—Saíram mais integrantes hoje, Sting.

Minerva suspirou, cruzando os braços enquanto adquiria uma feição de desapontamento. Sting encarou o chão, prevendo que os argumentos seriam o mesmo igual anteriormente, numa mesma situação a não muito tempo. Seus pensamentos não eram de culpa, mas algo próximo a pena e raiva. Dama colocou a mão em seu ombro e lançou um olhar sério e preocupado, recebendo um sorriso não alegre em resposta.

Era isso que Rogue lhe alertava todos os dias. Sting chamava muita atenção pela beleza clichê e sua personalidade, logo olhos sempre ocupavam-se em observá-lo. A cada mãos dadas com seu amante por baixo da mesa, cada olhar discreto e repleto de amor ou quando Rogue sorria mais que um sorriso de canto de boca, estavam julgadores repletos de arrogância e preconceito. Mesmo que um amor tão puro estivesse sendo vivenciado em segredo, insistia em escapar em pequenas ações na luz, esta que nada tinha culpa.

Sabertooth era sua casa, porém, ainda continha rastros de sua antiga vivência. Até alguns meses atrás, Sting debocharia disso, porém, o assunto era tão delicado que não restava espaço para piadas. Era óbvio, como rir da ignorância? Colegas que preparavam as malas para o abandonarem, culpando-o por amar. Por amar Rogue Cheney. Tudo isso parecia inexplicável, onde um ato entre dois iguais parecia acender um ódio de pessoas que supostamente pregavam amor. Sting tinha certeza que se a existência de Deus fosse verdadeira, ele aprovaria seu relacionamento.  

Talvez seja melhor assim. Não haveria máscaras em sua guilda depois das muitas partidas, contudo, o local era um refúgio. Poderia ali ser limpo, mas ao mover seus pés para fora, as atitudes poderiam ser mais agressivas que um olhar desprezível. Um momento doloroso a pessoas comuns, entretanto, tão assustador ao loiro. E pensar que um dia o mesmo estaria em uma situação assim. Oras, não era ele um adorador de batalhas? Estava ele fugindo de uma?

Sting saiu do cômodo com uma postura convicta, atraindo a curiosidade da dona dos fios azulados que o seguiu pelo corredor até o salão principal da Sabertooth. Assim que adentrara o espaço, percebeu cabeças virarem em sua direção, principalmente os olhos vermelhos que tanto adorava.

— Vou passar um recado. – Falou com a voz num tom elevado, não o suficiente para ser chamado de grito, mas alto para membros restantes o procurarem e ouvi-lo. Engoliu em seco várias vezes ao ver que cada vez mais o local se preenchia, evitando olhar para seus companheiros mais próximos que o olhavam preocupados. A hesitação preenchia cada músculo seu, e teve que se esforçar para não tremer, repetindo um discurso mental do que estava prestes a fazer. – Eu e Rogue estamos namorando. Quem não aprova esse amor, se retire da guilda.

Ouviu vários murmúrios, aos poucos o silêncio dominou. Não ousava encarar os membros, apenas olhou rapidamente para Rogue que assentiu seriamente. Suava frio, porém sentia alívio ao expor. A porta da guilda estava fechada e caso alguém saísse, haveria barulho.

Cada batida da porta foi como pancadas em seu estomâgo.

Após ter feito um significativo silêncio, Rogue caminhou em sua direção:

— Foi melhor assim. — Suspirou.

Sting acreditou.

Deram as mãos e olharam para o que realmente poderiam chamar de guilda agora. Estranhamente o moreno sorria, apertando  mão do loiro que se contagiou e não pode resistir a afeição do amado, dando lhe um leve selinho que foi seguido de uma expressão de espanto e milhares de palmas dos integrantes. Eram apenas as batidas dos corações agora.