Shlimazl escrita por Amianto


Capítulo 1
gotículas


Notas iniciais do capítulo

Sou Amianto e é muito legal conhecer você.

Espero realmente que você goste do que irá ler logo abaixo.

Os nomes dos capítulos não tem relação com o conteúdo.



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Havia luz que me cegava e eu podia sentir meus pés afundando no chão como se estivesse em areia movediça e eu gritava e minha voz não saia e eu gritava mais e mais e então havia aqueles olhos vermelhos.

Olhos vermelhos-sangue.

 

 

Ainda era madrugada quando abrir meu olhos e pensei em definidamente não ir ao encontro do Charles mas o choro da minha irmãzinha cortou todos os meus pensamentos em permanecer ali.

Não lembro de ter dormido e nem de ter sonhado e isso foi bom pra mim, os remédios não era bons com minha cabeça mas eram amigos do meu sangue.

O dia era sempre o mesmo: mãe com olheiras felizes e com a pequena Maria nos braços enquanto Claúdio bebia café apressado e eu me espremia na nossa cozinha pequena engolindo meus remédios e um copo de leite ; hoje estranhamente não houve mãe na cozinha ou meu padrasto atrasada e sim uma cozinha vazia e várias caixas de papelão espalhados pelos cômodos da casa.

''Bom dia, Teresa'', falou Mãe Mary antes de me beijar a testar. ''Já guardou os remédios na mochila?''

Claro, mãe. 

Não há verdade mais verdadeira daquela que fala que filhos de outros casamentos são planos abortados quando há um novo casamento com um homem promissor com suas ferramentas de carros e uma casa novinha esperando em outra cidade mais urbana.

Beijei a testa de Maria e pensei se um dia ela lembraria de mim, não haveria tempo pra mais contato com aquele corpinhos gordinhos e rosado já que logo eu partiria.

Pra onde? Pra casa de Charles que segundo minha mamãe era ''Um homem honesto, íntegro e Chefe de Polícia de Folks''.

Forks, mãe.

 

 

~~~~

 

Meu corpo inteiro suava naquele sol de rachar a cuca e eu tinha dispensado minha mãe pra não vê-la em lágrimas infantis e superficiais junto com a Maria irritada pelo calor.

Ele havia marcado as onze naquele local já conhecido por ambos, segundo mamãe, a lanchonete onde eles teriam se conhecido há 17 anos atrás e e talvez concebido-me naquela mesma noite. Não pude saber mais detalhes do único encontro dos meus pais já que meu padrasto entrou no meio da explicação cheia de risinhos obscenos de Mary e guinchos de Maria.

Buzinas que me acordam.

Carro de polícia de Forks na sua cores padrão em azul e branco e então eu soube que era ele.

Minha mãe realmente não deveria ter me deixado sozinha com um estranho, mesmo que esse estranho seja meu pai mas já era tarde e quente demais pra qualquer investida tímida minha então apenas rezei pra ter um ar-condicionado decente no automóvel.

Os primeiros movimentos foram atrapalhados por mim com o cinto e ele desconfortável  e não sabendo onde por as mãos.

Devo ter herdado o desajeito com ele, obrigado papai.

''Pobre homem'', pensei depois de colocar o cinto e olha-lo de verdade: rosto austero, um queixo com uma covinha, um bigode volumoso, nariz estúpido e olhos de mogno.

— Sou Charles. -A voz muito despreparada beirando a patetice.

Ofereço meu melhor sorriso para acalmá-lo e comento, no meu melhor tom despretencioso, algo sobre o sol escaldante e como vai minha mãe mas aquilo não é o bastante e percorremos o caminho é quase silenciosamente com uma muquinha de fundo e ambos olhando pra fora do vidro.

— Você vai gostar da casa. -   Já não basta eu ser uma filha doente que cai de paraquedas então penso que ele merece um pouco de conversa mordaz e patética então eu abro o meu melhor sorriso interessado e arregalo meus olhos semelhantes ao de Charles enquanto ele prossegue. - O seu quarto...você vai gostar.

Silêncio desconcertante após e Kenny G como música de fundo.

— Charles, obrigado. - Digo num tom baixo sem poder olha-lo diretamente. - Sei que vai ser difícil pra você dividir a casa com uma adolescente mas eu agradeço por tentar...tentar construir algo entre nós.

Ele não sabe o que falar e muito menos eu, não o forço a falar mais e adormeço.

 

 

Havia mamãe, Maria e o meu padrasto longe e eu corri até eles pra dizer que sentia saudade e quando mais eu corria mais longe ficavam e eu queria gritar mas não havia voz.

Então, choro e me encolho com aqueles olhos vermelhos-sangue me observando.

 

 

 

 


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