Estava tudo uma confusão, uma grande e terrível confusão. Konan franziu o cenho irritada ao perceber a bagunça que estava sendo feita por Deidara e Tobi na cozinha recém limpa da casa, sua cabeça doía impiedosamente e os gritos vindo dela pioravam ainda mais a situação. Já era quase três e meia da tarde e ainda não havia comido nada, estava desde oito e meia coordenando a limpeza e manutenção do lugar que gostava de chamar de lar, tendo que evitar as brigas e garantir que cada um fazia seu trabalho.

Jogou−se na poltrona que havia no centro da espaçosa sala de TV levando suas mãos as têmporas, fechou os olhos fazendo uma leve massagem ali. Uma semana para as aulas da faculdade voltarem e eles reabriam a República Akatsuki, bom, nem todos os membros estavam ali. Itachi Uchiha estava em algum tipo de viagem a trabalho, Sasori Akasuna chegaria à capital em três dias, já que havia passado as férias com a avó em alguma cidade pequena do Japão, Kakuzu... Não fazia idéia de onde ele estava, mas havia lhe ligado avisando que estaria ali quando as aulas voltassem.

Ouviu passos baixos se aproximarem de si e um cheiro de lamén invadiu o lugar, abriu seus belos olhos dourados os deixando passear pela figura bem a sua frente, tinha a pele clara e os cabelos alaranjados, diversos piercings se espalhavam pelo rosto dele, e também havia seus olhos peculiares. O homem lhe estendeu um pequeno pote com o logo de seu restaurante favorito estampado na frente, Konan pegou a embalagem sorrindo, o homem puxou outra poltrona e parou−a de frente a mulher dos cabelos azuis.

−Deveria descansar, Konan. –ele observou enquanto abria seu próprio pote de lamém, um pequeno sorriso se abriu em seu rosto ao ver a mulher fechar os olhos em deleite ao por a comida na boca.

−A casa não vai se arrumar sozinha, Nagato. –respondeu levemente mais bem−humorada, chamando−o daquele modo que apenas ela fazia. Era incrível como Nagato conseguia alterar seu humor em questão de segundos.

−Há outros moradores aqui, e nenhum deles é uma criança, deviam aprender a fazer seus trabalhos sem precisar de supervisão. −Nagato falou levando a comida a boca, Konan mexeu a cabeça em concordância devagar.

−E o que te deixa preocupado? −a mulher perguntou apontando seus hashis na direção do ruivo. Nagato não era muito de expressar seus sentimentos, havia anos que ele não fazia isso abertamente, mas o conhecia tão bem que era capaz de ler aqueles peculiares olhos arroxeados.

−Dois membros saíram. −o homem falou. −Orochimaru e Zetsu caíram fora.

−Acho que todos ficam aliviados com a saída de Orochimaru, mas não entendo a de Zetsu. −Konan pontuou, Orochimaru era o membro mais velho que tinha naquela república, ele era um pouco estranho e até perturbador, já Zetsu era um garoto bipolar que conheceram no ensino médio e acabaram se tornando amigos. −Ele não me falou nada.

−Ele me avisou de sua saída a algumas horas, parece que se mudará para outra cidade por causa do emprego, ou algo assim. Disse que depois falaria com você. −Pain, como Nagato preferia ser chamado, explicou dando de ombros. Colocou a embalagem vazia de comida sobre uma mesinha próxima a si.

−Certo. −Konan concordou, mas logo franziu suas sobrancelhas e apoiou a embalagem de comida no mesmo lugar que o companheiro. −Assim teremos que aumentar o valor que cada um paga, talvez isso seja um problema para Deidara e para Kisame.

−Estava pensando nisso, talvez devêssemos abrir vagas novamente. −Pain explicou observando as ações daquela garota que conhecia desde a infância, arqueou a sobrancelha ao ver um pequeno sorriso no rosto da mulher.

−Poderiam ser garotas dessa vez, não quero mais ser a única mulher da casa. −constatou pensando no trabalho que aquilo dava, a República Akatsuki era bastante popular, não devia ser difícil achar garotas que quisessem fazer parte.

"Também temos roupões legais", Konan se permitiu rir com seu pensamento estúpido, estava passando tempo demais com Tobi.

−Tudo bem. −o ruivo concordou, Konan olhou−o. −Eu falarei com os outros e divulgarei as vagas. Enquanto isso, vá dormir um pouco, anjo.

Nagato se levantou da poltrona e lhe deu as costas, pegou as duas embalagens vazias de comida e se retirou daquela sala. Konan permitiu que um sorriso bobo se abrisse ao perceber que ele já estava longe o bastante para não ver, nem sabia o por que de ainda ficar tão mole e boba quando ele chamava−a de anjo. Saiu de seus pensamentos ao ouvir uma voz próxima de si.

−Linda cena, un? −Deidara comentou com um sorriso malicioso, as bochechas da azulada arderam levemente, porém se recuperou facilmente abrindo um sorriso zombeteiro.

−Não se preocupe, Dei−kun. Logo Sasori volta e você mata sua saudade, un? −imitou−o sarcástica. −Apenas não façam muito barulho quando eu quiser dormir.

−Konan−chan e Pain−senpai. −Tobi brincou se jogando na poltrona que antes era ocupada pelo ruivo, Tobi usava uma máscara como era típico dele, já nem estranhava mais.

−Danna é um idiota, un. −Deidara reclamou e ajeitou seus cabelos loiros, emburrou o rosto e cruzou os braços como uma criança fazendo birra. Ele e Sasori eram amigos a tanto tempo que para Deidara era terrível ter que passar um tempo sem o outro, mesmo sem ouvir sobre a chata definição de arte do ruivo.

−Deidara−senpai está emburrado só porque Sasori−san não quis levá−lo. −Tobi falou para a mulher, o loiro irritado acertou−lhe um tapa na cabeça. −Tobi é um bom garoto. −murmurou baixinho.

−E você, Tobi? −Konan perguntou tentando evitar outra briga daqueles dois.

−O que tem o Tobi? −o garoto se fez de desentendido, passando a mão pelos curtos e negros fios de cabelo. Konan e Deidara estreitaram os olhos para o moreno. −Tobi é um bom garoto. −deu de ombros.

−Vou deixar passar dessa vez só porque estou cansada. −respondeu sorrindo e logo cobriu a boca bocejando, se levantou da poltrona se espreguiçando. −Vou dormir um pouco, rapazes. Vejo vocês depois.

Konan subiu as escadas e observou as portas, o primeiro quarto pertencia a Kakuzu e Hidan, o segundo a Deidara e Sasori, o terceiro era de Tobi, o quarto de Itachi e Kisame, o quinto de Pain, e finalmente havia o seu no fim do corredor. Abriu a porta do seu quarto entrando, sua cama estava arrumada, porém o armário e o criado−mudo estavam vazios já que suas malas ainda estavam feitas e encostadas na parede no canto do quarto. Havia espaço o bastante para outra garota.

Konan trocou sua roupa por uma solta e caiu no sono, deixando que seu último pensamento fosse o sorriso de um ruivo.