Angioletto. escrita por Just Shadows


Capítulo 1
Broken wings.


Notas iniciais do capítulo

Bom esta estória foi escrita devido a um desafio, onde de tempos em tempo estaremos incumbidos de escrever sobre determinado casal, e o deste mês é: GaLe (Gajeel Redfoxl " Gazille Reitfox" e Levy Mcgarden "Levi MacGarden"), desafio lançado é desafio aceito e cumprido :D

Espero que gostem do resultado.

Créditos do desafio :D, participem lá no Face (y):
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Soltei um longo suspiro para logo arrumar meu cabelo em um rabo de cavalo alto e seguir para a cozinha, onde mais uma vez eu me via preparando aquele maldito café amargo ao qual você tanto gostava e que sempre se pegava falando que era a melhor coisa do mundo.

—"-Sabia que café sem açúcar é o melhor para te deixar acordado?”.

Só Deus sabia do quanto eu tinha que me esforçar para fingir que aquele assunto era deveras emocionante e digno de atenção, porém, só Ele sabe o que eu daria para ser comparada à aquele maldito liquido escuro, pois sabia o quão o mesmo era amado por você, fato esse que eu invejava.

Sou tirada de meus devaneios ao ouvir o barulho da porta do nosso quarto se abrir revelando sua expressão fechada e sua impecável roupa social, tirando o nó mal dado eu sua gravata, a qual eu corri para arrumar.

—Querido devia me chamar para te ajudar.

Disse enquanto finalizava o nó sobre o olhar atento, e raivoso do mesmo.

—Não preciso de sua ajuda.

Disse enquanto desfazia o nó que eu acabará de dar e arremessava a gravata bonita em minha cara e se encaminhava para a porta da frente.

—Querido espere, tome seu café.

Disse ao me encaminhar até onde estava, tendo em posse uma xícara com aquele maldito liquido escuro.

—Não quero essa porcaria.

Disse enquanto em um único golpe fez com que o conteúdo da xícara fosse jogado em meu corpo, o que provocou uma horrível sensação de queimação, sensação essa que eu não deixei transparecer, até o momento em que tivesse saído e arrancado com seu carro.

—Droga.

Disse ao passar os braços de forma desesperada por meu colo e sentir que aquela região estava sensível devido ao liquido escaldante que tinha sido jogado sobre aquele local a pouco, corri para o banheiro podendo enfim encarar o estrago que tinha sido causado olhei a pele avermelhada e os primeiros indícios de bolhas que estavam por aparecer.

Soltei um grito ao tentar limpar o local com uma toalha humedecida, encarei-me no espelho visualizando o que restou do que um dia eu já fui visualizando naquela pessoa a qual me tornei.

Naquela noite você não voltou para casa, e muito nem mandou algum tipo de mensagem que me informasse onde estava, coisa a qual eu passei a desconfiar a partir dos outros dias aos quais chegava tarde, cheirando a álcool e a colônia feminina barata.

—Onde estava?

Em uma das madrugadas peguei-me esperando sua chegada, sabia que aquilo apenas deixaria você nervoso, porem não mais aguentava aquela agonia de não saber quando voltaria, ou se voltaria.

—Trabalhando.

Encarei o relógio em meu pulso, vendo que eram exatas 3:12 da manhã, deixei um sorriso morto cortar-me a face, e então ergui-me do sofá seguindo até a porta de nosso quarto.

—Seu gerente ligou perguntando onde você estava.

Ouvi um pequeno rosnado vir da direção onde estava, para logo ouvir passos pesados vindo em minha direção e parando a poucos centímetros de mim.

—Mentirosa.

Não me dei ao trabalho de virar, apenas adentrei o cômodo, buscando me afastar daquele cheiro impregnado de álcool, e buscando não me fixar na marca de batom rosa na parte baixa de sua camisa social que estava com alguns botões abertos.

—Vá tomar um banho.

Disse de forma cansada antes de sentar-me na cama.

—Pare de mentir, para de fingir que se importa comigo.

—Não estou mentindo, seu gerente me ligou, ele disse que você não aparece na empresa há dias, e que estava preocupado, além de tudo ele é seu amigo...

Disse ao passar as mãos de forma afoita pelos cabelos que há uns tempos tenho notado que estavam cada vez mais ralos.

—O que você quer insinuar?

Senti meus braços arderem ao ser erguida bruscamente da cama, e jogada em uma das paredes que se encontrava perto da porta.

—Nada...eu...

Fui silenciada por um forte tapa no lado esquerdo de meu rosto, para logo ser empurrada para o lado de fora do quarto, visualizando a porta ser fechada.

—Durma na sala.

Permaneci encarando a porta de forma incrédula, aquele não era você...ou sempre foi, e eu apenas não queria ver a verdade.

Aquela noite passou de forma lenta, tentei de todas as formas dormir naquele maldito sofá de couro que em todo momento incomodava minha pele, além do frio que estava fazendo naquela madrugada, como resultado não dormi mais que algumas horas, logo podendo ser incomodada pelos raios de Sol tímidos que tocaram meus olhos.

Ouvi barulhos vindos do nosso quarto, o que indicava que estava acordado, mais que depressa me ergui encaminhando-me até a cozinha, ou ao menos esse era o plano, pois na metade do caminho sinto-me ficar tonta, para logo sentir meu rosto se chocar de forma brutal contra o assoalho de madeira.

Ao recobrar a consciência noto que não mais estou no chão, mas que estava sobre nossa cama, tendo você sentado em uma das extremidades da cama, encarando a janela que estava aberta, deixando a pequena corrente de ar perambular pelo quarto.

—Esta acordada.

Aquilo não foi uma pergunta, porem fiz questão de manear a cabeça em concordância, logo senti suas mãos entrarem em contato com minha testa.

—Sua febre baixou.

Olhei-o de forma curiosa, para logo fechar os olhos e apreciar aquele contato, o primeiro em meses.

—Não durma...

Porém já era tarde, deixei-me cair na inconsciência novamente, acordando com o céu já escuro e sentindo seus braços envoltos em minha cintura, encarei seus olhos fechados, apreciando suas feições calmas, e ao mesmo tempo me perguntando aonde esta expressão se escondia durante o dia e onde esteve durante todo esse tempo?

—Obrigada.

Dei-lhe um leve selinho para logo me desvencilhar de seus braços me pondo em pé, precisava usar o banheiro, porém mais uma vez senti-me ficar fraca, caindo de joelhos no chão.

—Droga...

Tentei erguer-me, porem foi com pavor que vi que minhas pernas não estavam me respondendo, eu simplesmente não conseguia me erguer.

—Não...droga...levanta...

Esforcei-me ao ponto de meu rosto ficar vermelho, porem tudo que pude sentir, foi o chão abaixo de meu corpo ficar estranhamente quente, direcionei meus olhos para baixo, podendo constatar que havia me urinado.

—Droga.

Soquei minha cabeça como se aquilo fizesse com que meu cérebro voltasse a funcionar, porem apenas pude ouvir um leve zumbido em meu ouvido, demorando algum tempo para perceber que estava a chorar, e que meu choro o acordou, e que você estava parado apenas me encarando. Senti vergonha, senti um bolo se formar em minha garganta.

—Não me olhe.

Tapei meu rosto com as mãos, porem fui obrigada a retira-las no momento em que senti-me ser erguida por você, que passou a carregar-me pelo corredor.

—Não, me ponha no chão, eu vou te sujar e...

—Fique quieta.

Ergui meus olhos encarando suas feições que como sempre estavam fechadas, porem podia visualizar um brilho peculiar em seus olhos.

—Aonde vamos?

O questionei ao ser colocada no interior de seu carro, podendo logo sentir o banco ficar com o cheiro horrível que exalava de minha roupa encharcada.

—Ao médico.

Tremi com aquela afirmação, o que quer que fosse eu sentia que não queria descobrir. Ao chegarmos ao hospital, fui novamente carregada por você.

—Por favor, me coloque no chão.

Disse ao constatar as caras de nojo e os narizes torcidos das pessoas por onde passávamos.

—Já disse para ficar quieta.

Não mais pronunciei uma única palavra, até o momento em que me via sozinha com o médico naquela sala de um branco enjoativo.

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Permaneci na sala de espera, olhando de forma desesperada para o relógio, vendo os minutos e horas passando, sentia meu celular vibrar de forma afoita em meu bolso, porem apenas ignorei, sabia bem quem era, e ela era a ultima pessoa com quem queria falar, estalei meus dedos pela decima quinta vez em menos de cinco minutos, podendo sentir as juntas arderem.

—Senhor?

Ergui minhas vistas encarando o médico ao qual deixei cuidando dela.

—Posso conversar com o senhor?

Apenas assenti, para logo erguer-me e segui-lo até uma sala um pouco menor do que aquela a qual eu a tinha deixado.

—O que ela tem?

Disse ao ver o mesmo tomar ar.

—Seja breve.

O impedi de provavelmente iniciar um discurso cheio de termos aos quais eu não ia entender.

—Ela esta com um tipo raro de câncer.

Minha expressão de raiva passou para incompreensão, senti meu pescoço estalar ao virar meu rosto para encara-lo.

—Mentira, ela estava bem até ontem.

—Na verdade eu ia perguntar desde quando os sintomas estão se manifestando, visto que já está muito avançado.

Ergui ambas as sobrancelhas o encarando como se ele fosse louco, minha mulher estava perfeita até um dia atrás, isso só podia ser piada.

—Percebi que os cabelos da mesma estão deveras ralos, mas ela não soube precisar quando começou.

Abaixei meus olhos buscando na mente a ultima imagem que tinha de minha mulher e surpreendi-me ao perceber que tudo que eu podia lembrar era dos rostos das estranhas às quais eu dedicava uma ou no máximo duas noites de minha vida.

—Senhor?

Ergui novamente meus olhos encarando o rosto apreensivo no médico.

—Onde ela esta?

O mesmo olhou-me de forma espantada, para logo se erguer e pedir-me para acompanha-lo.

—Ela ficara aqui hoje para mais exames, seja rápido.

Apenas assenti para logo adentrar no quarto de um branco nauseante e encara-la deitada encarando a imensa janela que tinha como vista a outra ala do hospital, porem ao escutar o barulho da porta batendo sua atenção foi direcionada a mim, e pela primeira vez em tempos eu a estava olhando de fato, e senti um nó em minha garganta ao encarar a pele extremamente pálida, os ossos sobressaltando a mesma, os olhos fundos e o cabelo fino.

—Não me olhe assim.

Acordei de meus devaneios por sua voz, que agora percebia que estava mais arrastada.

—Desculpe.

Encarei a forma como seus olhos se dilataram e sua boca abriu e fechou inúmeras vezes, tal como se estivesse a tentar dizer algo.

—...Me desculpe por sua blusa.

Foi então que notei a mancha presente em minha vestimenta e o cheiro desagradável que emanava da mesma, apenas me permiti suspirar e sentar-me ao seu lado na cama.

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3 meses depois.

—Devo estar horrível.

Encarei a mesma passar a mão de forma lenta sobre a cabeça agora lisa e olhar para meu rosto que estava enterrado no meio de seus seios.

—Esta linda.

—Mentiroso.

Disse enquanto dava um pequeno tapa em minha cabeça, sorri fraco erguendo meu rosto e encarando sua expressão cansada, aqueles meses foram exaustivos para a mesma, a qual descrevia cada uma das vezes diárias que tomava remédio como uma seção de tortura, a qual "gentilmente" me convidava para participar, dizendo que me ter ao seu lado a ajudava, muitas foram as vezes que a carreguei até o banheiro as pressas para que a mesma vomitasse a pouca comida que conseguia ingerir no dia.

—Não estou mentindo.

A mesma me direcionou um sorriso fraco para logo afagar meus cabelos.

—Senhor?

Dei um sobressalto à chegada furtiva da enfermeira.

—Já passou do horário permitido de visitas.

Ergui-me de cima de seu peitoral e recolhi meu casaco que estava sobre a cadeira ao lado da cama.

—Você vem amanhã?

Acabei de colocar meu casaco e a encarei por cima de ombro.

—Sim.

Disse simplesmente para começar a caminhar até a porta.

—Eu amo-te.

Parei em frente à porta ao escutar aquela frase a qual até tinha me esquecido que existia, há tempos que você não mais a pronunciava para minha pessoa, engoli minha saliva inúmeras vezes, abri e fechei a boca outras, porem nada consegui responder então apenas maneei com a cabeça, pondo-me porta a fora.

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—Imbecil...

Disse ao bater minha cabeça contra o volante do carro.

—Não é tão difícil, anda seu moleque...

Larguei o volante de forma brusca encarando o maldito terço pendurado sobre o espelho, dei um sorriso sem animo ao encarar que até a religião a qual achava uma idiotice eu estava apelando, agarrei o pequeno objeto e levei-o ao meio de minhas mãos, fechando os olhos por poucos minutos, para então abri-los e guiar meu carro até nossa casa.

No dia seguinte acordei deveras tarde, na noite anterior havia me esquecido de colocar o celular para carregar, como consequência o mesmo não despertou no horário, ergui-me da cama pegando o mesmo e colocando-o na tomada, seguindo para a cozinha, agora vazia e não mais detentora daquele cheiro de café tão costumeiro.

Suspirei comigo mesmo ao ouvir os toques insistentes de meu celular, andei até o quarto o retirando da tomada para logo o atender.

Venha rápido.

No caminho até o hospital não liguei para faróis vermelhos ou algo do tipo apenas me preocupei em chegar rápido.

—Senhor por aqui

Uma das enfermeiras que já me conheciam do tempo que estava frequentando o hospital me guiou pelos corredores até uma sala que diferente da outra tinha uma ampla janela de vidro direcionada para o corredor em que eu estava.

—Vamos salva-la

Disse segurando em meu braço, tentando de alguma forma manter-me ainda consciente. Eu podia ver por aquele vidro seu pequeno corpo se retesar e relaxar de uma forma alucinante via a correria dos médicos, ouvia barulhos, palavras, xingamentos e seus suspiros.

—Por favor, a ajudem.

Toquei a superfície fria com as duas mãos, e como se percebesse minha presença, você olhou em minha direção.

—Vai ficar tudo bem.

Disse de forma pausada para que você entendesse, então pude ver seu breve sorriso atrás da mascara de ar, porem o mesmo foi interrompido por uma crise de tosse a qual eu olhei com pavor cobrir a superfície transparente do respirador de vermelho vivo.

—O que esta acontecendo?

Disse ao ouvir as exclamações dadas pelos médicos, seu corpo tremia de forma que eu podia ouvir nitidamente o choque que ele fazia contra a superfície metálica da mesa de cirurgia, porem isso durou poucos segundos que para mim pareceram anos, até que tudo ficou em silencio, tirando um zumbido incessante em meu ouvido direito

—Senhor...?

Permaneci te encarando.

—Por que ela parou? O que esta acontecendo?

—Senhor...?

—Levy...Acorde...

Disse batendo no vidro atraindo a atenção dos médicos.

—Senhor pare...

Foi então que eu vi um dos médicos sair da sala.

—Desculpe fizemos o que podíamos.

De repente a força se esvaiu de minhas pernas e cedi ao chão.

—Sinto muito.

—Quero vê-la.

O mesmo pareceu relutante, porem acenou com a cabeça e ajudou-me a me erguer, ao encara-la pude ver o quão pálida estava porem a meu ver parecia que estava apenas dormindo.

—Acorde...

Disse ao tocar em seu ombro me surpreendendo com a forma gelada que o mesmo estava

—...

—Acorde, vamos para casa.

—...

—Senhor...? Senhor...?

Não sei em que momento, porem apenas me senti perder aos poucos a consciência.

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Agora.

—Senhor?

Pisquei de forma rápida encarando o garçom.

—Desculpe.

—O que vai querer?

—Apenas um café, sem açúcar.

Olhei para o ambiente bem movimentado daquele restaurante notando os olhares femininos sobre mim

—Senhor, seu pedido.

Encaro a xícara de café a minha frente, o garçom se preparou para virar e atender o novo cliente, porem o detive agarrando em seu avental.

—Sim?

—Sabia que café sem açúcar é o melhor para te deixar acordado?

O mesmo apenas me encarou com um sorriso amarelo, e balançou a cabeça para logo se desvencilhar de meu agarre e seguir para a outra mesa. Sorri seco ao perceber que ninguém além dela me entendia.


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Notas finais do capítulo

Desculpem por qualquer coisa...espero que tenham gostado. Mata ne!!!



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