Mais que amigos? escrita por Deuzalow


Capítulo 4
Capitulo 4


Notas iniciais do capítulo

Não tem muita gente lendo, então pede ser que eu exclua. Aproveitem. Boa leitura.



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Pov. Percy:

Meu dia não tinha sido dos melhores. No final da tarde eu tinha voltado para casa, a fim de conversar e esclarecer as coisas entre minha família e eu. Minha mãe me deu uns belos puxões de orelha e meu pai não estava em casa. Tinha sido uma conversa complicada, mais no final minha mãe entendeu que eu queria mudar, só não sabia por onde começar. Ao final de nossa conversa paramos no Assunto Annie, já que ela também sustentava uma mentira. Minha mãe estava visivelmente preocupada com Annabeth e tinha suas suspeitas sobre ela andar cabisbaixa e cansada. Eu já não escondia muita coisa dela, pois ela queria poder ajudar e apoiá-la assim como Athena faria se estivesse viva.

Eu estava tomando um lanche em casa, quando recebo uma mensagem no meu celular vindo de Annie. Foi algo meio intimador como: Venha para cá logo, preciso de sua ajuda. Sai correndo o mais rápido que consegui de casa. Tentando não ser visto por minha mãe, não queria que ela ficasse agoniada. Eu estava á pé, já que meu pai usava o carro para trabalhar. Quando chego à boate, percebo que Annie não se encontra no balcão. Apenas vejo Piper sua colega de trabalho. Ela estava preparando umas bebidas, porém desviava seu olhar o tempo todo para porta do banheiro. Ela tinha um semblante sério e algo estava acontecendo ali.

—-- Piper você sabe onde a Annabeth está? Minha voz saiu um pouco tremula por conta do nervosismo do momento.

—-- Percy acho melhor você ir com cuidado, ela não está nada bem. Annabeth não quis me contar o que ouve. Ela esta trancada em uma das cabines do banheiro. Só te peço uma coisa. Não atropele as coisas, ela já está a quase meia hora sozinha. Não sabemos como ela se encontra.

Tudo isso que Piper havia me falado, estava me deixando em estado de choque. Tinha que ir com cuidado, para não assustar minha amiga.

—-- Obrigado Piper, você fez o que pode. Disse  a cumprimentando.

Já estava na porta do banheiro feminino, não me importando muito se podia ou não entrar. Vou abrindo a porta com cautela e vejo que a principio não tem ninguém. As luzes do local estavam piscando, dando um ar meio sombrio. O espelho estava rachado e boa parte das cabines nem tinham porta. Apenas uma se mantinha fechada, era lá que Annie se mantinha. Tudo era mal cuidado e estava pichado ou quebrado. Fico por alguns segundos parado em frente à cabine. Eu estava pensando em como ia abordá-la, eu já imaginava o que tinha acontecido isso me deixava mais apreensivo do que nunca. Tentei abrir a porta, mas me lembro de que ela só abria por dentro. Sendo assim resolvo iniciar uma conversa.

—-- Annie abre essa porta. Vamos conversar. Tentei falar baixinho e de modo amigável.

—-- Eu não vou sair daqui. É muito humilhante, ter que encarar as pessoas lá fora. Ela fala entre soluços.  Resolvo me sentar no chão ficando de frente para cabine.

—-- Annie, você não precisa me contar o que aconteceu. Só quero que você saia dessa cabine para que eu possa te levar para casa. Você me ajudou com minha mãe e agora nos entendemos. Eu devo tudo a você.

—-- O que isso tem haver com os meus problemas? Ela pergunta de forma receosa.

—-- Tudo Annie. Você me ajudou e agora chegou minha vez de fazer o mesmo.

—-- Já disse que não vou sair daqui. Agora ela já não escondia mais o choro.

—-- Então porque me mandou uma mensagem? Eu fiquei preocupado, a Piper também está angustiada.

—-- Eu...eu não sei. Não era minha intenção deixar tantas pessoas nesse estado.

Percebendo que ela não ia ceder tão fácil, entro na cabine ao lado. Piso sobre o vaso sanitário fazendo força para pular a divisória. Amorteço a queda pisando novamente no vaso da cabine onde ela se encontrava. Não dava para ver muito bem o que estava acontecendo, por causa da pouca iluminação. Annie estava sentada no chão com a cabeça escondida sobre os joelhos. Sua gravata estava afrouxada e sua camisa toda desarrumada. Annie sempre andava na linha com tudo na mais perfeita ordem. Realmente algo tinha acontecido por aqui.  Sento no vaso, fazendo carinho sobre seus cabelos. Até que eu resolvo falar.

—-- Porque você está se escondendo do mundo? Pergunto com medo de sua reação.

—-- Eu errei Percy, fiz uma escolha equivocada eu admito. Já sofri as consequências disso. E não sei por que eu te chamei aqui. Se era para você me ver nesse estado. Vendo-me chorar e me acovardar igual a uma garotinha.  Ela fala triste. Minhas mãos ainda estavam em seus cabelos, bem próximas ao seu rosto. Sinto uma onda de calor vindo de suas bochechas, provavelmente ela estava envergonhada.

—-- Annie, todos nós temos nossos momentos de fraqueza. Eu tive o meu quando briguei com o meu pai, mais quando passei a noite com você me senti mais forte para dominar os meus problemas.

 Logo depois dessa revelação, sinto um calor muito maior vindo dela. Minha vontade era de abraça-la e ficar aconchegado ao seu corpo para lhe transmitir segurança.  Agora eu já não tinha resistido e estava ao seu lado, a fim de poder encarar seus olhos cinza. Eu e ela agora estávamos sentados dentro de uma cabine no banheiro feminino.  Levanto seu rosto devagar, para mostrar que só estava tentando ajudar. Eu sabia que qualquer movimento brusco, podia ser interpretado de outra forma. Seus olhos estavam em um cinza extremamente nebuloso, que agora estavam inchados de tanto chorar.

Ela tremia bastante, acredito que também pelo frio. A temperatura local havia caído e ela se encontrava apenas de saia e uma camisa. O banheiro era um ambiente frio e nada aconchegante. Na verdade era repugnante. Ela encarava o nada como se fosse algo muito importante. Em seguida a abraço lateralmente colocando delicadamente uma das minhas mãos em sua fina cintura. Ela acaba por esboçar o primeiro sorriso da noite, mesmo que de forma rápida. Vejo sua cabeça deitar em meu ombro direito. Tudo isso me deixou muito feliz, ela ainda confiava em mim. Eu estava com medo de que ela me rejeitasse. Dava para ver que Annie estava abalada.  

—-- Annie, você andou bebendo? Pergunto curioso. Conversando com ela tinha percebido um hálito forte de bebida alcoólica vindo de sua boca.  Annabeth não era muito forte para bebidas, dependendo do que fosse ela passava mal. Algumas bebidas atacavam seu estômago lhe causando refluxo. Eu tinha estranhado o caso, não era do seu feitio beber. Algo estava errado ainda ia investigar.

—-- Talvez uns copos de uísque. Ela fala timidamente.  Eu estava um pouco aflito, pois uísque era uma bebida um pouco forte. Vejo-a colocar as mãos sobre a barriga e fazer uma careta. Parecia que ela estava enjoada.  

—-- Annie me fala o que ouve. Você não se lembra de que essas bebidas podem fazer mal a você?

Nem deu tempo para que ela respondesse, e a vejo levantar e tampa da privada para começar a vomitar. Ela fazia muita força para poder colocar tudo para fora, estava soltando tudo o que não prestava para fora do corpo. Ela suava bastante e respirava de forma ofegante. Eu segurava seus cabelos e ao mesmo tempo apoiava uma das minhas mãos em seu ombro para indicar presença. Assim que ela termina, faz menção a dar descarga. Entretanto, estava sem forças. Acabo ajudando Annie e a fazendo se sentar novamente ao meu lado. Ficamos alguns segundos parados até que a ouço falar.   

—-- Percy. Ela sussurra meu nome em  direção ao ouvido, sua voz tinha soado de forma falha, fazendo meu corpo se arrepiar inteiro. Ela ainda aparentava estar fraca de desidratada. Precisava se alimentar direito e beber muito liquido. Afinal tinha vomitado tudo que já tinha ingerido no dia.

—-- Pode falar, falei lhe acariciando as bochechas.

—-- Só me leva para casa tudo bem? Fala para Piper cobrir meu turno, depois eu pago ela pelo serviço.

—-- Seu pedido é uma ordem. Falei brincando.  

Levantamo-nos e fomos em direção do carro que Annie usava para trabalhar. Antes de sair converso com Piper que aceitou a proposta sem pestanejar.  Annie ainda estava com os cabelos bagunçados e os olhos vermelhos, causando alguns olhares de pessoas na rua.   

—-- Annie acho melhor irmos ao hospital. Você não está nada bem, falo olhando para ela que agora tremia bastante. Estava suspeitando que ela estivesse com febre.

—-- Não Percy, se eu for lá. A primeira coisa que vão fazer é ligar para meu pai. Ele não pode saber o que está acontecendo. Não é nada de mais eu só passei mal por causa da bebida, daqui algumas horas vou estar pronta para outra. Ela fala pousando novamente sua mão na barriga.

Chegando a sua casa, decido por colocá-la na cama. Entretanto, antes que pudéssemos subir as escadas seu pai aparece, estranhando o fato de Annie já estar em casa.

—-- Filha o que faz em casa essa hora? O que aconteceu? Você não me parece bem. Seu rosto estava enigmático.

Em seguida Annie corre em direção a Frederick lhe dando um abraço acolhedor e torna a falar.

—-- Eu estou bem pai, só pedi para uma amiga me cobrir no serviço. Eu vou dar uma descansada. Se não se importar Percy vai passar mais uma noite aqui em casa.

—-- Tudo bem filha, durma com os anjos. E não façam nada de errado está bem? Ele falou depositando um beijo na testa da filha.

—-- Sem problemas pai. Assim, subimos as escadas em direção ao seu quarto. Annie se joga na cama e se enrola por debaixo das cobertas. Ainda tremendo bastante.

—-- Annie, onde tem um termômetro?

—-- Para que você quer isso?

—-- Olha para você, esta tremendo como se estivesse no polo norte. Vou medir sua temperatura.

—-- Procura dentro do armário. Aproveita e pega um sal de frutas acho que vou ficar uns dias sem comer. Vomitei até o que não tinha.

 Agora já me encontrava com uma caixinha branca em mãos. Procuro o que eu queria e me sento na beira da cama para que eu pudesse medir sua temperatura. Annie encosta na cabeceira da cama, ainda enrolada com um cobertor.  Retiro com cuidado sua gravata e percebo nem precisar abrir sua camisa para colocar o termômetro. Ela já estava com as três primeiras casas de botões abertas. O que era estranho, como havia dito ela sempre andava muito alinhada. Eu não podia evitar, meu olhar ia constantemente para seu busto. Uma pequena parte de sua roupa intima aparecia por fora da blusa, vindo de Annie não era nada intencional. Ela tinha um estilo mais comportado, tudo isso tinha haver com tensão do momento.  Era pouca coisa que estava à mostra, porém já me fazia delirar. Eu não devia ficar pensando nisso tudo já que tinha a Drew, mas eu não queria mais nenhum vinculo com ela. Só não tinha coragem de terminar. Se fosse a Drew, já estaria praticamente despida e fazendo manha para cima de mim. O mais estranho era eu estar olhando com esse desejo todo para minha melhor amiga e não me sentir culpado por nada. Por alguns segundos me senti um pouco mal por isso, Annie estava sensível e um tanto frágil eu aqui pensando essas coisas.

Tentava o tempo todo me controlar e deixar que tudo isso não extrapolasse os limites da minha imaginação se tornando realidade. Ela precisava de um ombro amigo, não de que eu ficasse lhe comendo com os olhos. Por fim resolvo levantar o seu braço colocando o termômetro.  Annabeth faz uma careta pelo contado gelado do termômetro em seu corpo. Por alguns minutos me pegava pensando nela. Ultimamente estava muito difícil separar as coisas, principalmente depois que demos um tempo em nosso código de amizade. Bem que minha mãe falou que caso isso acontecesse eu ia acaba ficando ainda mais intimo dela.  Talvez eu estivesse atraído por ela, porque as coisas aconteciam de forma natural. Annie tinha esse jeito próprio de ser. Ela transparecia ingenuidade, mais no fundo sabia bem o que queria. Seu jeito meio tímido e simples de ser tinham me conquistado. Assim como ela fez com seu ex -namorado Luke Castellan. Tinham namorado por quase um ano, quando ela decide terminar com ele. Ela tinha alegado que Luke amava, mais a si mesmo do que a qualquer outra pessoa. Era um completo narciso. Ele não era uma má pessoa, mais o fato dele não ter se entregado ao relacionamento deles fez com que Annie desse um fora nele. O contato entre eles ainda existe, porém ficou uma coisa mais distante. Se tratam como conhecidos. Retiro o termômetro e torno a falar.

—-- Bem Annie você está em estado febril. Não é nada grave, mais exige cuidado. Falei colocando minha mão sobre sua testa. Ela ainda suava um pouco.

—-- Que bom, eu não quero ter de ir ao hospital. Espero que meu pai não tenha desconfiado de nada. Ela fala mexendo em sua correntinha de coruja, presente que tinha ganhado de sua mãe. Ela devia estar um pouco nervosa.

—-- Vou pegar alguma coisa para você comer. E já volto.

—-- Ei, não precisa de nada. Eu sinto que se comer vou vomitar de novo. E dessa vez não vai ser comida.

—-- Você tem que fazer um esfocinho. Está muito fraca e desidratada, pelo que eu me lembro você não quer parar no hospital.

—-- Tudo bem vou tentar. Só não prometo nada. Ainda sinto uma dor cortante no estômago.   

Fui em direção à cozinha e acabo por preparar uma sopa de saquinho. Era algo fácil de fazer e não dava trabalho para comer. Pego um copo d’água e subo novamente as escadas.  

—-- Demorei muito? Digo entrando no quarto.

—-- Não. Eu só estou aqui pensando.

—-- Em que exatamente? Perguntei curioso.

—-- Em como você está me ajudando, mesmo tendo uma namorada. Isso não está certo Percy. Você devia estar lá com ela agora. Me sinto um pouco egoísta. Drew não aprova nossa amizade e eu não quero ela fique brava com você por minha causa. Ela fala um pouco envergonhada. Suas pequenas bochechas estavam levemente rosadas. Deixando-lhe ainda mais fofa. A minha vontade eram de mordê-las ou enche-las de beijos.

—-- Ei não fica assim. Falei lhe depositando um beijo delicado e terno sobre sua bochecha que agora transmitia um calor reconfortante para mim. Estava arrumando local para ela comer, em seguida olho discretamente para o lado e vejo Annie colocar uma de suas mãos sobre o local onde eu havia lhe beijado. Eu não pude deixar de rir internamente, aquilo tinha sido muito fofo.

—-- Eu não quero mais nada com Drew. Falei admitindo o que ela tanto queria ouvir.

—-- Percy, você não brigou com ela por minha causa foi?

—-- Já faz um tempo que estou com essa ideia, só me falta coragem para realizar. Digamos que o próximo passo dela seria me pedir para eu me afastar de você. Eu não posso fazer isso somos amigos há tanto tempo a Drew nunca vai entender. Tem outros motivos também, ela é muito oferecida e não se importa comigo de verdade. Eu sinto que não é algo verdadeiro.

—-- Poxa Percy que ruim. Posso imaginar o que você está sentindo. Eu já passei por isso antes.

—-- Então me conta como foi terminar com o Luke. Quem sabe não me ajuda com a Drew. Falei um pouco receoso de sua resposta.

—-- Bem eu tinha um pouco de medo da reação dele, mais descobri que era um desejo de ambas as partes. Nós tivemos um conversa franca um com o outro. Eu estava insegura quanto tudo o que se passava na minha vida. Mais hoje vejo que tomei a decisão correta. May Castellan ficou um pouco abalada no começo. Disse que era para repensarmos a ideia, mais não dava mais para conviver com ele dessa forma. Eu acho que ele precisa se tratar antes de tentar arrumar alguém de novo. Essa vaidade toda, egocentrismo estavam me deixando agoniada. Quando o conheci ele já era assim, mais com o tempo foi ficando ainda pior. Ele adorava me exibir para seus amigos, fazia parte do seu ego. Não tinha carinho e nem cumplicidade.

—-- Poxa eu não sabia de tudo isso. Realmente deve ter sido difícil.

—-- Resumindo, você deve ser franca com a Drew também. Ela pode não ser a melhor pessoa do mundo, mais merece uma resposta honesta.

—-- Verdade. Obrigado pela ajuda Annie, vai me ajudar bastante. Agora acho melhor, você tomar sua sopa ou vai acabar esfriando.

Ela já tinha bebido metade da sopa, quando resolvo iniciar uma nova conversa.

—-- E ai como está à sopa?

—-- Está gostosa, muito obrigada. Eu nem sei como te agradecer.

—-- Toma esse antitérmico com a água que eu trouxe. Vamos ver se essa febre abaixa.

Ela toma todo o remédio fazendo careta. Devia ser bem ruim. Depois ela deixa tudo no móvel ao lado da cama.

—-- O que você acha de me dar um espaço novamente na sua cama? Acho que alguém precisa dormir. Fala jogando uma indireta nada discreta para ela.

—-- Vem logo Percy, antes que eu mude de ideia. Foi assim que ficamos boa parte da noite. Eu estava dormindo agarradinho dela, apenas velando seu sono. Ela ainda estava com frio, mais o remédio havia lhe dado sono a fazendo dormir profundamente. Eu estava perdido em pensamentos, olhava discretamente para ela e voltava a sonhar alto. Realmente depois desse dia não tinha dúvidas alguma que eu queria terminar com Drew. Não que eu fosse ficar com Annie, mais só o fato de me sentir livre já de deixava muito feliz.


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Notas finais do capítulo

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