—Ahhhh, a minha cabeça dói!!!

Nesse momento dou por mim num estranho lugar de noite rodeado de arvores e terra, sendo mais direto uma floresta, sim, eu não queria acreditar que eu estava numa floresta. Era uma floresta escura, densa e sinistra, eu estava muito assustado e confuso, não entendo o que se passa, por alguns minutos fiquei paralisado de medo, a minha ultima memória antes de estar aqui é ter ido á casa de banho lavar os meus dentes e num momento a seguir estava aqui.

Olhei em volta e encontrei a minha escova de dentes no chão suja de terra, a única pergunta que para a qual o meu cérebro não encontrava resposta era:

—Como diabos eu estou aqui!?!?

—Bem, ficar pensando aqui não é solução, tenho de me abrigar.

Apanhei a minha escova de dentes e guardei-a, a seguir remexi nos meus bolsos para ver se tinha trazido algo útil comigo alem da escova de dentes, tudo o que eu tinha nos bolsos era apenas o meu telemóvel, um isqueiro e 6 barras de cereais que eu “roubei” da dispensa da minha casa, nesse momento eu liguei o meu telemóvel com a esperança de ter sinal mas em vão, hoje o dia não me estava a correr nada bem, começo a caminhar no chão mas sem um destino que se possa avistar a olho nu, nesse momento inúmeras questões e medos novos surgem na minha mente: será que eu devo correr, está muito escuro e estou numa floresta no meio do nada, eu preciso voltar para casa.

Eu tentava esquece-los mas era impossível, o medo é difícil de controlar e para mim era mais difícil do que o normal, vou tentar encontrar algum lugar que possa dormir essa noite para poder pensar melhor no que irei fazer. Enquanto andava pelas arvores á procura de alguma gruta ou na melhor das hipóteses uma cabana abandonada, nesse exato momento o meu coração começa a bater muito rápido ao ouvir um ruído estranho entre as arvores, só pode ser uma alucinação ou pelo menos espero que seja, eu paro, olho para todos os lados rapidamente e respiro calmamente para me acalmar, em seguida retorno a caminhada mas desta vez mais atento só por precaução e também porque me faz sentir melhor ou pelo menos porque dava uma pequena sensação de segurança, naquele momento eu só queria encontrar um abrigo. Fui andando e passado algum tempo depois de caminhar durante quase ou mais de 1 hora deparo-me com uma parede gigante, como era de noite não se via muito bem mas dava para saber que era uma montanha por ser de pedra e demasiado alta para ver o topo, andei para o lado e acabei por encontrar uma gruta escura demais para saber a sua profundidade por isso resolvi acender o meu isqueiro para iluminar a entrada iluminei a gruta escura e triste.

Num ato de coragem eu entrei sustendo a respiração com a esperança de que algum animal selvagem que lá estivesse não notasse a minha presença. ja lá dentro a caverna era pequena, apenas tinha uns 5 metros em linha reta e depois uma parede no fim, confesso, fiquei desiludido, afinal ate agora não tive muita sorte mas afinal a vida é gentil com alguém nesse mundo? não podia acender uma fogueira porque denunciava a minha posição a possíveis predadores do exterior por isso fui ate ao fundo da caverna e encostei o meu corpo a parede para pensar numa solução, deixei o meu corpo deslizar ate ao chão e senti um pequeno deslize numa rocha, virei-me e vi que a mesma rocha estava a tapar uma entrada em que eu cabia, a pedra era muito pesada mas lá acabei por conseguir tira-la dali e desimpedir a entrada, acendi o isqueiro e apontei-o para o interior da abertura da parede, lá dentro era como um iglu só que de pedra e o que mais me deixou surpreso e assustado ao mesmo tempo foi que havia sinais que alguém já ali tinha estado: havia uma manta, uma cafeteira e muitos ramos secos para acender uma fogueira.

Eu estava bastante feliz apesar da minha situação, agora sentia que talvez conseguisse voltar para casa. Enquanto acendia a fogueira com o isqueiro e depois de varias tentativas falhadas acendi a maldita fogueira, enrolei-me na manta que apesar de não ser a mais confortável era quente e aconchegava-me bastante e aproveitei os momentos antes de dormir para pensar em como eu iria voltar para casa. -Amanha tenho de subir a montanha para tentar encontrar alguma zona com agua e com sorte talvez consiga contactar a minha família, tenho saudades…-pensei eu. Virei-me para o lado da entrada que fechei com a pedra só por medo e fiquei deslumbrando uma pequena fissura entre a pedra e o chão, foi então que quando ia adormecer notei uns barulhos de passos ao pé da entrada da gruta, por instinto sustive a respiração e permaneci imóvel e cheio de medo, a fogueira ainda estava acesa mas a luz que ela emitia não saia pela entrada, pelo menos achava eu. naquele momento eu só queria que aquilo parasse e que eu conseguisse descansar em paz.

Passados alguns segundos o som dos passos começou a aumentar e eu ate podia quase jurar que vinham na minha direção. infelizmente eu estava certo, “ele” vinha em passos lentos em direção a entrada da gruta, a cada segundo que passava o som dos passos e o meu batimento cardíaco aumentavam, os passos entraram por a gruta a dentro e o seu som deixou de me preocupar, agora podia ver duas botas muito desgastadas e rasgadas andando em direção á fissura e eu pensei: -bem esse e o meu fim. comecei a relembrar todas as minhas memórias de toda a minha vida como um flashpack, a minha vida nunca foi nada de especial muito pelo contrario, eu era num pouco diferente em relação aos outros: eu achava que era “o único ser racional no meio de tantos animais selvagens”, enquanto que eu pensava duas vezes em tudo o que eu fazia os outros pensavam apenas neles e pouco ou nada se importavam com o resto, sempre tive vontade de socar a cara deles mas nunca gostei de conflitos, acho isso retardado, fora isso nunca nenhuma rapariga se interessou por mim nem eu achei ninguém com uma personalidade interessante que eu pudesse chamar de possível namorada.