Uma Vadia Cor-de-Rosa escrita por Sohma


Capítulo 1
Capítulo Único




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Eu havia me atrasado para a primeira aula daquele dia. Se não me engano era uma quinta-feira. Eu havia passado a noite fazendo um trabalho para Bryan Hanks. Ele era capitão do time de futebol americano. Alto, olhos azuis, cabelos louros, corpo atlético. Um sonho de garoto.

Todas as meninas da escola morriam por ele. E isso claro, me incluía.

Mas você deve estar se perguntando: por que eu passei a noite fazendo um trabalho que não era meu? Bom...

Já fazia duas semanas que Bryan veio na mesa onde almoço conversar comigo, ele trocou poucas palavras – o motivo das poucas palavras foi que eu não sabia como reagir ao ver o cara mais bonito da escola do meu lado –, mas ele me pediu ajuda. Disse que precisava fazer o trabalho de Biologia para daqui há duas semanas, exatamente hoje, mas estava muito ocupado com os treinos e o recente jogo que íamos ter contra os Caninos Brancos. Eu não iria fazer o trabalho por que eu mesma já tinha muitas lições pra terminar. Mas Bryan me disse que se eu fizesse, ele me levaria na festa de Melanie Gordon. Melanie é uma das garotas mais populares do colégio, e suas festas são ditas como lendárias. Qualquer pessoa que fosse na festa deveria se sentir honrado. Eu nunca havia ido a uma festa antes, mas ir acompanhada de Bryan, numa festa da Melanie, eu não consegui recusar.

E foi assim que eu entrei nessa roubada.

Me chamo Jennifer Berry, tenho 16 anos e sou uma das alunas mais inteligentes da escola. E estou correndo em direção a minha sala que fica no segundo andar.

– Senhorita Berry! – uma voz soou alta atrás de mim, virei meu rosto e encarei a diretora Wellsh me lançando um olhar gélido. – Está um pouco atrasada, não acha? – seus saltos baixos ecoavam sobre o chão de mármore do colégio.

– S-sim senhora. Eu dormi demais e acabei me atrasando. Me desculpe... – abaixei meus olhos e fiquei encarando meus pequenos tênis azuis, esperando alguma resposta.

– Bom, como você é uma das alunas mais dedicadas, eu vou deixar essa passar! – ela retirou de dentro do bolso da saia giz que usava um pequeno bloco, pegou a caneta que estava num bolso do pequeno casaco e assinou um passe para que eu entrasse na sala.

– Muito obrigada, diretora! – dei meia volta e segui meu caminho até a sala.

– Sem correr nos corredores!

~~~

Bati na porta duas vezes. E depois de alguns minutos o professor de Biologia a abriu. Ele soltou um pequeno sorriso e me deu passagem para entrar. O lado bom de ser uma boa aluna era que todos os professores gostavam de mim e nunca ouvi reclamações dele. Deles...

– E aí nerd! Será que esqueceu o seu mau gosto em casa? – zombaram as minhas costas. Eu simplesmente ignorei e me arrumei na cadeira.

– Bom, alunos, passem para frente seus trabalhos que eu irei recolher por fileira. – o professor anunciou olhando a pequena lista de chamada.

Escutei um "psiu" baixo e virei meu rosto para a direita. Era Brady. Ele me lançava aquele olhar azul piscina e piscou um olho para mim. Eu tinha que arranjar uma maneira de entregar o trabalho para ele. Olhei que Brady fez sinal para um grupo de alunos, cada pessoa das três fileiras seguintes pediram que eu entregasse o trabalho. Olhei para o professor e ele continuava distraído. Entreguei para o primeiro, que consecutivamente entregou para o segundo, terceiro, até chegar no Brady. Ele me lançou um sorriso e eu senti minhas bochechas arderem.

~~~

Já haviam se passado os três primeiros turnos, estávamos na hora do almoço. Andei vagarosamente até uma mesa afastada e me sentei. Sempre sentei sozinha. Nunca tive amigos. Todos me acham estranha.

Abri o pequeno saco com meu lanche, abri o papel plástico do meu sanduíche de pasta de amendoim. E antes de dar a primeira mordida, vi Brady se aproximando.

– E aí, Jessica! – soltei uma risada divertida.

– É Jennifer! – corrigi.

– Isso! Jennifer! Seguinte, a festa da Melanie vai ser no sábado, e vamos nos encontrar por lá. O que você acha? – senti meu rosto começar a arder. Era oficial, Brady estava me chamando pra ir com ele na festa de Melanie Gordon.

– Sim, sim! – falei um pouco eufórica. Depois me controlei e voltei a dizer – Claro, nos vemos por lá.

– Legal! Eu vou indo. Valeu mesmo Jessica!

– É Jennifer! – murmurei vendo ele se afastando de mim.

Mas tudo bem, não é?

Afinal, eu vou acompanhar Brady Hanks na festa de Melanie Gordon! Estava tão eufórica que o resto do dia passou muito devagar. Estava contando as horas, minutos, segundos. Para a noite de sábado.

~~~

Finalmente!

Chegou o tão esperado dia!

Eu estava parada bem em frente a casa de Melanie Gordon, ela era enorme. Tinha três andares, um grande jardim na área da frente onde já se via algumas pessoas dançando com copos nas mãos.

– Quando quiser ir embora me avise! – meu pai falou atrás de mim. Eu não prestei muita atenção. Desci do carro dizendo um breve adeus para ele.

Eu estava usando um vestido florido que ia abaixo dos meus joelhos. Meu cabelo estava preso num rabo-de-cavalo baixo, como de costume. Andei a passos lentos até a entrada. Percebi que todos os olhares estavam focados em mim. Abaixei a cabeça por vergonha e me apressei pra entrar na casa.

Estava mais cheia do que aparentava. A música tocava muito alta e as pessoas dançavam freneticamente. Eu tentei procurar Brady com os olhos, mas não o achei. Eu ia me aproximar da cozinha quando senti alguém esbarrando em mim.

– Desculpa... – levantei meus olhos para ver com quem eu tinha trombado. Era a anfitriã da festa. Melanie Gordon.

Ela soltou um pequeno grito histérico e me abraçou.

– Era justamente você que eu estava procurando. Vem vou te levar até Brady. – ela me segurou pelo braço com força e me levou até a cozinha, onde de costas eu podia ver Brady conversando com os outros jogadores do time de futebol. – Brady! Tem alguém te procurando! – Melanie gritou. E eu parei para observá-la.

Seus longos cabelos ruivos estavam soltos, eles batiam até a cintura. Ela tinha uma pele amorenada e grandes olhos verdes. Usava um vestido que ia até metade de suas coxas, vermelho. E seus seios estavam bem marcados.

– Que bom que você veio. Vem, quero te mostrar uma coisa. – desta vez foi ele que me agarrou pelo braço e me levou até a sala principal. Ele trocou umas palavras com o DJ que estava lá e logo a música parou e grandes protestos foram ouvidos. – Galera! Galera! – ele fez um cone com as mãos para fazer com que sua voz ficasse mais alta. – Nossa convidada especial chegou!

Um grande urro correu por toda a sala. Eu estava parada atrás de Brady. Sem entender nada do que estava acontecendo.

– Vamos soltar um grito pra Jessica! – ele gritou e todos fizeram um "Êe" bem alto.

– É Jennifer! – corrigi. Ele pegou minha mão e me fez subir sobre uma pequena mesa que estava no centro da sala. – Não! Eu tenho vergonha. – falei assustada.

– Que isso! Nós estamos te esperando! – Brady me sorriu e eu senti meu corpo todo acalentar. Subi sobre a mesa ainda segurando a mão de Brady para não cair. – Solta o som DJ! – Ele apontou para o DJ que começou a tocar uma música animada. Todos me encaravam e me pediam pra dançar. Eu estava quieta. Paralisada. Não sabia o que fazer.

– Dança Jennifer! – uma voz chegou ao meu ouvido, olhei e era Melanie que estava dançando num canto. Peguei a coragem que não tenho e comecei a imitar alguns passos que estavam fazendo ao meu redor.

Senti que todos riam de mim. Me apontavam o dedo. Me faziam de piada. E eu parei. Escutei um "não para não", e senti meu corpo todo travar. Estava prestes a descer da pequena mesa até que senti alguma coisa ser jogada em mim. Era um líquido viscoso e cor-de-rosa!

Todos riam alto. Suas gargalhadas ecoavam mais alto que a música. E logo eu percebi que não tinha mais música. Olhei para trás e vi dois garotos do time com um balde vazio. Olhei para o DJ e vi Brady com um microfone na mão. Ele me sorria divertido.

– Curtiu Jessica? – logo a gargalhada voltou a tomar conta do ambiente. Pulei do pequeno móvel e comecei a correr para fora.

Aquela coisa rosa viscosa me impedia de ver aonde eu estava indo. Comecei a correr pela calçada, limpando os olhos, daquela coisa rosa e das lágrimas que estavam se formando.

Fui enganada.

Era tudo um plano pra me zoar.

Tirar sarro de mim.

E eu fui trouxa.

Uma idiota completa.

~~~

Já havia se passado uma semana desde o incidente da festa, e eu não fui para a escola. Meu pai havia ido ao meu quarto várias vezes perguntando o que eu tinha. Inventei uma desculpa dizendo que estava sentindo dores menstruais e não conseguiria ir para a escola. Como meu pai não entende essas "coisas de mulher" e minha mãe mora na Flórida com seu outro marido, ele engoliu rapidinho essa história.

Eu não queria ir para a escola por que não queria encarar eles de novo. Vê-los rindo da minha cara. Me zoando. Gargalhando as minhas costas.

Cansei de ser a idiota.

Eu ignorava o quanto me zoavam.

O quanto falavam mal de mim.

Mas o que aconteceu na festa foi cruel demais para ignorar.

Ia planejar minha vingança. E ela não seria menos que perfeita.

~~~

Passei o últimos dias dizendo ao meu pai que ia no médico tratar dessa cólica menstrual que não cessava. Ele me oferecia carona, mas eu disse que ele tinha que trabalhar. Eu fui numa loja de roupas no centro da cidade. Minhas economias de meses finalmente serviriam para algo útil.

Olhei para todas as roupas das araras. Precisava de algo provocante. Algo que Melanie usaria. Tinha procurado algumas referências na internet. Mas eu precisaria de pessoas reais para me ajudar nisso.

– Boa tarde! Em que posso te ajudar? – uma funcionária chegou até mim. Virei meu rosto e soltei um grande sorriso.

– Olá. Eu preciso de roupas desse gênero. – abri minha mochila e peguei alguns papéis que havia imprimido. Achei graça quando os olhos da vendedora se arregalaram. Ela disse que tinha algumas roupas do gênero e me levou até uma área reservada.

Meu plano já estava começando.

~~~

Saí da loja com três sacolas cheias, agradecendo a vendedora. Meu próximo passo era o salão de beleza.

Quando cheguei no Miss Hair no centro da cidade, o salão estava vazio. Uma senhora de idade se aproximou de mim:

– Em que eu posso te ajudar, minha linda? – sua voz demonstrava sua idade avançada. Mas ela estava coberta de maquiagem forte demais para ela

– Eu quero cortar meu cabelo e colorir! Quero deixá-lo na altura dos meus ombros, e quero ficar loira! – expliquei da maneira mais simples que pude. A senhora andou até os espelhos. De lá abriu uma gaveta e retirou um livro com os cortes que aquele salão fazia. Folheie algumas páginas até chegar num corte específico. Era um chanel alto.

– Ótima escolha! Venha, sente-se! – ela apontou uma cadeira. Eu dei a volta e me sentei.

– Ah, vocês fazem colagem de unha postiça? – perguntei. A senhora assentiu com a cabeça e chamou uma garota de aproximadamente 28 anos e pediu que ela cuidasse das minhas unhas.

Relaxei e deixei meu plano começar a funcionar.

~~~

Quando cheguei em casa meu pai não estava, e isso era ótimo. Não queria ter de dar explicações sobre a mudança repentina.

Subi para o meu quarto e retirei das sacolas a combinação de roupas para o dia seguinte, guardei as sacolas dentro do meu guarda-roupa e fui para o quarto de meu pai.

Não fazia muito tempo que ele e minha mãe haviam se separado. E minha mãe tinha um grande estoque de maquiagem que não levou para a Flórida. Encontrei dentro de uma caixa que estava no topo do guarda-roupa de meu pai.

Fui até meu banheiro e coloquei a caixa sobre o pequeno armário.

Me olhei no espelho, tentando me acostumar com a nova eu.

– Amanhã meu plano começa. – disse pegando um batom da caixa e desenhando um pequeno coração partido no espelho do meu banheiro.

~~~

Naquela manhã eu havia chegado cedo a escola. Andei a passos leves até a entrada e senti todos os olhares diante de mim. Mas ao contrário do que era, eu estava adorando aqueles olhares.

A cada passo que eu dava eu ouvi o som do meu salto tocando no chão de mármore. Estava com uma bolsa na mão direita com todo meu material escolar e meu kit básico de maquiagem (obrigada a tutoriais no youtube pelas dicas). Usava uma saia de pregas rosa. Um espartilho preto estava sobre a blusa branca que usava. Acentuando meus seios e minha nova cintura de boneca.

Olhei para a esquerda em um dos corredores e vi as líderes de torcida comentando algo entre si, e no meio delas estava ela. Melanie Gordon, uma das pessoas que iriam pagar pelo o que me fizeram.

Mudei meu rumo e andei vagarosamente até elas. Vi quando uma das líderes cutucou Melanie que virou seu olhar verde de rumo a mim. Sua boca se abriu levemente mostrando todo o espanto.

– Querida! – soei falsa indo de encontro a ela e dando dois beijinhos falsos sobre suas bochechas. – Como está?

– E-estou... Estou bem... Jennifer?

– Claro, bobinha. Achou que fosse quem? – a face impassiva de Melanie estava me dando um prazer inimaginável. Sentia meu orgulho se restaurando. – Tenho que ir agora. A gente se vê. – assoprei um beijo para ela e tomei rumo para minha primeira aula.

Pude ouvir alguns cochichos atrás de mim. Mas eu não me importava. Eu estava adorando ser comentada.

– Eu quero ser adorada. – comentei para mim mesma.

~~~

Os períodos de aula foram completamente "normal", e já estava na hora do almoço. Eu não ia comer. Eu precisava falar com a única vítima que ia sofrer da mesma maneira que eu.

Quando cheguei no refeitório senti outra vez que todos reparavam em mim.

Abri minha bolsa e de lá peguei uma pequena goma de mascar sabor morango. Masquei devagar até que uma bolha se formou sobre meus lábios. A estourei e voltei a mascar.

Levei pouco tempo para localizar a mesa onde Brady estava com todos os outros jogadores. Ele estava entretido numa conversa com alguns amigos que nem me viu aproximando.

– Oi Brady... – falei o mais sensual que consegui, me sentando sobre a mesa e deixando a mostra minhas pernas.

A boca de Brady abriu levemente. Seu corpo pareceu tremer por alguns minutos, e levou um tempo até que ele me reconhecesse.

– Jessica? – mesmo assim você não se lembra do meu nome.

– Jennifer... – soltei outro tom sensual. – Sabe, eu gostaria de falar com você... A sós.

Brady fez um sinal com as mãos e todos os jogadores se retiraram da mesa nos deixando a sós. Saí de cima da mesa e puxei uma cadeira e me aproximei de Brady.

– V-Você parece estar ótima.

– Ah, você nem imagina o quanto estou.

– Olha sobre a festa, sabe é q...

– Shiu. – falei colocando o dedo sobre os lábios dele. – Não se importe com isso, querido. Eu sei que foi uma brincadeirinha. – minha mão passava sobre as coxas duras de Brady.

– V-você sabe?

– É claro que sei. E sabe de outra coisa... – aproximei minha boca de seu ouvido. – eu também gostaria de brincar com você.

Brady me soltou um sorriso sedutor e agarrou minha – minúscula – cintura. Segurou levemente meu queixo e tentou me beijar. Coloquei a mão em seus lábios e o afastei.

– Aqui não, apressadinho. – minha mão desceu da sua boca até o peitoral. – Vai fazer algo hoje a noite?

– Meus pais não estão em casa. – direto, não é. – O que acha que passar lá em casa depois da aula amanhã?

– Fechado. E eu poderia levar alguns brinquedinhos? – falei próximo a sua orelha mordendo a cartilagem fazendo Brady se arrepiar. Ele apenas assentiu com a cabeça.

Eu me levantei e disse que o encontrava amanhã. Outra vez todos os olhares estavam em mim quando eu saí do refeitório. Literalmente, todos.

~~~

Eu estava no meu quarto da noite daquele dia. Meu pai havia me enchido de perguntas sobre minha estranha mudança de atitude. Ele havia recebido uma ligação de um dos meus professores sobre meu estilo "inapropriado". Eu simplesmente relevei e subi para meu quarto.

Abri meu guarda-roupa e de lá retirei uma sacola e uma pequena caixa. A sacola eram os brinquedinhos que eu ia usar com Brady. Eu abri a caixa e retirei de lá uma pequena câmera polaroid que ganhei de presente.

Você não sabe o que te espera Brady.

~~~

No dia seguinte, todo seguiu da maneira mais "normal" possível. Eu ainda sentia que todos me observavam. E eu estava adorando ser observada. Eu me sentia adora. Eu era a garota que todos morreriam para ter naquele instante.

Logo, o último sinal tocou e Brady foi de encontro a minha mesa.

– Pronta?

– Nasci pronta.

Nós andamos juntos até o estacionamento da escola, onde o carro do pai de Brady nos esperava. Ele abriu a porta para mim e eu entrei delicadamente. Ele deu a volta, entrando pelo lado do motorista. Ligou o carro e se pôs a dirigir até sua casa. Que era um pouco distante do colégio.

Quando o carro finalmente parou, e ele desceu para abrir a porta para mim, eu me senti uma verdadeira celebridade. Brady abriu a porta de casa e me convidou para entrar. Andei a passos leves e assim que entrei, Brady fechou a porta e se atirou contra os meus lábios.

Trocamos um beijo carregado de paixão e luxuria. Aquele havia sido o meu primeiro beijo, e eu estava gostando muito daquilo. Quando nossas bocas se afastaram, a do Brady estava com algumas marcas do meu batom.

– Minha garota dos lábios de licor... – ele se aproximou para um outro beijo mas eu o afastei.

– Vamos direto ao que interessa. Onde fica seu quarto? – Brady soltou um sorriso malicioso e me levou andar acima até seu quarto, que tinha uma grande cama de casal.

– Vamos ao ponto. – Ele falou retirando sua camiseta e já soltando o cinto da calça.

– Espere. – apontei um dedo para ele. Peguei minha bolsa e de lá retirei uma sacola. Abri delicadamente e retirei de dentro um objeto. Era uma coleira de couro.

– O que é isso?

– Eu falei que ia trazer brinquedos... Deixa eu colocar em você. – Brady pareceu hesitar. Eu peguei minha mão livre, agarrei a sua e coloquei sobre meu peito. Ele apertou com força. – Eu juro que deixo fazer o que você quiser. – passei a língua sobre os lábios e Brady repetiu meu ato.

Ele levantou a cabeça. Deixando o pescoço livre para que eu pudesse colocar a coleira. Tomei extremo cuidado para não sufocá-lo. E o joguei sobre a cama. Puxei lentamente suas calças deixando-o apenas com a cueca branca que usava. A ereção de Brady era visível.

– Vem... – ele me chamou.

– Espere... – eu abri a sacola de novo e de lá retirei uma mordaça com uma bola de borracha. Brady levantou a sobrancelha. – Por favor... – Eu pedi me aproximando de seu corpo com a mordaça em minhas mãos. Suas mãos tocaram na minha bunda com força apertando. Soltei um falso gemido e ele abriu a boca. Permitindo que eu colocasse a mordaça.

Me levantei e voltei para a pequena sacola, e como meu último brinquedo, retirei de lá um par de algemas com plumas cor-de-rosa. Agora a cara que Brady fez foi de prazer. Pelo jeito ele já estava familiarizado com aquele brinquedo. Ele levantou o corpo sobre a cama chegando até a cabeceira.

Peguei uma das algemas e prendi o braço direito dele de um lado da cabeceira, depois peguei a outra e prendi o lado esquerdo dele. Brady estava totalmente vulnerável.

Fui até minha bolsa e de lá retirei minha câmera polaroid, o olhar de Brady era de pura confusão, e após o primeiro flash, ele entrou em desespero. Se remexia, se debatia na cama, mas não conseguia se soltar. Eu tirei mais de cinquenta fotos de Brady. Recolhi todas que estavam no chão e guardei na minha bolsa. Tirei uma última foto de Brady, peguei uma caneta e escrevi nela "a vingança é doce e cor-de-rosa".

Guardei a polaroid na bolsa e andei para fora da casa, deixando Brady preso na cama.

Soltei um pequeno sorriso. Peguei meu celular, abri a parte traseira, retirei meu chip e inseri outro, disquei o número da polícia. Inventei uma história de que assaltaram uma casa e mandei o endereço da casa de Brady. Após a ligação joguei aquele chip fora e botei o meu de volta. Andei a passos lentos pela rua.

Falta só o grand finale.

~~~

No dia seguinte na escola, todos comentavam de que a polícia foi chamada na casa de Brady. Mas ninguém sabia exatamente o motivo oficial.

Já estávamos no terceiro período e o próximo horário era o almoço. Brady me lançava diversos olhares intimidadores que não me afetavam. Faltando apenas 10 minutos para o aviso do almoço. Levantei devagar e fui até o professor.

Disse que tive um "pequeno acidente" e precisava ir no banheiro. Ele evitou muitas perguntas e disse para pegar meu material e sair da sala. Andei até minha carteira, peguei minha bolsa e sai apressada da sala.

Abri minha bolsa e retirei de lá vários papéis. Comecei a jogar por todos os corredores, até que não sobrassem nenhum. Arrumei meu decote e fui até o banheiro no mesmo momento em que ouvia o sinal tocar.

Dentro do banheiro eu ouvia os passos e os murmúrios que estavam rolando do lado de fora. Sabendo o motivo de todos eles. Retirei de minha bolsa um pequeno frasco e sai do banheiro em passos leves. Vários alunos estavam com papéis na mão e comentavam. As fotos de Brady naquela cena constrangedora estavam em todos os cantos da escola.

Andei pelos corredores até encontrar Brady que me olhava irritado.

– Por que você fez isso? – ele gritou. Era evidente sua raiva.

– Olho por olho, Bra-dy.

Ele começou a correr em minha direção, alguns alunos tentaram segurá-lo, mas pelo treino de futebol americano ele conseguiu passar facilmente por eles. Quando ele se aproximou de mim, eu empunhei o frasco, do spray de pimenta, e apontei sobre os olhos de Brady.

Ele gritava, esperneava.

Eu simplesmente dei as costas, e saí da escola.

~~~

A diretora ficou sabendo que havia sido eu que espalhei aquelas fotos "ordinárias" de um dos alunos e eu acabei sendo expulsa do colégio.

Meu pai achou que uma mudança de ares seria melhor para mim, e me mandou para morar com minha mãe.

Ela simplesmente adorou o meu novo estilo e me incentivou comprando mais roupas e me ajudando com maquiagem.

Eu nunca havia reparado. Mas era disso que eu gostava. Ser essa garota. Eu era outra pessoa. Não era mais Jennifer Barry, e sim Electra. Electra Heart.

~~~

[Epílogo]

– E aí! O que vamos fazer na festa de sábado? – Anne havia perguntado para mim.

– Não sei ainda. Mas tem que ser algo épico.

– Ei, olha alí! – Sam apontou para uma das nerds da nossa classe sentada mais ao fundo com um livro nas mãos.

– Acabei de ter uma ideia. – sorri, levantando da cadeira e indo até ela. A menina levantou seus olhos pelos óculos e me encarou espantada. – Oi Elisa!

– É Elsa! – corrigiu.

– Tanto faz. Ei, gostaria de ir na nossa festa de sábado? – sorri abertamente para a garota que me lançou um sorriso esperançoso.

FIM


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