Fragmentado escrita por Sayumi Ota


Capítulo 1
One-Shot 1 - Privacidade


Notas iniciais do capítulo

Olá para você que está lendo. Como é uma ideia, um protótipo, farei uma espécie "one-shot" para ver se vocês gostam, o que precisa ser melhorado e esse tipo de coisa.
Ah, eu também colocarei uma imagem por capítulo, que é por onde irei começar a fanfic.
Espero que gostem!
Boa leitura!



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Ravena não bateu na porta de madeira. Escancarou-a e olhou preocupada para o rapaz esverdeado, vestido com calça verde escura, e uma camisa clara, sentado em uma cama impecável.

— Como foi o resultado? – Ela perguntou, a voz soando mais rouca do que deveria. Gar parecia abatido.

— Não tô mais de quarentena. – respondeu. Ravena sentiu o alívio correndo pelo seu corpo. Escutar as palavras da boca dele deixava-a mais tranquila.

— Estou vendo. – continuou Rachel, nome adotado por Ravena. – Obrigada por vir me buscar.

Palavras pareciam poucas para ela, pois não conseguiam demonstrar quão agradecida ela estava. Garfield sempre vinha buscá-la.

— Oh, uma visita de gratidão. – Ah, o ácido Garfield. – O quarto do Virgil é no fim do corredor. Ele e Meg são os motivos de ainda estarmos aqui.

Ravena se ajoelhou no chão, para ficar frente a frente com Garfield. Ela ignorou o que ele disse.

— Estou saindo pela manhã. Vou achar Lorena e Amy. Elas sumiram por minha causa. Não posso ficar parada esperando que outra pessoa as encontre. – Ravena voltou a falar.

Garfield se aproximou um pouco.

— Eu vou com você. – decidiu ele.

— Não, não vou pôr qualquer um da equipe em risco de novo. – retrucou ela.

O rapaz se aproximou e os dois ficaram a centímetros um do outro.

— Eu não sou “qualquer um da equipe”, Ravena. – sussurrou ele.

— Eu sei disso, Gar. – Sim, e como ela sabia. – É por isso que estou aqui.

Subitamente, Rachel se levantou.

— Então, aonde você vai? – perguntou ele. Ela se dirigiu até a porta, fechando-a.

— Nos dar alguma privacidade. Mas ainda vou sair pela manhã. – respondeu.

A dona dos cabelos roxos desabotoou a capa sombria, que costumava esconder seu rosto pálido. Ela olhou ao redor do quarto de Mutano e colocou suavemente sua capa em uma cadeira. Nenhum dos dois falou algo, o que era surpreendente.

Garfield sentia um tremendo nervosismo. Para ele, aquilo era ainda mais assustador do que qualquer outro vilão. Depois de tantas idas e vindas, os dois começariam algo? Para valer? Ele não sabia.

Ravena ficou em pé, olhando-o. Qualquer um que ali chegasse podia achar que os dois fariam algo bem errado, porém, Garfield sabia da história da garota. Não, aquele não era o momento ainda.

Ela parecia muito constrangida. Garfield tinha vontade de rir. Rae não suportava quando ela tentava agir como alguém sensual, talvez uma pessoa como Estelar ou até Donna era bem melhor do que ela. Frustrada, ela apertou os braços.

— Tem certeza disso? – perguntou Garfield. Como ele puxou assunto, Rachel sentiu-se mais aliviada. Ela sentou na cama ao lado do garoto, e juntou as mãos.

— Do quê? De nos dar um pouco de privacidade? – devolveu ela, sem olhá-lo nos olhos.

— Engraçadinha – Garfield deu um leve empurrão na garota, que se permitiu sorrir um pouco, o que era raro. – Eu quero ir com você.

— Não. Eu não quero isso. Nós já conversamos. – retrucou ela, olhando-o desta vez. Ambos pareciam cansados, exaustos. Não era tão fácil ter de dar voltas no mesmo assunto.

Garfield levantou e encarou a garota.

— Não, Rae. Você ordenou. Eu não pude falar. – Ele se agachou para ficar de frente com Ravena, que parecia surpresa. Ela se inclinou e deu um beijo suave nos lábios dele, colocando as mãos no rosto de Garfield. Obviamente, aquilo o chocou, porém, ele não era estúpido, deixou-se levar pelo momento.

— Podemos ficar sem discutir pelo menos uma vez, Gar? – perguntou ela, a centímetros do rosto de Mutano.

Ele podia dizer que ela estava fazendo aquilo de propósito, que talvez ela apenas estivesse sugerindo aquilo para que ele não insistisse. Garfield não sabia sentir as emoções alheias como Rachel, mas alguma coisa o acalmava e de repente ele desistiu de discordar.

Ravena deitou-se na cama e fitou o teto. Não queria feri-lo, nem a si mesma, então era certo ela se reaproximar? Não tinha conhecimento da resposta.

Sentiu um leve arrepio e virou a cabeça apenas para olhar e ver Garfield em forma de gato. Um gatinho verde e extremamente fofo, por mais que Ravena nunca fosse admitir.

— O que você está fazendo? – perguntou ela, acariciando o bichano.

— Não estou discutindo. – respondeu ele. – Tá funcionando, não é?

Ela pensou um pouco.

— É, talvez.

Rachel nunca tinha certeza se deveria insistir em alguma coisa com Garfield. Não pensava que pudesse amar, ou que tivesse a permissão para tal. Afinal de contas, ela era meio-demônio, e por mais que detestasse seu pai, ela ainda representava perigo às pessoas que gostava.

Ao olhar para o beija-flor verde, a forma de Gar naquela hora, ela se perguntou quando foi que começou a gostar tanto da cor verde. Era irônico, no mínimo, o rapaz a quem ela era mais apegada ser da cor que ela mais detestava. Ou, ao menos, detestava antes de gostar dele.

Garfield não era como nenhum outro. Por vezes, seu humor podia variar de inofensivo, para ácido, e até inconveniente. No entanto, ele sempre estava disposto a ajudar, e a aceitava como ela era.

— Continuará mudando de forma? – perguntou ao hamster verde, que andava no travesseiro sem parar.

— Por quê? Está te irritando? – devolveu, virando um beagle filhote.

— Não. Você está nervoso – respondeu ela. – Consigo sentir, Gar. Não quero que mude de forma.

O beagle voltou a ser humano. Garfield sentiu que era idiota. Claro que ela sabia, era Ravena, oras. Ele só estava com receio de fazer algo errado.

Ele sentou na cama, de costas para Rachel, que o olhava curiosa, e um pouco desapontada. Quem evitava esse tipo de coisa era ela, não ele. Hesitante, ela passou a mão no cabelo macio do garoto, que se encolheu ao toque.

— Pode deitar aqui, Gar? – Rachel murmurou. Ela sentia um leve rubor vindo-lhe às faces, e bem, quem se importava?

Garfield reagiu como se esperasse por aquilo. Deitou-se ao lado de Rachel e ambos trocaram olhares. Era estranho olhar diretamente para Gar o tempo todo, a sensação que Rachel sentia era a de ansiedade, medo de perdê-lo, e vontade de tê-lo ali.

Só por aquele dia, ela desejou ser normal, mais do que desejara antes, como qualquer outra de sua idade. Em sua cabeça, a vida dos dois fora dos Titãs era simples – tão simples quanto poderia ser para um metamorfo e uma meio-demônia – e feliz. Porém, aquela não era sua vida, nem a dele, então Rachel fechou os olhos e abraçou Garfield, agarrando-se ao pedaço de humanidade que sua vida a permitia.

Não demorou muito para que ela caísse no sono, deitada no peito de Garfield. A situação não deixava o rapaz constrangido, nem confuso. Parecia o certo, e se dependesse dele, aquilo poderia ocorrer outras vezes mais.

Muitas vezes mais.


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Notas finais do capítulo

Então? O que acharam? Críticas, sugestões?
Vejo vocês nos comentários! Até o próximo capítulo!