Nada pra mim escrita por ReMione


Capítulo 14
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Os direitos autorais (personagens e mundo HP) pertencem à diva Tia JK.



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Rose

Passar o fim de ano em Hogwarts sem minha família para evitar dramas acabou se tornando uma missão totalmente falha. E isso porque eu ainda estava no segundo de 20 dias...

Fui tentar fugir dos meus problemas familiares e acabei arranjando um problema talvez tão grande quanto: eu estava me envolvendo emocionalmente com Scorpius Malfoy.

E de repente fiquei com uma raiva ainda maior dos meus pais. Se eles não tivessem feito uma confusão tão absurda, eu poderia ter me poupado de uma aproximação com Scorpius e todas as consequências disso.

Consequências que eu nem estava conseguindo definir muito bem. Estava tudo muito bagunçado ainda. Mas eu tinha uma certeza: o que quer que estivesse acontecendo entre a gente, não estava indo por um bom caminho.

As palavras dele ecoavam na minha cabeça: "Como você acha que teria sido se eu te deixasse arrancar minha roupa, se eu arrancasse a sua e a gente tivesse transado ontem? A gente ia fazer o quê depois? Dormiríamos agarradinhos, acordaríamos contentes, sem nenhum arrependimento, e agiríamos como se nada de mais tivesse acontecido?"

Sim, ele tinha razão. E eu me odiei. Me odiei por não ter autocontrole. Me odiei por não pensar nas consequências. Me odiei por não ter sido eu quem se afastou primeiro. Me odiei por ter me permitido me envolver com ele a ponto de me chatear.

Não conseguia odiá-lo. Ao contrário de qualquer expectativa minha, ele aparentemente estava agindo da forma mais correta possível.

Pensei em meus pais, que sempre tentaram ser politicamente corretos. E na belíssima merda que eles fizeram tentanto manter a aparência mais correta possível.

Meu pai estava prestes a assumir um caso extraconjugal de anos com outro homem casado. Minha mãe estava surtada, tinha abandonado os filhos e se declarado refugiada por tempo indeterminado na Austrália.

Estava sentada há umas duas horas na "minha árvore", um inofensivo carvalho localizado na entrada da Floresta Proibida.

Tinha descoberto aquele carvalho no meu primeiro ano em Hogwarts. Naquela época, os estudos eram temidos e intermináveis (sim, eu tentava aprender tudo de uma matéria, mesmo sendo apenas uma primeiro-anista). E era a primeira vez em que eu estava morando em um lugar trancada com tantos Weasleys ao mesmo tempo. Era muito para minha cabeça.

Um dia, na véspera de alguma prova de que eu não me lembrava muito bem, eu comecei a chorar inconsolavelmente depois uma briga com Albus e Dominique, cujo motivo também não me lembrava.

Teddy, meu 'primo-postiço', afilhado do meu tio Harry, me levou até a Floresta. Eu berrava com ele que não queria nenhuma aventura para me acalmar e que uma detenção só iria piorar minha vida.

Mas Teddy sempre foi um sujeito paciente. Dizia para eu ter calma, até chegarmos àquela grande árvore. "Sobe aí, Rose." Eu tinha olhado pra ele aterrorizada, dizendo que não queria ser engolida por uma árvore e transportada para sabe-lá-Merlin-onde.

Ele calmamente me explicou que a árvore não tinha nenhuma propriedade mágica e tinha sido plantada pelo seu falecido avô materno, nascido trouxa, quando adolescente em Hogwarts. Era uma espécie de refúgio simples em meio a um lugar dedicado à complexidade da magia.

"Ninguém vai te procurar aqui. Só eu sei desse lugar." Ele começou a subir e eu o segui. Ele se sentou num galho mais grosso, quando a folhagem já encobria seu corpo por completo. Eu sentei em outro galho, um pouco mais fino, mas forte o suficiente para aguentar meu peso.

Ficamos em silêncio por algum tempo e eu fui aos poucos me sentindo mais leve. Ele fez a menção de descer e eu estava a ponto de fazer o mesmo quando ele me interrompeu. "Fique aí, Rose. Pelo tempo que precisar." Eu voltei a me recostar no tronco e perguntei: "Tem certeza que ninguém vai me procurar aqui?". "Sim, Rose. Como te disse, só eu sei desse lugar. E nunca contei para ninguém." Ele respondeu, com sua inabalável voz calma, enquanto descia.

"Nem para Victoire?" Ele parou seus movimentos, voltou o rosto para cima e, totalmente corado, me encarou. Ele e Victoire na época eram apenas 'melhores amigos', mesmo que Hogwarts inteira já soubesse que os dois eram apaixonados desde sempre. "Não, Rose, nem para Victoire." Pensei ter visto uma expressão chateada, mas ela se esvaiu tão rápido que eu não poderia dizer com certeza. E Teddy terminou de descer quieto e voltou para os Jardins, provavelmente em direção ao castelo.

Desde aquele dia, quase quatro anos atrás, eu tinha voltado algumas centenas de vezes ao lugar.

Teddy nunca estava lá, provavelmente porque sabia de muitos outros locais tão pacíficos quanto. Afinal, filho legítimo de um Maroto, conhecia Hogwarts como a palma de sua mão.

Como eu costumava ir para lá para ter paz, obviamente nunca mostrei para ninguém da minha família.

Nem Alex sabia sobre a árvore, e, nos surtos de ciúme do fim do namoro, passou a desconfiar dos meus "sumiços pela Floresta". Eu preferi deixar que ele pensasse que eu estava tendo encontros secretos com algum centauro do que estragar meu lugar sagrado.

Levei Igor lá uma vez. Era o primeiro mês do intercâmbio dele. Ele tinha estudado a vida inteira em um colégio masculino e nas primeiras semanas parecia atordoado com toda a euforia feminina em torno dele.

Foi lá naqueles galhos escondidos, cada um com suas frustrações, que ficamos amigos.

Aparentemente compartilhar chateações é uma forma bem eficiente de se fazer amigos. Vide eu e Malfoy.

O céu estava escurecendo e o frio estava se tornando insuportável quando finalmente tomei coragem para descer dali e tomar meu rumo de volta ao castelo.

Resolvi passar no Corujal para enviar uma carta a Teddy perguntando como estavam as coisas na minha ausência. Ele era o meu único primo 'postiço', mas incrivelmente muitas vezes conseguia me entender melhor do que meus primos 'de sangue'.

Depois fui para a Torre de Astronomia e finalmente consegui me desviar de meus próprios pensamentos e me concentrar analisando as constelações que despontavam naquele céu de inverno em início de noite.

Passei pela Biblioteca para pegar alguns livros para complementar minhas tarefas de Poções e de Transfiguração, além de um livro de História da Magia no Continente Americano que eu acabei encontrando por acaso na minha seção favorita.

Quando saía com os livros, vi que já eram quase nove horas. 'Droga, perdi o jantar.'

Dei um pulo na cozinha e pedi os elfos para me prepararem algo. Detestava incomodá-los na cozinha em horários inapropriados como aquele, mesmo que eles se mostrassem extremamente felizes enquanto me ajudavam. Mas eu só tinha tomado um suco no café da manhã daquele dia, e um chocolate quente por volta da hora do almoço. Não estava com nenhuma fome, mas sabia que não podia ficar de jejum até o dia seguinte.

Lá encontrei Eron, meu inegavelmente preferido elfo de Hogwarts. Ele sabia exatamente de todos os meus gostos e, quando eu aparecia na cozinha, sempre adivinhava o que eu queria comer sem que nem eu mesma soubesse.

Saí de lá depois de um bom prato de sopa de legumes com frango e balas de coco de sobremesa.

Eron insistiu que eu levasse uma lata de biscoitos amanteigados comigo, mas deve ter se arrependido quando viu o esforço que eu fazia para eu tentar equilibrar a lata sobre a imensa pilha de livros que estava carregando.

Depois de dizer a senha "Animagos não são inimigos" para o casal que dançava alegremente na pintura que guardava a entrada dos monitores, me desequilibrei tentando passar pela porta estreita e deixei todos os livros caírem no chão da Sala.

— Rose! - Scorpius gritou, enquanto eu empilhava os livros, com especial cuidado para esconder aquele sobre magia no continente americano. - Onde você estava? Eu já estava prestes a ir até o escritório da Centenária MacGonagall para avisar que teríamos que fazer uma busca pela Floresta Proibida atrás de você!

— Por que?

— Por que? Como assim por que? - Os olhos dele estavam arregalados. Se não estivéssemos falando de mim, eu poderia jurar que ele estava preocupado.

— Por que raios você queria fazer uma "busca pela Floresta Proibida" atrás de mim?

— Bom, porque a última vez que eu te vi eram três horas da tarde e você estava nervosa correndo na direção da Floresta?! Ou porque você não deu as caras desde então, está um frio insuportável lá fora e já são dez horas?!

— E desde quando você controla meus horários? - E que conversa mais maluca era aquela?

— Eu não "controlo" seus horários. Só fiquei preocupado. Você já está toda abalada com essa história dos seus pais e pareceu mais chateada ainda depois que a gente conversou...

— Já te disse, Malfoy. Eu não sou nenhuma garotinha de 11 anos para me iludir e me apaixonar por você. Você está insinuando que eu ia fazer alguma coisa estúpida por SUA causa?

— Não estou insinuando nada. Quer saber? Esquece, Rose. Suas sacolas estão ali. - Ele falou, nitidamente com raiva, e apontou para minhas sacolas de compra que estavam no chão ao lado da lareira. - Boa noite.

— Espera, Scorpius. - Eu pedi, quando ele saía da Sala Comum, com passos fortes em direção aos quartos masculinos.


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Notas finais do capítulo

Olá, amores!
Esse capítulo que custou a sair, hein?
Mas já já teremos mais um com Scorpius POV.
Beijos!



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