É como tocar sua pele sem poder senti-la.

Essa agonia não vai mais embora e se empossou de mim ,tal é seu dano que já não consigo viver sem ela.Ela me pertence tanto quanto as vozes que tumultuam as nossas mentes.

Eu sei que você também sente,nossas conversas e nossos momentos me provam que sim.

Queria poder ser o salvador de cada gota de sangue e lagrima que você derruba,mas não contenho nem as próprias.

É uma piada infame esta...Como se algo me pertencesse...apenas essa dor e essa brisa ,que vem da janela entre aberta , eu possuo. O resto ,porém não é meu.

Os gritos não passam de clamor e são daqueles que ousarem ouvir.Mas ninguém ousa e portanto eu continuo só

Meu amor,não é meu.Nem é seu.Não é de ninguém,nenhum alguém o possui mais,apenas se perdeu como um grupo de adolescentes que foram para o lado errado.

O amor ,a felicidade,a animação e a vontade.Os amigos inseparáveis que nunca ão de voltar.

E o que faço?

E o que fiz?

Eu os rasguei,cortei junto as viscerais feridas da minha pele.

Curvei-me a dor, e nem ela me pertence,pois eu sou dela.Assim como a dama pertence ao cavalheiro e como cada inspiração depende da expiração.

Eu e a dor,eu e você.

Eu e o sorriso forçado.

Eu as mentiras dos meus olhos .E também dos seus.

Sanguinário é este texto para os que lerem ,para os que compreenderem as suplicas do eu lírico que perdeu sua lírica.

Para os que entenderem,meus pêsames,pois a dor de cada passo , o peso que cada piscar abalado e a força para não cair em lágrimas jamais,sim....você sabe...jamais passará.

Estará ali como uma velha lembrança que ira assombrar as suas boas noites e sua belas manhãs.

Cada gemido de prazer será o fim do seu ser.

Toca-la em cada instância é necessário,porém inútil, quando o fim chegar.

E ainda sim aquele sentimento estará ali,cada gozo será como o final de uma vida e o orgasmo de cada parceiro será como o nascer nesse mundo indiferente

Resta ao eu lírico terminar esse infame ,como quem vive,sem explicações e sem entendimento.

O barroco contemporâneo é o que carrega os mais variados palavrões perversos da navalha que corta a pele que lhe pertencia.

Diga adeus ao gozo

Diga adeus ao que é terreno

E ouça

Cada minuto

Cada passo no silêncio da noite

Cada risada desperdiçada com você

Eu sou a luz tanto quanto você me foi a escuridão

Estou acabado

Estou acabado

Foi bom para você também?