Doce Tentação escrita por Annie Hall


Capítulo 2
Um Jardim Molhado


Notas iniciais do capítulo

Eu aceito sugestões e comentários de palpites, peço desculpas pela grande demora, e perdão caso ainda tenha alguém erro de escrita, revisei por alto e quase não tenho tempo.



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(...)

Cloe me empurrou contra a parede da sala, sua respiração parecia tão ofegante, e um semblante de quem pretendia aprontar, seu rosto estava cada vez mais próximo do meu, foi quando eu disse: - Hey.. Hey o que esta fazendo? – sem resposta ela se aproximou mais, tocou minha nuca com uma de suas mãos e me puxou para mais perto, sem hesitar ela se ergueu na ponta dos pés para que alcançasse meus ouvidos, e foi quando disse: - Acorda. – Foi o suficiente para que eu desse um pulo da cama, Lizzie repetiu, - Ben acorda, com o que você estava sonhando?! Não para quieto na cama, preciso dormir...

Por um momento eu poderia achar que minha esposa estava preocupada, mas ela sequer esperou por uma resposta as perguntas que tinha feito, já havia trocado de posição, me dando as costas para dormir novamente, e eu... bem eu não me importei com o desinteresse dela, estava ainda sob o efeito do sonho, um sonho tão real que quase me deixava sem graça, isso era tão errado, mesmo que apenas em sonho, eu poderia ter murmurado o nome dela enquanto dormia, poderia ter sido bem pior, precisava parar com essas ideias.

Fui me distrair na cozinha, pegar um copo de agua gelada, não pude deixar de notar que uma das luzes da casa de Cloe estava acessa, por não conhecer a casa não consegui distinguir de quem poderia ser o quarto, se é que era um quarto, pois a casa era grande. Subi para a cama, já eram quatro da manha, não foi difícil dormir, na verdade parecia que eu havia piscado e acordado no dia seguinte, já sem minha esposa na cama como de costume, Lizzie trabalhava cada vez mais e suas preocupações com o trabalho só aumentavam... “não posso me atrasar”; “temos de preservar nossa imagem como família”; “sou uma pessoa renomada e conhecida”; “você deve valorizar tudo isso Ben, querido, meu emprego depende disso”... pareciam um amontoado de “bla, bla, bla”, talvez o fato de minha esposa ser realmente uma pessoa muito mais bem sucedida que eu me deixasse frustrado, me sentia numa família onde eu parecia ser inútil, e talvez eu fosse, mesmo assim nunca faltei com respeito a minha filha e minha esposa, o casamento parecia e era maçante, mas não era pedir muito que eu fosse agradecido... Aqui começa minha historia, alguns segredos não podem ser enterrados.

(...)

Eu estava na cozinha, com minha caneca favorita, tomava meu café andando, as vezes pensando, as vezes lendo o jornal diário, quando olhei pela janela lateral, Cloe estava deitada na grama da entrada da sua casa, ela era uma criança diferente de todas que já conheci, dei a volta no balcão da cozinha e me aproximei mais da janela, assim pude ver com mais precisão o que estava acontecendo, era uma manha de domingo, o regador de grama da casa dela estava ligado, eram pequenos jatos de agua lançados por todo o jardim, e Cloe estava lá, com uma camisola branca de algodão que já estava toda molhada, praticamente grudada em sua pele, ela estava deitada de bruços com os pés levantados balançando, estava concentrada em baixo da agua que caia, vasculhando uma caixinha rosa de madeira com alguns polaroids, não sei o que poderia ser tão engraçado, mas a ela parecia se divertir tanto; decidi sair no jardim, ainda com minha caneca em mãos e pouco mais de um gole de café, estava de calça de moletom e camiseta branca que comumente usava para dormir, olhei para o lado da casa de Cloe e acenei para ela, ela correspondeu fechando a caixinha e ficando de pé, me sorriu e acenou de volta, o que para mim foi um grande erro.

— Bom dia senhor Bem! – Disse Cloe animada.

— Ah! É... bom dia Cloe. – Tentei responder olhando apenas a expressão animada dela, o que parecia impossível, sua roupa estava molhada e colada no corpo, era o suficiente para chamar atenção, não pude deixar de notar que por baixo da roupa molhada e fina, ela usava uma calcinha azul, nada atraente, mas em contrapartida, pude ver perfeitamente seus seios ainda em formação totalmente colados na camisola que estava transparente pela agua, eu estava atônito, olhando em direção as pequenas curvas de seus pequenos belos seios, quando ela me chamou.

— O senhor esta bem? – Perguntou preocupada, era inocente demais para perceber o porquê da minha distração.

— Estou sim Cloe! – Respondi tentando não ter uma ereção e me concentrando nas crianças que ali andavam de bicicleta.

 - Não parece, não me respondeu... O senhor ouviu o que eu disse?! – Ela questionou insatisfeita, e eu estava completamente perdido. – Perguntei por que esta de pé tão cedo? – Completou ela.

— Ah, bom eu simplesmente acordei, desci para tomar um café... – Me interrompi quando percebi que o café já tinha esfriado completamente, não sabia dizer sequer quanto tempo fiquei ali parado observando suas nuances. – Cloe, vou entrar, não vi nenhum bilhete de Lizzie e ela não esta em casa... – Antes que pudesse terminar ela me fitou.

— Sua esposa ne, uhum... – Ela perguntou retoricamente, com um riso frouxo no rosto, poderia jurar que eu estava sendo alvo de deboche.

— Hey mas e você... o que ‘você’ faz acordada essa hora? – Perguntei em tom mais grave com a intenção de repreendê-la.

— Digamos que meu pai ‘não me deixa dormir’, ele faz muito barulho,  mas eu já me acostumei. – Respondeu ela sem timidez, puxando os cabelos para o lado e fazendo uma pequena trança.

— Olha, acho que você deve entrar e se trocar, essa roupa molhada não esta nada boa e você pode ficar doente. – Falei praticamente a tocando dali, e logo me virei para voltar a minha casa.

— Sei... – Disse ela seca me dando as costas sem se despedir. Por um breve momento pude pensar que talvez ela tenha notado minha distração em seu corpo, mas prefiro pensar que ela apenas não gostou da maneira como a tratei, não era pra menos, não podia ficar muito tempo na presença dela naquelas condições.

Entrei em casa, coloquei minha caneca no balcão, dei uma ultima olhada pela janela lateral, pude vê-la recolhendo suas coisas molhadas do gramado, deu de ombros e foi para casa.

Subi as escadas direto para o banho, tudo que eu mais queria era uma ducha quente; liguei o chuveiro e deixei a agua cair enquanto ainda me despia, o primeiro jato de agua quente nas minhas costas foi muito relaxante, relaxante o suficiente para perceber que estava  excitado, eu não me sentia assim a dias e também não fazia sexo a meses; essa foi minha deixa para uma manha completamente relaxada e claro que a culpada de tudo isso foi a Cloe, me sentir relaxado implicava em me sentir culpado em estar excitado por uma garota tão nova.

(...)

Às vezes eu sentava no escritório de casa para escrever, algumas poucas vezes levei serviço para casa, nas outras vezes escrevia sobre a rotina, coisas da minha vida. Na tarde de domingo fiquei no escritório, o tédio era tanto que tive tempo para o vídeo game, fazia uns quarenta minutos que Sofie chegara em casa, estava com a Cloe, estudando ou brincando talvez. O escritório fica na parte mais silenciosa de casa, quase não consigo ouvir os carros e as crianças da rua, mas pude notar certa exaltação vinda da casa de Cloe, pareciam estar brigando, uma mulher e um homem, o que certamente era Cloe e seu pai Nick; preferi não me intrometer e sequer escutar, quando me assustei com o barulho da porta de entrada.

— Heeeey, Senhor Bem, abra por favor... O senhor esta ai? – Uma voz apressada dizia, era alguém batendo repetidamente na porta. Subi para ver quem era.

Pelo vidro da parte de cima da porta pude ver Joyce, a magrela vizinha da frente, antes mesmo que eu pudesse abrir a porta uma sirene começou a tocar.

— O SENHOR PODE ME AJUDAR POR FAVOR? – Perguntou ela gritando assim que eu abri a porta, o alarme parecia de incêndio e mal nos permitia conversar. Apenas acenei positivamente com a cabeça para evitar que comunicássemos gritando, o que para ela não parecia ser incomodo.

— OS MENINOS ESTAVAM FAZENDO MUITA BAGUNÇA E UM DELES COMEÇOU A CHORAR, EU SIMLESMENTE ESQUECI UMA PANELA NO FOGO, O SENHOR SABE COMO É NÉ... A FUMAÇA DISPAROU O ALARME E AGORA NÃO CONSIGO DESLIGA-LO... ENTRE POR FAVOR! – Foi o que ela disse enquanto atravessávamos a rua em direção a sua casa.

Joyce tinha dois filhos gêmeos, e o marido trabalhava viajando, não havia problema algum em ajuda-la.

— Pronto! – Respondi ao desligar o alarme, ela estava bem atrás de mim, com os meninos de aproximadamente 2 anos no colo, eles choravam pelo som alto do alarme, peguei um deles no colo e a ajudei a acalma-los, Joyce era uma boa mãe e nunca hesitou ou sequer negou ajuda.

Os meninos ficaram quietos e ela me agradeceu, ela agradeceu muito e completou:

— Eu já estava na porta da sua casa há uns cinco minutos, sabia que senhor poderia me ajudar, não queria ter que pedir ao vizinho novo, ele mal da às caras na rua. Graças a Deus o senhor me ouviu bater, muito obrigada, não sei mesmo como agradecer. – Disse ela me olhando fundo com aqueles grandes olhos amendoados e negros.

— Não precisa agradecer Joyce, sabe que somos vizinhos há muito tempo e que eu não me importo em te ajudar. – Respondi com ternura, pois ela demonstrou muito carinho por eu tê-la ajudado.

Ela me acompanhou ate a porta, e assim que sai pude ver minha esposa descendo do carro recém-estacionado e andando em direção à casa de Rick, em primeiro momento imaginei que Sofie poderia ter aprontado algo, o que gerou talvez a gritaria que ouvi mais cedo, vi minha esposa entrar, e fui para casa, fiquei na cozinha observando pela janela lateral e uns dez minutos depois ela saiu, da mesma forma que entrou, sem nada na mão, não notei nada de estranho, mas mesmo assim questionei.

— O que estava fazendo na casa do Nick? – Disse no mesmo instante em que ela abriu a porta de entrada. Ela me olhou assustada, acho que não esperava por mim ali e com perguntas.

— Nick tem me ajudado com uns papeis sobre as melhores casas da região, talvez isso possa me gerar uma boa matéria. – Ela respondeu com desdenho, vestia um casaco preto, e bolsa marrom escura de couro que só pegou no carro ao sair da casa de Rick.

Lizzie subiu as escadas com a mesma cara que fez para me responder, subi atrás para acompanha-la, talvez conversarmos sobre seu dia e seu paradeiro, o que provavelmente seria respondido com trabalho e mais trabalho. Ela entrou no quarto, colocou a bolsa no closet sem retirar nada de dentro, tirou o casaco e foi se despindo aos poucos para entrar no banho.

— Quer companhia? – Perguntei calmo.

Ela terminou de retirar a camiseta de cetim de costas para mim, e assim me deu um olhar de canto de olhos pela pergunta, um olhar que me repreendeu, me fez arrepender de ter perguntado. Aproximei-me, abri seu sutiã e perguntei mais próximo ao seu ouvido: - Tem certeza?!

Ela puxou o sutiã pelos braços e o jogou sobe a cama e continuou caminhando ate o chuveiro, entrou no banho e me disse: - Porque você não vai adiantando o jantar querido?!

Sai do quarto sem sequer responder, passei pelo quarto de minha filha, ela estava sentada na escrivaninha com fones de ouvidos e livros, continuei caminhando ate as escadas para a cozinha. Quando avistei a porta, não pude me controlar no susto que tive ao ver Cloe de pé do lado de fora da porta pelo vidro. Abri a porta as pressas, ela estava de pijama azul, que pela primeira vez cobria todo seu corpo.

— O que faz aqui há essa hora Cloe? Esta tudo bem? – Perguntei sem esconder minha preocupação.

— Esta sim, só não consigo dormir. – Ela respondeu com voz e olhar de sono, parecia estar muito cansada, mas porque não conseguiria dormir... – Onde esta sua esposa? – Completou ela pouco mais acordada.

— Esta no banho, por quê? Entre? Quer jantar aqui? – Questionei.

— Quase não a vi hoje o dia todo... hrum... – Respondeu Cloe em um tom de voz que eu não conseguia compreender, porque parecia tão difícil entender o que ela queria dizer às vezes, parecia ate proposital da parte dela. – O senhor tem leite? – Completou ela coçando os olhos.

Claro Cloe. – Respondi agindo de imediato, pegando o leite na geladeira e alguns biscoitos.

Servi a ela os biscoitos e um copo de leito puro e gelado, sentamos um de cada lado do balcão, Cloe se sentou perto da porta, ela tomou o leite e comeu quase todos os biscoitos, quando ouviu um barulho e logo em seguida uma voz.

Querido, esta falando com quem? – Disse minha esposa caminhando pelo corredor em direção as escadas para a cozinha.

Cloe rapidamente soltou o biscoito que comia, me deu um beijo na bochecha com a boca marcada de leite e disse baixinho: - Obrigada Senhor Ben, preciso ir. – Saiu as pressas pela porta, nem pude vê-la chegando em casa.

Minha esposa desceu as escadas, me dirigiu um olhar fulminante e perguntou novamente:

— ‘Querido”... Com quem... estava... falando? – Ela perguntou pausadamente com um sorriso estranho no rosto e a cada pausa ela caminhava para mais próxima de mim.

— Com ninguém querida, ter certeza que ouviu minha voz? – Respondi normalmente. O que atraiu novamente o olhar raivoso dela.

— E porque esta bebendo leite com biscoitos? – Ela me questionou novamente, dessa vez parecia mais paciente.

— Hoje me deu vontade de tomar um lanche para dormir, estou cansado e pensei que talvez a janta fosse demorar muito.

Lizzie caminhou ate mim passo por passo, e eu continuava sentado no balcão olhando para ela, ela se aproximou, chegou seu rosto tão perto do meu que cheguei a pensar que ela iria me beijar, foi quando ela disse baixinho com uma voz rouca e tensa: - E porque esta mentindo para mim? – Antes que eu pudesse responder, ela arrastou com seu pé direito as pantufas de Cloe que foram esquecidas do outro lado do balcão.


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Notas finais do capítulo

Agradeço a quem puder comentar, gosto da opinião de vocês!!! Obrigada :)



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