Depois de cinco anos escrita por Railla Rosy


Capítulo 1
Capítulo 1




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Se passaram cinco anos, cinco anos sem os ver, cinco anos sem o ver.

A cinco anos atrás fui em busca de meu sonho, intercambio. A cinco anos atrás lá estava eu no aeroporto Galeão (RJ) me despedindo das pessoas que amo, me despedindo dele...

Pode ter se passado cinco anos, mas voltar a esse aeroporto, me fez lembrar como foi a despedida, exatamente cada choro, cada abraço, cada momento que eu questionei seguir ou não meus sonhos para ficar com eles... para ficar com ele.

Estar de volta ao Rio de Janeiro, um dos lugares que eu achava que beleza alguma seria maior, é no mínimo esquisito, depois de se passar tanto tempo morando em Los Angeles e viajando para lugares diferentes a todo momento por conta do trabalho, você nota que o Rio de Janeiro só é isso tudo de primeira vista. Há cinco anos atrás nunca havia saído da região sudeste do pais, e hoje aqui estou, após quase ter dado a volta inteira ao mundo, de volta onde tudo começou.

No ano de 2014, no dia vinte e cinco, do mês de julho eu embarguei para a minha primeira jornada, a primeira de muitas, meu primeiro ano nos Estados Unidos, cursando o último ano do ensino médio, morando na casa de alguém que eu não conhecia.

No ano de 2015, no dia primeiro, do mês de maio conclui o ensino médio com louvor. Uma semana depois recebi minha carta de aceitação da “University of California Los Angeles” uma das cinco universidades de cinema mais renomada do mundo.

No ano de 2017, no dia vinte e oito, do mês de abril conclui minha faculdade com honra, mais especificamente me formando em direção de filmes, series ou qualquer outra coisa que tenha que ser dirigido. Ainda no mesmo ano, um mês depois, fui chamada para produzir meu primeiro longa-metragem depois da conclusão “Mais que (im) perfeito” foi o nome do primeiro filme que dirigi já formada.

Um pouco mais de dois anos se passam, dirigi outros filmes, e com eles viajei quase o mundo todo. Não tive tempo de voltar ao Brasil para visitar minha família, na faculdade tudo que eu me preocupava era aprender mais e mais cada dia, para ser a melhor, e foi o que fiz, e consegui, hoje, com apenas vinte e três anos, ser uma das diretoras mais requisitados do mundo.

Voltando ao foco, voltei para o Brasil finalmente por alguns motivos, viver sozinha após quatro anos me fez perceber a falta que faz a família verdadeira, principalmente em datas festivas, então hoje, no ano de 2019, no dia vinte e três, do mês de dezembro, estou aqui para comemorar o natal com minha família, e quem sabe até mesmo rever meu amor. Se você estiver se perguntando se esse amor era a pessoa pela qual sempre me referia diferentemente no começo da minha narrativa, obviamente é ele, meu primeiro e único amor, desde meus nove anos sempre foi ele, até meus dezessete anos, sempre estive com ele, e quem sabe agora, realizada, ele ainda possa ser meu final feliz...

...

Ao passar pela porta de desembarque do aeroporto, percebo o quanto senti falta desse lugar, mas também percebo que não faço mais parte daqui. Português... uma língua que não tenho praticado muito nos últimos anos, mal tenho contato com minha família, e estar aqui, escutando pessoas falaram coisas que mal reconheço o significado me faz repensar se ter me afastando tanto assim valeu realmente a pena, mesmo sendo profissionalmente realizada agora.

Como disse, não tenho muito contato com minha família, logo, ninguém sabe que estou de volta, espero que a surpresa seja boa, e que eles fiquem felizes de me rever.

Avisto duas pessoas com placas, uma era de meu motorista com meu sobrenome escrito, a outra havia um sobrenome conhecido e jamais esquecido, mas não pode ser ele, existem muitas pessoas com o mesmo sobrenome. Ignoro a outra placa sem esperanças de realmente ser ele. Mesmo que eu tenha voltado para o reencontrar, não acho que agora, no aeroporto, com a cara de sono, sem maquiagem e com a roupa toda amaçada seja um bom momento para o tão esperado reencontro.

Entrego minha única mala enorme para meu motorista e andamos em direção ao estacionamento. Entro e me sento no banco de trás do carro enquanto o motorista que eu contratei coloca minha mala no porta malas.

Ao sair do estacionamento já sinto o sol escaldante do Rio me queimar, mesmo com a janela do carro fechada e com o ar-condicionado ligado. Não tenho mais a mesma pele de cinco anos atrás, o sol em LA é diferente, e vamos admitir que eu também não ficava no sol praticamente nunca. Posso sempre ter sido muito branca, mas agora, tenho que concordar que pareço neve, com todo o trabalho, não tenho tempo de tomar sol, e mesmo se tivesse, eu não estaria morena, mas sim vermelha!

O caminho para minha casa demora cerca de duas horas, então pego meu celular em minha bolsa e vou ver se tem alguma novidade, mesmo tendo uma pousa em um dos filmes que estou dirigindo, eu não consigo parar, não estou falando exatamente de meu trabalho de direção, mas sim de um passa tempo que adquiri na faculdade, lá mesmo que você já saiba em que vai querer se especializar, tem que aprender um pouco de tudo, algumas coisas eu já sabia como atuar e coisas mais técnicas, mas uma coisa em especial eu nunca fiz e nunca tentei, e quando tentei foi brilhante, que foi a parte do roteiro, escrever um filme ou passar um livro para filme é espetacular, tudo que você pode pensar, pode se tornar realidade, é magico.

Esse seria um dos muitos motivo pelo qual voltei para o brasil, escrever meu primeiro livro? Roteiro? Não sei direito, o ponto principal é só escrever, e não vejo lugar melhor para escrever, do que o lugar em que tudo começou.

Essas duas horas que se seguirão no carro servirão para “muitas” coisas, como dormir (ou pelo menos tentar, como não consegui fazer isso no voo) ou se não, estudar um pouco mais sobre temas e modos de escrever parece uma boa segunda opção, pode parecer fácil escrever, porque realmente é, mas não quando você já tem um nome a zelar. Como você é uma pessoa muito conhecida ou só conhecida por pessoas importantes, qualquer deslize é motivo para acabar com sua carreira, tanto a atual quanto à futura.

Coloco meu travesseiro de pescoço o qual tem uma ponta com cara de porquinho, e encosto no vidro do carro, a essa altura já saímos da cidade do Rio, acho que estamos em uma rodovia, com bastante vegetação, bem verde e bem viva, do jeito que não via a anos.

Só percebo que dormi, quando o motorista me acorda avisando que já estava em frende de minha casa, se é que ainda posso chama-la assim. A casa de meus pais não se compara a minha casa de LA, a casa deles é velha e acabada por fora, já a minha é nova e praticamente com a frente feita só de vidro.

Enquanto meu motorista pega minha mala, respiro fundo e toco a companhia, logo, uma mulher aparece, com roupas simples e com um avental de cozinha e reconheço essa pessoa muito bem, apesar dos anos, ela não mudou nada.

—Oi mamãe. - Digo a ela, que ao ouvir essas simples três palavras, começa a chorar, provavelmente por ver sua filha tão crescida e adulta.

—Minha pequena -  duas outras palavras ditas que fazem outra pessoa chorar, agora sendo eu. Ouvir essas palavras simples, mas com tanto sentimento, me faz lembrar que voltei por eles também.


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