Vivemos como pássaros em uma gaiola, esperando por um dia em que possamos viver em paz, pelo dia que a humanidade vença os titans e deixemos de ser governados por eles. 

  Meu nome é Eren Jaeger e meu objetivo é acabar com todos os titans. Para que isso fosse possível, eu entrei para os treinamentos e depois de sobreviver ao julgamento no tribunal, eu consegui ingressar na tropa de exploração, ficando sobre a responsabilidade de Levi Ackerman. Por quem eu tenho uma paixão secreta, mas que estou pensando sobre confessar meus sentimentos. Porém é difícil imaginar qual seria a sua reação ao ouvir essas palavras de um subordinado. 

 Na tropa de exploração, com meus colegas e amigos, passo dia após dia por treinamentos. Carregamos a responsabilidade de salvar a humanidade, com a possibilidade da chegada de nossa morte, ou de um colega, a qualquer momento. Portanto, devemos seguir nossos dias cada vez mais fortes e dedicados à isso. 

  Em um certo dia, todos da tropa de exploração fomos chamados para escutar as palavras de Erwin. No qual ele disse que teríamos uma missão fora das muralhas. Mais uma vez, enfrentaremos o perigo e a morte, mas é para isso que estou aqui. E novamente, eles precisariam da minha habilidade de se tornar um titan para que pudéssemos ter sucesso. A missão ocorreria depois de dois dias, portanto temos algum tempo para pensar e se preparar. 

  No dia seguinte, eu estava limpando um dos quartos, por ordem do heichou, enquanto pensava sobre a missão. Por mais que já havíamos passados por várias desde que entramos para a tropa de exploração, o medo da morte e do fracasso sempre está dentro de nossos corações. 

  —Eren! -Alguém gritou atrás de mim. 

  —Sim!?-Respondi e me virei rapidamente. 

  —Hm. -Levi me encarava com sua expressão usual. Se aproximando de mim, ele disse: —Sobreviva. 

  —H-heichou? -Eu disse com a voz meio falha, enquanto era empurrado contra a  parede. 

  —Me escutou bem? Não falhe. -Agora ele me encarava com olhos firmes, me deixando um pouco intimidado. 

  —Sim! -Respondi, colocando meu punho direito sobre meu peito, que palpitava num compasso acelerado. 

  —Hm. - Seu olhar pareceu preocupado por um instante. Mas seus olhos voltaram ao seu normal e ele se virou, saindo de lá, me deixando um pouco confuso. 

  Eu nunca havia lhe visto desse jeito. O que o fez se preocupar a ponto de falar desse jeito comigo? Isso foi um pouco estranho... Suspirei e voltei ao trabalho, antes que eu tivesse que escutar reclamações. 

  O dia chegou, todos parecíamos determinados, mas temerosos. Revisamos todos os equipamentos e os planos da missão. Depois fomos divididos em grupos de cinco pessoas. O meu seguiria o caminho da frente. Mikasa era a única pessoa que eu já conhecia antes de entrar para a tropa de exploração, o restante eram membros mais antigos, entre eles, o heichou. 

  Adentramos a floresta e nos separamos, precisávamos encontrar pistas sobre uma espécie rara de titan, no entanto, sem que eu ao menos percebesse a presença do inimigo, eu fui atacado. Mas consegui escapar de suas mãos e percebi que era o titan que estávamos procurando. 

  Eu só tinha uma missão, que era me transformar em um titan e chamar-lhe a atenção de alguma forma, para que conseguissem capturá-lo. Porém, eu ainda não consigo controlar meu poder. Falhei, não estava conseguindo me transformar, apenas estava me machucando. O titan, que não iria ficar assistindo como uma plateia do meu show, veio para cima de mim e me atacou novamente, me machucando de uma forma que eu não conseguia mais me levantar. 

  Ele estava se aproximando para me comer, mas um dos soldados apareceu e o impediu, e também o levou para um local mais aberto, onde ele pudesse pedir a ajuda dos outros. Se eles tiveram sucesso, eu não sei... Mas eu não tinha mais forças para mover meu corpo e ainda conseguia sentir a dor. Eu ainda estava consciente, mas por um tempo indeterminado. Minha respiração desacelerava e minha visão ficava turva.  

  Fechei meus olhos e comecei a lembrar dos momentos bons da minha vida, da minha família, que não fui capaz de proteger, meus amigos, das pessoas que conheci... E então, eu ouvi uma voz chamando pelo meu nome, se aproximando de mim e enfim, me segurando em seus braços. 

  —Le...vi? -Abri meus olhos lentamente e enxerguei sua imagem, não consegui lhe ver direito, mas ele parecia estar muito cansado. 

  —Eren, você está bem? -Perguntou-me, aflito. 

  —Desculpe, heichou. -Eu disse, fechando meus olhos e deixando as lágrimas escorrerem ligeiramente pelo meu rosto. —Eu falhei. -Abri um pequeno sorriso e lhe olhei nos olhos. 

  —Do que está falando, Jaegar? -Disse ele prontamente, parecia irritado,  mas eu conseguia perceber a sua inquietação. 

  —Eu queria poder te abraçar... -Respirei fundo, segurando a dor que me consumia. -Muito obrigado, por tudo, heichou. -E sorri o máximo que eu pude. —Eu te amo, Levi. 

  Sua expressão mudou completamente, desta vez demonstrando a sua dor. Não era a última visão que eu gostaria de ter, mas o que mais eu poderia pedir?  

  —Não... Não diga isso como se fosse a última vez! -Ele quase gritava, enquanto lágrimas escorriam, deixando a sua voz um  pouco falha. Levi olhou em meus olhos, porém infelizmente não pude interpretá-lo. Depois ele me abraçou com muita força, por um momento até esqueci da dor que sentia. Eu escutava seus soluços em meu ouvido, desesperados...  

  —Eu... Também te amo, Eren. -Disse, encostando seu rosto em meu ombro e segurando uma de minhas mãos. Eu nem acreditava que eu lhe ouvia dizer essas palavras, que certamente fizeram meu peito esquentar. —Você não pode falhar... Isso é uma ordem! 

  —Sim, heichou. Digo... Levi. -Foram as minhas últimas palavras, antes sentir seus lábios encostando nos meus e que eu fechasse meus olhos pela última vez.