frente, a fofoca corria solta desde o divórcio e só piorou com a chegada de Daniel e Zelena.

— Ruby? – Suspirou sem paciência, não estava se sentindo confortável com os dois perto dela e o perfume daquela mulher estava embrulhando o estômago.

— Desculpe. – pegou a agenda - O Senhor Mcadms pediu para marcar um almoço com ele hoje.

— Andreas? – Zelena perguntou – Andreas Mcadms?

Pela primeira vez Regina direcionou seu olhar para Zelena, pegando um vislumbre de Robin a encarando.

— Sim. Andreas. – comeu mais um pedaço do seu doce.

— Eu conheço Andreas, ele é incrível! – disse com a animação.

— Pois eu acho ele um chato – disse Regina com desdém.

— Ele tem grande influência no mundo dos negócios – defendeu Zelena.

— E? – levantou uma sobrancelha – Eu também tenho uma grande influência no mundo dos negócios, querida, mas eu sou ótima.

— Eu sei, mas...

Regina não deu ouvidos e se virou para Ruby que olhava a cena.

— Marque uma hora no Lasserre, por favor. – Foi se retirando, mas antes parou na frente de Zelena e Robin. – Ah, e querida, escolha um perfume melhor! Esse seu perfume barato está me deixando com náuseas.