Amor de Maroto - Antes de Acabar escrita por Helena Prett


Capítulo 4
Lily


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu demorei (de novo), porém finalmente aqui está o capítulo 4!



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Lily

 

“Então, nós estamos namorando?” indagou a morena, bebendo um gole de seu chá. O frio estava notável naquela manhã, acompanhado pela leve chuva. “Sim e não. Nós nos casamos há algum tempo.” Sirius explicou, bebendo um gole de algo, que pelo cheiro Marlene podia presumir que tinha alto teor alcoólico. “Quantos anos eu tenho?” “Você fez vinte e um em abril desse ano.” a bruxa cerrou os olhos, tentando aceitar que não se lembrava de quatro anos de sua vida. Ela pegou o cantil das mãos de Sirius, consumindo alguns goles de seu conteúdo, devolvendo-o após uma careta. “Como aconteceu?” o maroto a encarou, sem ter certeza se compreendera ou não a pergunta feita. “Como você me pediu em namoro?” Sirius sorriu ao se recordar, dizendo para Marlene o que ocorrera naquela noite. Durante a explicação, a morena pôde ver o brilho no olhar do marido enquanto esse falava. “Isso é bastante estranho, considerando que a última memória que eu tenho é de quatro anos atrás, mas, ei!” ela o chamou ao vê-lo baixar o olhar “Não importa muito que eu não lembre de basicamente todo o nosso relacionamento, até porque você está muito mais bonito” o casal riu, quebrando um pouco o gelo do momento. “Pelo menos agora eu não preciso fingir que não me interesso por você.” “Eu realmente não acreditei quando você disse que gostava de mim há tempos, fiquei bastante atônito, se quer bem saber.” o maroto respondeu, pegando sua mão. De início, Marlene ficou tensa com o gesto, mas em seguida se acomodou, aceitando o carinho.

Era possível ouvir Tiago brincando com o filho na sala de estar, aparentemente o ensinando a interagir com um jogo de fotos animadas. “Harry é uma graça.” Marlene comentou, tendo o consenso do esposo. “Ele de fato é um ótimo menino. Eu sou o padrinho.” disse com orgulho, esbanjando um pouco a posição, fazendo ambos rirem. “Eu sempre quis ter filhos, creio que você sabe. Quero dizer, nós somos casados, então já conversamos sobre isso, não?” Sirius gelou ao ouvi-la dizê-lo, apenas assentiu e não ousou continuar o assunto. Para seu azar, a morena insistiu. “Mesmo para o meu caso, existe a possibilidade de adoção. Isso me conforta muito.”.

Lily salvou a pele de Sirius ao entrar no cômodo para checar o estado da amiga. “Se sente melhor?” a ruiva perguntou, começando a trocar os curativos. A morena assentiu com a cabeça sem dizer uma palavra, apenas observando Lily e seu comportamento. “O que Sirius já te contou sobre você mesma?” “Apenas o básico.” ela continuou analisando a amiga, um tanto incomodada. “Lene?” Sirius a chamou de seu devaneio a trazendo novamente à realidade. Lily tinha feito-na uma pergunta, a qual ela respondeu logo em seguida, ignorando que antes desfocara. “O que aconteceu com você? Tem alguma coisa muito diferente.” Marlene concluiu, tocando o pulso da amiga com uma mão e sua face com outra. “Você está ouvindo?” perguntou ao marido, que tinha um olhar confuso estampado na face. “Lene?” a ruiva chamou-a, sem entender o que ela estava fazendo. Sirius e Lilian tentavam compreender a morena, que aparentemente não estava fazendo o menor sentido. Não entendia como eles não conseguiam, porém ela estava lá, dando a impressão de que queria atenção. “Vocês não a escutam?”.

 

 

“Que cara é essa Dorcas?”

Fazia tempo que Remo não via um sorriso daquele tamanho na face da noiva. O maroto pegou uma de suas mãos, a acariciando. “Se não estivéssemos em um hospital, isso” mostrou o gesto para ela “seria romântico”. A loira riu, o dando um beijo na testa. “Dór?” ela lhe entregou algumas folhas de papeis impressos. Quando lhe perguntou sobre o que se tratava, a noiva o respondeu com imensa felicidade “Essa papelada é o que te permite ir pra casa hoje. Só falta a sua assinatura. Você já está bem e sem nenhum resíduo de toxina no seu sistema!” comemorou, o entregando uma caneta. Remo assinou onde requisitado, dando um beijo na mão de Dorcas, que se sentou ao seu lado.

“Estou aliviada. Além de aliviada. Nossa vida vai voltar ao normal e amanhã mesmo podemos comer panquecas de café da manhã!” com essa fala, Dorcas voltou a sorrir, passando a mão no rosto do noivo. “Vou passar em casa no horário do almoço para pegar uma muda de roupas pra você, ok? Então Sirius vai ficar aqui nesse horário. E…” seu olhar baixou, receando o maroto, que esperou por uma continuação. A loura suspirou. “quando chegar hoje em casa, você encontrará dois membros da Ordem na sala. Você já os viu em algumas reuniões, então só não estranhe.” aconselhou, explicando-o em seguida que ela, mesmo sabendo do que o noivo era capaz, preferia não correr riscos enquanto não estivesse cem por cento recuperado. “Até porque é apenas uma medida temporária. Não tem sobre o que se preocupar, querido.”.

Remo decidiu não contestar a noiva, apenas a dando outro selinho. A medibruxa corou, o prometendo que assim que pudesse iria vê-lo novamente naquele dia. Lentamente, esta saiu do cômodo, dando tempo para o maroto pensar em uma maneira de descobrir quem e o que fizeram com ele. Ele tinha perdido pelo menos uma hora de memória, arquivo mental no qual estariam evidências do ataque. Por mais que tentasse, a última coisa que recordava era mesmo de ir ao Beco Diagonal e ver, posteriormente, a marca de Comensal da Morte estampada no braço de um indivíduo. Não sabia se era uma mulher ou um homem, muito menos quem seria.

Seus pensamentos foram interrompidos por duas batidas na porta, que logo foi aberta, revelando um Pedro um tanto quanto acabado. Além de manchas apagadas nas roupas, seu cabelo estava desgrenhado e seus olhos pareciam afundados de tão evidentes que eram as olheiras. As unhas, como sempre, assemelhavam-se a úngulas de rato, sendo irregulares e amareladas. Remo não se pronunciou, apenas observou o amigo chegar mais perto, esperando que este dissesse algo. “Ele sabe que você está aqui e vivo” sussurrou, lançando o olhar na porta para se certificar de que ninguém indesejável o ouvira. “Vocês precisam de um local seguro” aconselhou Pedro, que foi questionado pelo amigo na escolha do baixo tom de voz. Explicou, ainda sussurrando, que o Lorde das Trevas tinha grande alcance, principalmente em locais públicos como um hospital, que poderia ou não ter um grande número de Comensais da Morte. “Você precisa sair daqui o mais rápido possível e se esconder, ou ele virá atrás de vocês dois. Não deixe que ela se machuque.” sussurrou, se virando e saindo sem explicação, fechando a porta atrás de si.

 

 

“Tiago, o seu filho é a melhor criança do mundo.” constatou Marlene, brincando com ele em seu colo. O menino sorria com qualquer coisa que lhe fosse dita ou mostrada, dando gargalhadas quando lhe faziam cócegas. O maroto riu, concordando e auxiliando a amiga a se ajeitar na cama. “Vocês têm muita sorte, Potter. Ele me lembra muito Nicholas, meu… um conhecido meu. Quando ele era menor, insistia em fazer graça de tudo e parecia ser um dos melhores irmãos mais novos que podem existir, sempre ajudando no que podia e animando a família dele.” a morena comentou, cabisbaixa. Tiago não disse nada, apenas assentiu e voltou a falar sobre assuntos aleatórios com a amiga para que essa não percebesse que ele sabia de tudo aquilo.

O maroto a explicou brevemente o que era a Ordem da Fênix e como o grupo de amigos acabou entrando nessa comunidade de bruxos. Discursou sobre as missões que lhes eram por vezes dadas e como eles conseguiam utilizar informações confidenciais para prevenir conflitos no mundo bruxo. Contou-lhe sobre algumas coisas que ela e Sirius já tinham feito e como tinham se infiltrado na Travessa do Tranco para beneficiar a Ordem. “Vocês conseguem agir muito naturalmente lá dentro mesmo odiando. São uma das melhores duplas que temos.” o moreno informou Marlene, que corou. Ela agora folheava um album de fotos que continha imagens animadas de todo o grupo, incluindo também a Ordem da Fênix.

“Parece meio bobo, mas eu me sinto tão diferente. Se passaram só quatro anos e fisicamente eu mudei muito. Aliás, desde quando eu como tanto? É uma fome que eu nunca senti antes na vida!” Marlene resmungou. “Nessas semanas que passaram não fiz nada além de deglutir tudo o que me aparece na frente.” Tiago apenas riu, argumentando que talvez ela estivesse assim por conta da falta do que fazer, uma vez que ainda estava se recuperando. “E de qualquer jeito,” o maroto iniciou fala “acho que Almofadinhas prefere você assim, menos magra. Então não é como se isso fosse tão ruim, não é mesmo?” os dois melhores amigos riram, fazendo Harry os acompanhar.

Antes que pudesse contestar, a morena sentiu um frio descer por sua espinha, arrepiando-lhe por inteiro. Seus ouvidos pareciam captar ecos, junto com um grito. Uma mulher gritava. Embora a sensação fosse que sua presença estava por perto, Marlene sabia que ela não estava lá. Escutava o vento e uma chuva rala, junto com o barulho de seu corpo caindo no chão. Os pingos d’água ficavam mais grossos e as ruelas criavam poças rasas, que por vez ou outra estavam entre pedras. “Lene?” a bruxa piscou e percebeu que seu amigo estava na sua frente, enquanto Harry puxava seus cachos desgrenhados. Seu devaneio tinha se evaporado, junto com as imagens do local. “Marlene?” insistiu o maroto, que obteve um murmúrio de resposta. Percebeu que o quarto estava seco e o chão era feito de madeira, não pedregulhos, enquanto as rajadas de vento se extinguiram. Seus braços, embora com curativos, não tinham machucados abertos, muito menos sangue exposto. “Como me encontraram?” os olhos dela se encheram de lágrimas enquanto sentia os hematomas no abdome. Antes que o amigo a explicasse, esta se pronunciou novamente. “Está muito escuro e eu não alcanço minha varinha.”. A expressão do maroto se tornava mais confusa com cada frase que lhe era dita. “Eu preciso contar para o Tiago.” as lágrimas começaram a rolar por sua face. “Marlene, o que está acontecendo?” ela não respondeu por seu nome, apenas franziu o cenho para ele. “Eu não sei onde estou,” constatou “está muito escuro e eu preciso voltar para meu filho. Não posso abandoná-lo.” cada palavra dita parecia desgastá-la cada vez mais, fazendo com que sua pálpebra ameaçasse constantemente a se fechar. Tiago não compreendia o que estava acontecendo; ela não respondia por seu nome. “Quem é você?” por fim indagou, esperando que Marlene voltasse a si. O problema foi que a morena respondeu algo que deixou-o mais confuso ainda: “Lily”.

 


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