Novamente Alice escrita por Sol


Capítulo 9
Amor e decisão


Notas iniciais do capítulo

Yoooo cap do Ches pra vcs :v
Vai um feels ai? ;-;



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Ches

 

 Andar de modo automático nunca foi tão significativo para mim como hoje, sem ao menos perceber já estava em frente da casa dela, a linda casa rosada e alegre. Forcei um pequeno sorriso, até pensar na palavra “alegre” me parecia hipocrisia quando as lagrimas dela eram tudo o que me vinha em mente.

—Que importa coisa alguma agora? – Murmurei comigo mesmo, tentei olhar para a mesa de chá, mas a dor vinha só de pensar... De lembrar... —Por que se matar? – Senti as lágrimas apontarem, mas que sentido teria chorar?

Subir os poucos degraus que levavam a varanda, até essa simples tarefa era torturante, não pensar no olhar dela, no ultimo olhar dela a mim.

A porta se abriu, eu já esperava algo assim, o chapeleiro era muito sensitivo afinal. Forcei-me a continuar andando, dentro da casa dela eu fiz questão de não olhar para nada, nem ao menos para as paredes, só passei direto pela sala e pela cozinha, saindo pela porta dos fundos.

Na varanda de fora me deparei com o pequeno Let encolhido com a cabeça enterrada entre as penas. Ajoelhei-me ao lado dele, passando a mão por seu cabelo. Ele me encarou, com um pequeno bico e esticou os bracinhos.

—Está tudo bem agora. – Sussurrei quando o abracei, o puxando para meu colo.

—Ela... Ela tava ali... Ai depois... – Ele já estava começando a soluçar, me levantei, ainda com ele no colo.

—Eu sei. – Murmurei baixinho, ele agora se debulhava em lagrimas.

—Ela... Ela não... Ela se machucou... E sumiu...  

—Eu sei Let, não precisa dizer. – Tornei a murmurar, dessa vez afagando o cabelo dele. —Eu vi! - Tê-lo em meus braços trazia uma sensação estranha, uma espécie de conforto mínimo, me ajudava a me lembrar do quanto eu estava pisando sobre singelas minas prestes a explodir. Eu não poderia permitir que elas explodissem, não agora.

—Ela vai volta? – Let ainda era jovem demais para entender coisas como essas. Não é como se não sentisse, mas não sabia medir gravidades.

—Amiguinho, ela foi pra muito longe.

—Mas...

Cheguei perto da outra casa, a casa do chapeleiro, eu pude vê-lo, sentando na varanda, seu olhar perdido denunciava que não estava pensando muito por si mesmo.

Aquela casa já era comum a mim, sempre a usei para indicar o caminho errado aos viajantes, sempre usei aquele lugar como refugio caso eles desconfiassem de alguma coisa. Por que dessa vez mostrei a Alice o caminho certo? Eu era um soldado, treinado para seguir minha função sem questionar. Por que eu não indiquei a Alice o caminho errado? Pelo menos assim Carime ainda estaria viva.

—Ches... – Let me chamou e eu forcei meu melhor sorriso. —Ela tá feliz agola?

—Tá sim, Let! – Confirmei, sentindo as ruinas de dentro do meu coração racharem um tanto mais. —Está em um lindo lugar agora.

Ele enxugou algumas das próprias lágrimas e sorriu minimamente:

—Vou senti saudadi!

—Também vou! Mas ela está feliz e é isso que importa, não é? Por que não tenta dormir um pouco? – Propus, vendo os olhinhos dele se fecharem, tão inocente e puro, algo como a infância não deveria ser violada. Por que nesse mundo tudo parecia tentar corromper até os mais puros?

—Posso sonha com ela? – Ele parecia realmente animado com a ideia, eu o coloquei no chão.

—Pode sim amiguinho, se tiver sorte.


—Vou te! Vou te sim! – Ele sorriu novamente, se aproximando do chapeleiro e depositando um delicado beijo na testa dele.

—Durma bem patinho! – O chapeleiro sussurrou e Let assentiu rapidamente, logo correndo para dentro da casa. —Vai ver a duquesa?

Permaneci olhando para dentro da casa, observando Let em seus passinhos até ele sumir de vista.

—Preciso descansar um pouco. – Admiti, suspirando. —Hoje foi... Demais.

—Dói não é? – O chapeleiro baixou a cabeça e ajeitou o chapéu. —Ver os olhos de quem você ama brilharem uma ultima vez! Suaves... Como joias... E então vê-los se distanciar... Lentamente... Até sumir... E sua visão ficar embaçada.

Eu sabia que ele já não estava mais fingindo.

—Cedrik?

—Vá pra casa meu menino! – Ele sussurrou, se levantando. —Sei que a amava. Mas mesmo lento, um dia vai fazer sentido.

—Cedrik? – Chamei novamente, já sentindo as lagrimas aparecerem. —Não parece certo para mim. Por que se matar? Por que ela não... –Desisti, respirando fundo. —Eu esperava que Alice poderia fazer com que ela dissesse algo, então White também ouviria. Então poderia ajuda ela a mudar. A ser gentil novamente.

—Nem tudo é tão simples... – Ele ergueu a mão, nela um pequeno envelope se encontrava. —Existem algumas vantagens em poder controlar o tempo. – E, por fim, me entregou. —Confie em mim, vai fazer sentido um dia.

   Peguei o envelope sem dizer mais nada, apenas comecei a me distanciar lentamente, uma mistura de tristeza e ódio parecia não querer me deixar em paz, queria me livrar de tudo, mas era quase impossível manter essa ideia, tudo o que pude fazer foi desaparecer de vista novamente.

~ # ~

Assim que senti que estava o máximo possível ao fundo da floresta, eu finalmente parei para respirar, sentindo minha mente voltar aos eixos, sem me preocupar muito me sentei no chão, observando o envelope por um tempo.

Carime sempre foi um enigma para mim, entende-la nunca foi algo fácil, e sinto que nunca será!

Se ela não se importava comigo porque deixar uma carta?

Suspirei e contei até dez mentalmente até decidir abrir o envelope, nele havia duas cartas, pelas datas uma era mais nova que a outra, comecei pela mais antiga:

"Meu querido Ches!
Sinto se fui má com você, sinto se te magoei! Na verdade há tempos eu não vejo mais graça em ser má, sei que você vai rir de mim por isso, e isso é bom, tudo que eu quero é ver novamente o seu sorriso, não sei e sinto que nunca saberei se você ainda gosta de mim da mesma forma que antes... Sabe, tenho medo que vocês não me aceitem de volta, tenho medo que me odeiem, porque eu sei que me odeiam, mas ainda assim e eu não posso suportar essa ideia.
Há muito mais coisas que eu gostaria de dizer, mas eu não tenho coragem nem de escrever...
Sabe eu entreguei esta carta a Cedrik com certa condição, que provavelmente é mais do que óbvia já que eu não entregaria uma carta dessas se ainda estivesse viva, mas parece que ela se cumpriu!
Entenda que você é especial para mim e esse é meu pedido de desculpas, por tudo. Sinto em não saber mais o que dizer...
Com amor:
L.M "

 

Suspirei, tentando impedir as lagrimas, mas algumas já me escapavam, desde quando tudo havia se tornado tão complicado?

Olhei para a segunda carta, era bem maior e parecia ter sido escrita as pressas, sabia que era pior insistir nisso, mas ainda assim comecei a ler:

"Não há nada que eu deseje mais do que te pedir perdão!

  Mil perdões, pelo mal que te fiz e por ter duvidado de que poderiam me perdoar, eu usei o resto de meus poderes para conseguir tempo de escrever essa carta e ela é meu adeus a você!

Todo esse tempo eu esperei apenas o ódio de vocês, mas meu irmão me provou que acredita em mim e agora percebo que você também sempre acreditou, eu os traí e mesmo assim ele não me faz mal algum, ele me deu outra chance, mas não mereço, não mereço, ele continua bom e justo, um menino gentil e eu o amo e o agradeço, pois pela primeira vez eu posso voltar a sorrir de todo coração...

   Eu parei o tempo, parei porque estava a ponto de chorar como uma criança, e chorei, por horas e gritei, implorando por perdão por horas e nem um deles notou, pois eu quero poder lhes mostrar um sorriso de verdade, pela ultima vez, por isso chorei até poder sorrir, mas você sabe disso, sabe sim, porque você viu, por que você estava perto, você estava sempre por perto, estava nos observando, todo o tempo, eu sei, sei que foi você quem chamou White, aposto que pediu para que ele não dissesse que foi você, certo? Com certeza ele vai inventar uma desculpa estupida... ”

Parei de ler, já começando a soluçar, era loucura, era uma tortura.

Eu não podia mais me controlar, eu a amava!

Tentar pensar em seu sorriso era difícil, até isso doía. Tentei ignorar suas lagrimas, mas foi impossível, no fim tudo que fiz foi chorar junto.

Mas ela merecia, era o máximo que podia fazer mesmo tão tarde, então, com minhas mãos tremendo, eu voltei a ler:

“Agora mesmo, enquanto escrevo isso eu sinto você me observando, eu não parei o tempo pra você, por que eu vi suas lágrimas, agora mesmo estou vendo você chorar, você chorou comigo todo esse tempo e agora eu sei... Eu não mereço outra chance, mas ainda sim vou sorrir até o final... Desculpe te permitir me ver chorando e não deixar que me console, mas saiba que te ver no fim... Foi tudo, sabe que meu real amor por você é como amo a um irmão, sabe disso e sempre soube, sei que não vai me julgar, conheço sua força e sua bondade, acima de tudo, nós fomos uma família!
Eu não mereço uma segunda chance!
Mas sorrirei até o fim!
Adeus!
Como amor
L.M!
Não: Carime! "

 

Segurei as duas cartas com mais força, não estava pensando muito em nada, mesmo entre lagrimas em pude decidir, finalmente decidir por quem lutaria, não seria uma vingança e sim uma continuação.

Enxuguei as lágrimas mais uma vez e me levantei, seria a ultima vez que eu permitiria ver quem amo morrer, nem que para isso eu tenha que ir contra tudo que me impedir.

Olhei para cima, não pude ver o céu, as árvores o tampava, novamente naquele dia me obriguei a sorrir, jurando a mim mesmo que não deixaria acabar assim.

 


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Notas finais do capítulo

><
Cap para ajudar a entender melhor o feels



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