Welcome to badlands escrita por patty


Capítulo 39
Capítulo Trinta e Oito: um jantar romântico.




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Aiden saiu do trabalho naquela noite e foi direto para o mercado, comprou tudo que precisava para fazer um jantar para Sawyer e começou a arrumar a casa, que Keith não limpava tanto quanto ele gostaria. Sabia que estava se esforçando demais, Sawyer não se importava se a janela estava suja ou não. Sabia que Sawyer só se importava em ficar com ele, mas Aiden sabia que valia a pena se esforçar, gostaria que a noite saísse perfeita, para Sawyer não esquecer.

E Aiden sabia que ele nunca esqueceria.

Ele sabia que para Sawyer uma pizza bastaria, mas ele preparou um macarrão ao molho branco com medalhão de frango ao molho madeira, uma receita que ele pegou em alguma revistinha no mercado, mas não sabia se estava fazendo certo. Fez muita bagunça, usou muitos utensílios e teve de lavar e prosseguir até perceber que faltava quase vinte minutos para Sawyer chegar. Aiden tentou finalizar enquanto limpava a bagunça que fez.

Às oito e trinta e sete, três minutos adiantado, Sawyer tocou o interfone.

Aiden não saiu de casa para espera-lo porque estava terminando de ajeitar a cozinha, a massa ainda estava no forno, mas estava quase pronta.

Sawyer bateu na porta. Não tocou a campainha, como se não quisesse perturbar.

Aiden abriu a porta, esquecendo de tirar o avental que usava e Sawyer deu um sorriso.

— Você cozinhou? – ele perguntou enquanto entrava. Aiden sabia que ele sentia o cheiro e estava com fome, mas tentou soar despreocupado enquanto tentava observar pela cozinha, com a porta entreaberta. – Onde está Keith?

— Foi pra Ingrid – Aiden deu de ombros, como se aquela não tivesse sido sua ideia. – Senta aí, fica a vontade – ele pigarreou, sentindo-se envergonhado. Era Sawyer, o garoto que ele conhecia desde os cinco anos, mas também...

Era Sawyer. E aquela era a primeira vez que ele cozinhava para o garoto que amava há tanto tempo.

Aiden estava nervoso, queria falar naquela noite, contar sobre o que sentia. Sawyer sabia, mas ele queria falar. Não sabia se alguma vez em toda a sua vida Sawyer já ouviu alguém falando que o amava.

Sawyer agiu normal, jogou-se no sofá com os pés em cima da mesinha de centro, ligou a televisão e começou a assistir um filme que estava passando. Aiden ficou o observando por um tempo, desejando morar com ele, não mais com Keith.

Ele estava concentrado no filme enquanto Aiden terminava de preparar o jantar.

*

Sawyer sentia o coração acelerado, mas tentava ignorar e fazê-lo parar enquanto assistia velozes e furiosos, mas ele não conseguia pensar em nada enquanto sentia o cheiro da comida que Aiden havia preparado para ele. Era a primeira vez que faziam aquilo. Um jantar com uma pessoa que gostava era algo que Sawyer nunca imaginou experimentar. E lá estava ele, esperando Aiden terminar de preparar a comida.

Sawyer perguntou a ele se gostaria de alguma ajuda, mas Aiden foi categórico quando lhe fuzilou com o olhar e ordenou que ficasse sentado esperando e que não se atrevesse em ir à cozinha.

Quando Aiden soltou um suspiro de alívio e ele escutou por seu chamado, Sawyer levantou-se e respirou fundo, sentindo seu corpo se acalmar.

Entrou na cozinha e percebeu as louças no escorredor, os pratos em cima da mesa com a comida e os copos ao lado. Percebeu uma vela apagada, mas não perguntou nada.

A aparência e o cheiro da comida estavam bons, Sawyer estava com fome, mas não queria parecer um desesperado e arruinar a noite, entao apenas sentou-se quando Aiden pediu.

Aiden ainda estava em pé atrás de Sawyer, segurando uma garrafa de vinho e uma de cerveja. Aiden segurou os dois e ergueu as sobrancelhas, esperando sua escolha.

— Cerveja, sempre – Sawyer deu um sorriso de lado enquanto Aiden lhe servia um copo e se serviu de vinho em uma taça de plástico.

— A janta hoje é macarrão com molho branco e medalhão de frango enrolado com bacon – Sawyer percebeu, pela luz fraca da cozinha, que ele estava envergonhado.

— Obrigado por ter feito isso por nós, Aiden – Sawyer pigarreou, agradecido.

— Eu gostaria de testar uma coisa – Aiden pediu, ainda em pé no seu lugar e Sawyer assentiu, sem perguntar o que.

Ele foi até o interruptor de luz e a apagou, deixando os dois em um breu. A respiracao de Sawyer falhou por alguns segundos, escutou o barulho de um isqueiro e percebeu a cozinha receber a claridade trêmula da vela solitária no centro da pequena mesa.

Sawyer tentou esconder o sorriso, mas estava admirado com tudo que Aiden havia feito. Admirado, impressionado, apaixonado.

Já não sabia o que dizer. Agradecer novamente? Dizer que estava lindo, que não esperava nada e recebeu um jantar à luz de velas?

Aiden sentou à sua frente, sem tirar os olhos de Sawyer e ergueu sua taça.

— Vamos brindar? – Sawyer ergueu seu copo e os dois se chocaram rápida e suavemente. Sawyer e Aiden se encaravam, os olhos fixados um no outro.

Sawyer estava com fome, então não pensou duas vezes quando agarrou o garfo e começou a comer, sem se importar com sua educação. Até perceber que Aiden o encarava, ainda sem comer nada.

— Me desculpa – Sawyer disse, de boca cheia, e pegou o guardanapo para limpar sua boca suja de molho branco – eu estava com fome.

— Você gostou? – Aiden perguntou, inseguro. Então Sawyer percebeu que ele só estava o encarando para esperar a opinião dele sobre a comida.

— Eu nunca comi algo tão saboroso assim – Sawyer disse, após um longo gole de cerveja – Você realmente leva jeito pra isso.

Aiden corou e Sawyer buscou pela sua mão em cima da mesa.

— Se cozinhar te faz bem, se é o que você quer, tem meu total apoio. E posso ser sua cobaia para experimentar – ele deu um sorriso e Aiden revirou os olhos.

— Você já seria, mesmo se não quisesse.

Quando terminaram de comer, após Sawyer repetir, Aiden se dirigu até a pia e largou as louças ali, colocando os restos em um saco plástico enquanto Sawyer o observava.

— Quer ajuda? Posso lavar a louça.

— Não precisa se preocupar – Aiden deu um sorriso, tentando tranquiliza-lo e largou a sacola de lixo no chão quando percebeu Sawyer se aproximando da louça – Eu vou lavar só amanhã.

Aiden estava com a mão segurando o pulso de Sawyer e por alguns segundos os seus olhares se encontraram e desviaram, demonstrando uma timidez desnecessária naquele momento, mas o que fez Sawyer desistir de tentar lavar a louça e seguiram para a sala quando Aiden separou o lixo e os colocou na área de serviço para não deixar a casa fedendo. Coisas que Keith deveria fazer.

Eles sentaram no sofá, sentindo aquele cansaço depois de comer. Aiden segurava sua taça, já sentindo os efeitos do vinho e Sawyer segurava uma garrafa de cerveja pelo gargalo e sua mão desocupada estava apoiada nas canelas de Aiden, que estava deitado  no sofá com as pernas em seu colo.

— Nunca imaginei que logo você daria um berço pro Keith – Aiden riu e balançou a cabeça.

— Eu vi o preço e sabia que ele nunca conseguiria comprar com o salário mixuruca de vocês. E sei lá... eu estava me sentindo – Sawyer olhou para cima, em busca de uma palavra que definisse o que sentiu ao comprar um presente para o seu amigo – generoso – ele riu. –Você acha que ele vai gostar? Ele não vai ficar estranho, né? Acho que nunca fiz nada legal pra ele.

— Pode ser que ele fique um tempo querendo entender porque você comprou – Aiden admitiu – mas vai ficar agradecido por não precisar gastar o que nem tem.

— Queria ver a cara dele...

— Se meu celular tivesse uma câmera eu poderia grava pra você – Aiden riu apontando para o celular antigo e riu. Uma risada rouca e fraca.

Sawyer ficou em silêncio por alguns segundos e Aiden continuou bebendo seu vinho e sentindo enquanto ele passava o dedo vagarosamente sobre sua perna, mas seu olhar estava distante. A televisão estava ligada em algum programa, mas o volume era baixo, o único som era da voz da garota falando com os telespectadores. Fora isso, o apartamento inteiro estava silencioso e quando Aiden pensou em falar algo, só para despistar aquela quietude, Sawyer o encarou de lado, seu olhar parecia perdido e seu semblante cansado.

— Às vezes eu queria que fôssemos normais. Que pudéssemos andar por aí juntos e sem temer o que pudesse acontecer.

— Do que você tem tanto medo?

Sawyer só tinha um medo: perder Aiden. Perder a única pessoa que era capaz de lembrar-lhe que ele era um ser humano e que tinha um bom coração. Sawyer precisava de Aiden para que ele não esquecesse que era uma boa pessoa, que merecia o carinho de alguém. Mas também precisava do seu sorriso tímido, da forma como segurava sua mão quando ninguém estava olhando. Ou simplesmente do olhar carinhoso que Aiden carregava ao olhá-lo.

— Acho que esse bairro, essas pessoas... não estão preparados pra pessoas como nós – Sawyer sussurrou, temendo que mais alguém pudesse escutar, mesmo sabendo que estavam apenas os dois naquele apartamento.

— Então vamos embora – Aiden se ajeitou no sofá e sentou, animado – Temos o dinheiro, Tristan sabe dirigir, não há ninguém pra segurar...

— Exceto que tem, Aiden – Sawyer tossiu e bebeu o resto da cerveja. – Você acha mesmo que Tristan largaria tudo, a família perfeita, pra fugir com a gente? E o Keith? Em breve vai ser pai...

— Então vamos apenas nós dois, Sawyer – Aiden se aproximou de Sawyer, pegou as suas mãos e fez com que ele olhasse em seus olhos – A gente deixa um bilhete avisando eles pra nos encontrarem depois... Vamos embora daqui.

— Eu não posso, Aiden – Sawyer não conseguia olhar para ele. Nem sabia como responder ao olhar de Aiden, querendo saber o porquê. Não havia um. Ele sabia que nunca conseguiria ficaria livre de tudo aquilo. Sabia que seu irmão o caçaria até o inferno.

Aiden fez menção de perguntar, de implorar, achar uma brecha para não desistir do plano, mas ele percebeu novamente o semblante de Sawyer, como se estivesse esgotado.

— Tudo bem – Aiden pigarreou – temos muito tempo ainda pra ficarmos juntos...

Sawyer sorriu, mas ainda olhava para o chão com o olhar triste, distante.

— Eu vou sentir sua falta – ele sussurrou, porque não queria falar alto. Porque não queria que Aiden ouvisse.

Ele ouviu.

Sua respiração falhou ao escutar aquilo e Sawyer sentiu o vacilo nas mãos de Aiden.

— Eu queria que você não fosse – Aiden murmurou, falando mais alto que Sawyer, ele não tinha medo ou vergonha dos sentimentos que carregava há tantos anos. – mas sei que isso será bom pra você.

Sawyer também queria acreditar naquilo.

— Você quer assistir a algum fime? Sei que tá tendo uma maratona de velozes e furiosos porque o Keith programou e só passa isso agora...

— Não, não – Sawyer riu, encarando Aiden. – Você se importa se eu fumar aqui?

— Claro que não – Aiden revirou os olhos, como se aquela pergunta fosse absurda.

Ele tragou seu cigarro, despreocupado, mas seus pensamentos estavam longe.

Aiden se aproximou, tão próximo que Sawyer sentiu a fumaça prender na garganta.

Sawyer ficou nervoso de repente. O que era ridículo para o tipo de relação que tinham, mas Aiden estava próximo e olhava para Sawyer com seus olhos pequenos e tristonhos, que brilhavam naquela noite.

*

Tinha dias que Sawyer acordava esgotado e desejava ter ido no lugar daquele policial. Desejava voltar no tempo e ter se jogado na frente da arma do policial que matou Jonas.

Tinha dias que Sawyer desejava estar morto, mas tinha outros, principalmente os que ele passava ao lado de Aiden, que ele gostava de estar vivo.

Gostava de sentir os dedos magros de Aiden explorarem seu corpo. De escutar sua respiração falhada com os corpos tão colados que nem mesmo o suor conseguia atravessar. Gostava de pegar no seu cabelo, macio e cheiroso e puxar, porque Aiden sempre sorria daquele jeito torto, e fechava os olhos. Uma coisa que se acostumou com Aiden foi o fato de ele adorar morder Sawyer. Sua boca, seu pescoço, suas coxas. Eram mordidas fracas e deixavam Sawyer praticamente implorando por mais.

Mas Sawyer gostava mais ainda da forma que a língua dos dois se encontrava na hora do beijo. Elas eram educadas e pacientes, ao contrário das mãos. As mãos eram apressadas, passando por todo o corpo. A bunda, o peitoral. O cabelo raspado de Sawyer. As mãos geladas encontrando as peles quentes geravam não apenas um choque térmico, mas um desejo de nunca romper aquele contato.

Sawyer admirava Aiden enquanto o olhava de cima. Observou sua boca, ela sabia bem fazer todos os movimentos certos, seus olhos estavam fechados, mas quando abriu percebeu que Sawyer o observava, mas aquilo não o afetou, ele prosseguiu dando prazer à Sawyer enquanto se olhavam. Sawyer agarrou sua mão em cima da cama e a entrelaçou.

 


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