“Quando ele me toma em seus braços, eu vejo a vida em cor-de-rosa.”
Edith Piaf, La Vie En Rose.

Ainda te lembras dos tempos mais fáceis. Onde Bia iria buscar-te na escola e abraçarias Du antes de voltar pra casa e brincarias com tua prima pela tarde toda. Não precisava te preocupar com as frivolidades das Ciências e as grandes dificuldades da tua vida resumiam-se em ter que limpar a tinta seca da cara e não poder banhar-se na praia no final de semana.

Quando papai ainda não gritava na tua cara todos os dias e não tinha esconder nada de ninguém. Quando tu eras criança. Mas aí te lembras de que nem quando criança eras livre. Oh, maravilhoso. Nem as ilusões de bons tempos eram favoráveis a ti.

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Ainda te lembras do primeiro soco. Tu eras demasiado jovem para tamanha violência, mas papai estava tão, tão irritado com a possibilidade mais ínfima de seres diferente do que te era ordenado.

Depois desse soco vieram vários outros. E aos socos, acompanhavam os roxos. Bia chorava toda vez que algum te acometia, e tudo que podias fazer por ela era dizer que não, estava tudo bem, não aconteceu nada. Ela não acreditava, sabias. Mas não culpavas a ela por não poder fazer nada, e só querias que ela parasse de fazê-lo.

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Ainda te lembras de Du. O menino que te roubara o coração e tivera a audácia de não devolvê-lo. Tiveram outros, claro. Não podia evitá-lo, por mais que papai o quisesse. Mas eles não eram Du.

Não encontra razão para não o superar. Não sabes se é a magia das recordações felizes. Ou a cara de choro de Bia quando o menciona. Ou a sensação de ter algo errado com o súbito desaparecimento dele. Quiçá todos, quiçá nenhum. Quiçá fosse somente por Du. O Du feliz e alegre e vivo. O Du tão diferente de ti agora.

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Ainda te lembras dos tempos mais difíceis. Onde tinhas papai a te socar e mamãe a negligenciar. Do ar contaminado da capital. Onde Du era um fantasma de saudade e de desesperança.

A verdade dói, sabias disso muito bem. Mas também liberta. Os choros de Bia agora eram apenas sorrisos melancólicos e olhares perdidos. Os roxos tornar-se-iam amarelados com o tempo e Du manter-se-ia intocado em tua memória. Feliz e alegre e vivo. Como deveria ter sido.

eu não sei o que fazer isso é tão horrivel porque tem que ser assim? oq tem de errado????????????+

não vai ter mais nada, eles não vão ter uma oportunidade de se reencontrar, eles não vão mais viver o amor deles pq+

o meu tio arrancou isso da pior forma que uma pessoa pode fazer