Nada pra mim escrita por ReMione


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Todos os direitos autorais (personagens e universo HP) pertencem à diva Tia JK.



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Rose

— Como estamos em momentos de paz, pode me chamar de Scorpius.

— Okay, Scorpius. - Parecia tão íntimo.

Nunca pensei que pudesse um dia ser íntima do Malfoy. Sim, éramos do mesmo ano em Hogwarts. Sim, éramos Monitores desde o início daquele semestre. Poucas vezes fomos escalados para fazer patrulhas juntos - talvez porque eu mesma era quem controlava as escalas. Mas acho que nunca tínhamos conversado nada além de assuntos escolares.

Malfoys e Weasleys tinham uma rusga antiga... Coisas que duraram até a Guerra. Na verdade, não sabia muito sobre o que tinha acontecido com a família dele depois da queda de Voldemort e dos Comensais. Eu sabia que Draco Malfoy tinha sido absolvido por ter colaborado com a Ordem da Fênix, e, se não estava enganada, ele até mantinha uma relação cortês com Tio Harry por terem estudado juntos.

Malfoy às vezes fazia piadas sobre a "legião de ruivos" que "se reproduziam feito coelhos" - o que, devia admitir, não era de fato mentira. Até chegou a se envolver em brigas com meus primos por causa disso, mas isso aconteceu somente nos primeiros anos. Hoje, apenas não se gostavam.

Eu nunca fui muito fã dele, mas por outros motivos. Odiava ter que disputar as melhores notas do nosso ano, com quem quer que fosse. Com aquele sonserino loiro e arrogante muito menos.

— Então... - Ele interrompeu o silêncio. Eu estava provavelmente corando de vergonha. Tinha ficado calada e perdida em meus pensamentos e quase que esqueci que ele estava ali na outra poltrona tentando conversar comigo.

— Me desculpe. Te deixei falando sozinho, me desculpe. Minha mente está meio atordoada nos últimos dias. - Estava mentindo, mas é claro que não iria admitir que fiquei pensando sobre ele.

— Tudo bem. Sei o que é isso. Não precisa se desculpar. - Ele tinha comprado aquela desculpa esfarrapada?!

— Estávamos falando sobre...

— Você agora está autorizada a me chamar por meu primeiro nome. - Ele falou, imitando uma voz solene. Soltei uma pequena risada. - Agora gostaria de saber se posso fazer o mesmo, Senhorita Weasley.

— Scorpius, te autorizo a me chamar de Rose. - Eu ainda estava rindo um pouco, mais relaxada. - Não me faça me arrepender disso, okay?

— Você tem uma péssima imagem de mim, Rose. Vai começar a mudá-la, te prometo.

Que raios de conversa era aquela?

— Seria interessante, Scorpius.

— Então, temos 20 dias e um castelo só para nós. - Ele parecia animado. - Alguma sugestão?

Ele realmente queria passar aquele tempo todo comigo?

'Para de viajar, Rose.' Ele provavelmente tinha ficado em Hogwarts para passar as festas com alguma garota, galinha como era, e estava tentando ser educado comigo.

Não sabia muito sobre o status de relacionamento dele. Sabia que Scorpius Malfoy era uma espécie de Don Juan à moda inglesa, seja lá o que as garotas queriam dizer exatamente com aquilo. Tinha namorado por uns meses uma garota da Sonserina, do time de Quadribol. Depois continuou pulando de affair em affair, como sempre.

'Por que EU estou pensando em com quem o Malfoy anda se esfregando?' Não era como se aquilo fosse fazer alguma diferença pra mim no momento.

— Sem sugestões. Eu pretendia ficar aqui na Casa dos Monitores, ler algumas coisas. Porque achei que fosse a única monitora a ficar. Me lembro de alguém dizendo que você costuma viajar nessa época, quando eu estava fazendo as escalas. - Sim, estava curiosa. E era bom pensar em algum assunto que não envolvesse... minha tragédia familiar.

— Decisão de última hora. - Ele soava evasivo, diferente do resto dessa conversa. - Sinto muito por estragar seus planos.

— A minha decisão não foi das mais antecipadas, também. A decisão de não encarar meus problemas familiares de frente... Sim, estou sendo covarde.

— Você é uma Grifinória. Não é covarde.

— Você realmente acredita nisso?

— Sim. - Ele parece sincero. - Eu ouvi a discussão entre você e sua avó ontem, quando estava voltando para meu dormitório. Eu sei que é uma coisa extremamente pessoal e eu não devia estar prestando atenção mas... Vocês estavam gritando no meio dessa sala e eu precisava passar. Não fiquei parado ouvindo, mas não pude me fazer de surdo também. Me desculpe.

— O que você estava fazendo acordado até aquela hora? - Como o Expresso de Hogwarts sairia bem cedo, calculei que nenhum monitor estaria circulando pela Sala Comum na hora da minha discussão com Vovó Molly. Mas eu, idiota, também calculei que todos os monitores iriam apanhar o Expresso de Hogwarts.

— Resolvendo umas coisas. - Código universal para: pegando alguém. E continuou. - Sobre seu assunto, se me permite, pelo que entendi, não é um problema exatamente seu. Você não criou nada, simplesmente está no meio da situação. Você nem pode realmente tomar uma atitude para mudar o que está acontecendo. Não é uma luta sua, Rose, não fique se culpando por deixá-la. Acho até corajoso isso. Sério. - Ele respondeu ao meu olhar incrédulo. - Ao que parece todos os seus parentes estão se envolvendo nessa situação, que também não é deles. Você está tentando aceitar a verdade. E aceitar a verdade exige muita coragem.

Ele soava tão... profundo. Sensível até.

— Na verdade não estou muito confortável com as verdades no momento. Só queria conseguir pensar em outra coisa.

— Tudo bem. Também estou precisando de me distrair dos meus próprios problemas.

— Não sei quais são os seus. Estou aqui se precisar conversar. Sei que não sou a melhor das pessoas pra isso: olhe só pra mim, derrubada nesse sofá e me escondendo do mundo! Mas posso me esforçar.

— Eu sei. Mas... Não é isso que você quer me perguntar. - Como ele conseguia saber o que estava pensando? Não, ele não estava lendo minha mente. Daquilo eu sabia.

— Eu não menti quando disse que você poderia falar comigo, okay? - Tentei ser o mais sincera possível. - Estou curiosa pelo motivo que te fez ficar aqui no castelo. Sou garota, por Merlin, nasci curiosa. Qual o nome da garota?

Ele riu um riso fraco. A expressão dele se endureceu.

— Não é exatamente uma garota. Uma mulher. Uma grande mulher chamada Narcisa Malfoy. Ou Vovó Cissy. Ela faleceu há cerca de um mês. Minha família é pequena mas é muito unida. Ou era, já não sei mais. Meu pai decidiu viajar para alguma ilha tropical... Eu não quis ir. Minha mãe consegue cuidar dele, se ele chegar a precisar. Eu quis ficar aqui e, de certa forma, aceitar essa verdade e viver meu luto.

Uau. Não esperava por isso. Por que raios fui perguntar? Não era uma amiga próxima, sequer amiga eu era. E ele sempre evitava assuntos pessoais, com quase qualquer um pelo que eu sabia.

Lembrei que algumas semanas atrás ele tinha ficado alguns dias ausente. Mas na época sequer me tinha me dado ao trabalho de saber o motivo e me senti uma pessoa péssima.

— Sinto muito.

Nunca sabia o que fazer nessas horas. Sim, já tinham falecido muitos membros da minha família. A maioria se foi na época da guerra, quando eu nem era nascida ainda.

— Não sou muito boa nisso. Entendo como perder alguém tão próximo pode ser bem doloroso. Na guerra, minha família perdeu vários parentes e amigos. Só que quando nasci, as coisas já tinham se tornado bem menos confusas. Enfim, não sei como viver um luto eu mesma. Só sei que dói bastante. Sinto muito.

Ele continuava encarando a fogueira, a mesma expressão endurecida.

— Me desculpe ficar tagarelando assim. - Quando eu ficava nervosa, minha boca tinha a mania de me trair e eu não parava de falar. - Me desculpe. Vou te deixar sozinho. - Eu disse, já me levantando da poltrona para ir para meu quarto.

Ele virou o rosto e disse: - Por favor, fique.

— Okay. - ficamos sentados em nossas poltronas encarando o fogo em silêncio por algum tempo.

Finalmente quebrei o silêncio: - Me desculpe. Realmente não sei o que fazer ou dizer...

Ele soltou uma fraca risada. Diferente daquelas risadas de deboche características dele. Ele definitivamente parecia ter achado graça de algo.

— Uau! Rose Weasley admitindo que não sabe alguma coisa! Nunca achei que fosse assistir a essa cena.

Ele estava relaxando. Continuava um pouco irônico, mas Scorpius sempre era.

— Talvez se existisse uma poção, ou algum feitiço. Infelizmente é pouco provável que isso esteja em algum livro. - Disse, desconcertada.

Ele me interrompeu: - É, livros bruxos não costumam ensinar sobre isso. Mas você ficaria espantada com quantos livros trouxas existem sobre morte e luto. Nada que eu considere muito útil, mas existem muitos.

— Malfoy lendo livros trouxas? É sério isso? - Estava espantada e minha voz deixou isso bem claro. 'Excelente, Rose! Agora que ele finalmente começa a se abrir, você vai lá e estraga tudo.'

— Você realmente não sabe nada sobre mim, não é? Quase cinco anos e você ainda me enxerga como uma simples cópia do Draco Malfoy que seus pais conheceram em Hogwarts.

A voz dele não mostrava raiva. Talvez tristeza. Mágoa.

Podia simplesmente ignorar e deixá-lo ali com seus pensamentos. Só que algo me dizia que ele preferia estar com alguma companhia. Mesmo que fosse a de uma garota cheia de preconceitos contra ele, e que não fizesse a mínima idéia de como agir.

— Culpada. Você pode me contar sobre esse Scorpius Malfoy que eu desconheço. Temos tempo.


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