Welcome to badlands escrita por patty


Capítulo 15
Capítulo Quatorze: uma prostituta.




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A noite estava boa no parque. Eles estavam se divertindo. Nenhum deles pensava na fuga que deu errado. Nenhum deles pensava no pai do Aiden. Nenhum deles lembrava que precisavam, eventualmente, voltar para a casa.
Sawyer foi até a fila do carro choque.

— Vou acabar com a raça de vocês — ele disse. Mas só quem estava por perto era o Aiden.

— Cadê eles? — Aiden olhou para trás. Viu Keith conversando com uma garota e bufou ao notar que era Vanny. Katherine estava junto, conversando com Tristan.

— Vai desencalhar — Sawyer riu, encarando Tristan — nosso bebê tá crescendo muito rápido — ele disse, suspirando, enquanto passava o braço pelos ombros do Aiden — vamos — ele deu um beijo na bochecha do Aiden, que sentiu o cheiro da cerveja. Mas ele apenas ignorou — vou te vencer nessa porra.



 

— O que estão fazendo aqui? — Vanny encarou Keith. — achei que estava claro que tudo acabou entre nós.

— Ora — Tristan se meteu — dê uma chance a ele. Keith está perdido sem você.

Keith encarou Tristan. Estava surpreso. Primeiro de tudo, Tristan não gostava de mentiras, e aquilo claramente era uma mentira das boas. Keith não estava perdido sem Vanny, só queria transar com ela novamente. E segundo, ele nunca diria a uma garota aquilo. E nem daquela forma. Tristan era muito tímido, mas também sabia o quanto Keith não prestava. Geralmente ele tentava até alertar as garotas que se metiam com Keith.

— Tá vendo? — Keith disse, fazendo biquinho. — Eu sinto sua falta, minha doidinha.

Tristan revirou os olhos ao escutar aquilo.



 

Sawyer sentou em um dos carrinhos e colocou o cinto rasgado. Ficou encarando Aiden enquanto ele sentava em um, mais distante dele. Sawyer estava apaixonado. Ele esteve apaixonado por Aiden desde que descobriu que podia sentir algo além de ódio. Sawyer amava poucas coisas, não conseguia nem amar a própria mãe. Mas quando se tratava de Aiden...

— Vou te massacrar — ele escutou alguém sussurrando no seu ouvido e os pelos da sua nuca se arrepiaram. Ele conhecia tão bem aquela voz. Nunca admitiria, mas tinha medo. Tanto medo daquela voz e da pessoa por trás dela. Seth sorriu para Sawyer, sentando de frente para ele em um carrinho azul brilhante. O sorriso de Seth estava cada dia pior. Amarelado, quebrado. E então lembrou de todas as coisas ruins que seu irmão fazia com ele. Sawyer o odiava. Mas odiava muito mais a si mesmo, pelo simples fato de saber que protegeria o irmão dele de qualquer coisa. Não faria nada por ele, mas o protegeria se precisasse. Seth o levou para a vida que tinha hoje, e ele o odiava por isso, mas o protegia quando era necessário.

Não, ninguém podia mexer com Sawyer, Seth quebraria os ossos de quem fizesse isso.

Mas Seth podia quebrar o nariz do Sawyer. Ele podia. Era irmão, afinal de contas.



 

— Quer dar uma volta? — Katherine perguntou a Tristan, ficando enojada encarando Vanny e Keith.

— Com certeza — Tristan riu — vou ganhar algo pra você — ele disse, indo em direção em uma das banquinhas de jogos.

Tiro ao alvo. Tristan sorriu. Deu o dinheiro para o garoto entediado atrás do balcão e pegou uma das arminhas de plástico. A arma soltava água e precisava atirar no meio do alvo, deixando um dos ursos vencedores cair. Tristan apontou para o alvo, fechou um dos olhos e encarou bem a sua frente. Ele queria vencer aquele urso. Não sabia bem o porquê. Só queria vencer e entregar à garota bonita que estava ao seu lado. Tristan queria acertar o alvo. Queria tanto algo que ele não podia ter. Algo que não podia dar a outra pessoa.

Sentia o suor escorrer da sua testa. Sentiu as mãos tremendo segurando aquela arma pequena. Abriu os dois olhos e apertou o gatilho.

O urso caiu. Ele escutou Katherine comemorando e segurando seus ombros. Ele tremeu um pouco com aquele toque. Aquele alvoroço atrás dele. Tristan respirou fundo e pegou o urso das mãos do garoto entediado.



 

— Você parece bem — Vanny disse, cutucando Keith. Eles estavam sentados em frente ao trailer de cachorro quente. Keith estava morrendo de fome, mas não tinha dinheiro. Vanny o encarou por um tempo maior que o necessário — mas meio triste, eu diria.

— Qual é — ele riu, jogando a cabeça para trás em um ato exagerado de gargalhada nervosa — tá querendo me analisar, branquinha? — ele a cutucou na barriga e ela sentiu aquele toque como se fosse aquele Keith que ela se apaixonou. O garoto perdido, dos olhos tristes, que ela conheceu há tanto, tanto tempo... Mas agora ele era um fantasma num corpo de um adolescente, ainda perdido. Ainda triste.

— Não, deixa disso — ela revirou os olhos e levantou do banco — vou comprar um cachorro quente, você quer?

Keith hesitou. Sim, ele queria. Mas não queria admitir para ninguém, muito menos para ela, que estava sem grana. Ela o encarou. Vanny o conhecia tão bem. Ela riu, balançou a cabeça e foi até a fila, pronta para pedir dois cachorros quentes completos.



 

Sawyer sentiu o baque nas suas costas e ele foi para a frente, encostando seu peitoral no volante do carrinho. Ele olhou para trás e Seth estava o encarando, um sorriso torto estampando sua face vermelha. Seth piscou para Sawyer e seguiu em frente, dirigindo em direção ao Aiden. Sawyer foi atrás do irmão para tentar acertá-lo. Mas é claro que os amigos de Seth já estavam na cola de Sawyer, três foram em direção ao Sawyer, um em cada lado, acertando seu carrinho com toda a força que podiam. Sawyer revirou os olhos. Ele detestava todos eles.



 

Aiden estava rindo. Ao contrário de Sawyer, ele não considerava tudo aquilo uma ameaça, e sim apenas Seth e seus amigos querendo se divertir. Seth passou ao lado de Aiden e bagunçou seu cabelo, ainda rindo.

Seth olhava para Aiden com carinho.

Seth olhava para Sawyer com desgosto.

Mas não tinha problema. Sawyer podia não ter um irmão ao seu lado, mas ele tinha bons amigos.



 

Tristan olhava para Katherine de uma forma que nunca olhou para ninguém. Ele sabia disso. Gostava muito dela. Mas tinha tanto medo...

Eles já não estavam mais no parque, estavam perto do ponto de ônibus. Katherine precisava ir embora, mas Tristan queria aproveitar os minutos juntos.

— Obrigada pelo urso — ela disse, abraçando o urso branco — eu vou chamá-lo de Tris.

— Criativa — ele zombou e ela bateu de leve no seu ombro — obrigado pela companhia.

— Você pode parar de sumir de mim, não é? Gostei tanto de ficar com você naquela tarde. — Katherine se aproximou de Tristan e tocou no colarinho da sua camiseta. Tristan estremeceu, mas ficou olhando para os olhos dela. Isso o tranquilizava.

— Podemos fazer isso mais vezes — ele disse, sem realmente querer dizer aquilo, mas ele pensava que era o que ela gostaria de escutar.

— Ótimo! — ela disse, se afastando um pouco quando viu seu ônibus se aproximando. Katherine se aproximou para beijar sua boca, mas Tristan virou rapidamente e ela beijou sua bochecha, mas não pareceu se incomodar.

Toda aquela interação era muito para ele. Nem viu Katherine entrando no ônibus e foi correndo até o parque novamente. Suas mãos tremiam. O suor escorrendo da testa para a sua sobrancelha o cegou por alguns segundos antes de encontrar os garotos, comendo cachorro quente.



 

— Quer um? — Seth perguntou, se aproximando de Tristan e mostrando o trailer de cachorro quente atrás dele.

— Seth pagou pra gente — Aiden disse, de boca cheia. Estava tão feliz.

— Menos o meu — Keith disse, abraçando a cintura de Vanny.

— Voltaram? — Sawyer perguntou, cuspindo algumas migalhas enquanto falava.

— Não — Vanny respondeu.

— Sim — Keith disse ao mesmo tempo que Vanny. Mas isso não o abalou.

— Acho melhor irmos embora — Tristan disse — estou sem fome — respondeu ao Seth, depois de alguns segundos.

Os garotos não perguntaram o porquê. Keith deu um beijo de despedida em Vanny, murmurando “a gente se vê”. Sawyer terminou seu lanche e foi indo em direção à saída, com Aiden atrás dele, ainda terminando seu cachorro quente. Tristan e Keith andando logo atrás, sem olhar para Seth ou qualquer outra pessoa, apenas em frente.



 

Os garotos estavam se aproximando da casa de Tristan quando notaram uma mulher em frente a sua casa. A rua estava escura, mas as luzes fracas dos postes clarearam a silhueta que pertencia àquela mulher. Ela usava uma saia curta com meia preta por baixo, botas de cano e salto alto. Os cabelos estragavam a caracterização da roupa, ela estava descabelada e com um cigarro pendendo na boca, mas não estava aceso. Ela mexia freneticamente numa bolsa pequena atravessada no seu peito. Provavelmente procurando por algum isqueiro. Os quatro amigos ficaram à distância enquanto observavam aquela estranha criatura. A mulher notou que estava sendo observada e ergueu a cabeça, olhando na direção deles, sem de fato enxergar algo.

— Olá — Keith se aproximou, correndo os olhos para o decote daquela mulher. “Deve ter uns quarenta anos”, Keith pensou enquanto apertava a mão frágil e pálida daquela mulher.

— Oi, meu querido — ela acendeu o cigarro. Encarou os três meninos atrás e seu olhar permaneceu em Tristan.

— Então... não sabia que vocês faziam em domicílio — Keith sussurrou. A mulher voltou seu olhar para ele, um pouco chocada.

— Você está insinuando que sou uma prostituta? — ela arqueou a sobrancelha e soltou uma baforada de fumaça na cara do garoto. Keith ficou sem graça por alguns segundos, mas logo a mulher começou a rir — que faro bom, meu jovem — ela se aproximou de Keith, cheirando seu pescoço — hum — murmurou. Keith ficou levemente constrangido com aquela aproximação.

Mas então a mulher voltou a olhar Sawyer, Aiden e seu olhar novamente pousou em Tristan.

— Não acha que seria educado vir dar um abraço na sua mãe?


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