Passei normalmente pelos policiais como se nada tivesse acontecido, dei um bom dia e eles retribuíram um pouco tensos, talvez por medo deu ter escutado a conversa deles. Não se preocupem, eu sei atuar muito bem.

Entrei na minha sala e tranquei a porta, depois de ouvir aquilo eu não queria falar mais com ninguém.

Como assim não encontraram o corpo da Judy?

Eu fui pro enterro, eu vi o caixão dela. Mas não estava aberto, parei para pensar um pouco, nada impede de fazer um enterro sem o corpo, porque fizeram isso?  Alguém está procurando o corpo dela? E se...

E se ela estiver viva?

Não Nick, isso é uma total idiotice, você viu ela morrer na sua frente, você segurou o corpo da Judy em suas mãos enquanto ela falecia aos poucos, você viu ela dar seu último suspiro.

Levantei duma vez e sai rapidamente do DPZ, peguei a viatura e dirigi perigosamente até o local onde vi Judy pela última vez.

Procurei por todos os lados, nenhum sinal, nenhum sangue, nenhum pelo de coelho, nada! Os bandidos pegaram o corpo da Judy? Corri logo daquele lugar, eu tinha que lembrar que o próximo alvo era eu, se eu não tomasse cuidado, eu poderia morrer naquele momento.

...

Um barulho de tiro raspando no meu ouvido foi o suficiente para eu correr daquele lugar o mais rápido possível, entrei novamente na viatura e corri para qualquer lugar, mas o carro foi perdendo a velocidade, o assassino acertou no pneu do carro, se eu não corresse agora eu iria morrer.

Pulei para fora do carro e sai correndo com uma mão no ouvido e entrei em um local qualquer para tentar me esconder. Quando percebi que estava tudo normal, corri para uma farmácia com uma mão no ouvido, olhei para ela e notei que estava com sangue. A bala tinha acertado uma parte da minha orelha, mas pelo menos eu continuava a ouvir tudo.

A atendente foi gentil e ao mesmo tempo preocupada, mas sai com um belo curativo na orelha inteira, como eu ia escutar agora? Pelo menos tinha o outro:

— Problemas, oficial Wilde? Quer dizer, Nick - Aquele cara de novo? Ele está me perseguindo?

Espera, isso é uma verdade, como ele sabia que eu estava ali? Como ele sempre sabe onde eu estou? Como ele sabia o local dos assassinos? Porque a cada vez que eu o encarava eu sentia mais um ar de problema?

— Sim, um maluco me perseguindo, você estava certo com aquela fita, afinal, como conseguiu ela?

 -Tenho meus truques - Olhei para a rua procurando algum suspeito sem ser o animal que estava do meu lado, quando olhei novamente para pergunta que tipo de truques, ele já não estava mais ali.

— Isso está ficando cada vez mais estranho - Fui para perto de onde eu deixei a viatura e liguei para o Garramansa dizendo exatamente o que aconteceu, e ele falou para o Chefe Bogo, que enviou um grupo de policias investigar o local onde eu estava e a área perto da viatura.

Voltei para a casa e sentei na cama, deitei  depois e encarei o teto, depois a janela. Tranquei-a, definitivamente eu não podia mais confiar em nada. E se o louco já sabe até onde eu moro? Espantei da cabeça esse pensamento e deitei na cama olhando para o teto novamente:

— Não levei flores para a Judy hoje - Fiquei me revirando na cama - Mas do que iria importar? O corpo dela nem mesmo está naquele túmulo - Uma lágrima caiu - Onde está você, coelhinha?

Eu estava em algum lugar, em Tocas parece, vi ao longe um grande grupo de coelhos. Me aproximei e percebi que era família de Judy, e ela estava entre eles:

— Nick, a quanto tempo - Ela falou me abraçando - Como descobriu que eu estava aqui?

— Eu vi você morrer - Falei sentindo as lágrimas caindo - Porque se escondeu de mim durante todo esse tempo?

— Eu sabia que seria um grande problema e eu estava em ameaça de morte, eu teria que me esconder em algum lugar, resolvi voltar para minha família - Ela falou se virando para segurar um de seus irmãos no braço - Você também devia tomar cuidado.

— Do quê?

— Dele - Ela apontou para algo atrás de mim, novamente era Ynuby, um arrepio subiu pelo meu corpo e o encarei, sem medo, tirei o capuz dele, que mostrou novamente ser a doninha, mas quando ele me encarou, suas feições foram mudando:

Primeiro virou Duke, depois se tornou no meu parceiro de vendas de Patolê, depois virou um dos irmãos de Judy, depois se tornou uma raposa, depois se tornou um animal com um rosto deformado, e quando eu menos percebi, ele estava novamente com o capuz cobrindo seu rosto:

— Você devia tomar cuidado em quem confiar, Nick - Olhei para os lados e todos os coelhos estavam mortos, Judy caída ainda com seus irmãos no braço, olhei para Ynuby, acho que eu iria morrer novamente - Que esteja aberto a caça as raposas.

Acordei nesse momento pelo despertador, agradeci para ele, coloquei a mão no peito, eu estava ainda assustado, cada dia fica mais estranho os pesadelos e a cada dia é mais difícil confiar no Ynuby.

Garramansa  me ligou dizendo que eu deveria ir no DPZ o mais rápido possível pois o Chefe Bogo queria falar comigo. Levantei rapidamente, vesti o uniforme e corri para lá:

— Bom dia, Nick - Ele falou - Sente-se.

— O que queria falar comigo, chefe Bogo? - Aquilo estava mesmo estranho, chefe Bogo dizendo bom dia?

— Me diga tudo o que já sabe sobre a pasta que você pegou, faz tempo que não sei o que está acontecendo desde que você pegou aquela pasta - Suspirei, isso era uma verdade, tive que começar a contar tudo desde o início.

Desde a morte da Judy, até eu ser quase morto.