O Coração de um Nerd escrita por LivyBennet


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!!!!!!!!!
Sei que vocês esperaram muito por esse momento. Vou dizer: eu também. Estava com saudades de escrever, mas a correria não estava deixando. Estou aqui para entregar um capítulo enorme para vocês e tranquilizar seus lindos corações dizendo que: não, não vou parar de escrever até essa história estar terminada. Não se preocupem.
Com a vida mais organizada, estou conseguindo criar um calendário de postagens para cá, então podem esperar em breve um novo cap. do Chris.
Nesse capítulo do Greg, pode-se dizer que as coisas ficaram bem... quentes... ;) Espero que gostem!
Enjoy! ^^

Leitura anterior: Todo Mundo Odeia o Dia das Mães - NTMOC 3ª Temp.



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POV. GREG (Midtown Manhattan - 1986)

“Gregory!” Despertei do meu devaneio com uma voz familiar me chamando em um tom contido.

“Ah, desculpe, sra. Harris. Estava distraído.” Ela me olhou desconfiada, mas preocupada.

“Percebi isso há alguns dias. Você está bem?” Meus pensamentos voltaram ao lugar de antes: Meggie.

“Eu estou. Apenas preocupado com alguém…” Ela assentiu compreensiva.

“Entendo. Espero que fique tudo bem.” Assenti, pensativo.

“Eu também. Obrigada, sra. Harris.”

Era quinta, penúltima semana de julho, e a biblioteca estava anormalmente lotada. Provavelmente formandos que estudavam para o fim do período de aplicação para as universidades. Como sempre, quando eles estavam lá, não tínhamos muito o que fazer, salvo por alguns livros novos que chegavam semanalmente para catalogar, mas como esse serviço já estava feito, eu ficava livre para pensar.

Minha preocupação com Meggie não era nada relacionado a qualquer briga que tivemos; estávamos bem um com o outro. Muito bem, se posso enfatizar. O que estava me deixando aéreo era a quantidade de trabalho que ela vinha fazendo naquela semana.

Depois do baile na semana anterior, conseguimos nos ver no fim de semana, mas foi só a segunda-feira chegar para tudo ir por água abaixo. Daniel viajou para uma conferência em São Francisco e ficaria lá até domingo, deixando ela como responsável pela filial. E algo que descobri sobre a Meggie logo cedo foi que ela leva trabalho muito a sério. Muito a sério mesmo. Ela já ocupava o cargo de relações públicas na empresa, então, com a ausência do irmão, acabou acumulando duas funções, pois a moça que normalmente a substituía estava de férias. E foi assim que nos últimos três dias eu não a tinha visto e só conseguíamos nos falar pelo telefone por, no máximo, 15 minutos por dia. Eu entendia perfeitamente a posição dela, mas não fazia eu me preocupar menos.

Ao telefone sua voz gritava cansaço, e eu sentia meu coração apertar. Na quarta à noite, liguei às 20h e Mariah atendeu, me dizendo que Meggie ainda não havia chegado. Pedi para ela me avisar quando Meggie chegasse, mas que não precisava contar que eu havia ligado se ela estivesse muito cansada. Seria melhor se dormisse. Fiquei colado no telefone até que Mariah retornou às 22h. Meggie tinha chegado cansada e tinha ido direto dormir, sem comer nada, por mais que Mariah insistisse. Agradeci pela ligação e tentei ir dormir.

 

Cheguei em casa pouco depois das 18h. Fui procurar algo para comer e sentei no sofá para esperar a ligação dela, que eu sabia que viria bem mais tarde. Eu estava sozinho também há uns 2 dias. Meu pai também tinha feito o favor de viajar a trabalho. Eu não sabia quando ele voltaria, só que ligaria para avisar quando. De certa forma isso me deixava mais tranquilo. Tudo o que eu não precisava era ele me interrogando sobre a minha cara de preocupado. Ele ainda não sabia sobre a Meggie e eu não sabia se contava ou não. Além disso, eu tinha outra preocupação na cabeça.

As aulas na Corleone já havia acabado; eu, Chris e Lizzy só iríamos lá na próxima semana para pegar alguns documentos de transferência e esvaziar os armários. Como eu tinha falado para eles na noite do baile, a ideia de prestar exame para a Academia de Ciências do Bronxs rondava minha cabeça há algum tempo. Mas eu sabia que Chris e Lizzy não iriam. Os dois eram muito inteligentes, mais do que eles mesmos queriam admitir às vezes, mas o foco da ACB era diferente do foco deles. Eu entendia isso, mas ainda me sentia apreensivo.

Para ser sincero eu não me lembrava se um dia havia ido para uma escola que os dois não estivessem. Pensar nisso não era confortável. Eles teriam um ao outro na nova escola, mas eu estaria sozinho. E eu não tinha boas experiências sozinho.

Suspirei, confuso. Eu queria poder falar sobre isso com alguém. Minha primeira ideia seria a Meggie, mas ela estava tão ocupada e cansada que eu não conseguia tocar no assunto. Parecia pouco importante. E eu não falaria disso com Chris e Lizzy. Eu sei que eles também sentiriam a minha falta, mas, como o Chris tinha dito, não vamos poder ficar juntos para sempre. No fim, a escolha de ir ou não para a ACB seria minha. O problema era que eu ainda não conseguia decidir.

Tomei um susto quando o telefone tocou, me acordando dos meus pensamentos. Antes de atender, olhei o relógio: quase 21h.

“Oi?”

“É tão bom ouvir sua voz.” Sorri de canto, mas reconheci o cansaço em sua voz.

“Como você está?”

“Indo. Foi um pesadelo hoje. Tive que terminar o planejamento do treinamento dos recém-contratados e apareceu uma reunião de última hora dos associados para discutir as novas porcentagens de lucro. Não estava aguentando mais.”

“Imagino que deva ser bem difícil.”

“Muito. E como você está?”

“Bem. Meu trabalho não é nem 10% tão estressante quanto o seu.” Sua risada leve me deixou menos preocupado.

“Sim. Invejo você.” Ouvi um bocejo seu.

“Comeu alguma coisa?”

“Sim. Mariah me forçou a comer. Na verdade ela me subornou. Disse que não me daria torta de maçã se eu não jantasse.” Ri da estratégia bem-sucedida de Mariah.

“Ótimo. Gosto muito da mente da sua governanta.”

“Você teria feito a mesma coisa, não é?” ela perguntou em tom de acusação.

“Esteja certa disso.” Ela riu e ouvi outro bocejo. “É melhor você ir dormir. Já está mais que cansada.” Ela choramingou do outro lado da linha.

“Por que amanhã eu ainda tenho que ir para lá? Eu vou matar o Dan quando ele voltar.” Meu coração apertou novamente. Eu queria tanto abraçá-la.

“Amanhã é sexta. Último dia. Quando nos virmos no fim de semana, te ajudo a planejar uma vingança contra ele.” Ela riu, o riso logo virando outro bocejo.

“Quero saber qual é o seu plano.”

“Pode deixar. Boa noite?”

“Boa noite.”

“Descanse bem.”

“Ok. Eu queria que você estivesse aqui.” Sua voz saiu tão baixa quanto um sussurro, mas meu coração errou uma batida. Ela precisa tanto assim de mim?

 

Depois que ela desligou eu não fui dormir; continuei no sofá remoendo aquilo. Que tipo de namorado eu era? Meggie tinha passado a semana inteira praticamente sozinha, precisando de mim e eu não tinha ido até ela. Senti meu estômago se retorcer de culpa. Eu não tinha feito nada por ela a não ser me preocupar, e isso não ajudava em nada.

Revirei meu cérebro tentando encontrar algo que pudesse fazer para ajudá-la, mas fui descartando as opções uma a uma pois, para a maioria, eu não tinha tempo hábil. No fim, sobrou apenas o mais óbvio e simples, e provavelmente o que ela mais queria: eu iria até ela.

Levantei do sofá, mais uma vez abençoando o fato de estar sozinho, e subi até o meu quarto. Peguei a mochila que eu normalmente levava para a escola e a coloquei na cama. Escolhi algumas roupas e guardei na mochila, tentando não pensar no que eu estava me propondo a fazer. Se desse algo errado, eu lidaria com as consequências depois. Ela precisava de mim e isso era o mais importante.

 

Na manhã seguinte, levantei cedo, peguei a mochila e fui trabalhar. Daria um jeito de vê-la depois do trabalho. Eu estava ansioso e agradeci por terem chegado mais algumas caixas de livros para catalogar ou eu passaria o dia inteiro brigando com essa ansiedade. A sra. Harris percebeu o quanto fiquei imerso no trabalho, mas não comentou nada. Eu era muito grato pela discrição dela. Às 18h, pontualmente, me despedi da sra. Harris lhe desejando um bom fim de semana e saí.

Na quinta à noite, depois de ter decidido ver a Meggie no dia seguinte, e depois de muito pesquisar, descobri que o prédio onde ficava a empresa da família dela era ridiculamente perto da biblioteca onde eu trabalhava. Dava para ir a pé e chegar em 20 minutos, e foi exatamente isso que eu fiz. Segui a Quinta Avenida até a bifurcação com a Broadway e logo estava em frente a um prédio com grandes janelas de vidro e quase 30 andares. Entrei e fui direto à recepção do hall de entrada.

“Com licença?” Uma das recepcionistas ergueu a cabeça com um sorriso.

“Sim, senhor?”

“Ah, eu procuro o andar da Scottrade.”

“Seu nome, por favor.”

“Greg Wulliger.”

“Com quem gostaria de falar?”

“Meggie Scott.”

“Um minuto, senhor.”

Ela pegou o telefone e discou alguns números; trocou algumas palavras com a pessoa do outro lado da linha para depois voltar sua atenção para mim.

“Pode subir, senhor. Fica no 25º andar. Ao sair do elevador, siga pelo corredor da direita até a recepção.”

“Obrigado”, agradeci com um sorriso.

Peguei o elevador até o 25º andar e, ao sair, segui o corredor da direita, como a recepcionista havia indicado. A sala ficava no fim do corredor e de longe dava para ver que era muito branca. A porta de vidro tinha o logo da empresa. Ao entrar, uma moça sentada atrás do balcão sorriu para mim.

“Boa noite, sr. Wulliger. Veio ver a srta. Scott?”

“Sim.”

“Ela ainda está em reunião e pediu para não ser interrompida.”

“Tudo bem. Eu espero ela sair. Não precisa me anunciar.”

“A reunião pode demorar, senhor” ela avisou.

“Não tenho pressa.”

Ela assentiu e indicou um dos dois sofás que ficavam do lado esquerdo do balcão. Preferi sentar no que ficava de costas para a porta que eu havia entrado e de frente para outra porta de vidro que ficava também do lado esquerdo do balcão. Eu podia ver uma grande sala através da porta. Várias cabeças passavam entre si no meio das divisórias, e eu ouvia claramente o som dos saltos contra o piso de mármore e o murmúrio de vozes urgentes ao telefone. Por um segundo, eu imaginei como seria trabalhar naquele lugar. A Meggie nunca falava muito sobre o trabalho, mas quando ela falava eu via que ela gostava do que fazia.

Soltei um meio riso amargo ao perceber minha situação. Minha namorada é basicamente a vice-presidente de uma multinacional e eu nem consigo escolher que escola vou frequentar no ensino médio.

Em outros tempos isso teria me deixado muito ansioso e apreensivo, mas agora era só um incômodo mental. Algo que iria desaparecer assim que eu tomasse uma decisão. Era a pressão da indecisão que me incomodava. Nesses quase quatro meses que eu namorava a Meggie, percebi que eu estava mudando pouco a pouco. Ficando mais à vontade com tudo: garotas, conflitos, situações difíceis e decisões. Eu não era mais tão inseguro como costumava ser e não me sentia mais sozinho. Não sabia se isso era uma mudança ocasionada pelo meu convívio com a Meggie ou só o famoso amadurecimento finalmente chegando, mas não iria reclamar. Eu gostava mais de mim assim.

Voltando ao presente, como eu não fazia a mínima ideia de quando a Meggie sairia da reunião, busquei algo para me distrair. Abrindo a mochila, tirei um dos livros de ficção científica que eu tinha me permitido ler depois do fim do ano letivo e continuei minha leitura.

 

Por volta das 20h, a movimentação começou a aumentar e percebi vários funcionários já deixando a empresa. Em meia hora ficaram alguns poucos e eu tive um pouco de esperança que Meggie fosse sair logo. Pouco tempo depois fui recompensado quando vários homens com ternos bem caros começaram a sair pela porta de vidro. A recepcionista cumprimentou todos eles com respeito e sorriu para mim; então eu entendi que a reunião havia acabado.

Pela porta de vidro, vi a porta de um sala no fim do corredor. A porta se abriu e vi uma figura esguia e relativamente baixa sair de lá, fechando a porta logo atrás de si. Algumas das luzes do corredor já haviam apagado, mas eu reconheceria aquele jeito de andar em qualquer lugar, ainda mais com aquele cabelo encaracolado. Assim que passou pela porta, ela me viu e parou repentinamente, a surpresa clara em seu rosto.

“Greg?” Apenas sorri em resposta. Era muito bom vê-la. “O que está fazendo aqui?”

“Óbvio. Vim te ver.” Ela sorriu, os olhos brilhando discretamente apesar do cansaço evidente.

Por um momento me permiti apreciar como ela estava linda. Devido ao ambiente corporativo ela não estava vestida como de costume. Usava uma saia preta justa que ia até os joelhos, uma blusa branca social e saltos altos bege; na mão direita uma bolsa pequena preta. Eu quase nunca a via usando esse tipo de roupa, mas admitia que a deixava ainda mais bonita.

Guardei o livro e levantei, colocando a mochila no ombro.

“Vamos?” Ela assentiu, ainda sorrindo. Depois virou para falar com a recepcionista.

“Boa noite, Jenny. Você pode ir também. Obrigada por hoje.”

“Boa noite, srta. Meggie, sr. Wulliger.”

Acenei levemente para a recepcionista e segui Meggie pelo corredor de entrada até o elevador. No percurso ela me olhou pelo canto dos olhos com um leve sorriso.

Guia do Mochileiro das Galáxias?”

“É um clássico.” Ela riu levemente.

“É a sua cara.”

No elevador, descemos até o estacionamento e caminhamos até o carro dela. Antes de entrar no carro, ela me olhou.

“Obrigada por ter vindo me ver. Significa muito para mim.” Notei uma leve despedida no seu tom, mas não comentei. Ela teria uma surpresa em breve.

“Eu deveria ter vindo antes, mas sou meio lento para entender algumas coisas.” Ela sorriu e me entregou a chave do carro.

“Dirige para mim?” Retribui o sorriso.

“Claro, madame.” Ela entrou no carro rindo, e eu logo depois dela.

O apartamento que ela dividia com o irmão ficava no SoHo, um dos bairros com maior concentração de jovens ricos de Nova York. Nenhuma novidade nisso. Ficava há 15 minutos de carro. Logo chegamos lá e eu a acompanhei até a porta do apartamento, como na noite do baile. Naquela noite ela tinha pedido, sem palavras, que eu ficasse com ela, mas eu tinha recusado. E poucos dias depois, aqui estou eu, fazendo exatamente o oposto.

Me surpreendi quando ela me abraçou, cortando minha linha de raciocínio. Retribui o abraço, acariciando seu cabelo.

“Obrigada. Senti sua falta.” Soltei o abraço e olhei-a nos olhos.

“Por que o tom de despedida?” Seu olhar ficou levemente confuso.

“Você já vai, não é?” Dei de ombros, tentando disfarçar meu nervosismo.

“Só se você quiser.” A surpresa substituiu a confusão. Seus olhos foram brevemente para a mochila no meu ombro e seu rosto ficou levemente vermelho, mas ela sorriu.

“Claro que não quero.”

Virando, ela destrancou a porta, nos deixando entrar e acendendo as luzes.

“Mariah não está?” perguntei, achando estranho as luzes estarem apagadas.

“Não. A filhinha dela adoeceu ontem à noite e ela saiu, deixando um bilhete avisando que voltaria assim que pudesse. Mas liguei para ela hoje pela manhã dizendo que ela ficasse até que a filha estivesse bem. Ela tentou argumentar que poderia deixá-la com a avó, mas recusei. Sei muito bem a falta que uma mãe faz.” Assenti, sem deixar de notar a leve nota de tristeza em sua voz ao falar da mãe.

"Também sei." Respondi no mesmo tom.

Chegamos ao pé da escada e ela virou para mim.

“Vou subir e tomar um banho. Pode ficar à vontade. Mariah deve ter deixado comida pronta estocada na geladeira. É bem a cara dela.”

“Tudo bem. Pode ir.” Acariciei seu rosto e beijei levemente seus lábios. Ela sorriu em retorno e subiu.

Olhei em volta, reconhecendo o lugar; estava tudo como eu lembrava de alguns dias atrás. Tirei a jaqueta e a coloquei sobre uma das poltronas juntamente com a mochila, indo logo em seguida na direção do que achei ser a cozinha. Acendi as luzes e me deparei com uma cozinha ampla em tons de cinza e branco. Um grande balcão se estendia por quase toda a parede oposta à entrada. À direita, ocupando boa parte do cômodo, estava uma mesa retangular de madeira branca. Ao seu redor, dez cadeiras brancas de estofado bege estavam dispostas. Por que tantas cadeiras se aqui só moram ela e o irmão? Deixei a dúvida para lá e, dando a volta no balcão, fui à geladeira.

Como Meggie tinha dito, Mariah tinha estocado comida... Muita comida. Dei um pequeno sorriso ao ver vários potes pequenos de vidro empilhados na segunda prateleira, cada um com a quantidade correta para uma refeição. Já ia tirar alguns para ver o que tinha quando notei um cheiro suave. Fechei a geladeira e segui a extensão do balcão; o cheiro ficou mais forte próximo ao forno. Então notei um pequeno papel que estava preso ao vidro do forno. Peguei e li. Era de Mariah.

 

Srta. Meggie, minha pequena Sophie está bem melhor. Obrigada por me permitir ficar com ela. Ela ficou muito agradecida e eu também. Para expressar esse agradecimento, como sei que chegará tarde hoje, passei para deixar um dos seus pratos preferidos. Coma à vontade. Mais uma vez, obrigada.

Mariah.

 

Sorri lendo o bilhete, vendo nitidamente o quanto Mariah se importava com Meggie.

Colocando o bilhete no balcão, abri o forno e encontrei uma travessa de vidro média coberta com papel alumínio. Peguei a travessa e também a coloquei no balcão, ao lado do bilhete. Ainda estava relativamente quente. Agora bem mais perto, não precisava nem retirar a cobertura da travessa para saber o que tinha nela. Reconheceria aquele cheiro em qualquer lugar; era o cheiro da minha infância: tortellini. Sorri, lembrando das poucas lembranças que tinha da minha mãe.

Deixei a travessa no balcão e olhei os armários, tentando adivinhar onde ficavam os pratos. Após abrir algumas portas, encontrei. Já estava organizando-os no balcão quando Meggie apareceu na cozinha. Ela vestia uma calça de moletom e uma blusa de alças brancas; os cabelos amarrados em um coque alto desarrumado. O rosto, já sem maquiagem, não aparentava mais o cansaço de antes.

“Nossa. Vc já achou tudo isso?” Sorri em resposta ao vê-la sentar-se em um dos bancos e empurrei o bilhete em sua direção.

Ela leu rapidamente e riu ao final.

“Por que eu sabia que ela continuaria se preocupando?”

“Porque vocês se conhecem bem. Ela trabalha para a sua família há quanto tempo?”

Meggie guardou o bilhete no bolso da calça e apontou uma gaveta atrás de mim. Abri e encontrei os talheres.

“Vinte anos. Ela começou a cuidar de mim assim que minha mãe morreu. Daniel se lembra melhor. Ele já tinha quatro anos.”

Estanquei por um segundo, calculando rapidamente na minha cabeça.

“Espera. Então você tem 20 anos e seu irmão, 24?” Ela assentiu, sorrindo.

“Por quê? Te incomoda eu ser mais velha?” Neguei com a cabeça, sendo sincero.

“Não. Mas pedofilia é crime.” Ela soltou uma gargalhada como há algum tempo eu não ouvia.

“Eu ainda não sou maior de idade. Só ano que vem.” Dei de ombros, me divertindo.

“Meu comentário ainda é válido. Só farei 21 daqui há 4 anos.” Ela continuou rindo e me olhando como se eu fosse um comediante.

Depois disso nos servimos e comemos, conversando sobre o trabalho dela e o meu. Contei como a sra. Harris já estava rezando fervorosamente pelas férias e o fim dos exames, e ela comentou a felicidade por não precisar ocupar o lugar do irmão tão cedo. Eu sabia que ela estava exausta com tudo aquilo e bem merecia uns dias de folga.

Depois de comer, terminamos rapidamente a louça, peguei minhas coisas na sala e ela me levou até o andar de cima. A escada circular terminava em um corredor com pelo menos seis portas. Imaginei que uma fosse o quarto dela, outra o quarto do irmão e os outros quatro fossem quartos de hóspedes ou escritórios. Passamos pelas primeiras duas portas e, ao chegar à terceira à direita, bem no fim do corredor, ela a abriu.

Como quase tudo na casa, o quarto era muito espaçoso e tinha quase tudo branco. O destaque ficava para uma grande porta de vidro que ficava na parede oposta à porta de entrada. As cortinas brancas e finas deixavam entrar um pouco da luz de fora. À direita ficava uma cama de casal e, encostado à parede entre duas portas, um longo divã bege. À esquerda ficavam algumas estantes com vários livros, uma mesa de estudos organizada e uma TV. O tom claro de tudo no quarto dava uma impressão de calma e suavidade.

“Pode ficar à vontade. Não é nada de mais”, ela comentou.

“Nada de mais? Seu quarto é do tamanho da minha casa.” Ela riu, balançando a cabeça.

“Exagerado. Mas admito que gosto do espaço. Ali é o banheiro”, ela disse apontando para a porta que ficava à direita no divã. “Se quiser tomar banho, tem toalhas na estante lá dentro.”

“Obrigado. Eu vou mesmo.”

“Ok. Te espero aqui.”

“Ok.”

Saí do banheiro um pouco constrangido com a situação, mas tentando agir o mais normal possível. Para a minha surpresa, Meggie já tinha adormecido. Não contive o riso, relaxando imediatamente; coloquei a mochila no divã e caminhei até ela. Estava meio sentada meio deitada, o coque dos cabelos desfeito e segurava frouxamente um livro aberto. Devagar, peguei o livro de suas mãos e o fechei, colocando-o no criado-mudo. Ajeitei seu corpo na cama para que ficasse deitada e coloquei o cobertor sobre ela. Ela se mexeu um pouco, suspirando, mas seu rosto permaneceu calmo. Sentei ao seu lado, sorrindo como um idiota. Afastei uma mecha de cabelo do seu rosto, acariciando sua bochecha de leve. Compreendi o quanto ela devia estar cansada ao vê-la adormecer tão rápido.

“Linda” sussurrei inconscientemente.

Já ia me levantar, considerando se o divã seria confortável de dormir, quando senti sua mão leve no meu pulso. Olhei para ela e encontrei seus olhos entreabertos, enevoados de sono.

“Fica aqui…”

O leve puxão no meu pulso me guiou para frente e acabei deitando com ela, mesmo sentindo meu rosto queimar. Sem saber o que fazer, deixei que ela se acomodasse perto de mim. Por fim, sua cabeça ficou em meu ombro e sua mão direita em meu peito. Aos poucos fui relaxando e me permitir apreciar o momento. Ela já ressonava baixinho; o cabelo uma bagunça no travesseiro. Sorri, colocando o braço ao seu redor e beijando sua testa. Senti um calor bom se espalhar pelo meu corpo, e meu coração bateu com uma sensação de paz que nunca havia sentido antes. Lentamente me deixei levar pelo sono e pela calma que ela me dava.

 

Acordei com uma luz forte no quarto e tentei abrir lentamente os olhos. Virando para o lado percebi que Meggie já havia levantado e sorri, ainda sentindo o cheiro dela no travesseiro. Levantei meio a contra-gosto e segui para o banheiro. Lavei o rosto, escovei os dentes e desci para ver onde ela estava. Encontrei Meggie na cozinha, ainda de pijama, fazendo o café da manhã. O cheiro de café era bom e ajudou a me acordar um pouco. Quando entrei na cozinha ela me olhou e sorriu.

"Ah, queria ter terminado antes de você acordar." Sentei em um dos bancos e ela me entregou uma xícara de café. "Espero que goste." Sorri e assenti.

Para a minha surpresa, aquela intimidade não me deixou desconfortável ou ansioso. Era como se fosse normal; como se fizéssemos isso todo dia. Antes talvez me assustasse, mas agora só me deixava mais feliz.

Tomei um gole do café enquanto observava ela continuar cozinhando.

"Não sabia que cozinhava." Ela soltou um riso suave.

"Eu passava muito tempo com Mariah, então dá para entender. Não sou a riquinha mimada que você esperava, não é?" ela perguntou, me olhando de um jeito divertido.

"Não, não é."

Continuei observando-a até que ela terminou pouco depois. Comemos e depois colocamos a louça na lava-louça. Então virei para ela e perguntei:

"O que quer fazer?" Meggie me encarou surpresa.

"Você ainda vai ficar mais tempo?" Fingi descaso.

"Claro. Que eu me lembre, eu estava lhe devendo um dia de sábado na sua casa." Seus olhos brilharam e ela me abraçou, me beijando logo em seguida.

"Que bom, então. Já sei o que podemos fazer."

 

Depois disso o dia passou rápido, por mais que eu não quisesse. Assistimos filmes, jogamos videogame, cozinhamos juntos, e, no fim do dia, colocamos um colchonete na varanda do quarto dela e ficamos deitados conversando, olhando o sol descer e as estrelas aparecerem. A porta de vidro do quarto dela dava acesso a uma varanda, que tinha uma mesa redonda com duas cadeiras, tudo feito com madeira clara.

Não sei se por passar mais tempo com ela ou por não querer guardar mais aquilo sozinho, acabei falando para ela sobre o meu dilema da escolha da escola.

“Então...” ela começou, depois que eu terminei de explicar tudo “... você não quer ficar sozinho...”

“Nunca tive boas experiências sozinho, Meggie.”

“Mas agora você é uma pessoa diferente do que era antes, não é?” Ela perguntou, virando a cabeça de lado para me olhar.

Continuei olhando para o céu, pensando no que ela tinha acabado de dizer.

“Imagino que sim...” divaguei.

Ela virou, deitando de bruços, e apoiou a cabeça nas mãos para me olhar melhor.

“Quando eu e Dan nos mudamos para cá, ele não queria voltar. O pai tinha lhe dado um cargo importante em Londres, mas ele acabou fazendo uma negociação errada. Era um contrato muito importante para ele e percebi como ele ficou frustrado por ter estragado tudo. O pai conversou com ele e Dan confessou ter escutado mais os assessores do que sua própria cabeça. Então nosso pai mandou ele voltar para Nova York, para ‘desenvolver caráter’ gerenciando a filial sozinho, sem os assessores. Na época não entendi, mas decidi voltar para que Dan não se sentisse sozinho. Agora a mudança dele parece tão evidente que sei que ele ficará bem em qualquer situação.”

Encarei-a, entendendo perfeitamente a relação que ela fazia entre a minha situação e à do irmão.

“Entendo seu ponto, mas a situação dele é bem mais séria que a minha.” Ela deu de ombros sorrindo.

“De qualquer forma, enxergo a mesma mudança em você.”

Fiquei um pouco surpreso por ouvi-la dizer isso, mas eu sentia aquela mudança em mim há algum tempo. Meu receio era porque ainda não havia posto essa mudança à prova.

Sorri e a beijei em agradecimento.

“Obrigado.” Ela sorriu e me beijou em retorno.

Aos poucos foi anoitecendo e ficando frio, então decidimos entrar. Como já era quase hora do jantar, fomos à cozinha procurar algo para comer. Ao passarmos pelo portal da cozinha, Meggie começou a rir e eu virei para ela com uma expressão interrogativa.

"O que foi?" Ela balançou a cabeça ainda rindo.

"Ultimamente tudo o que temos feito é comer, conversar e jogar." Soltei um riso leve, concordando.

"Você estava precisando do descanso; eu, por outro lado, só estou me aproveitando da situação." Disse, de modo divertido.

Ela me encarou surpresa, não acreditando na minha ousadia, mas depois sua expressão ficou provocativa.

"Verdade?" ela perguntou, se aproximando lentamente. Apenas assenti, já ficando um pouco hipnotizado pela sua aproximação. "Então..." ela continuou, me empurrando até que minhas costas estivessem contra o balcão, "... seria justo se..." suas mãos puxaram suavemente os cabelos da minha nuca, "... eu me aproveitasse também."

Eu não conseguia desviar meus olhos dos seus enquanto seu rosto se aproximava do meu. Meu corpo inteiro estremeceu quando ela beijou e mordeu meu pescoço, e minhas mãos foram instintivamente apertar sua cintura. Busquei sua boca com a minha em um beijo cheio de desejo. Ela me abraçou forte, correspondendo ao beijo com paixão. Toquei sua língua com a minha e ganhei um gemido baixo em resposta. O som fez meu sangue ferver. Inverti nossas posições e, segurando-a firmemente pela cintura, eu a ergui e a coloquei sentada no balcão. Ela arfou de surpresa, mas logo me prendeu entre suas pernas.

Meu coração batia tão forte que achei que fosse explodir. Meu corpo estava quente, o que só me fazia sentir ainda mais o calor do dela contra o meu. Seus ofegos e suspiros eram os sons mais incríveis que eu já havia escutado; eu jamais teria o bastante. O sabor da sua boca era absurdamente viciante; e as sensações que ela provocava em mim estavam além da minha racionalidade.

Eu não queria parar. Eu daria tudo para não parar, mas alguma parte do meu cérebro ainda funcionava. Ainda assim, me deixei levar pelo desejo que eu sentia, querendo saber até onde aquilo nos levaria.

Copiando seus movimentos de antes, soltei seus lábios e voltei minha atenção para o seu pescoço. Ela ergueu a cabeça, me dando espaço para explorar com a boca a maciez da sua pele.

"Greg..."

Sua voz sem fôlego gemendo meu nome deixou minha mente completamente em branco. Segurando-a pelas coxas, eu a ergui do balcão e nos guiei até a sala. Deitei-a no sofá, me deitando sobre ela, sem parar o beijo um segundo sequer. Mas logo depois, ela soltou minha boca e voltou a beijar meu pescoço. Soltei um gemido baixo enquanto ela descia as mãos pelas minhas costas. Quando suas mãos começaram a erguer minha camisa, um choque percorreu todo o meu corpo e eu fui trazido de volta à realidade.

"Meggie..." chamei com a voz rouca e sem ar. "Meggie, por favor..."

Ela parou os beijos e me olhou. Os olhos, agora de um tom de azul bem escuro, me encaravam sem entender.

"O que foi?" perguntou sem fôlego.

"Eu acho que deveríamos p-parar."

"Por quê? Eu quero você e você me quer... ou não?"

"Claro que sim, mas..."

Sob o olhar interrogativo dela, a situação me deixou constrangido o suficiente para que eu me afastasse dela e me sentasse um pouco afastado com os olhos no chão. Pelo canto dos olhos, observei ela se erguer e se sentar mais perto de mim. Sua mão guiou meu rosto para que eu olhasse para ela. Como sempre, seus olhos não tinham julgamento, só curiosidade e carinho. Isso me deixou bem mais confortável.

"Mas o quê? Já passamos da parte do segredo, lembra?" Assenti e respirei fundo para tentar explicar.

"Meggie, você sabe que é minha primeira namorada." Ela assentiu. "Então... eu nunca-"

"Eu também não" ela disse, me interrompendo.

Confesso que senti um certo alívio no peito ao ouvi-la confirmar o que eu suspeitava. Ela acariciou meu rosto com um sorriso de compreensão.

"É por isso que quer parar?"

"Não só por isso. Nós estamos juntos há pouco tempo e... eu nunca senti por ninguém o que sinto por você..." Eu falava aquilo olhando-a nos olhos e sentia a cada segundo meu rosto ficar mais vermelho. "Então... eu tenho medo que se nós... apressarmos isso... eu possa te perder... E eu não quero isso. Trocar o que temos por... uma noite."

Enquanto eu falava, vi sua expressão mudar de curiosidade para compreensão e daí para algo que eu não sabia identificar, mas que a deixava ainda mais linda. Antes que eu pudesse reagir, ela me deu um beijo carinhoso e encostou a testa na minha. Após um suspiro, ela disse:

"Tem razão. Às vezes eu me precipito. Também não quero perder o que construímos até aqui." Assenti, feliz que ela tivesse entendido.

Aproximando-se um pouco mais, ela encostou a cabeça em meu peito e eu abracei em retorno. Era essa familiaridade que eu não trocaria por nada.

 

Acordei no quarto dela como na manhã anterior, mas dessa vez a nuvem de cabelos loiros estava bem ali diante dos meus olhos. Sorri e, virando de lado, abracei-a beijando seu  ombro. Ela se remexeu e virou para mim, ainda adormecida. Eu devia estar sorrindo como um idiota e não me importava nem um pouco. Tirei algumas mechas de cabelo do seu rosto, observando o leve movimento dos seus olhos sob as pálpebras fechadas. Beijei levemente seu rosto e, muito a contra-gosto, resolvi levantar. Já era domingo e nenhum de nós sabia que horas o irmão dela chegaria, então seria melhor se eu fosse embora o mais rápido possível. Mas, óbvio, que não iria sem me despedir dela.

Como no sábado, fui ao banheiro, escovei, lavei o rosto e desci até a cozinha,... tendo a surpresa de encontrar Mariah lá. Tão preocupado como estava com a chegada do irmão de Meggie, não havia me lembrado que a governanta com certeza voltaria hoje também.

Antes que eu pudesse decidir o melhor plano de ação, ela me viu - de pijama, que fique bem claro - parado no portal da cozinha. Mas ao invés de gritar comigo, como eu esperei que ela fizesse, ela abriu um largo sorriso e me cumprimentou.

"Bom dia, querido." Será que ela está me confundindo com alguém?

"Ah... bom... dia..." Mesmo sem entender a atitude dela, resolvi que a melhor forma de não deixar uma péssima impressão seria explicar tudo, então... "Ah, Mariah, eu posso explicar. Eu estava preocupado com a Megg--" Mas antes que eu terminasse ela me interrompeu.

"Não precisa se explicar. Eu bem imagino o que aconteceu." Senti todo o meu sangue ir para o meu rosto e comecei a gaguejar.

"N-não a-ac-conteceu n-nada." Ela me lançou um olhar divertido e sorriu.

"E mesmo se tivesse acontecido, não é da minha conta. Você veio aqui para cuidar dela, não foi? Por isso ligou todas as noites da semana. Para saber como ela estava, não é?"

Assenti, sentindo aos poucos o sangue fluir para outros lugares que não o meu rosto. Eu apreciei muito a discrição da Mariah e estava certo de que ela não falaria nada para o irmão de Meggie.

"Obrigado."

Ela balançou a cabeça, pegando uma bandeja e dando a volta no balcão.

"Não precisa agradecer. Você me fez um favor ao não deixá-la sozinha." Ela se aproximou de mim e me entregou a bandeja. "Tome. Pode levar para ela. Acredito que foi essa a sua intenção ao descer para a cozinha mais cedo." Ela disse, me entregando a bandeja e me dando um sorriso sincero.

Retribui o sorriso e reprimi outro obrigado. Subi as escadas até o quarto e Meggie continuava na mesma posição que a deixei. Como única opção, abri a porta de vidro e levei a bandeja até a mesa da varanda. Ainda era cedo - por volta de 7h da manhã; o sol ainda estava baixo e a brisa soprava leve. Sentado à mesa da varanda, eu podia ver Meggie perfeitamente ainda deitada. Debati internamente se a acordava, mas optei por deixá-la dormir mais um pouco.

A bandeja que Mariah havia me dado tinha o suficiente para o café da manhã de 2 pessoas. Acabei escolhendo algumas coisas para comer e servi uma xícara de café para eu acordar.

Eu já havia comido e estava terminando o café quando Meggie começou a se remexer na cama até acordar. Ela sentou na cama, olhando sonolentamente de um lado para outro, até me enxergar na varanda. Soltou um riso leve e levantou, vindo na minha direção e sentando na cadeira à minha frente.

"Bom dia" cumprimentei.

"Bom dia." Ela olhou curiosamente a bandeja e sorriu. "Mariah chegou, né?" Apenas assenti, colocando minha xícara vazia de volta na bandeja. "Ela te recebeu com flores e aplausos?" ela perguntou, também se servindo de umas torradas e suco de laranja.

"Foi quase isso. Quase tive um ataque quando desci e encontrei ela na cozinha. Pensei que fosse me matar por estar aqui."

Meggie riu e negou com a cabeça.

"Mariah é cuidadosa, mas não superprotetora. É uma das coisas que mais gosto nela." Assenti, compreendendo.

"Mas sabe quem é suprerprotetor?"

"Quem?"

"Seu irmão. É melhor eu sair daqui antes que ele chegue." Ela fez uma carinha triste que eu me obriguei a ignorar. Me levantei e lhe dei um beijo suave. "Vou tomar banho."

E voltando para o quarto, fui até minha mochila, tirei algumas roupas e entrei no banheiro.

 

Quando saí do banheiro, já vestido, Meggie ainda tomava café na mesa da varanda.

Guardei minhas coisas na mochila e me aproximei dela para me despedir.

“Você tem mesmo que ir?” ela perguntou, com um cara fofa, e eu ri.

“Você sabe que eu tenho. Seu irmão pode chegar a qualquer momento e ele não vai gostar de saber que passei o fim de semana com você.” Ela fez uma careta e desviou os olhos para a xícara de café. Sentei na cadeira ao lado da sua e acariciei seu rosto, fazendo com que olhasse para mim. “Meggie… esse foi o melhor fim de semana que já tive. Eu quero ir embora tanto quanto você quer que eu vá, mas eu preciso. Vou lembrar de cada momento.” Ela assentiu, os olhos brilhando, e me beijou.

“Também vou lembrar de cada momento.” Sorri e beijei sua testa.

“Bom dia, loirinha.” Ela sorriu.

“Bom dia.”

Peguei a mochila e saí do quarto, desci as escadas e, na cozinha, me despedi da Mariah.

“Já vou, Mariah.” Ela desviou a atenção do fogão e sorriu para mim.

“Ah, se cuide, querido. Obrigada por ter vindo cuidar dela.”

“Não foi nada. Eu já estava ficando careca de preocupação em casa. E como eu também estava sozinho, uni o útil ao agradável.”

“Ela ficou muito feliz por você ter vindo”, ela disse, em um tom tendencioso que eu fingi não escutar.

“Também fiquei feliz por ter vindo. Até.”

“Até, querido.”

Saí do apartamento e do prédio pensando em tudo o que tinha acontecido naqueles dois dias. Para mim parecia que tinha se passado mais tempo. Eu e Meggie nos conhecemos bem melhor depois disso, e eu percebi o quanto é difícil e importante tomar as decisões certas.

***


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Notas finais do capítulo

Então? Ainda estão por ai?

Próxima leitura: Todo Mundo Odeia Formaturas - NTMOC 3ª Temp.



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