A Alabarda de Ouro escrita por Untitled blender


Capítulo 8
De como descubro que, lá no fundo, me odeio


Notas iniciais do capítulo

e aí, pessoas!
capítulo saindo do forno!
quero dedicar um agradecimento especial aos meus primeiros dois leitores assumidos,
Flame Salazar e Vince, vocês vão acabar me forçando a escrever mais rápido!
— Deus te ouça, David-
vejo vocês lá embaixo, fiquem de olho nos easter eggs!



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O silêncio foi ensurdecedor.

—(...)

—(...)

—(...)

—(...)

—(...)

Ao contrário do que eu esperava, quem quebrou o silêncio fui eu.

— Quem é você?- eu perguntei para ele (pra facilitar as coisas, me referirei a mim mesmo na 3ª pessoa)

—Você.

—eu? Você sou eu?

—É.

—Quando?

— Logo. Eu sou seu futuro.

—Viajou no tempo?

Eu observei o sujeito sentado na minha cama. Era bem parecido comigo. Tinha o mesmo peso e altura (mais ou menos) e o mesmíssimo rosto. Só parecia mais velho, mais cansado. Havia profundas olheiras em seus olhos, e seu cabelo estava desgrenhado. Podia ser eu, ou podia ser apenas um Nestene. Ou talvez uma cópia de Carne malfeita.

Pequenos tufos de barba por fazer pontilhavam seu rosto, dando - lhe um ar engraçado.Ele era alguns meses mais velho do que eu. Talvez (e era um talvez bem grande) um ano.

— eu fiquei assim em menos de um ano? – perguntei.

Meu futuro deu um sorriso um pouco torto.

— Esperto – ele disse- mas vou ter que ficar mais.

— então você veio do futuro só pra infernizar seu eu passado? Eu sou tão masoquista a esse ponto? – eu não conseguia parar de falar – como viaja no tempo? Eu vou aprender a viajar no tempo! Em menos de um ano! O que é a terra dos sonhos? Eu já descobri? E quem...

Calei-me perante o olhar assassino que direcionei a mim mesmo.

— Nossa, eu não fazia ideia do quanto tinha mudado... Isso... Isso não é importante agora. Falou com a Gisele, não falou?

— Como... Ah, deixa quieto. Falei.

—Ótimo. Agora, preste atenção. Amanhã, quando nossa mãe perguntar o que houve, conte a verdade. Ela precisa saber.

— Mas ela...

— Silêncio! Depois que falar com ela, vá até o porão. No canto da passagem secreta. Há uma coisa lá que você precisa ver. Sabe de que lugar estou falando?

— Sei.

Quando a casa em que eu morava fora construída, o porão da casa antiga, -que era enorme- foi emparedado. Na época, usara todo o meu poder de persuasão para convencer meus pais a deixarem uma pequena portinha escondida, a entrada do meu “lugar secreto”. A ideia de que meu futuro lembrava disso, mesmo depois de ter passado por – eu supunha- mais loucuras do que eu, era demais.

Eu quase nem cabia mais na “passagem secreta”.

Quando eu era menor, aquela era a “cripta dos quatro”, o nosso local de reunião secreto (meu e de meus três melhores amigos), um pouco antes de eles se mudarem. Lá eu passava horas, construindo coisas, conversando, ou escondido quando fazia alguma travessura.

Nenhum dos meus pais passava pelo buraco na parede, e a sala não tinha janelas. Era extremamente úmida, com paredes de concreto rachado e azulejos fazendo estranhos padrões no chão. Em outras palavras, o lugar perfeito pra alguém como eu.

A súbita lembrança me deixou desnorteado.

Meu eu futuro sorriu. Depois disse:

— Pergunte.

— O quê? – eu questionei- mas, no fundo, eu sabia o que ele queria dizer. Aquelas palavras. As palavras capazes de mudar o mundo à minha volta. David Slayer estendeu a mão para mim.

— Foi um prazer – ele disse.

Não me movi. Eu tinha paradoxos demais na minha cabeça pra deixar de notar esse. Talvez, se eu tocasse nele, que era eu mesmo no futuro, isso gerasse, sei lá, uma falha no espaço-tempo.

Meu outro eu recolheu a mão e sorriu de verdade pela primeira vez.

— Espertinho.

Eu cansei da conversa bizarra, e decidi que era hora de acaba-la.

— Quo vadis? – perguntei.

O sorriso torto se manteve em seu rosto enquanto respondia. Então eu também consigo falar sorrindo. Foi a última coisa que pensei antes de ele desaparecer.

Eu me joguei na cama, e sonhei que flutuava pelo vazio do espaço. Bilhões de estrelas estavam crivadas no céu ao meu redor, viajando lentamente pelas nebulosas coloridas. Uma imensa força de gravidade me puxou, e eu caí, a milhares de quilômetros por hora.

Caí vertiginosamente em um imenso túnel em espiral, repleto de imagens, sons, cores e cheiros. Eu despencava no nada, sentindo a confusão me invadir, além de uma estranha felicidade.

Passei por naves de batalha discoides, saleiros gigantes repletos de esferas – quem lê entenda – monstros e estranhas garotinhas com olhos hipnóticos gargalhando enquanto mil imagens de mim mesmo duplicavam- se e quadruplicavam- se, rodopiando comigo rumo ao esquecimento.

Quando perdi a esperança de chegar ao fundo, uma caixa azul saiu das profundezas e, como uma cabine telefônica do mal disposta a me esmagar, acelerou em minha direção.


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Notas finais do capítulo

quem curtiu os easter eggs deixa um comentário sobre eles!
— quero ver se vocês acham todos!
ah, maos uma coisa. se vocês ficaram confusos com essa história de "passagem secreta", eu tenho um mapa. não consegui colocá-lo no cap, então, se quiserem, mandem o endereço de e- meil de voces nos comentários que eu envio. vai fazer mais sentido. eu acho.
até o próximo cap!