Flor da meia-noite escrita por Tha


Capítulo 32
Não minta para um mentiroso...


Notas iniciais do capítulo

Vou nem dar oi, vamo logo com isso porque tempo é dinheiro e dinheiro é bom e todo mundo gosta, quebra o cofrinho pra esse capítulo BARRO. Ah, não consigo não dizer, então OPA, TUDO BOM?
Ps: Saudades Bia e Flávia, onde vocês se meteram? Foram sequestradas? Voltem



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"Quando se sente que o amor acabou só nos resta o exílio. Exílio de palavras e gestos. E a piedade porque não há nada mais tocante e patético do que não amar quem nos ama.Meu Deus! Eu preciso viver um novo amor, uma grande paixão! Dessas que nos arrastam violentamente. Nos esmagam sem piedade. Nos fazem sofrer com a felicidade porque temos medo de perdê-la."

Oito milissegundos depois...

—Não vai me convidar pra entrar?

—Ai meu deus – Saí do meu espanto e me levantei, descendo as escadas logo em seguida, correndo na verdade, quase tropeçando. Enrolo meus braços ao redor da sua cintura e me permito sentir seu cheiro – Entra aí.

—Valeu.

Jason deixou o capacete em cima do balcão e parecia bem à vontade, percebi que ele já esteve tanto aqui que claro que se sentiria a vontade, não era do feitio do Jason ficar tímido, ele e David eram tão diferentes, mas de alguma forma tão bons pra mim.

Ele se sentou no sofá e eu o segui completamente desconfortável, o que diabos estava acontecendo? Jason em Ellicot? Jason na minha casa? Jason no meu sofá? Jason bem ali na minha frente?

Por onde você andou? Eu te procurei em Riverland, em todos os cantos, mas sem sinal.

—Eu não cheguei a ir.

—Ah... – Fico sem palavras. A sensação é de ter perdido as memórias dos momentos mais importantes e relevantes da minha vida, e de novo, o que diabos estava acontecendo? O diabos aconteceu?

—Você tá diferente, Flor.

—Bom, foram seis meses – Sorrio e mexo no cabelo – Acho que todo mundo tá diferente.

—É eu sei.

—Por que não foi à Riverland?

—Eu ouvi a sua mensagem.

Abro a boca. Fecho a boca. O processo se repete algumas vezes até eu decidir que não tenho mesmo o que dizer.

—Eu voltei – Ele decide continuar sabendo que não estou em condições. Respiro fundo e apoio o queixo nas mãos, que por sua vez, estão apoiadas pelo cotovelo na perna. QUE? Onde você esteve? ­Não preciso perguntar por que, ele já entende pela minha expressão – Soube da festa e então corri até lá, mas já era tarde demais, estava tudo vazio e quebrado. Sentei em um tronco me perguntando se tinham pegado você, e eu juro que não me perdoaria se isso tivesse acontecido. Até que te vi entrando no carro com o David.

—Ah Jason – Chego mais pra frente e pego sua mão – Você é tão teimoso e orgulhoso, garoto, que me perde.

—Me desculpa.

—Devia ter me gritado, feito qualquer coisa, eu teria voltado com você, passei todos esses meses achando que você tinha me abandonado, me deixado a esmo.

—Eu realmente sinto muito, mas você merecia ser feliz.

—Eu nunca precisei de muito pra ser feliz, você bastava – Acuso.

Permiti-me tocar seu rosto, sentir sua barba começando a crescer, observando os traços que eu lutava tanto pra não esquecer. O queixo quadrado, os olhos negros como a noite, as sobrancelhas grossas.

—Mas não sinta mais, você tá aqui agora, tá vivo.

—É mais do que podem dizer – Ele sorri e é como a visão do meu próprio paraíso.

—Não acredito que alguém conseguiu fazer essa menina sorrir – Miriel diz descendo as escadas e eu percebo o que estava acontecendo. Afasto-me sentindo culpada e o loiro segue pra cozinha.

—Quem é? – Jason pergunta com ciúme (?).

—Miriel, ele é como eu. Foi por isso que eu voltei, tenho muita coisa pra te contar. Quando os Arcanjos disseram que Riverland tinha as respostas, eles estavam certos.

—Me conte então – Ele sorri.

—Primeiro tem que me dizer o que andou fazendo.

—Por aí, ajudando do meu jeito. Você tinha razão, Allyson, não podia ajudar de Riverland, mas pude ajudar as pessoas daqui. E eu... me inscrevi na academia de polícia do estado.

—Meu Deus, isso é incrível – O abraço de novo e sorrio, verdadeiramente, eu sorrio.

—É né, tenho que aproveitar minha humanidade.

Algum tempo depois estávamos os três sentados no chão, rodeados de livros. Eu e Miriel mostrávamos tudo o que tínhamos descobertos ao Jason, mostrei meu mais novo poder e Miriel mostrou o dele. Apontávamos pontos cruciais de lendas e Jason ouvia tudo com muita atenção e interesse.

Era incrível o modo como as histórias que contavam pra gente eram equivocadas, a situação era muito pior do que todos imaginávamos.

“Você precisa saber as histórias verdadeiras, pra só então reconhecer as falsas”.

Tentávamos encontrar um vórtex plausível pra Ellicot, mas estávamos quebrando cabeça pra nada. Eu estava deixando algum detalhe passar, mas não sabia o que era.

Kaleesa chegou depois de um tempo e tivemos um pouco mais de experiência pra ajudar no processo. Experiência e magia.

—Jason, acho que vi um livro antigo no escritório da Senhora Hale, me ajuda a procurar – Miriel se levanta – Acho que vai ajudar.

—Claro.

—Eles estão se dando bem – Kaleesa comenta e eu sorrio.

A campainha tocou e eu me levantei, mas aí quase caio quando percebo que meus pés ficaram dormentes. Chego à porta com dificuldade e dou de cara com David.

—Eu sei que você viu a Peyton saindo do meu quarto de manhã, mas eu preciso dizer que não...

—Allyson, eu acho que encontrei um jeito de descobrir onde o vórtex é, dá só uma olhada – Jason diz saindo do escritório da minha mãe com um livro grosso na mão, folheando as páginas – Ah, oi David.

—Jason – David o cumprimenta colocando as mãos no bolso da calça jeans e eu suspiro desviando os olhos dos dois.

Assoviar e fingir indiferença pra depois sair correndo pegaria bem? Acho que não.

Vórtice, ou vórtex é quando colocamos a nossa energia vital para voltar a girar algo mais veloz, no limite físico máximo que podemos chegar. É basicamente um ponto de energia. Essa é a tradução literal. Na tradução que importa pra gente, um vórtex é o encontro de duas linhas com pontos lotados de energia sobrenatural, é um farol, o farol de Ellicot.

Essas linhas são chamadas Linhas Lane, que são redes ocultas de linhas de energia que cruzam a Terra, são como se fossem uma corrente de energia sobrenatural. Se você ligar essas linhas marcadas, o cruzamento delas são locais com energia excepcional. Literalmente um farol. Temos um farol em Ellicot, e o motivo de Darko usar especificamente esse farol é por minha causa.

A grande questão é achar esse farol.

Então todos vieram pra minha casa, era como reunir a gangue de novo e de repente a sala de estar pareceu pequena. Se não fossem as circunstâncias, eu ficaria animada.

—A formatura, foi lá na escola onde teve a primeira onda de sequestros – Kaleesa marca um ponto onde fica a escola no mapa de Ellicot.

—A festa nos Cavs foi a segunda – Eu completo tomando a caneta das mãos dela – E a cabana fica mais ou menos... aqui – Marco com um X.

—Tiveram outros dois, nós não ligamos muito na época quando não tiveram mais outros, mas tudo faz sentido agora – Hazel diz pensativa – A terceira onda foi em um evento de igreja em East Bay, pelo que ouvi falar.

—Então marca – Lhe entrego a caneta e ela faz o mesmo que eu – E a quarta?

—Eu não estava aqui no dia.

—Clove?

—Foi East Bay também, eu lembro – Ela diz pegando a caneta e desenhando o último X.

Ligamos os quatro pra achar o Vórtice e deu direto... no mar. No meio do nada.

—Isso só pode ser piada – David resmunga e eu raciocino – Estão brincando com a gente, aposto que estão rindo da nossa cara agora.

—Porque fariam isso? É exatamente isso o que o livro diz – Miriel indaga.

—Porque querem mexer com a gente – Clove explode – Todo mundo tá mexendo com a gente, deve ter um prêmio pra que mexer mais com a gente.

—Não sei não, alguém aí conhece alguém com um barco? – Pergunto ainda sentada, pensando, só pensando. Se for um fluxo de energia, eu consigo sentir.

—Não precisamos conhecer alguém – Clove sorri – Você é a filha da Profecia, qual a vantagem disso se não pode usar seus truques?

—Só que é impossível resolver isso hoje, já anoiteceu.

—Ótimo, já achei um programa pra amanhã – Hazel sorri e algo em seu olhar me faz sorrir também, me faz acreditar que vai dar tudo certo dessa vez – Eu acho que já tenho que ir, mas se você fizer algo pra comer eu posso pensar em ficar mais um pouco.

Então pouco tempo depois eu estava na cozinha com Kyla preparando sanduíches pra um batalhão, pro meu batalhão. Até David entrar.

—Iiih, tô saindo.

—Muito obrigada, amiga – Sussurro, e mesmo assim ela me deixa – Oi!

—E aí, quer ajuda?

—Ah, não precisa – Rejeito com um sorriso, sem tirar a atenção do que eu estava fazendo.

—Sabe Ally, acho que devíamos conversar sobre o que está acontecendo com a gente e...

—Não, por favor, não – Me viro e apoio as costas no balcão suspirando pesadamente – Eu não posso me dar ao luxo de me distrair agora, Meu foco é impedir o banho de sangue da minha raça, não romance ou... qualquer outra coisa, simplesmente não posso.

—Mas...

—Não.

—É o Jason, não é? – David resmunga e cruza os braços falando bem baixo – Eu sabia que assim que o visse tudo ia por água abaixo. Afinal, a gente só começou de verdade porque pensou que ele tinha ido embora.

—Você sabia?

—Depois de um tempo sim.

—Olha David, não faz isso, não haja como se não importasse pra mim, porque importa, e você sabe.

—Então fala comigo.

—Eu não voltei pra ficar com ninguém, ou dar um oi e tudo ficar relativamente normal de novo – Me aproximo e coloco a mão em seu peito pra sentir seu coração – Eu tenho muita coisa pra fazer, e não posso ser egoísta desse jeito. Tem muita gente que precisa de mim agora.

Eu preciso de você

—Não posso fazer isso – Suspiro – Quando tudo acabar a gente conversa.

Se isso acabar.

—Ally, eu tô com fome! – Hazel chama e sorrio minimamente pro David, a fim de encerrar aquele assunto. Por hora.

Deixei a bicicleta perto de um arbusto no escuro e subo mais um pouco até chegar ao abismo da enseada, a baía se desdobrava à minha direita como um mapa gigante, um mapa de tesouros difícil demais de encontrar.

O vento castigava meu rosto, rebatendo furiosamente os fios do meu cabelo nos meus olhos. O mar abaixo de mim estava tão confuso e com raiva como eu, as ondas batiam nas pedras e se desfaziam em espumas brancas inofensivas.

Se eu fechar os olhos, consigo me lembrar exatamente daquela tarde, todas as sensações, todos os sentimentos, tudo vem à tona. Lembrava-me do modo como Adam me olhou, com raiva, e como Marie sorriu pra mim, mesmo sabendo o que estava prestes a acontecer, ela sorriu pra mim.

—Por que diabos você não responde minhas mensagens? – Perguntei – Espera, o que tá fazendo?

—Justiça.

—É sério, Adam, quem é essa? Ai meu Deus, é a mulher do meu sonho.

—Eu te amo – Marie sussurrou antes de Adam revirar os olhos e a empurrar como se fosse um mosquito que estava o incomodando.

Lembro que soltei um grito apavorado e corri até o abismo, mas seu corpo já estava destroçado nas pedras. Então corri pra sair de lá, mas ele conseguiu me pegar e me levou até a hidroelétrica pra apagar minha memória, mas antes ele disse uma só frase:

Todo mundo pode trair todo mundo.

Abri os olhos novamente e me sentei em uma pedra grande observando tudo ao meu redor. A enseada Back era como um cinto ao redor do mar, que não se fechava totalmente. Em uma extremidade do cinto ficava Ellicot, a minha amada cidade pacata, e na outra ficava East Bay, que era um pouco maior e tinha um shopping. As duas não ficavam muito longe, mas as realidades eram um pouco diferentes.

Eu estava no meio do cinto, tentando achar algum indício de que havia caídos por ali, formei as linhas mentalmente, mas não encontrei nada, como esperado, era uma imensidão de águas prateadas iluminadas pela lua.

O que eu estou deixando passar? O que eu não estou vendo?

—Parece que ficou mais corajosa – Sua voz percorre o vazio e ecoa por entre as árvores, provocadora – Mas continua tola.

Ao contrário da última vez que o vi, não vou lhe dar a satisfação da minha raiva e do meu medo.

—Deveriam te chamar de “A Filha da Quietude” – Ele ri friamente quando finalmente me viro pra encará-lo – Muito bem, quietinha, diga aos seus amigos, seu grupinho, bando, ou sei lá como vocês se chamam, pra ficarem fora do meu caminho, ou coisas realmente ruins vão acontecer.

Mesmo que eu pudesse dar uma ordem assim, jamais me escutariam.

—Já estão. Isso é entre você e eu.

Não minta para um mentiroso... Foi o que Elisa disse em uma das lições em Riverland, e Adam é o maior mentiroso de todos.

Ainda assim, ele parece hesitante. Meus amigos já escaparam de muita coisa por mim, eu faria isso por eles agora, não precisarão escapar de mais nada porque assumi o controle da situação e ia resolvê-la sozinha. Que vergonha seria. Que começo desastroso pro “reinado” dele.

—E seus amados? – A voz de Adam sai aguda, mesmo tanto soar provocadora e sarcástica pra me intimidar – E Jason e David?

Ele não escuta minha resposta, porque não tenho uma.

Adam ri de novo, e dessa vez seu riso é como uma facada no meu coração.

—Onde eles estão? Sabemos que eles fariam qualquer coisa por você. Mas se bem que os dois já a abandonaram, podem muito bem fazer de novo, não é mesmo? – Continua enjoado, com um ar de superioridade, atuando pra si mesmo. Deus, como ele consegue?

Ergo a cabeça em desafio.

—Você acha que eles fariam uma coisa assim?

Adam está longe de ser bobo. É perverso, mas não estúpido. Ele conhece muito bem os dois, sabe que nenhum me deixaria, mesmo que me doa pensar assim, ele sabe. Adam pode mentir pra si mesmo, mas jamais mudará isso.

Os olhos do mestre traem seu coração e ele observa ao redor, examinando árvores e arbustos que cortam a floresta escura. Jason poderia muito bem estar escondido em qualquer lugar, apenas esperando pra atacar. Eu mesma poderia ser a armadilha, a isca perfeita pra pegar a víbora que um dia chamei de amigo.

—Acho que você está sozinha, Ally – Ele diz em tom suave. Apesar de tudo o que fez pra mim, ouvir meu nome na boca de Adam me faz arrepiar com a lembrança de dias passados. Antes, ele o pronunciava com delicadeza e afeto. Agora, como uma maldição – Você é uma aberração, a única dessa sua “espécie” ridícula. Eu acho que será um gesto de misericórdia te tirar esse fardo.

Mais mentiras, ambos sabemos. Imito sua risada fria. Por um segundo parecemos amigos de novo. Nada mais longe da verdade.

—Você também está sozinho, e eu tenho minha aberração ao meu favor, além do ótimo treinamento que você me deu. Então me diga, Adam, o que você vai fazer quando eu recuperar a sanidade dos nephilins que te seguem e você ficar sozinho?

—Simples, você não vai.

—E como tem tanta certeza?

—Ah Allyson, achei que depois de tanto tempo, já tivesse aprendido que não deve duvidar de mim.

—E eu achei que você tinha descoberto que eu não sou mais uma garotinha com medo de sangue.

Paro de conter o que estava segurando por muito tempo e minhas mãos liberam a luz branca que passei a amar. Adam fica cego temporariamente por causa da luminosidade, o que me dá a chance de agarrar seus pulsos, e os queimar. Ele urra de dor, caindo de joelhos em seguida.

Sorrio quando sinto a pele queimada, enrugando sob minhas mãos.

Adam começa a rastejar, tentando fugir, mas eu reviro os olhos e o puxo pelos cabelos, obrigando-o a encarar o abismo de perto, o despenhadeiro de pedras lá em baixo.

—Sabe, por meses eu fantasiei uma morte bem lenta pra você, faria durar dias, mas então pensei – Suspiro sorrindo, forçando sua cabeça um pouco mais pra baixo – Nada melhor que te fazer provar do próprio veneno. O que acha?

—Eu acho que cobras não morrem com o próprio veneno.

—Foi uma pergunta retórica – Passo o dedo indicador pela sua nuca, percorrendo o pescoço até a clavícula. Também queimo a pele de lá, deixando a minha marca, uma linha fina e grande – Eu quero ouvir você gritar – Adam fecha os olhos com força, suprimindo mais um berro – Agora olha bem pro meu rosto, pros meus olhos, veja como estão azuis, e mesmo assim estou sendo a assassina que tanto queria. Olha bem, Adam! Porque vai ser a última coisa que vai ver antes de morrer.

—Você tem certeza? – Ele parece satisfeito, o que me faz ficar com mais raiva ainda.

—Allyson! – Ouço a voz de Jason e me viro largando Adam no chão, que corre como um cachorrinho pra segurança da floresta, e fica lá encarando os pulsos – O que pensa que tá fazendo?

—Me vingando, é claro.

—Você sabe que não é assim que resolvemos as coisas – Ele levanta Adam pelo casaco e eu bufo – E você – Diz se dirigindo ao meu ex-amigo – Some daqui antes que eu me arrependa e a deixe continuar o que estava fazendo.

—Você acha que eu não sou capaz de machucar as pessoas que me machucaram só porque faço parte do “time dos bonzinhos” – Grito assim que Adam vai embora.

—Entendo que ele tenha te traído e você ainda está ferida, mas...

—Não, você não entende! Você já amou e confiou tanto em alguém e aí se perguntou se realmente a conhecia depois de tantos anos?

—Eu sinto muito – Jason enfatiza e se aproxima como se eu fosse um cão raivoso – Mas eu juro que vamos achar um jeito de consertar tudo, confia em mim.

—Não era você que estava preso em um corpo que só pensava em matar, Jason – Sussurro enquanto ele pega o celular do bolso – Não era você que se deitava uma vez por semana em uma “cama” de metal e era torturado.

—Não volte a ser aquela pessoa então – Ele aponta a tela pra mim e a luz da lua me permite ver meu reflexo.

Meus olhos não estão azuis, estão misturados com verde, que some gradativamente quando percebo que talvez eu nunca vá me livrar totalmente daquela Allyson. Enquanto eu deixar, a escuridão vai me consumir, e agora estando cheio de poder, pode ser bem mais rápido que o esperado.

—Confia em mim, aquilo nunca mais vai acontecer, eu não vou permitir – Jason me abraça forte e eu desmorono em seus braços me sentindo péssima. Seu cheiro me traz algum conforto, mas não deixo de pensar nos meus olhos ficando verdes.

Dizem que pessoas são como vírus, mas se você mata um vírus, você é um médico, se você mata uma pessoa... se eu matar o Adam, eu sei bem o que serei, serei tudo o que ele quer, uma assassina, serei como ele.

Então abraço Jason um pouco mais forte e minhas sensações se suavizam.

—Dorme comigo hoje?


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